REVISÃO
Publicações
internacionais em enfermagem sobre cuidados paliativos
Cristiano Caveião, D.Sc.*, Angelita Visentin, D.Sc.*, Ana Paula
Hey, M.Sc.*, Maria de Fátima Mantovani, D.Sc.*, Bárbara Reis Braga de Souza**,
Vitor Mocelin Zacarkim***
*Enfermeiro, Professor Pesquisador do Centro Universitário Autônomo
do Brasil (UniBrasil), Curitiba/PR, **Acadêmica do Centro Universitário Autônomo
do Brasil (UniBrasil), Programa Institucional de Iniciação Científica, Curitiba/PR,
***Enfermeiro, Centro Universitário Autônomo do Brasil (UniBrasil), Programa Institucional
de Iniciação Científica, Curitiba/PR
Recebido em 2 de julho de 2017; aceito em 3 de novembro de 2017.
Endereço para correspondência: Cristiano Caveião: cristianocaveiao@unibrasil.com.br; Angelita
Visentin: angelitavisentin@unibrasil.com.br; Maria de Fátima Mantovani: mfatimamantovani@ufpr.br;
Ana Paula Hey: anapaulahey@hotmail.com; Bárbara Reis Braga de Souza: barbararbraga@hotmail.com;
Vitor Mocelin Zacarkim: vitor_9.6@hotmail.com
Resumo
Cuidados paliativos
são os cuidados prestados aos pacientes que não respondem aos tratamentos
curativos. A abordagem paliativa visa à qualidade de vida do paciente e de seus
familiares, proporcionando alívio da dor e dos sintomas, além de conforto
psicossocial e espiritual. Objetivo:
Identificar os saberes das publicações internacionais em enfermagem sobre
cuidados paliativos. Métodos: Revisão
integrativa da literatura realizada na base de dados do Portal de Periódicos da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Foram incluídos 42
artigos publicados entre janeiro de 2013 e abril de 2015, na língua inglesa, e
com autoria de enfermeiros. Resultados:
A predominância das publicações foI
no ano de 2014. O país com maior número de publicações foi os Estados Unidos.
Os artigos analisados foram divididos em três categorias: Cuidados Paliativos:
assistência ao paciente, qualidade de vida e tecnologias para o cuidar; Cuidados Paliativos: percepções e perspectiva da
família, paciente e equipe de saúde; Cuidados Paliativos: avaliação dos
serviços e comunicação paciente X profissional. Conclusão: Considera-se que este estudo contribuiu com a prática
dos profissionais de enfermagem para o direcionamento dos cuidados e também
para a ampliação de pesquisas futuras na área.
Palavras-chave: cuidados
paliativos, enfermagem oncológica, oncologia.
Abstract
International publication in nursing for palliative care
Medical care and care for patients who do not respond to curative
treatments. The palliative approach aims at the quality of life of the patient
and their relatives, providing relief of pain and symptoms, as well as
psychosocial and spiritual comfort. Objective:
To identify the knowledge of international nursing publications about
palliative care. Methods: Integrated
review of the literature carried out in the database of the Portal of
Periodicals of the Coordination of Improvement of Higher Education Personnel. A
total of 42 articles were published between January 2013 and April 2015, in the
English language, and authored by nurses. Results:
In 2014, there was a predominance of publications, and the United State was the
country with the highest number of publications. The articles analyzed were
divided into three categories: Palliative Care: patient care, quality of life
and care technologies; Palliative Care: perceptions and perspectives of the
family, patient and health team; Palliative Care: assessment of services and
professional patient X communication. Conclusion:
It may be considered that this study contributed with a practice of the nursing
professionals to the direction of the care and also for an amplification of
future researches in the area.
Key-words: palliative
care, oncology nursing, medical oncology.
