REVISÃO
O
trabalhador de enfermagem e a dor física
Aliny Cristini
Pereira*, Zaida Aurora Sperli Geraldes Soler**
*Enfermeira,
aluna do Curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho, vinculado à
Fundação de Apoio ao Ensino, à Pesquisa e à Extensão de Serviços à Comunidade
(FAEPE), da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP),
**Enfermeira do Trabalho, livre-docente em Enfermagem, coordenadora geral do
Curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho, coordenadora gerencial do
Curso de Especialização em Medicina do Trabalho FAEPE/FAMERP
Recebido em 2 de maio de 2017; aceito em 23 de junho de 2017.
Endereço
para correspondência:
Zaida Aurora Sperli Geraldes Soler, Rua Alagoas no. 29, Bálsamo,15140-000
São José do Rio Preto SP, E-mail: zaidaaurora@gmail.com; Aliny Cristini
Pereira: alinycristini@yahoo.com.br
Resumo
Introdução: Por suas
características laborais, complexidade de atividades executadas e condições de
trabalho geralmente inadequadas, o trabalhador de enfermagem (TE)
frequentemente é acometido por dores, o que é uma preocupação no âmbito da
vigilância em saúde ocupacional. Objetivo:
Analisar publicações científicas em periódicos nacionais, que relacionaram a
dor e a equipe de enfermagem. Método:
Foi feito levantamento bibliográfico em periódicos nacionais, no período de
2006 a 2016, disponíveis nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS) - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Base de Dados da Enfermagem
(BDENF). Foram selecionados 11 artigos, analisando-se a identificação dos
autores, título do artigo, ano de publicação, fonte de localização, objetivos,
desenho do estudo, resultados/discussão e conclusão. Resultados: Evidenciou-se que: a produção de artigos com esse tema
é baixa; houve uma variabilidade no tempo de publicação dos artigos com o tema;
a dor física foi evidenciada como um problema importante, de grande incidência
e que gera diversos fatores negativos no trabalhador de enfermagem acometido;
os estudos avaliaram as diferentes categorias profissionais da enfermagem e
foram utilizados diversos instrumentos para coleta de dados (nem todos eram
validados). Conclusão: Ainda há muito
a ser investigado a respeito da dor relacionada ao trabalho de enfermagem e
suas consequências na qualidade de vida dos trabalhadores de enfermagem no
Brasil.
Palavras-chave: dor, equipe de enfermagem, trabalhadores, vigilância em saúde
do trabalhador, saúde ocupacional.
Abstract
Nursing workers and physical pain: an integrative review of the
literature
Introduction: Nursing workers (NW), due to their work characteristics, the
complexity of the activities performed and frequently inadequate working conditions, are usually affected by pain. This is a concern
in the area of occupational health surveillance. Objective: To analyze papers published in national journals that
associated pain with the nursing team. Methods: We searched in the databases
Virtual Health Library (BVS), Latin American and Caribbean Literature in Health
Sciences (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Pubmed and Nursing Database (BDENF) for national articles
published between 2006 and 2016. Eleven articles were selected and the
following items were analyzed: authors, title, year of
publication, source journal, objectives, study design, results/discussion and
conclusion. Results: The review
evidenced a small number of articles published on the subject; a great
variability in time of publication; that physical pain is an important problem
with high incidence and brings several negative effects to nurse workers. The
studies assessed different nursing professional categories and used different
tools for data collection (not all of them validated). Conclusion: Further studies are needed on nursing work-related pain
and its consequences to the quality of life of Brazilian nursing workers.
Key-words: pain,
nursing team, workers, occupation health surveillance, occupational health.
Resumen
El trabajador de enfermería y el dolor físico: una revisión integrativa de la literatura
Introducción: Debido
a sus características laborales, la complejidad de las
actividades ejercidas y las condiciones de trabajo generalmente inadecuadas, el
trabajador de enfermería se ve afectado por dolores. Esto constituye una
preocupación en el ámbito de la salud ocupacional.
