ARTIGO ORIGINAL

A percepção de pais sobre a educação em saúde em um ambiente escolar amazônico

 

Thaís Cristina Flexa Souza*, Jacira Nunes Carvalho, D.Sc.**

 

*Enfermeira, Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Pará (PPGENF/ICS/UFPA), Pós-graduanda em Enfermagem Pediátrica e Neonatal, Membro do Grupo de Pesquisa EPOTENA, **Enfermeira, Líder do Grupo de Pesquisa EPOTENA

 

Recebido em 18 de junho de 2017; aceito em 12 de março de 2018.

Endereço para correspondência: Thaís Cristina Flexa Souza, Faculdade de Enfermagem/UFPA (PPGENF/UFPA), Rua Augusto Corrêa, 66075-110 Belém PA, Email: thaisflexxa@gmail.com; Jacira Nunes Carvalho: jacirancarvalho@gmail.com

Artigo originado do Trabalho de Conclusão de Curso “A percepção de pais sobre a educação em saúde em um ambiente escolar amazônico” apresentado ao curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA)

 

Resumo

Objetivo: Identificar as percepções de pais em relação à educação em saúde realizada pelos profissionais de saúde no ambiente escolar. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo realizado com 15 pais em uma escola municipal em Belém/PA. O estudo teve aprovação ética nº 1.578.008 do Instituto de Ciências da Saúde/UFPA. Resultados: Dentre os resultados, os pais apontaram necessidade de orientação sobre saúde para si e família e valorizam profissionais de saúde no ambiente escolar, relataram sentimento de timidez e constrangimento quando conversam sobre sexualidade com os filhos, afirmaram que a educação em saúde no ambiente escolar modifica comportamentos da família. Conclusão: Após este estudo, foi possível compreender que a educação em saúde no ambiente escolar é eficaz para ensinar boas práticas para prevenção de doenças e para promover saúde. É necessário que as políticas de saúde na escola existentes sejam postas em prática assiduamente para que seja possível alcançar um bom resultado tanto para os estudantes como para suas famílias.

Palavras-chave: saúde escolar, enfermagem familiar, Enfermagem.

 

Abstract

Perception of parents about health education in an Amazonian school environment

Objective: To identify perceptions of parents about health education carried out by health professionals in the school environment. Methods: This is a qualitative study with 15 parents at a municipal school in Belém, Pará, Brazil. The study had ethical approval nº 1.578.008 of the Instituto de Ciências da Saúde/ UFPA. Results: Among the results, the parents pointed out the need for guidance on health for themselves and their family and they value health professionals in the school environment, reported a feeling of shyness and embarrassment when talking about sexuality with their children, affirmed that health education in the school environment modifies behaviors of the family. Conclusion: After this study, it was possible to understand that health education in school environment is effective in teaching good practices for disease prevention and promoting health. It is necessary that school health policies be put into practice assiduously so that be possible to achieve a good result both for the students as their families.

Key-words: school health, family nursing, Nursing.

 

Resumen

La percepción de padres sobre la educación en salud en un ambiente escolar amazónico

Objetivo: Identificar las percepciones de padres en relación a la educación en salud realizada por los profesionales de salud en el ambiente escolar. Métodos: Se trata de un estudio cualitativo realizado con 15 padres en una escuela municipal en Belém, Pará, Brasil. El estudio tuvo aprobación ética nº 1.578.008 del Instituto de Ciencias de la Salud / UFPA. Resultados: Entre los resultados, los padres apuntaron necesidad de orientación sobre salud para y familia y valoran a profesionales de salud en el ambiente escolar, relataron sentimiento de timidez y constreñimiento cuando conversan sobre sexualidad con los hijos, afirmaron que la educación en salud en el ambiente escolar modifica los comportamientos de la familia. Conclusión: Después de este estudio, fue posible comprender que la educación en salud en el ambiente escolar es eficaz para enseñar buenas prácticas para la prevención de enfermedades y para promover salud. Es necesario que las políticas de salud en la escuela existentes se pongan en práctica asiduamente para que sea posible alcanzar un buen resultado tanto para los estudiantes como para sus familias.

Palabras-clave: salud escolar, enfermería de la familia, Enfermería.

 

Introdução

 

Há algumas décadas atrás, o conceito de família era associado a um núcleo familiar composto por casal que vivia com os seus filhos biológicos e eventualmente com um dos pais de um dos cônjuges, porém atualmente, existe uma diversidade de tipos e estruturas. É importante ressaltar que os laços estabelecidos associados aos contextos específicos do seu desenvolvimento, tornam a família um grupo com identidade própria [1].

