ARTIGO ORIGINAL

Homens a serviço da pátria: fatores de risco para o uso de drogas por soldados em cumprimento do serviço militar obrigatório

 

Fabrícia Conceição de Carvalho*, Ana Maria da Silva Gomes, M.Sc.**, Daniel Pereira Motta***, Vanderlei de Moraes Afonso****, Gislaine Pinto da Silva Senna*****, Glória de Sousa Bertino Tarlé da Silva******

 

*Enfermeira, Mestranda em Terapia Intensiva Adulto pela Escola Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO), especialista em Terapia Intensiva Adulto pelo Instituto Israelita Ensino e Pesquisa Albert Einstein, especialista em Formação Pedagógica pela Escola Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Tenente do Exército Brasileiro, **Enfermeira e psicóloga, Major do Exército Brasileiro, ***Enfermeiro, especialista em Ciências Militares pela Escola Aperfeiçoamento Oficiais do Exército Brasileiro, capitão do Exército Brasileiro, ****Advogado, Procurador Jurídico adjunto do município de Resende, *****Enfermeira, Tenente do Exército Brasileiro, ******Graduanda em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem Estácio, sargento de saúde do Exército Brasileiro

 

Recebido em 25 de setembro de 2017; aceito em 13 de abril de 2018.

Endereço para correspondência: Fabrícia Conceição de Carvalho, Rua Dr João Cabral Flexa, 197, bloco 7A/304, 27545-010 Resende RJ, E-mail: fabriciaccarvalho@yahoo.com.br; Daniel Pereira Mota: dp_mota@hotmail.com; Ana Maria da Silva Gomes: anaestrelagomes@yahoo.com.br; Vanderlei de Moraes Afonso: afonsodireito1@@yahoo.com.br; Gislaine Pinto da Silva Senna: gislaine_gis@hotmail.com; Glória de Souza Bertino Tarlé: bertino1313@hotmail.com

 

Resumo

A prevenção em saúde é uma ação que objetiva a higidez física e mental do

indivíduo por meio de práticas educativas que visem disseminar conhecimento para correção de atitudes, valores e mudança de hábitos. As drogas como problema de saúde pública no Brasil têm atingido todos os estratos sociais, inclusive o militar. Objetivo: Este estudo objetivou identificar a percepção que os soldados do Exército Brasileiro, em cumprimento do serviço militar obrigatório em Salvador/BA, possuem acerca do assunto drogas. Método: Estudo de coorte prospectivo que utilizou questionário semiestruturado para identificar opiniões e experiências dos soldados participantes sobre drogas. Resultados: Os resultados mostraram que, apesar de boa parte ter conhecimento das consequências e percepção negativa sobre as drogas, ainda há um pequeno grupo que desconhece as repercussões legais e de saúde sobre o uso de entorpecentes. Conclusão: Este estudo concluiu a importância da ação educativa no combate às drogas, pois este problema de saúde pública circunda não só o ambiente civil como também o militar.

Palavras-chave: militares, drogas, políticas de saúde.

 

Abstract

Men in the service of the homeland: risk factors for the use of drugs by soldiers in compulsory military service

Health prevention is an action that aims at physical and mental healthiness of the individual through educational practices aimed at disseminating knowledge to correct attitudes, values and changing habits. Drugs as a public health problem in Brazil have reached all levels of society, including the military. Objective: This study aimed to identify the perception that the soldiers of the Brazilian Army in compulsory military service in Salvador, Bahia, have on the subject drugs. Methods: Prospective cohort study that used semistructured questionnaire to identify opinions and experiences of the participating soldiers on drugs. Results: The results showed that although much be aware of consequences and negative perception on drugs, there is still a small group that ignores the legal and health implications for the use of drugs. Conclusion: This study concluded the importance of educational action in the fight against drugs, as this public health problem surrounds not only the civil environment as well as the military.

Key-words: military, drugs, health policies.