Objetivo: Analizar artículos científicos publicados en revistas nacionales, que
relacionan dolor y el equipo de enfermería. Métodos:
Se realizó un levantamiento bibliográfico de artículos publicados entre 2006 y
2016 en las bases de datos de la Biblioteca Virtual en
Salud (BVS), Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciencias de la Salud
(LILACS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Pubmed y la Base de
Datos de Enfermería (BDENF). Se seleccionaron 11 artículos, de acuerdo con los
siguientes ítems: autores, título, año de publicación, fuente, objetivos,
diseño del estudio, resultados/discusión y conclusión.
Resultados: Se encontró que: la producción de
artículos con esta temática es baja; hubo una notable variabilidad en el tiempo
de publicación de los artículos; el dolor físico es considerado como un
problema importante, de gran incidencia y que generan diversos factores
negativos para el trabajador de enfermería. Los estudios investigaron
diferentes categorías profesionales de enfermería y se utilizaron diversos
instrumentos para colectar los datos (aún que no todos hayan sido previamente
validados). Conclusión: Todavía hay mucho que investigar acerca del dolor relacionado al trabajo de enfermería y sus
consecuencias para la calidad de vida de los trabajadores de enfermería
brasileños.
Palabras-clave: dolor, equipo de
enfermería, trabajadores, vigilancia de la salud de
los trabajadores, salud ocupacional.
A dor é uma
experiência perceptiva diferenciada para cada pessoa, constituindo-se em grave
problema de saúde pública e no âmbito ocupacional, pelo sofrimento,
incapacidade e comprometimento da qualidade de vida das pessoas acometidas. É
considerada a principal causa de absenteísmo, licenças médicas, aposentadorias
por doença, indenizações trabalhistas e baixa produtividade no trabalho. O
absenteísmo relacionado à equipe de enfermagem e a trabalhadores em ambiente hospitalar muitas vezes é decorrente de dores relacionadas
ao próprio processo de trabalho [1,2].
A International Association for Study of Pain
(IASP) define dor como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável
relacionada à lesão tecidual ou descrita em tais termos” [2]. A precisa
definição da origem da dor é revestida de imponderáveis significados nos
contextos desenvolvimentistas, anatômicos, etiopatogênicos, fisiopatogênicos,
epidemiológicos, clínicos, avaliativos, terapêuticos, prognósticos,
reabilitacionais e reinsercionais [3].
A dor é classificada
quanto ao tipo em nociceptiva e neuropática e quanto à duração em aguda ou
crônica. A dor nociceptiva ocorre por ativação fisiológica de receptores ou da
via dolorosa e está relacionada à lesão de tecidos ósseos, musculares ou
ligamentares [4]. A dor neuropática é definida como dor decorrente de lesão ou
disfunção do sistema nervoso, constituindo-se em síndrome complexa, com
mecanismos pouco esclarecidos, aventando-se teorias inflamatórias e imunes [5].
A dor aguda geralmente é de duração previsível, autolimitada, de fácil
diagnóstico e desaparece após intervenção, enquanto a dor crônica tem duração
prolongada, geralmente resulta de lesão neuropática, com inflamação ou perda
tecidual crônica, provocando alterações persistentes no sistema nervoso
periférico/central [6].
Qualquer trabalho
envolve o dispêndio de energia física e mental, direta ou indiretamente voltada
à produção de bens e de serviços, mas o trabalho da equipe de enfermagem tem
sido muito investigado nos aspectos de sofrimento e adoecimento, por ser
desgastante e realizado em situações de riscos químicos, físicos, biológicos,
ergonômicos e de acidentes [7,8]. As dores mais relatadas pela equipe de
enfermagem são por injúrias musculoesqueléticas, lombares e relacionadas a
acidentes laborais [8]. A problemática da dor e do absenteísmo na área de
enfermagem representa prejuízos para o trabalhador, para a equipe de trabalho
que fica mais sobrecarregada e para a população assistida [9].
Vale destacar que a
dor física entre trabalhadores de enfermagem pode resultar de diversas
casualidades no contexto diário de seu processo de trabalho, envolvendo
características ambientais, programáticas e distribuição de tarefas. A equipe
de enfermagem no Brasil é composta pelo enfermeiro, pelo técnico de enfermagem
e pelo auxiliar de enfermagem, cada qual com atribuições definidas em lei,
submetendo-se a cargas e riscos de trabalho de ordem
biológicas, químicas, físicas, mecânicas, fisiológicas e psíquicas [10].