Por isso, a família deve ser o foco da atenção primária na qual se possibilitam aberturas de espaços para educação em saúde, extinguindo o olhar que individualiza o cuidado desta estrutura. É relevante considerar o espaço físico, social e relacional a fim de conhecer melhor as variáveis que direta ou indiretamente interferem no bem-estar e desenvolvimento familiar [2].

Assim como a família, a escola igualmente vem passando por transformações ao longo da história, responsabilizando-se pelos processos de ensino-aprendizagem, assumindo papel de formadora de opiniões de crianças, adolescentes, famílias e comunidade, sendo um dispositivo social a ser utilizado como cenário e ferramenta da educação em saúde, buscando formar cidadãos conscientes e responsáveis por suas escolhas e comportamento [3]. Dentre as atividades realizadas neste meio, destaca-se a promoção da saúde que atua principalmente na constituição do conhecimento da pessoa ao desenvolver sua visão crítica, estimulando a autonomia, o exercício de direitos e deveres com atitudes mais saudáveis relacionadas às condições de sua saúde e qualidade de vida [4].

Adscrevendo-se a isto, as atividades de extensão universitária inserem-se como parte do processo educativo, cultural e científico que articula ensino e pesquisa viabilizando encontros e diálogos potencialmente transformadores da realidade social. Esta articulação entre setores da sociedade, a exemplo da educação e saúde, indica a possibilidade de produção de novos conhecimentos com o movimento de troca e construção entre o saber científico e popular [5].

Portanto, a partir de vivências de autores no projeto de extensão universitário “A ludicidade como ferramenta para promoção da saúde de crianças e adolescentes no espaço escolar” da Universidade Federal do Pará (UFPA), do curso de graduação em Enfermagem, surgiu a inquietação em pesquisar o que os pais ponderavam sobre a educação em saúde no ambiente escolar. Corroborando esta experiência, o objetivo deste estudo é identificar as percepções de pais sobre as atividades de educação em saúde realizada pelo profissional de saúde no âmbito escolar.

 

Material e métodos

 

Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa. A pesquisa de abordagem qualitativa coleta e analisa sistematicamente materiais narrativos. Tem caráter mais subjetivo, utilizando procedimentos de coleta de dados com maior relação entre pesquisador e pesquisado [6].

O estudo foi realizado com 15 pais em uma Escola Municipal em Belém, Pará, Brasil. Atualmente a escola desenvolve o Programa do Governo Federal “Mais Educação" e atividades como a arte, educação ambiental, esportes e eventos, além do projeto de extensão da Universidade Federal do Pará “A ludicidade como ferramenta de promoção da saúde de crianças e adolescentes no espaço escolar”.

A escolha dos participantes deu-se em função da facilidade de encontro com os pais que levavam e buscavam o(s) filho(s) na escola. Nesta pesquisa, foram incluídos pais maiores de idade de ambos os sexos cujo filho estivesse matriculado na escola e foram excluídos os pais com indisponibilidade de tempo para entrevista.

A coleta de dados foi realizada no horário em que o pai ou responsável levava ou buscava seus filhos na escola no período da manhã (08:00h às 11:00h) e tarde (14:00h às 18:00h) de acordo com a disponibilidade dos pais. Os pais foram convidados, caso aceitassem participar, eram informados sobre os objetos da pesquisa, assim como a forma de coleta de dados e o compromisso do pesquisador com estes dados concernentes a pesquisa e então era solicitado que o participante assinasse o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido).

As entrevistas foram gravadas com gravador de voz e eles respondiam a seguinte pergunta: Em sua opinião, qual a importância da educação em saúde na escola? A entrevista aberta é utilizada quando o pesquisador deseja obter o maior número possível de informações sobre determinado tema, segundo a visão do entrevistado, e também para obter um maior detalhamento do assunto em questão. Para evitar a identificação dos entrevistados, optou-se por utilizar nome de frutas devido ao hábito diário dos escolares em consumi-las durante os horários de intervalo.

As entrevistas foram transcritas e os dados foram analisados de forma descritiva, por meio de técnicas interpretativas que decodificaram o que foi expresso pelo sujeito do estudo. A análise dos dados foi realizada à luz de Minayo, seguindo as diretrizes do método qualitativo: ordenação, classificação em categorias empíricas, síntese e interpretação dos dados [7]. A pesquisa obedeceu à resolução nº466/2012 do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos e teve Aprovação Ética nº 1.578.008 do Instituto de Ciências da Saúde/UFPA.