Resumen
Publicaciones internacionales
en enfermería sobre
cuidados paliativos
Cuidados paliativos son aquellos que se centran en el cuidado integral a pacientes que no responden a los tratamientos curativos. El abordaje
paliativo tiene por objetivo mejorar
la calidad
de vida del paciente y de sus familiares,
proporcionando alivio del dolor
y de los síntomas, además de confort psicosocial y espiritual. Objetivo: Identificar los saberes de las publicaciones internacionales en enfermería sobre cuidados paliativos. Métodos: Revisión integradora de la literatura realizada en base de datos del Portal de Periódicos de Coordinación
de Perfeccionamiento de Personal
de Nivel Superior. Un total
de 42 artículos fueron publicados entre enero de 2013 y abril del
2015, en lengua inglesa, y con autoría de enfermeros. Resultados:
El año de 2014 tuvo predominancia de publicaciones, y
los Estados Unidos el país con mayor número de publicaciones.
Los artículos analizados fueron
divididos en tres categorías: Cuidados Paliativos: asistencia
al paciente, calidad de vida
y tecnologías para el
cuidado en salud; Cuidados
Paliativos: percepciones y perspectiva de la familia, paciente y equipo de salud;
Cuidados Paliativos: evaluación de los servicios y comunicación paciente x profesional.
Conclusión:
Se considera que este estudio contribuyó
con la
práctica de los profesionales de enfermería para el direccionamiento de los cuidados y también para la ampliación de investigaciones
futuras en el área.
Palabras-clave: cuidados
paliativos, enfermería oncológica, oncología médica.
Pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) o câncer é definido como uma doença crônica não
transmissível (DCNT) [1]. Doenças crônicas apresentam evolução lenta e duração
indefinida ou recorrências que se estendem por muitos meses ou anos [2]. Para
os próximos dez anos é necessário preparar o Brasil para enfrentar e deter as
DCNT, dentre as quais está o câncer [1].
Diante dos dados
citados, é indiscutível a visualização da problemática do câncer e sua
significância epidemiológica. Sabe-se que ele é conhecido como uma doença de
impacto ao paciente, à família e ao sistema de atenção à saúde, além de ser um
evidente problema de saúde pública no Brasil [3] e no mundo. Estima-se que em
2030, podem-se esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de
mortes e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer.
A evolução da doença
oncológica quando não encontra mais caminho na cura concretiza no tratamento
paliativo além de uma opção, uma estratégia de manutenção da autonomia, da
assistência, do planejamento, do alívio do sofrimento, do direito a intimidade
e a privacidade e da qualidade de vida [3-5].
A problemática do
trabalho de enfermagem na atenção aos pacientes em tratamento paliativo envolve
estratégias que vão além dos esforços realizados no ambiente hospitalar.
A prestação diferenciada de cuidados na fase avançada da doença incurável
merece destaque e priorização nas políticas públicas de saúde. A OMS recomenda
que a abordagem seja programada e planificada, numa
perspectiva de apoio global aos múltiplos problemas das pessoas doentes que se
encontram em fase avançada da doença e no final da vida [5].
No entanto, existem
condições necessárias para a inserção do paciente em serviços de Cuidados
Paliativos (CP) em qualquer fase da vida. Para ser inserido em CP, o paciente
deve ter a percepção de que seu tratamento não terá enfoque curativo, mas sim
de aliviar os sintomas e proporcionar qualidade de vida, de acordo com os seus
desejos e necessidades pessoais. Os pacientes devem estar preparados para
receber os CP, possibilitando que as intervenções paliativas da equipe de saúde
sejam implementadas de acordo com as necessidades do
paciente. Ressalta-se a importância de sua inserção nos serviços de atenção
paliativa em tempo precoce, após o diagnóstico de uma doença em estágio
avançado, e sem perspectiva de cura [4].
A terapêutica
paliativa, conforme condutas em CP oncológicos do INCA, é
voltada para o controle sintomático e preservação da qualidade de vida para os
pacientes, sem função curativa, de prolongamento ou de abreviação da sobrevida.
Ou seja, os cuidados são prestados integralmente ao paciente e família,
iniciando quando a terapêutica específica curativa deixa de ser o objetivo. A
finitude digna seria aquela sem dor e com sofrimento minimizado frente aos CP
adequados [6].