No enfoque biológico
são relatados os acidentes com exposição a fluídos orgânicos, com
potencialidade para aquisição de doenças como as hepatites, principalmente B e
C; Aids. Na carga química são conhecidos os efeitos
dos anestésicos, dos quimioterápicos, de alguns antibióticos e antissépticos,
causadores de câncer, abortos e malformações, além de alergias e dermatites de
contato. Tratando-se da carga física, as principais causas são os ruídos
sonoros de aparelhos e mobiliários, exposição à radiação iluminação
insuficiente [11]. A carga mecânica é atribuída a acidentes com queda, por
condições inseguras, gerando fraturas, torções, contusões, hematomas, algumas
vezes resultantes de violência física, cujos agressores são os próprios
pacientes e seus familiares ou colegas de trabalho [12]. A carga fisiológica é
resultante do trabalho em pé, posturas inadequadas, manipulação excessiva de
pesos, rodízios de turnos e trabalho noturno, que geram fadiga [13]. Carga
psíquica relaciona-se a exposição dos trabalhadores aos desgastes mentais, como
resultado de condições inadequadas de trabalho, como relações assimétricas na
equipe de enfermagem e multiprofissional, gerando danos psíquicos [14].
Ante o exposto, a
abordagem de publicações em nosso meio sobre a temática da dor envolvendo
trabalhadores de enfermagem torna-se relevante no contexto da saúde do
trabalhador, pois subsidia investigações em aspectos ainda pouco abordados e
propostas de intervenções necessárias para minimizar tal problemática. Para nortear
o presente estudo, foi elaborada a seguinte questão de pesquisa: como os artigos científicos abordam a dor
física no trabalho da equipe de enfermagem?
Assim, tem-se como
objetivo sintetizar as evidências científicas disponíveis em bases de dados nacionais
sobre a dor física vivenciada por trabalhadores de enfermagem em nosso meio.
Para o alcance do
objetivo do estudo optou-se pelo método de revisão integrativa da literatura
científica nacional, por tratar- se de uma metodologia que proporciona a
síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de
estudos significativos na prática. Uma revisão integrativa bem realizada exige
os mesmos padrões de rigor, clareza e replicação utilizada nos estudos
primários [15].
Para a realização
desta revisão, foram seguidas as seguintes etapas: construção da questão
norteadora, estabelecimento dos critérios para a seleção das amostras,
representação das características dos estudos e seus achados, análise dos
dados, interpretação dos resultados e apresentação da revisão. O levantamento
bibliográfico foi realizado pela Internet, através das bases de dados
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) - Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic
Library Online (SCIELO) e Base de Dados da Enfermagem (BDENF). Os
descritores para tal busca foram: dor, equipe de
enfermagem, trabalhadores; vigilância em saúde do trabalhador e saúde
ocupacional . No cruzamento das palavras adotou-se a expressão booleana: “AND”.
Os critérios utilizados para a seleção da amostra foram: artigos publicados em
periódicos nacionais; que abordem a dor física no trabalho de enfermagem, nas
diferentes áreas de interesse da enfermagem; artigos publicados de 2006 até 2016,
independentemente do método de pesquisa utilizado.
Após o estudo da
literatura encontrada, foi elaborada uma análise que buscou apontar o perfil
dos artigos. De início, foram identificados 58 artigos. No entanto, após a
leitura e análise dos artigos, os que se enquadravam nos critérios de inclusão
do estudo foram 16 artigos científicos produzidos pela enfermagem ou com sua
participação, publicados em território nacional e que abordavam a temática dor
física no trabalhador de enfermagem. Porém, 3 desses
artigos foram encontrados nas 3 bases de dados utilizadas e 2 não foram
encontrados na íntegra. Dessa forma, o número de amostra final foi de 11
artigos científicos. Foi desenvolvido um formulário (apêndice 1) de coleta de dados, que foi preenchido para cada artigo
da amostra final do estudo. O formulário permitiu juntar informações sobre
identificação dos autores, título do artigo, ano de publicação, fonte de
localização, objetivos, desenho do estudo, resultados/discussão e conclusão.
