ARTIGO
ORIGINAL
Assistência
de enfermagem nas complicações durante as sessões de hemodiálise
Eduardo Tavares
Gomes, M.Sc.*, Maria José
Silva dos Santos Nascimento**
*Enfermeiro,
UPE/UEPB, **Enfermeira, especialista em Enfermagem em Nefrologia pelo Centro de
Capacitação Educacional, Faculdade Boa Viagem, Recife/PE
Recebido em 24 de
junho de 2017; aceito em 3 de novembro de 2017.
Endereço
de correspondência:
Eduardo Tavares Gomes, Hospital das Clínicas da Universidade Federal
Pernambuco, Avenida Prof Moraes Rego, 1235, Cidade
Universitária, 50670-901 Recife PE, E-mail: edutgs@hotmail.com; Maria José
Silva dos Santos Nascimento: mjssnascimento@hotmail.com
Resumo
Objetivo: Identificar as
complicações e intervenções de enfermagem durante as sessões de hemodiálise. Métodos: Trata-se de um estudo
descritivo de abordagem quantitativa, realizado em um serviço de hemodiálise. Resultados: Foram coletados 83
prontuários com registros de complicações durante sessões entre fevereiro e
março de 2016. Foram registradas 149 complicações, sendo consideradas mais de
uma possibilidade no período em estudo. As principais complicações apresentadas
foram: pico hipertensivo (25,50%), hipotensão (24,83%), náusea (18,12%), vômito
(10,07%) e cefaleia (10,07%). Quanto ao registro das intervenções realizadas,
foram encontrados 106 registros, e as que apresentaram maior registro foram:
administrar reposição volêmica com soro fisiológico (39,62%), administrar droga
hipotensora (captopril), administrar reposição salínica
(10,38%). Conclusão: Recomenda-se a
educação permanente da equipe de enfermagem para o entendimento
clínico-fisiológico das intercorrências, reconhecimento precoce de sinais e
sintomas envolvidos e ações validadas pela literatura para a correção ou
minimização das complicações.
Palavras-chave: Enfermagem,
nefrologia, diálise renal, assistência de enfermagem.
Abstract
Nursing care in complications during hemodialysis sessions
Objective: To identify
the complications and nursing actions during hemodialysis sessions. Methods: It is a
descriptive-quantitative study, carried out in a hemodialysis service. Results: We collected 83 records with
records of complications during sessions between February and March 2016. We
found 149 complications recorded, and considered more of one possibility in the
study period. Major complications included the following: blood pressure peak
(25.50%), hypotension (24.83%), nausea (18.12%), vomiting (10.07%) and headache
(10.07%). As for the recording of interventions, 106 records were found, and
the most frequently recorded were: administer volume replacement with saline
(39.62%), administering hypotensive drug (captopril), administer saline
replacement (10.38%). Conclusion: We
recommend continuing education for the nursing staff to the understanding of
the clinical and physiological complications, early recognition of signs and
symptoms involved and validated actions by the literature to correct or
minimize complications.
Key-words: Nursing,
nephrology, renal dialysis, nursing care.
Resumen
Asistencia de enfermería en las
complicaciones durante las sesiones de hemodiálisis
Objetivo: Identificar las complicaciones e
intervenciones de enfermería durante las sesiones de hemodiálisis. Métodos:
Se trata de un estudio descriptivo de abordaje cuantitativo, realizado en un servicio de hemodiálisis. Resultados:
Se recolectaron 83 prontuarios
con registros de complicaciones
durante sesiones entre febrero
y marzo de 2016. Se registraron
149 complicaciones, siendo
consideradas más de una posibilidad en el
período en estudio. Las principales complicaciones presentadas fueron:
pico hipertensivo (25,50%), hipotensión (24,83%), náusea
(18,12%), vómito (10,07%) y cefalea (10,07%). En cuanto al
registro de las intervenciones realizadas, se encontraron 106 registros, y las
que presentaron mayor
registro fueron: administrar reposición
volémica con suero fisiológico (39,62%), administrar droga hipotensora
(captopril), administrar reposición salínica (10,38%). Conclusión: Se recomienda la educación
permanente del equipo de enfermería
para el entendimiento
clínico-fisiológico de las intercurrencias,
reconocimiento precoz de
signos y síntomas involucrados y acciones
validadas por la literatura para la
corrección o minimización
de las complicaciones.
Palabras-clave: Enfermería,
nefrología, diálisis renal,
asistencia de enfermería.