O câncer exige dos
profissionais que atuam com pacientes portadores desta patologia um manejo
diferenciado e que requer planejamento. Diante dessa realidade, o enfermeiro
deve atentar-se para o seu processo de trabalho, de maneira que suas ações
correspondam às necessidades do paciente, da família e das particularidades da
doença oncológica.
Sendo assim, o
enfermeiro tem como competência prestar assistência à paciente com câncer na
avaliação diagnóstica, tratamento, reabilitação e atendimento aos familiares.
Este cuidado vai além das questões físicas na assistência aos sinais e sintomas
apresentados e considera o aspecto psicológico do indivíduo nas suas múltiplas
dimensões na associação da ciência, a arte do cuidar no seu cotidiano
profissional [7].
Ao identificar os
conceitos sobre CP que os membros da equipe de enfermagem possuem e descrever
os critérios utilizados para identificar pacientes que necessitam do mesmo, os
CP se relacionam ao final de vida próximo, sofrimento do paciente, condição de
internação e decisão médica foram os principais motivos relatados para a
implantação de CP [8].
Esses resultados
trazem critérios distintos para a adoção de CP. A considerar que os pacientes internados
ou em sofrimento aparente necessitam de controle de sinais e sintomas, têm-se
uma possibilidade de implantação precoce nesta terapêutica. Entretanto, duas
categorias preocupam pela possibilidade de adoção de CP tardiamente: no
paciente em final de vida e naquele que apenas uma categoria profissional é
reconhecida como capaz de identificar a necessidade de sua inserção [8-9].
A partir da
contextualização, propõe-se como objetivo identificar os saberes das
publicações internacionais em enfermagem sobre cuidados paliativos.
Trata-se de uma
revisão integrativa da literatura, método que tem a finalidade de reunir e
sintetizar resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou questão, de
maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do
conhecimento do tema investigado de maneira profunda [10], por meio de estudos
publicados em periódicos internacionais. Auxilia no preenchimento de lacunas
identificadas em estudos anteriores. Ainda permite a possibilidade de utilizar
estudos diversos para evidenciar uma linha de pesquisa estudada.
A revisão integrativa
efetiva um estudo da literatura, incluindo a análise de pesquisas relevantes
que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica,
possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto,
além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a
realização de novos estudos. Permite a síntese de múltiplos estudos publicados
e possibilita conclusões gerais a respeito de uma área particular de estudo. Disponibiliza aos profissionais das mais variadas áreas de
atuação na saúde o acesso rápido aos resultados que são considerados mais
relevantes de pesquisas que fundamentam a tomada de decisão ou as condutas,
proporcionando um saber crítico [10].
Ela possui seis
etapas de desenvolvimento que são definidas como: 1) estabelecimento de
hipótese ou questão de pesquisa; 2) amostragem ou busca na literatura; 3)
categorização dos estudos; 4) avaliação dos estudos incluídos na revisão; 5)
interpretação dos resultados e 6) síntese do conhecimento ou apresentação da
revisão [10].
Inicialmente, para
atender a primeira etapa, definiu-se a questão que norteou o estudo: Qual o
conhecimento produzido por enfermeiros nas publicações internacionais sobre
cuidados paliativos?
Para a segunda etapa,
definiram-se os descritores considerados para a pesquisa: “palliative care”, “medical oncology” e “oncology nursing”, que englobam os descritores
contidos no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde).
A busca foi realizada em abril/2015 na base de dados do Portal de Periódicos da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Foram adotados os
seguintes critérios de inclusão: publicações de artigos disponíveis na íntegra,
no período de janeiro de 2013 a abril de 2015, somente no idioma inglês,
publicado por enfermeiros, e com tema relacionado ao propósito da pesquisa.
Como critérios de
exclusão: artigos não acessíveis na íntegra, fora do período determinado,
artigos que abordaram outra temática, artigos com ausência de um enfermeiro na
autoria, outros idiomas, artigos nacionais, editoriais dissertações, teses,
cartilhas e livros.