 

Resumen

Hombres a servicio de la patria: factores de riesgo para el uso de drogas por soldados en cumplimiento del servicio militar obligatorio

La prevención en salud es una acción que objetiva la salud física y mental del hombre por medio de prácticas educativas que visen diseminar conocimiento para corrección de actitudes, valores y cambio de hábitos. Las drogas como problema de salud pública en Brasil han alcanzado todos los estratos sociales, incluso el militar. Objetivo: Este estudio tuvo como objetivo identificar la percepción que los soldados del Ejército Brasileño, en cumplimiento del servicio militar obligatorio en Salvador, Bahia, poseen sobre el asunto drogas. Método: Estudio de corte prospectivo que utilizó un cuestionario semiestructurado para identificar opiniones y experiencias de los soldados participantes en las drogas. Resultados: Los resultados mostraron que, a pesar de buena parte tener conocimiento de las consecuencias y percepción negativa sobre las drogas, todavía hay un pequeño grupo que desconoce las repercusiones legales y de salud sobre el uso de estupefacientes. Conclusión: Este estudio concluyó la importancia de la acción educativa en el combate a las drogas, pues este problema de salud pública circunda no sólo el ambiente civil, sino también el militar.

Palabras-clave: militares, drogas, políticas de salud.

 

Introdução

 

A prevenção ao uso de drogas tem sido uma das prioridades no campo da saúde pública no Brasil e no mundo. A política de atenção ao uso do álcool e outras drogas do Ministério da Saúde elege a prevenção como a melhor estratégia no enfrentamento dessa mazela, devendo ser considerada a realidade dos atores envolvidos no planejamento das ações de saúde [1,12]. A prevenção consiste em práticas promocionais relacionadas à transformação de comportamentos, focando no estilo de vida, no seio das famílias e no ambiente da cultura de uma comunidade [2]. Assim, programas ou atividades de promoção da saúde concentram-se em ações educativas, primariamente relacionadas com riscos comportamentais passíveis de mudanças, que estariam, pelo menos em parte, sob o controle dos próprios indivíduos. Quando a educação continuada em saúde é aplicada de forma planejada e coerente com a demanda do público alvo corrobora para a redução dos fatores de vulnerabilidade e riscos à saúde humana.

As ações governamentais de saúde contra o uso de drogas lícitas e ilícitas baseiam-se na Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD. A lei prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes e estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito. Além de definir crimes e dar outras providências, aborda a educação continuada como instrumento de prevenção ao uso de drogas ilícitas, respeitando as especificidades socioculturais e ambientais do indivíduo [1,2]. Essa ação educativa será desenvolvida por atividades preventivas à dependência química, pautadas em princípios éticos e na pluralidade cultural, planejadas e direcionadas ao desenvolvimento humano e à educação para uma vida saudável, valorizando a esfera das relações familiares e comunitárias [3].

Quanto à situação das drogas ilícitas em todo o mundo, o Relatório Mundial sobre Drogas de 2015 revela a prevalência dessas substâncias, estimando-se que em um total de 246 milhões de pessoas, um pouco mais do que 5% da população mundial com idade entre 15 e 64 anos, tenha feito uso no ano de 2013. Esse documento afirma ainda que os homens são três vezes mais propensos ao uso de maconha, cocaína e anfetamina em comparação com as mulheres [4]. O fato dos militares desenvolverem suas atividades por meio de um regime rigoroso que impõe a necessidade de uma avaliação permanente demonstra a relevância da temática pelo risco de acidentes na instrução [5,6]. Em relação à prevenção no âmbito das Forças Armadas, em especial no Exército Brasileiro, há uma grande preocupação com o uso de drogas, especialmente quando se trata de jovens soldados que foram admitidos recentemente, os chamados Soldados do Corpo Efetivo Variável - EV. No Brasil, o serviço militar é obrigatório para todos os homens quando completam 18 anos de idade, sendo obrigados a realizar o alistamento militar.

A Portaria nº 040, de 28 de janeiro de 2015 do Comandante do Exército Brasileiro que aprova as Instruções Gerais para a Elaboração e Implantação do Programa de Dependência Química, denominado Phoenix, abrange ações preventivas primárias como a Educação em Saúde. O referido programa, ainda não implementado, objetiva conscientizar o público-alvo a respeito dos danos causados à saúde pelo uso indevido de álcool e outras drogas lícitas e ilícitas, a fim de incentivar a adoção de hábitos saudáveis.