A hemodiálise é o
processo de filtragem e depuração do sangue de substâncias indesejáveis como a
creatinina e a ureia que necessitam ser eliminadas da corrente sanguínea humana
devido à deficiência no mecanismo de filtragem nos pacientes portadores de
insuficiência renal crônica (IRC). Na hemodiálise, a transferência de solutos
ocorre entre o sangue e a solução de diálise através de uma membrana por meio
da difusão, que é o fluxo de soluto de acordo com o gradiente
de concentração, sendo transferida massa de um local de maior concentração para
um de menor concentração, a depender do peso molecular e características da
membrana. A ultrafiltração é a remoção de líquidos
através de um gradiente de pressão hidrostática e a
convecção é a perda de solutos durante a ultrafiltração,
quando ocorre o arraste de solutos na mesma direção do fluxo de líquidos
através da membrana [1-3].
As
complicações que
ocorrem durante a sessão de hemodiálise podem ser
eventuais, mas algumas são
extremamente graves e fatais [1,4]. A principal
complicação que ocorre durante
a hemodiálise envolve as alterações
hemodinâmicas decorrentes do processo de
circulação extracorpórea e a remoção
de um grande volume de líquidos em um
espaço de tempo muito curto. As complicações mais
comuns durante a hemodiálise
são, em ordem decrescente de frequência, hipotensão
(20%-30% das diálises),
cãibras (5%-20%), náuseas e vômitos (5%-15%),
cefaleia (5%), dor torácica
(2%-5%), dor lombar (2%-5%), prurido (5%), febre e calafrios (< 1%).
As
complicações menos comuns, mas sérias e que podem
levar à morte incluem: a
síndrome do desequilíbrio, reações de
hipersensibilidade, arritmia, hemorragia
intracraniana, convulsões, hemólise, embolia gasosa,
hemorragia
gastrintestinal, problemas metabólicos, convulsões,
espasmos musculares,
insônia, inquietação, demência,
infecções, pneumotórax ou hemotórax,
isquemia
ou edema na mão e anemia [1,3-11].
Em um estudo de corte
realizado em Alfenas-MG, verificou-se que 96,6% das complicações não ocorriam
pela primeira vez, revelando alta reincidência e sugerindo a possibilidade de
se prever e antecipar as intervenções [11]. A infecção de corrente sanguínea
associada ao cateter central para hemodiálise é uma complicação que pode ser
minimizada pela melhora da assistência de enfermagem e pela educação do
paciente e que leva a perda do acesso venoso, internamento e sepse [12].
Ocorreu nos últimos
anos um grande progresso em relação à segurança e a eficácia das máquinas de
hemodiálise, tornando o tratamento mais seguro. Os equipamentos de hemodiálise
contêm alarmes que indicam qualquer alteração que ocorra no sistema (detectores
de bolhas, alteração de temperatura e do fluxo do sangue entre outros), mesmo
assim, isso não garante que as complicações deixem de ocorrer [1,3-4]. Além
disso, o paciente em tratamento renal crônico ainda estabelece uma relação de
dependência desse equipamento, de uma equipe especializada, além da
obrigatoriedade de aceitar e assumir um esquema terapêutico rigoroso para
manutenção de sua vida [4]. A equipe de saúde treinada pode garantir um
tratamento dialítico seguro, mesmo assim não há como se garantir a não-ocorrência de complicações, que no mais das vezes estão
associadas às condições clínicas do paciente e a evolução da doença renal [4].
Além
das
complicações, ainda entram na conta dos potenciais riscos
ao paciente os
eventos adversos relacionados à terapia. Um estudo realizado com
25
profissionais de enfermagem revelou que todos relatam ter presenciado
ou ter
tido conhecimento de eventos adversos como cateter obstruído,
retirada
acidental da agulha da fístula e coagulação do
sistema extracorpóreo. De todos
os relatos de eventos adversos encontrados, apenas 42,8% estavam
relacionados
ao paciente, sendo o restante relacionado aos profissionais (falhas,
despreparo, falta de atenção, falha na
comunicação) e à organização do
serviço
(qualidade dos materiais, falta de recursos, sobrecarga de trabalho,
recursos
humanos inadequados, área física inadequada,
ausência de protocolos
específicos, etc. [13]).
A atuação da equipe
de enfermagem diante destas complicações, desde a monitorização do paciente, a
detecção de anormalidades e a rápida intervenção é essencial para a garantia de
um procedimento seguro e eficiente para o paciente. A equipe de enfermagem tem
importância muito grande na observação contínua dos pacientes durante a sessão,
podendo ajudar a salvar muitas vidas e evitar muitas complicações ao fazer o
diagnóstico precoce de tais intercorrências [3]. Pesquisas sobre a assistência
de enfermagem, nesse cenário, possibilitam não só avaliar o serviço, como
também verificar possibilidades de intervenção e de melhora.