Com a busca na base
de dados, foram pré-selecionados 345 estudos; após realizar leitura de todos os
títulos e, posteriormente, a leitura dos resumos, foram selecionados 42 estudos
após serem aplicados os critérios de inclusão e exclusão. Excluíram-se 7 artigos pelo idioma, 1 artigo nacional, 78 publicações
incompletas ou indisponíveis na íntegra, 27 artigos por repetição, 111 artigos
não possuíam autoria de enfermeiros, 31 por não atenderem ao tema proposto, 47
publicações que não se enquadravam em caráter de artigo científico, e 1 artigo
com data de publicação do ano de 2009. Ao final da aplicação dos critérios de
inclusão e exclusão, foi obtido um montante de 42 artigos incluídos para os
fins desta pesquisa. Para as etapas 3 e 4, elaborou-se
um instrumento próprio para a obtenção dos seguintes dados: periódico, qualis, ano, região de publicação, quantidade de autores,
titulação do autor principal, título do artigo, objetivo, tipo de pesquisa,
síntese do artigo e categoria.
O processo de seleção
das publicações foi desenvolvido por dois revisores de forma independente e
está representado na Figura 1.
Figura
1 - Fluxo do processo de seleção dos artigos.
Para a etapa 5 e 6, optou-se pela análise com base na técnica de análise
de conteúdo, modalidade temática [11]. Da análise resultou a construção de
categorias obtidas por meio da leitura exaustiva e profunda dos artigos,
identificando as semelhanças, os elementos e ideias, chegando aos núcleos de
sentidos, para serem agrupados em temas significativos.
O nível de evidência
foi seguido segundo o delineamento da pesquisa, sendo classificado nível 1 evidências resultantes da meta-análise de múltiplos
estudos clínicos controlados e randomizados, nível 2 evidências obtidas em
estudos individuais com delineamento experimental, nível 3 evidências de
estudos quase experimentais, nível 4 evidências de estudos descritos
(não-experimentais) ou com abordagem qualitativa, nível 5 evidências
provenientes de relatos de caso ou de experiência e nível 6 evidências baseadas
em opiniões de especialistas [10].
A seguir estão
relacionados os artigos selecionados como amostra do estudo, organizados na
tabela I, na qual podem ser visualizadas as publicações acerca do tema proposto
quanto aos periódicos.
Tabela
I - Distribuição das publicações por periódico.
Curitiba/PR, Brasil, 2016.
Em relação ao ano de
publicação destaca-se maior incidência em 2014 com 21 publicações, seguida de
2013 com 18 e em 2015 com 3 publicações. Em relação
aos autores, apenas foram incluídos artigos que possuíam dentre os autores um
enfermeiro, sendo a média de 6,14 autores por artigo (DP ± 3,16).
Na distribuição das
publicações pelo Qualis CAPES, apresentou prevalência
das publicações em qualis A1 (16), A2 (14), B1 (3),
B2 (5), B3 (3) e 1 não encontrado.
Quanto ao tipo e
desenho dos estudos, todos os artigos analisados foram classificados de acordo
com a tabela abaixo.
Tabela
II -
Classificação dos estudos de acordo com o
desenho utilizado.
Em relação ao nível
de evidência das publicações, destaca-se as publicações com nível 4, representado na tabela III.
Tabela
III
- Nível de evidência das publicações.
Em relação ao país de
publicação dos artigos, os Estados Unidos da América (EUA) é o que apresenta
maior número sobre a temática (15 artigos). Na figura 1, organizou-se uma
representação por país, sendo classificados de 1 a 4
publicações, 5 a 10 publicações e 11 ou mais publicações.
Figura
2 - Mapa de distribuição das publicações por país.