 

Resultados

 

Foram entrevistados 15 pais, todos do sexo feminino, com idade entre 27 e 62 anos, com grau de instrução desde ensino superior completo a ensino fundamental incompleto, a média de filhos matriculados na escola onde ocorreu a pesquisa variou entre 1 a 3 filhos.

Desta pesquisa emergiram 4 categorias: Necessitando de orientação para si e família; Reconhecendo a importância de profissionais de saúde; Timidez e constrangimento na abordagem sobre sexualidade; Modificando comportamentos e atitudes de crianças, adolescentes e pais por meio da educação em saúde.

 

Necessitando de orientação para si e família

 

Os pais referem necessidade de orientações de saúde para si e o para o grupo familiar, sabendo-se disto, a educação em saúde na escola é executada para levar informações pertinentes sobre o cuidado de saúde. No geral, estas atitudes partem de extensões universitárias, executadas por alguns que entendem a necessidade dessa formação sobre o cuidado a saúde desde a infância e os entrevistados acolhem a ideia.

 

[...] Eu acho importante, né? Porque a gente precisa se prevenir das coisas. A gente não sabe, a gente precisa que alguém que tenha um estudo nos ensine, né? [...] Meus filhos são assim, eu vou cedo ensinando eles do jeito que eu sei como se previne das coisas, mas nem tudo a gente consegue sozinha, tem que ter ajuda de alguém, aí como vocês já tem o trabalho de vocês e conhecem, é muito bom ensinar pra aqueles que não sabem, né? (Açaí)

[...] Pra mim eu penso que é um trabalho ótimo, né? Vocês ajudando a gente e a gente ajudando vocês que muitas das vezes a gente fica na dúvida em como ajudar nossos filhos. [...] É sempre bom ter uma pessoa que esteja nos orientando no que devemos fazer, entendeu? (Muruci)

[...] Eu penso que é ótimo[...] Porque as vezes a gente tá sem condição, sem saber o que a gente pode fazer, aí pelo menos você pode dar um encaminhamento, pode explicar pra pessoa o que a gente pode fazer, não é? Eu acho ótimo. (Bacuri)

 [...] Então, pra mim é bom, porque aí eles já aprendem. É uma coisa boa tanto pra gente quanto pra eles, ajuda mais também. (Manga)

 

Reconhecendo a importância de profissionais de saúde

 

Nesta perspectiva os pais conseguem reconhecer e valorizar o papel dos profissionais, manifestado pela percepção da ação concreta, curando e cuidando em momentos cruciais. Compreendem-se as dificuldades do sistema público para manter as Unidades Básicas de Saúde realizando estas ações de forma rotineira, assim, passa-se a fazer ações pontuais que são esquecidas e no imaginário coletivo nada parece ser feito. Não se observou o conhecimento dos pais participantes a respeito do Programa Saúde na Escola (PSE), pois em momento algum isto foi referido.

 

[...] Importante, porque pouco a gente vê, às vezes acontece até acidente com as crianças [...] a minha filha furou o pé num vergalhão aqui na escola, não tinha enfermeiro, não tinha ninguém que soubesse fazer um curativo [...] quer dizer, que se tivesse um profissional, não teria acontecido [...] (Maracujá)

[...] Eu acho bom. Porque às vezes a gente vai num posto, não consegue, aí tendo mais esse recurso dentro da escola como eu lhe falando, fica mais fácil. (Taperebá)

[...] Bom, é importante, né? Porque os pais às vezes não levam, né? Então é sempre bom ter esse acompanhamento na escola, já que os pais não tem tempo de levar a criança até os postos, até os hospitais. (Acerola)

 

Timidez e constrangimento na abordagem sobre sexualidade

 

A experiência de vida de muitos pais impacta na forma como lidam com certos assuntos considerados constrangedores, por conseguinte se sentem impossibilitados pela timidez em abordar temáticas sobre sexo, sexualidade, gravidez e outros. Compreende-se que estes usufruíram de formação rígida na qual falar destes assuntos não era possível, culturalmente por ser um assunto vergonhoso.