O presente artigo
teve por objetivo identificar as complicações e as intervenções de enfermagem
durante as sessões de hemodiálise.
Estudo descritivo,
retrospectivo, de abordagem quantitativa, realizado no serviço de hemodiálise
localizada na Zona da Mata de Pernambuco. A clínica atende 229 pacientes,
divididos em seis turnos, com a cobertura garantida pelo Sistema Único de Saúde
(SUS).
Foram coletados dados
de 110 prontuários, dos quais 83 apresentaram registro de complicações durante
as sessões. Foram considerados os registros dos meses de fevereiro e março de
2016, não se avaliando a reincidência ou a incidência de mais de uma complicação
por paciente no em período anterior ao corte, mas contabilizando-se mais de um
registro por período.
Os dados foram
coletados dos prontuários, não incluídos aqueles cuja falta ou erros de
preenchimento pudessem dificultar a análise. Para orientar a coleta, foi
elaborado pelos pesquisadores um instrumento próprio contendo dados sociodemográficos, dados clínicos do momento da sessão,
descrição da complicação e da intervenção referente.
Os dados foram
analisados com recursos de epidemiologia descritiva (frequência absoluta,
frequência relativa, médias, desvio-padrão, etc.) através do software
estatístico SPSS 20.0.
A elaboração do
projeto de pesquisa, bem como toda sua execução, foi pautada nos princípios bioéticos
e nas orientações da Resolução do Conselho
Nacional de Saúde nº466/12. A etapa de coleta de dados se
deu apenas após a
anuência da clínica, a apreciação e
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital Otávio de Freitas - CAAE: 04137012.4.0000.5200.
Os pacientes
avaliados foram predominantemente do sexo masculino (66,7%), com menos de 60
anos (67,61%), sendo a idade média de 51,77±15,07, a maioria sem vínculo formal
(49,4%) ou aposentado (42,17%), com renda de 4 a 6 salários mínimos (62,65%),
com escolaridade de até 10 anos (74,694%), apesar de 12,05% serem analfabetos
(Tabela I).
Tabela
I - Caracterização dos pacientes
quanto ao sexo, idade, vínculo empregatício, escolaridade e renda
(N=83). Recife/PE, 2017.
O principal acesso
venoso utilizado foi a fístula arterio-venosa
(69,88%), seguido pelo acesso venoso central com cateter duplo lúmen (30,12%).
A duração média das sessões foi de 3,9 ± 0,27 horas (eram planejadas para 4
horas, mas em 8 foram encerradas antecipadamente em
virtude das complicações apresentadas, todas na última hora da sessão).
A totalidade dos
registros das complicações foi realizada por técnicos de enfermagem. Foram
registradas 149 complicações, sendo consideradas mais de uma possibilidade no
período em estudo. As principais complicações apresentadas foram: pico
hipertensivo (25,50%), hipotensão (24,83%), náusea (18,12%), vômito (10,07%) e
cefaleia (10,07%). As complicações calafrio (1,34%) e hipertermia (0,67%) foram
as que tiveram menor registro. (tabela II).
Tabela
II -
Distribuição das complicações
apresentadas por pacientes durante sessão de hemodiálise (N=149). Recife/PE,
2017.
Quanto ao registro
das intervenções realizadas, foram encontrados 106 registros, ou seja, das 149
complicações, 43 registros não se apresentaram juntos aos registros das
respectivas intervenções (29,45%). As intervenções que apresentaram maior
registro foram: administrar reposição volêmica com soro fisiológico (39,62%),
administrar droga hipotensora (captopril), administrar reposição salínica (10,38%). As intervenções com menor registro
foram: aquecer o paciente com manta (1,89%), administrar antitérmico (não-especificado) (0,94%) (tabela III).
Tabela
III
- Registro das intervenções perante as
complicações apresentadas durante sessão de hemodiálise. Recife/PE, 2017.