Resultados
Fizeram parte do
estudo 11 artigos que atenderam aos critérios de inclusão previamente
estabelecidos, 10 (90,9%) foram investigações em instituições hospitalares e
apenas 1 (9,1%) de revisão integrativa. A autoria dos
trabalhos foi: 5 (45,5%) de enfermeiros, 2 (18,2%) de
enfermeiros e fisioterapeutas e igual número 1 (9,1%), realizado por
enfermeiros e médicos; por enfermeiros e dentista; por enfermeiros e psicólogo;
enfermeiros e matemático. Dos onze artigos avaliados, dez foram desenvolvidos
em instituições hospitalares e somente um foi uma revisão integrativa.
Na Tabela I é
apresentada a síntese dos artigos incluídos na presente revisão integrativa.
Quanto ao tipo de periódico nos quais foram publicados os artigos incluídos na
revisão, 8 (72,7%) foram publicados em revistas de
enfermagem geral, 2 (18,2%) duas em revistas de ciências da saúde e 1 (9,1%) em
revista médica. Quanto ao tipo de delineamento de pesquisa dos artigos
avaliados, evidenciou-se, na amostra: uma revisão integrativa, um estudo
descritivo transversal com abordagem quanti-qualitativa, um estudo
exploratório-descritivo transversal com abordagem quantitativa e oito estudos
descritivos transversal com abordagem quantitativa. Com relação à força das
evidências obtidas nos artigos, todos os artigos tinham nível de evidência 6.
Tabela
I - Apresentação da síntese de artigos sobre dor
e trabalho de enfermagem incluídos na revisão integrativa.
São José do Rio Preto, 2016. (ver tabela en anexo em PDF)
Após a caracterização
dos estudos, foi procedida a leitura das discussões e considerações, agrupando
os achados por semelhança de discussão, evidenciado-se
três grandes eixos temáticos: A alta prevalência da dor nos trabalhadores de
enfermagem (TE); O reflexo da dor nos TE; A relação das condições de trabalho
oferecidas com o desenvolvimento de dor no TE. Estes eixos serão brevemente
apresentados e discutidos a seguir:
Alta
prevalência de dor em trabalhadores de Enfermagem
Dos onze artigos
analisados foi possível evidenciar a alta prevalência da dor em TE em 10
(90,9%), como segue:
Nos resultados
obtidos em dez artigos constatou-se que a dor física é frequente entre TE.
Verificando-se em 6 (54,5% ) a dor física era o
assunto principal da pesquisa e 2014 foi o ano com mais publicações neste
contexto (3 - 27,3%). Isso mostra que este tema deve ser bem melhor
investigado, de forma a alcançar dados que permitam elaboração de condutas e
intervenções que possam melhorar a ocorrência deste sintoma entre TE,
considerando os aspectos da organização ambiental, programática e atividades
realizadas.
O
reflexo da dor nos TE
A análise dos onze
artigos que constituíram este estudo permitiu constatar o reflexo negativo que
a dor física causa no TE e como isso implica diretamente na sua vida
profissional e pessoal. No quarto artigo [19] ficou destacado que os
trabalhadores que referiram dor forte a insuportável tiveram quatro vezes mais
chances de serem classificados no grupo com reduzida capacidade para o
trabalho; no sétimo estudo [22], foi constatado que a exposição a cargas
fisiológicas gera desgaste da força de trabalho aos TE
e esse desgaste pode ser apreendido por sinais, sintomas e/ou doenças, que
interferem na qualidade de vida pessoal e na qualidade de vida do trabalho dos
TE da unidade; no décimo primeiro artigo [25], foi concluído que os domínios
mais afetados na qualidade de vida dos TE foram dor, vitalidade, aspectos
físicos e aspectos emocionais, sugerindo uma correlação com menor capacidade
laboral.
O trabalho, desde que
seja feito em condições saudáveis, é uma atividade de extrema importância na
vida das pessoas, pois por meio dele o trabalhador consegue prover sua
subsistência e de sua família. Se algo atinge negativamente o TE, isso vai ser
refletido em sua qualidade de vida no trabalho e em suas atividades de vida
diária. Dessa forma, é de extrema importância manter uma comunicação aberta com
o trabalhador para saber quais são suas necessidades e problemas que enfrenta,
buscando encontrar soluções para o problema exposto.