A análise temática
permitiu apreender três categorias, as quais são apresentadas no sentido de
responder à questão norteadora e ao objetivo da investigação. Sendo elas:
Cuidados Paliativos: assistência ao paciente, qualidade de vida e tecnologias
para o cuidar; Cuidados Paliativos: percepções e
perspectiva da família, paciente e equipe de saúde; Cuidados Paliativos:
avaliação dos serviços e comunicação paciente X profissional.
Cuidados
Paliativos: assistência ao paciente, qualidade de vida e tecnologias para o cuidar
Os CP são
frequentemente focados em pacientes com câncer. A sedação paliativa é uma
intervenção para enfrentar o sofrimento na última fase da vida. É um
procedimento médico usado para lidar com os sintomas refratários que ocorrem
nos estágios avançados de câncer. Tem implicações clínicas, relacionais e
éticas tornando-se uma questão altamente sensível. As recentes descobertas confirmam
que a sedação paliativa é uma parte integrante de uma abordagem de CP e é
necessária em certas situações clínicas, sendo uma prática legítima a partir de
qualquer ponto de vista ético [12].
A qualidade de vida
continua a ser um aspecto importante na assistência do paciente em tratamento
oncológico no final da vida, e é influenciada por fatores psicológicos, físicos
e sociais [13-14]. Esta é uma questão desafiadora e que precisa ser mais
pesquisada. Os achados apontam que os enfermeiros avaliam a qualidade de vida
de maneira empírica e que quando se comunicam com os pacientes não utilizam
instrumentos ou ferramentas de avaliação. Portanto há necessidade que os
enfermeiros avaliem os pacientes de maneira holística e com bases científicas
[21].
A avaliação dos
sintomas facilita a gestão, a promoção do conforto e melhoria da qualidade de
vida. Eles ocorrem em toda a trajetória do câncer, mas são mais comuns durante
o tratamento e ao fim da vida. Os profissionais atuantes têm a responsabilidade
de avaliá-los ao longo da trajetória da doença e quando identificada deve levar
a um plano de cuidado que se baseia em evidências científicas, através de uma
avaliação abrangente e individual, identificando potencial de melhoria ou piora
dos sintomas [18-19].
Dispneia é um dos
sintomas mais comuns em pacientes em CP e câncer, sendo fundamental o
enfermeiro possuir habilidades de avaliação e conhecimento abrangente no
assunto para melhores intervenções de cuidado [15]. O delírio aparece como outro
sintoma que apresenta desafios de gerenciamento difícil no contexto de
atendimento em ambientes de CP [16]. Esses pacientes são mais ativos do que se
poderia esperar. Níveis de mobilidade são inversamente associados com dor,
fadiga e sintomas relacionados com o sono [17]. A avaliação nutricional também
é fundamental no manejo clínico do paciente oncológico, que frequentemente
desnutrido deve ingerir valor energético superior às demandas metabólicas e
basais para ganho de peso [29].
Considerando características
pessoais (idade, sexo), bem como as características relacionadas à doença
(estágio clínico da doença), cuidados de enfermagem com o paciente que realiza
tratamento com quimioterápicos pode contribuir significativamente para o alívio
e controle dos sintomas [18-19]. O tratamento do sintoma é um componente
essencial da prática de enfermagem em oncologia que melhora a qualidade de vida
dos doentes e famílias em toda a trajetória do câncer [18]. Enfermeiros
oncológicos podem melhorar o acesso ao tornar-se bem informados sobre os CP
para a mudança prática com pacientes no início do diagnóstico de câncer,
podendo assim melhorar a qualidade de vida, tempo de sobrevivência, sintomas e
humor [19].
Identificar o estado
da doença é fundamental para os pacientes oncológicos, pois pode servir como um
indicador para o encaminhamento de apoio aos CP [20]. Alcançar esta prática é
uma chave do componente do tratamento do câncer e devem-se abordar as seguintes
questões a fim de aperfeiçoar a sua integração no atendimento: quem deve
fornecer o cuidado, quando deve ser iniciado, o que a intervenção deve implicar
e quais pacientes são mais propensos a se beneficiar [21].