O perfil da amostra
corrobora o de outros estudos no tocante a gênero, idade, escolaridade
[11,14-7]. Em estudo recente realizado no intuito de verificar a associação
entre os modos de enfrentamento e as variáveis sociodemográficas
de pessoas em hemodiálise, ficou demonstrado menores escores relacionados ao
enfrentamento entre os homens e que os idosos apresentavam maiores escores de
enfrentamento focados na emoção (confronto, afastamento, fuga-esquiva). O mesmo
estudo encontrou que pessoas com escolaridade ≥ 12 anos tiveram escores
médios mais elevados para o enfrentamento focado no problema, em relação às
pessoas com menor escolaridade, assim como menores escores de enfrentamento
para o subgrupo de menor renda ou que não trabalhava [15].
Outros autores
refletiram sobre o convívio com a doença renal crônica e a hemodiálise,
concluindo que a experiência promove uma ruptura biográfica na vida do
indivíduo e que o mesmo passa por sentimentos ambíguos em sua relação com a
máquina de hemodiálise e mudanças na qualidade de vida, assim como com a equipe
que o assiste [17-8].
A fístula arterio-venosa (69,88%) foi predominante no estudo, assim
como já foi observado que é a escolha dentre os acessos vasculares no país
[18]. A fístula confeccionada para diálise está relacionada a eventos adversos
como a retirada acidental da agulha, sangramento, etc., mas não a complicações
durante a sessão [12-13].
Os técnicos de
enfermagem foram responsáveis pela totalidade dos registros das intercorrências
em estudo. Isso pode estar relacionado ao dimensionamento de pessoal e a rotina
de registro por parte dos técnicos de cada etapa da sessão de hemodiálise. Não
foi possível verificar qual o profissional que reconheceu os sinais e sintomas
relacionados, apenas o responsável pelo registro em prontuário. As unidades que
prestam serviço de hemodiálise devem ter bem elaborados e revisados os
instrumentos que permitam o registro da sistematização da assistência de
enfermagem e não apenas o registro de dados da sessão [20]. Em 29,45% das
complicações não houve simultaneamente o registro das intervenções,
demonstrando uma fragilidade do processo. Não foi possível avaliar ainda se os
27(24,54%) prontuários estudados que não compuseram a amostra tiveram registro
de complicações porque as mesmas não ocorreram ou se por outro motivo não foi
realizado o registro.
O enfermeiro deve ser
responsável pela sistematização além da rotina de registro de dados como peso,
temperatura e pressão arterial realizados pelos técnicos,
visto que apenas pelo processo de enfermagem poderá o enfermeiro realizar
intervenções que abarquem dimensões subjetivas do paciente, muitas vezes
negligenciadas [15,20-1]. Outra pesquisa mostrou que o uso de check-list para registro da sessão contendo dados pré-sessão, do início e do encerramento, aumenta a
qualidade e a segurança durante o tratamento [22].
A hipotensão arterial
foi observada em 24,83% dos pacientes. É uma complicação relacionada à taxa de ultrafiltração, temperatura do dialisato,
redução do volume líquido circulante, perda de sódio, redução do débito
cardíaco. É um reflexo primário da retirada excessiva de líquidos durante a
sessão. Deve ser investigada ainda a perda de sangue nas conexões e ruptura das
membranas, ou sangramento interno. Como intervenção associada, a mais utilizada
foi a reposição volêmica, não sendo citadas a mudança
para a posição de Trendelemburg ou administração de
oxigênio por via nasal [4,11-12,15]. Há referências que indicam que
temperaturas mais baixas do dialisato pode prevenir a
hipotensão por causar vasoconstrição periférica e que deve ser retirado mais líquido
na primeira hora da sessão, reduzindo a filtração nas horas subsequentes [23].
O pico hipertensivo
foi evidenciado em 25,5% dos pacientes. Está associada na literatura à ativação
do sistema renina-angiotensina secundária a depleção de volume, à sobrecarga de
volume, ansiedade ou síndrome de desequilíbrio 4,11-12,15,24.
O tratamento é feito pela correção da causa e pela administração de
hipotensores, como nifedipina e captopril. Nas
situações observadas através do prontuário, a nifedipina
não foi utilizada, em substituição pela atensina. No
caso de ansiedade, a psicoterapia e os sedativos prestam boa
ajuda, bem como a confiança desenvolvida na equipe de enfermagem [12,15].
Naúsea e vômitos
apresentaram-se, respectivamente, em 18,12% e 10,07% dos casos. Geralmente ocorrem secundárias às alterações pressóricas, síndrome do
desequilíbrio, ansiedade, ingestão de alimentos durante a sessão e aumento do
cálcio sérico. Sugere-se a administração de antieméticos,
correção da pressão arterial e diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo com
prolongamento proporcional da sessão [4,11-12,15,24].