 

Eu acho sim... mais uma orientação pros jovens de hoje em dia, porque às vezes dentro da casa tipo o pai, a mãe não tem coragem de ensinar e falar pro filho, sentar e explicar [...] (Taperebá)

É bom, é... é importante isso, a pessoa chegar e explicar porque, olha, no caso a mãe, o pai, às vezes não quer falar alguma coisa, né? [...] (Bacuri)

Até que é bom porque muita criança, muita das vezes ela pratica um ato desses, porque elas não têm conhecimento, muitas vezes, o pai e a mãe, digo isso por mim, minha mãe tinha vergonha de falar com o filho [...] Nossos pais, eles num falavam sobre isso com a gente, tinham vergonha [...] (Açaí)

 

Modificando comportamentos e atitudes de crianças, adolescentes e pais por meio da educação em saúde

 

Parte dos pais entrevistados afirmou que houve modificação de hábitos após as atividades de educação em saúde na escola. Conclui-se que as crianças e adolescentes são disseminadores de conhecimento, assimilando as informações sobre saúde para si e ainda as repassam para seus familiares e amigos.

 

Modifica [...] ele chegou comigo e disse sobre o piolho, que o piolho é um bicho que vai comer e fica tipo com canudinho pra chupar o sangue [...] ele chegou comentando principalmente com a irmã que tem cabelão [...] (Pupunha)

Com certeza, até quando chega em casa... “Ah, mãe, aconteceu isso, isso lá na escola ensinaram a gente a escovar os dentes, lavar as mãos antes de alimentar”. (Maracujá)

Modificou [...] ela comia muito assim, muito exagerado [...] não comia nada de feijão, arroz, nada. Aí depois duma palestra que teve aqui, ela já passou a comer feijão, arroz, macarrão, um pouquinho de cada coisa, até emagreceu mais um pouquinho, porque ela tava muito gorda. (Banana)

 

Discussão

 

Alguns pais relataram a necessidade de ajuda para orientar corretamente sobre saúde, pois se sentem inseguros para fornecer informações por possuir dúvidas a respeito do tema. Primariamente, a educação em saúde tem como responsáveis a família, porém como algumas vezes a família não detém informações e condições básicas para isso, cabe à escola em segundo plano assessorá-la, criando condições de motivação para adesão dos escolares neste processo [8]. Por isto a importância da participação do enfermeiro no ambiente escolar, responsabilizando-se pela orientação e educação em saúde. Logo, o trabalho do enfermeiro em consonância com Estratégia Saúde da Família e Escola proporciona a realização de ações de saúde, acesso aos serviços, construção de vínculos com a comunidade, os quais impactam nas condições de saúde da população [9]. Além disto, a extensão universitária no espaço escolar é outro aliado para realização das atividades de educação em saúde, visto que esta viabiliza diálogos que promovem a troca e construção de saberes com alunos, família e comunidade [4].

A participação do enfermeiro neste contexto escolar foi observada em algumas falas, destacando este profissional na atuação enquanto promotor e educador em saúde [2]. Foi nítido que alguns pais não tinham conhecimento sobre a política do Programa Saúde na Escola (PSE), a qual tem por objetivo avaliar as condições de saúde de crianças, adolescentes, jovens e adultos em sala de aula. No entanto, observou-se ainda a atuação deste programa de forma incipiente e pontual. O PSE prevê a realização de três atividades conjuntas: a avaliação clínica e psicossocial; a avaliação nutricional; e a avaliação da saúde bucal. Estas são ações estratégicas a serem desenvolvidas pelos profissionais das Equipes de Saúde da Família (ESF). Estas avaliações têm o objetivo de conhecer o crescimento e o desenvolvimento físico e mental de crianças, adolescentes e jovens. Entretanto, é primordial compreender que o PSE não substitui a inserção do escolar no serviço de saúde [10].

Percebeu-se também a necessidade de um profissional da saúde que aborde a temática sexualidade, pois alguns pais sentem-se constrangidos em falar com seus filhos, uma vez que vários conceitos morais e sociais vêm à tona, dificultando a comunicação e a transmissão de conhecimentos e valores relacionados à sexualidade [11]. Tais comportamentos são resquícios da repressão sexual, em que o sexo passa a ser um ato imoral. Desta forma, a família conjugal assume o papel de reprodução e o quarto passa a ser o único local de expressão da sexualidade. Além disto, os padrões sociais pregam decoro das atitudes sexuais e decência nas palavras. As crianças, por exemplo, são proibidas de falarem sobre o assunto tornando-se reprimidas e, nesta visão, a repressão funciona como condenação ao desaparecimento, injunção ao silêncio, afirmação de inexistência e consequentemente constatação de que o assunto não pode ser abordado, nem enxergado, nem descoberto [12].

No discurso de alguns pais constatou-se que a educação em saúde modificou o comportamento dos filhos, inferindo adesão ao autocuidado e a aprendizagem de novos hábitos. Este fato somente ocorreu devido ao profissional de saúde ter assumido postura de educador, realizando a promoção da saúde de forma integral, relacionando os agravos aos fatores determinantes [5]. É primordial que a família esteja presente neste aprendizado, sendo partícipe, para que não só a criança/adolescente aprenda, mas que este conhecimento se expanda para o ambiente domiciliar [8].