A
relação das condições do trabalho com o desenvolvimento de dor no TE
Após a análise dos
artigos, foi possível notar a relação direta das condições oferecidas no
trabalho com o desenvolvimento de dor física no TE. No artigo dois [17], os
autores concluíram que a lombalgia de TE parece estar ligada a grande variedade
de elementos como fatores ambientais, biomecânicos, organizacionais, pessoais,
genéticos, psicossociais, fisiológicos e financeiros; na pesquisa cinco [20],
foi discutido que as chances do TE ter dor nos ombros, na coluna torácica e nos
tornozelos foram maiores no quadrante de trabalho de alta exigência de
desempenho; no sexto artigo [21], foi concluído que a localização mais
frequente referida pelos trabalhadores (dor na coluna lombar) tinham como associação características laborais como ser
técnico ou auxiliar de enfermagem, trabalho noturno e alta demanda física no
trabalho; no oitavo estudo [23], foi verificado que 60% dos sujeitos
responderam que às vezes o ritmo de trabalho é excessivo, 73,3% disseram que às
vezes as condições de trabalho são precárias, 46,6% responderam que
frequentemente existe muito barulho no ambiente de trabalho, 53,4% assinalaram
que é bastante exigido ter controle das emoções e além disso, 86,7% dos
participantes referiram ter sentido três ou mais vezes dores no corpo e 46,6%
referiram três ou mais episódios de estresse desencadeado pelo convívio com a
dor, o sofrimento e a morte; no nono estudo [24] foi evidenciado que a
prevalência de dor musculoesquelética foi de 91,4%, dos quais 11,6%
apresentaram dor de fraca intensidade, 35,7% dor moderada, 39% dor forte e 5,1%
dor insuportável. As mulheres, os técnicos e auxiliares de enfermagem e os com
mais de 14 anos de exercício na função apresentaram significativamente maiores
percentuais para dor forte a insuportável.
Sobre as condições
oferecidas aos TE, vários são os riscos a que esses
trabalhadores são expostos. Através dos artigos analisados foi possível
levantar os mais prioritários, que seriam: os riscos ambientais, sendo eles
riscos físicos (exposição a ruídos e radiação); riscos biológicos (acidentes
com perfurocortantes e contato com materiais biológicos de um modo geral),
riscos ergonômicos (excesso de esforço realizado), riscos químicos (exposição a
substâncias químicas diariamente, como, por exemplo os
antissépticos); riscos ocupacionais (excesso de trabalho, atividades e o ritmo
com que são realizadas); tarefas em grandes quantidades; estado de alerta;
pressão emocional; administração das atividades; baixa valorização juntamente
com baixa autoestima; competitividade e falta de apoio. Segundo os artigos
analisados, esses aspectos tem relação direta com o desenvolvimento de dores musculoesqueléticas
nos TE.
Na análise de
pesquisas que investigaram sintomas osteomusculares em TE ,
no décimo artigo [26], foi verificado que esta temática ainda é pouco
investigada em países latino-americanos, sugerindo mais pesquisas neste contexto.
É importante saber diagnosticar a necessidade de atentar-se
as condições de trabalho dos TE e a capacidade laboral dos mesmos, visando
manter o trabalhador saudável e com mais condições de exercer as atividades de
atenção ao paciente/cliente e sentir satisfação no seu desempenho profissional.
A maioria dos artigos
analisados utilizou desenho de pesquisa descritivo transversal, com abordagem
quantitativa, avaliando os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.
Houve, também, a utilização de diferentes instrumentos na coleta de dados,
sendo alguns validados e outros não.
Verificou-se que a
produção de artigos científicos com o tema da dor física nos TE ainda é baixa
em nosso meio. A análise dos resultados identificou problemas metodológicos no
desenvolvimento de estudos sobre dor física em TE tais como desenho de estudo
inadequado e utilização de instrumentos de medida não validados. Dessa forma, o
presente estudo traz como contribuição a seleção de publicações sobre dor que afeta
a equipe de enfermagem, podendo subsidiar ações de ensino, de pesquisa e de
intervenção. A melhoria das condições laborais da equipe de enfermagem
contribui para menos adoecimento e menores taxas de absenteísmo, repercutindo
também na melhoria da qualidade da assistência prestada ao usuário de saúde e
melhor qualidade de vida no trabalho e nas atividades de vida diária do TE.