A intervenção principal encontrada na amostra foi a
correção dos níveis pressóricos, sendo os antieméticos
registrado em apenas 3,77% dos casos.
A cefaleia foi
registrada em 10,07% dos casos. É um sintoma frequentemente associado à
hemodiálise, sendo indicadas como causas: a hipertensão arterial, hipotensão
arterial, alterações no peso corporal, ansiedade, síndrome do desequilíbrio,
uso de solução de diálise contendo acetato, abstinência de cafeína (uma vez que
a sua concentração sanguínea é reduzida agudamente durante a HD). Assim como
para as náuseas e vômitos, uma redução na velocidade de fluxo sanguíneo durante
a parte inicial da diálise pode ser tentada. O uso de analgésicos via oral ou
parenteral deve ser associado à supressão da causa e foi registrado em 4,72%
dos prontuários, sendo a dipirona a droga escolhida.
Apesar de não ter
sido registrada, a hipoglicemia é um dos riscos de complicações durante as
sessões de diálise. Investigando-se a resposta glicêmica de pacientes com
diabetes tipo 2, um estudo recente revelou que as
soluções de diálise sem ou pobres em glicose (55md/dl) apresentaram maior risco
de hipoglicemia [25].
Também não foram
relatados casos de parada cardiorrespiratória. Um estudo americano demonstrou
que o risco de parada cardíaca no período peri-dialítico
é maior entre pacientes com doença coronariana, insuficiência cardíaca, níveis
baixos de potássio no dialisato, elevado cálcio
sérico, hipoalbuminemia, baixo peso, baixa
hemoglobina [26].
As complicações
registradas foram condizentes com a literatura atual, bem como as intervenções
de enfermagem [27]. Um estudo nacional divulgou que as principais intervenções
de enfermagem descritas na literatura são: monitoramento hidroeletrolítico,
verificação de sinais vitais, administração de medicamentos e orientações ao
paciente [27]. Contudo, nos registros avaliados não foram consideradas as
atividades de monitoramento e de orientação aos pacientes como específicas para
as complicações nas sessões.
Cabe ainda, uma
reflexão importante sobre o uso de taxonomias para o registro da Sistematização da Assistência de Enfermagem na
hemodiálise. Pesquisas acerca da temática verificaram que os diagnósticos de
enfermagem mais relevantes para a prática clínica em hemodiálise são: risco de
infecção, risco de sangramento, risco de quedas, risco de choque, risco de
resposta alérgica, volume de líquido excessivo, risco de desequilíbrio do
volume de líquidos, risco de glicemia instável, risco de desequilíbrio
eletrolítico, nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais,
risco de perfusão renal ineficaz, risco de perfusão tissular cardíaca,
diminuída, dor crônica, náusea, dor aguda, comportamento de saúde propenso a
risco, controle familiar ineficaz do regime terapêutico [28]. Destaca-se que
nos impressos para esse registro de assistência, através destes diagnósticos
elencados e outros mais disponíveis, é possível descrever ou reconhecer as
complicações durante a assistência. A taxonomia deve ser de uso de todos os
profissionais, pois comunica o diagnóstico de enfermagem além de propiciar o
registro de intervenções realizadas [29-31].
É de responsabilidade
legal do enfermeiro a supervisão do serviço de hemodiálise, bem como a
assistência prestada aos pacientes gravemente enfermos, compreendendo as
situações de emergência. Sendo assim, ele é o profissional responsável por
avaliar os sinais e sintomas dos pacientes, conferir as prescrições médicas relativas,
prescrever as intervenções de enfermagem, orientá-las e supervisioná-las.
Apesar de o estudo
ter por limitações o pequeno número de pacientes e retratar a realidade de
apenas um centro de diálises, o mesmo serve para a reflexão sobre a atuação da equipe
de enfermagem nas situações delicadas que podem ocorrer durante as sessões de
hemodiálise.
Reforçamos, por fim,
após a análise dos resultados sob a luz da literatura, a necessidade da revisão
dos fluxos assistenciais de forma a garantir que o enfermeiro tome lugar nas
complicações, revisão dos impressos utilizados para a sistematização da
assistência de enfermagem; educação permanente da equipe de enfermagem para o
entendimento clínico-fisiológico das intercorrências, reconhecimento precoce de
sinais e sintomas envolvidos e ações validadas pela literatura para a correção
ou minimização das complicações; e elaboração de um roteiro sistematizado para
a educação do paciente na primeira consulta de forma a ajudá-lo a compreender as alterações que seu corpo e
sua rotina sofrerão ao longo da hemodiálise.