Resultados indicam
que é necessário que os líderes de enfermagem tomem medidas eficazes para
melhorar as habilidades de enfermagem, para proporcionar mais educação no
cuidado dos pacientes, para oferecer serviços que tratam a saúde psicossocial e
proporcionar-lhes apoio emocional [22]. Dada à complexa relação entre o
bem-estar psicológico, físico e saúde relacionados com qualidade de vida, é
importante que todos os fatores que contribuam para o bem-estar do paciente
sejam identificados.
A inovação
tecnológica precede as mudanças organizacionais necessárias para fornecer
cuidados inovadores centrados nos pacientes. Execução de um programa com um
papel central para o enfermeiro especialista é visto como a solução para os
problemas, entretanto o programa só traz as melhorias sustentadas se houver
apoio institucional para a sua efetividade [23-24]. Intervenções e-health (uso de programas e tecnologia na saúde) permitem
que as necessidades de apoio estejam levando a positivos efeitos para
indivíduos com diferentes preferências e prioridades. Modelos e teorias
aplicadas são necessários para esclarecer essas questões, assim, reforçar a
credibilidade e a aplicabilidade dos programas de apoio e-health
em todas as populações alvo [25]. Instrumentos de pontuação se mostram úteis na
avaliação da expectativa de vida dos pacientes em estado terminal e avaliar
este no primeiro dia de tratamento paliativo é ineficaz, pois o paciente pode
apresentar variações de condição de saúde subsequentes [26].
Os enfermeiros
oncológicos devem reconhecer os riscos de responsabilidade, bem como potenciais
benefícios do uso de medicina alternativa em pacientes com câncer que recebem
CP [27].
A designação dos
pacientes em não ressuscitar é tardia, o que exige maior atenção por parte dos
profissionais de CP na identificação de pacientes com uma pontuação de
prognóstico alto. Para conseguir uma melhor avaliação do paciente com indicação
de não ressuscitar, a equipe deve encaminhar os pacientes para o serviço de CP
mais cedo e por períodos mais longos, e devem promover a consciência dos
pacientes e da família quanto ao real prognóstico da doença [28].
Para que os
profissionais de enfermagem realizem um atendimento adequado ao paciente,
visando a qualidade de vida e uma assistência adequada, é necessário
utilizar-se de ferramentas que auxiliam no ato de cuidar em CP e buscar sempre
conhecimento científico, tendo uma visão crítica sobre o estado do paciente e
suas expectativas com relação ao seu prognóstico respeitando suas vontades.
Cuidados
Paliativos: percepções e perspectiva da família, paciente e equipe de saúde
Os enfermeiros
desempenham um papel fundamental na prestação de cuidados para pacientes no fim
da vida, portanto é de extrema importância avaliar as perspectivas destes
profissionais no âmbito clínico. O paciente paliativo possui necessidades
básicas que devem ser avaliadas e intervindas pelos enfermeiros, que enfrentam
inúmeras dificuldades na prática da assistência. Enfermeiros apresentam
dificuldades em compreender questões de nutrição e hidratação do paciente
paliativo, e apresentam pouca participação na tomada de decisões clínicas neste
âmbito. O enfermeiro atua ainda no conforto e alívio do sofrimento, e na gestão
dos sintomas, estabelecendo planos de cuidados e intervenções não-farmacológicas. Porém, na visão dos enfermeiros, seu
poder de decisão aparenta ser limitado e indireto nos CP [24,29].
Todavia, o enfermeiro
também participa e se envolve diretamente em intervenções farmacológicas em CP,
uma vez que administra e presta cuidados aos pacientes neste contexto. Enfermeiros
que administram quimioterápicos paliativos tendem a confrontar situações
difíceis tais como: incertezas ao administrar drogas potentes em pacientes
vulneráveis e dificuldades de comunicação com os médicos. A sedação paliativa
também é uma intervenção farmacológica utilizada em pacientes no fim da vida
que resulta em dilemas, e exige que os enfermeiros possuam conhecimento e
treinamento adequados para desempenhar suas atividades neste âmbito [30].