 

Conclusão

 

Foi possível identificar que os pais estão disponíveis para receber esclarecimentos e tirar dúvidas acerca de saúde de seus filhos e reconhecem a importância dos profissionais de saúde na promoção de educação em saúde para os alunos. Profissionais de saúde são pouco inseridos no ambiente escolar, e os que persistem neste âmbito atuam por meio do Programa Saúde na Escola que funciona de forma pontual.

Para os pais entrevistados, o profissional de saúde é visto como o mais capacitado para abordar e realizar atividades de educação sobre sexualidade no ambiente escolar, pois dizem não estarem preparados para tratar deste assunto em casa, devido à timidez e ao constrangimento em explanar sobre a temática. Os estigmas sobre sexualidade devem ser rompidos dentro do ambiente familiar, porém a desconstrução desta cultura ocorre de maneira lenta e enquanto os pais não conseguem realizar este papel com seus filhos, é necessário que o educador em saúde oriente tanto o adolescente quanto a família a este respeito.

De acordo com as respostas dos pais, as atividades de educação em saúde modificam comportamentos e atitudes tanto dos escolares quanto dos pais, já que as informações repassadas para os escolares por meio destas atividades são transmitidas para a família, confirmando neste estudo que crianças e adolescentes são disseminadores de conhecimento.

A pesquisa limitou-se devido à aplicação em uma realidade local e cultural específica, portanto não permite generalização. Este tipo de estudo constitui-se como relevante à medida que desvela opiniões e feedback de pais acerca da educação em saúde realizado neste ambiente escolar, podendo-se perceber forte atuação da enfermagem tanto na Estratégia Saúde da Família quanto por meio do projeto de extensão universitário, conduzindo ações educativas em diversos âmbitos: alimentação saudável, higiene corporal e oral, sexualidade e doenças transmissíveis, o que fortalece substancialmente a prática do enfermeiro como educador em saúde.

Contudo, foi possível afirmar que a educação em saúde dentro do ambiente escolar é uma estratégia eficaz para ensinar boas práticas para prevenção de doenças e promoção da saúde. Todavia, é necessário que as políticas de saúde na escola existentes sejam efetivadas de forma assídua para que assim se consiga um bom resultado tanto para os escolares quanto para sua família e comunidade do entorno.

 

Referências

 

  1. Queiroz TA, Carvalho FPB, Simpson CA; Barreto ELF, Fernandes ACL. Família: significado para os profissionais da estratégia de saúde da família. Rev Bras Promoç Saúde 2015;28(2):274-80.
  2. Soratto J, Pires DEP, Dornelles S, Lorenzetti J. Estratégia Saúde da Família: Uma inovação tecnológica em saúde. Texto & Contexto Enferm 2015;24(2):584-92.
  3. Santiago LM, Rodrigues MTP, Oliveira Junior AD, Moreira TMM. Implantação do Programa Saúde na Escola em Fortaleza-CE: atuação de equipe da Estratégia Saúde da Família. Rev Bras Enferm 2012; 65(6):1026-9.
  4. Schmitt ACAN, Costenaro RGS, Rangel RF, Ferreira CLL, Lacerda MR. Mudanças no comportamento e desenvolvimento do escolar a partir do cuidado à família. Rev Bras Enferm 2013;66(5):682-7.
  5. Alvarenga WA, Silva MDEC, Silva SS, Barbosa LDCS. Ações de educação em saúde realizadas por enfermeiros na escola: percepção de pais. Rev Min Enferm 2012;16(4): 522-7.
  6. Pesce L, Abreu CBM. Pesquisa qualitativa: considerações sobre as bases filosóficas e os princípios norteadores. Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade 2013; 22(40):19-29.
  7. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 3 ed. São Paulo: Hucitec/Abrasco; 2014.
  8. Carvalho FFB. A saúde vai à escola: a promoção da saúde em práticas pedagógicas. Physis (Rio J) 2015;25(4):1207-27.
  9. Leite PNB. Qualidade de vida e promoção da saúde. Interface Saúde 2013;(7)20.
  10. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde na Escola. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
  11. Gonçalves RC, Faleiro JH, Malafaia G. Educação sexual no contexto familiar e escolar: impasses e desafios. Holos 2013;29(5): 251- 263.
  12. Foucault M. A história da sexualidade I: a vontade de saber. São Paulo: Paz e Terra; 2011.