Dada a complexidade
destas ações assistenciais desempenhadas pelos enfermeiros, torna-se essencial
que os enfermeiros compreendam questões éticas e de legislação pertinentes,
para que esse conhecimento possa ser aplicado para as muitas questões que
surgem em CP e de fim de vida. Todavia, não importa quão grandioso sejam os
avanços científicos em CP, uma vez que, a família e o paciente sempre serão o
centro destes cuidados. Mostra-se fundamental a presença e participação da
família no processo da morte, e é necessário que os enfermeiros discutam estas questões
com a família e participem mais deste processo, já que a comunicação em CP
precisa ser melhorada. A esperança também deve ser considerada neste processo,
pois, na perspectiva da família e dos pacientes, é vista como propagadora
segurança no tratamento aliada a positividade, e
também é relacionada a espiritualidade, porém, não é plenamente compreendida
pelos profissionais de saúde [31-34].
Os CP em enfermagem
pediátrica exigem uma abordagem multiprofissional com enfermeiros treinados
para exercer as atividades, já que uma das barreiras destes cuidados é a falta
de capacitação dos profissionais [35-36].
Os profissionais de
saúde também devem considerar as perspectivas do paciente em relação ao seu
próprio tratamento. Os pacientes com doença terminal avançada devem tomar
decisões difíceis dentre as várias opções de tratamento expostas pelos
profissionais. A cirurgia paliativa apresenta-se muitas vezes como uma das
metas propostas pelos CP, e o paciente deve participar da decisão de realizar ou
não uma cirurgia. Na visão dos pacientes, esta decisão envolve múltiplos
fatores, finalidades ou receios, tais como: gerar qualidade de vida ou o alívio
dos sintomas, aumentar a expectativa de vida, tratar o câncer, preocupações
sobre complicações cirúrgicas, recomendação médica, razões religiosas para o
tratamento escolha, e questões familiares [37].
Para que o enfermeiro
realize um cuidado adequado para os pacientes no fim da vida é necessário que
se tenha conhecimento sobre o indivíduo, reconhecendo suas necessidades e suas
prioridades, respeitando suas vontades e entendo como ele vê e compreende o CP,
suas expectativas e seus medos e mantendo a família sempre ciente das
abordagens que serão realizadas. O profissional enfermeiro precisa estar ciente
de tudo que envolve o paciente para que possa realizar um cuidado de qualidade,
visando sempre à melhoria do cuidado para o seu paciente e para isto, o
enfermeiro deve participar e se envolver em todas as atividades e intervenções
que serão realizadas.
Cuidados
Paliativos: avaliação dos serviços e comunicação paciente X profissional
A elaboração de uma
ferramenta de avaliação do serviço para um planejamento da assistência implementada em CP, fornece uma visão clara do progresso dos
serviços, nível de realização e uma direção clara para o planejamento de
futuras alterações. Entre as ferramentas que podem auxiliar com a melhora nos
serviços está a Escala de Avaliação de Cuidados, que permite avaliar a
estrutura e processo de CP a partir da perspectiva dos membros da família.
Verifica-se também que a implantação de triagem em CP, que reduz a
hospitalização, melhora o desempenho dos cuidados, melhora no conhecimento dos
pacientes e cuidadores quanto ao manejo da dor [38].
Um programa de
intervenções poderia melhorar a qualidade dos CP. Para isto, a melhor
comunicação entre os profissionais de saúde é fundamental para o
aperfeiçoamento dos serviços [39]. Para que ocorra um refinamento na
comunicação, sugere-se o aumento do número e da disponibilidade de ações de
formação para os enfermeiros [40].
Portanto, a
comunicação sobre o prognóstico é importante, e sem tal comunicação, pacientes
e seus familiares são incapazes de lidar abertamente com a gravidade da
situação. Os enfermeiros que atuam em CP devem explicar o prognóstico e as
melhores opções de cuidado, desempenhando um papel fundamental na comunicação
com a família e a escolha da melhor assistência [44].
Os enfermeiros
consistentemente apresentam desconforto ao se comunicar sobre temas de fim de
vida com os pacientes e suas famílias. Comunicação em enfermagem paliativa e
oncologia são únicas, porque essas duas especialidades incluem uma alta
frequência de interações desafiadoras para os pacientes, famílias e
profissionais de saúde [44-46]. Além dos enfermeiros, os cuidadores também
necessitam conhecer o processo de fim de vida para que possam atuar no
fortalecimento do planejamento da assistência.
Cuidadores de
pacientes com câncer têm um papel importante no fornecimento de suporte
emocional, e de fim de vida aos pacientes. No entanto, eles expressam múltiplas
necessidades não satisfeitas, em particular informações sobre o planejamento da
assistência futura. Resultado do impacto das hierarquias entre o cuidador,
estilos de tomadas de decisão adaptáveis da família e influências culturais
complexas sobre a tomada de decisão [47].
O trabalho em equipe
multidisciplinar é fundamental no cuidado do paciente oncológico, com uma
abordagem centrada no paciente, em que cada vez mais atenção é dada a aspectos
psicossociais, a qualidade de vida, aos direitos dos doentes, comorbidades, entre outros [48-49].
Educação
Interdisciplinar em CP pode ser bem-sucedida se as equipes de docentes
estiverem dispostas a enfrentar os desafios, aceitar a avaliação dos resultados
em vários níveis, mantendo o foco desejado pelos acadêmicos [41]. Além disso, a
educação continuada dos enfermeiros é fundamental para se realizar
procedimentos básicos, gestão de emergências, cuidados com efeitos adversos,
gestão de CP, entre outros. Sugere-se que enfermeiros especialistas em oncologia
possuam preparo para gerenciamento de sintomas, suporte psicológico,
esclarecimento de dúvidas, proporcionando educação e trabalho em equipe [42].
Os pacientes com
câncer e suas famílias em toda a experiência da doença apresentam sintomas
físicos, psicossociais e preocupações espirituais. A cultura, a tradição e a
religião têm contribuído para esta confusão, pois as diferenças culturais na
prestação de CP no final da vida, variam de acordo com
a região. Cada cultura tem uma forma diferente de interpretar, com rituais e
tradições, um momento de crise para a morte [43].
A comunicação entre
paciente e profissional é fundamental para que o CP seja realizado com
qualidade visando à melhoria dos sintomas e mantendo a qualidade de vida, para
isto, se faz necessário uma interação com os cuidadores do indivíduo para que
todos realizem um trabalho centrado no paciente e em suprir suas necessidades.
Além da comunicação é necessário que se tenha uma avaliação frequente do
paciente e de como o cuidado está sendo realizado.
Quando não há mais
perspectiva de cura, os CP surgem, exigindo a compreensão do indivíduo de
maneira holística, como um ser único, contemplando seus aspectos físicos,
psicológicos e sociais.
A enfermagem está
presente a todo o momento na assistência ao paciente em CP, todavia resultados
desta pesquisa mostram que os profissionais de saúde não estão preparados para
lidar com o paciente terminal e a morte. Esta dificuldade pode ser resultado da
ausência de disciplinas que abordem especificamente esta temática durante a
graduação, além da cultura da medicina curativa que é dissipada durante a
academia e vida profissional.
Em relação à origem
das publicações, destaca-se que a maioria dos artigos foi publicada nos Estados
Unidos. Quanto à data de publicação, no ano de 2014 houve o maior número de
publicações da temática, com 21 artigos publicados. Destaca-se ainda quanto ao
periódico de origem o Europen Journal
of Oncology Nursing a revista com maior número de publicações na área,
e o qualis da maioria das publicações encontradas foi
A1. Quanto às abordagens metodológicas, destacaram-se como maioria artigos
qualitativos.
Os resultados desta
pesquisa mostram ainda que grande parte dos artigos que abordaram o assunto se
referia a pacientes oncológicos. Tal achado deve-se ao fato de que os CP foram
originados nesta área.