      As instruções para a elaboração e implantação do programa Phoenix foram divulgadas em Boletim da Secretaria Geral do Exército (SGEX) [7]. Sobre casos de uso de drogas no Exército, de acordo com dados da Assessoria de Apoio para Assuntos Jurídicos da Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN), corresponderam aos Autos de Prisão em Flagrante Delito por drogas ilícitas (APFD): no ano de 2012, dezessete casos de APFD, em 2013 oito casos de APFD e em 2014 doze casos de APFD [8].

O escopo de dispositivos legais que disciplina o fenômeno das drogas, seu uso, produção e comercialização, na esfera penal, está contido na nova lei de drogas sob o nº 11.343/06, no artigo 28, que tipifica a conduta do usuário [1]. Quanto à penalização, o usuário pode vir a sofrer: advertência verbal, prestação de serviço à comunidade, medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo e, em último caso, multa [1]. Porém, no meio militar ocorre a punição com restrição de liberdade, pois são passíveis de serem classificados como crime militar [9,10], uma vez que neste ambiente, o assunto drogas é tratado diferente em relação ao ambiente civil no que tange à aplicação de penalidades. Mediante os dados apresentados, percebe-se que a droga ilícita também tem atingido a sociedade militar, sendo motivo de atenção para ações preventivas que mitigarão sua difusão [5,6].

A relevância deste estudo se dá na contribuição para a elaboração de programas preventivos direcionados ao uso de entorpecentes no meio militar. O objetivo é avaliar a percepção de soldados sobre o tema drogas, bem como experiências individuais e opiniões sobre as consequências do envolvimento pessoal e do companheiro militar a fim de se criar propostas preventivas que diminuam fatores de risco para drogadição.

 

Material e métodos

 

Estudo de coorte prospectivo com soldados do serviço militar obrigatório do Exército Brasileiro em Salvador/BA. A coleta de dados foi realizada no período de agosto de 2015 com 50 jovens que prestaram o serviço militar obrigatório. Os participantes tinham entre 18 e 22 anos de idade no momento de realização da pesquisa. O cenário foi a Companhia de Batalhão e Serviço (BCS) da Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx) em Salvador/BA.

Foi utilizado um questionário semiestruturado, coletando-se dados sobre a percepção dos soldados do serviço militar obrigatório de Salvador quanto ao uso de drogas ilícitas.

Foram prestados os esclarecimentos acerca do teor da pesquisa e sobre a voluntariedade quanto à participação. O questionário semiestruturado identificou precedentes socioculturais e familiares, prévios saberes sobre o tema da pesquisa, experiências pessoais e opiniões sobre as consequências do envolvimento com drogas ilícitas. Os questionários foram identificados por meio de um código numérico, o qual cada participante pôde guardar como garantia para uma posterior procura por suas respostas, permitindo-se assim preservar o anonimato dos participantes. As variáveis da pesquisa foram compostas por dados sociodemográficos dos participantes, conhecimento sobre drogas ilícitas, as experiências e consequências pessoais e profissionais do envolvimento com tais substâncias.

Utilizaram-se artigos científicos, dos últimos dez anos, que tratavam sobre educação em saúde na prevenção ao uso de entorpecentes para embasar os achados de nossa pesquisa. Os artigos foram buscados em bases de dados eletrônicas Scielo, Lilacs e Medline por serem bases confiáveis, respeitando-se o critério de inclusão: artigos científicos do período de 2005 a 2015, por meio dos descritores militares, drogas e políticas de saúde. Em relação à Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o presente estudo atendeu aos aspectos éticos, sendo submetido à análise do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Antônio Pedro, sendo aprovado com o número CAAE n° 0414.0258.000-11.

 

Resultados

 

De acordo com os dados coletados do questionário, no que se refere às variáveis sociodemográficas, na variável “idade” 96% (48) dos entrevistados estavam na faixa etária entre 18 e 20 anos e 4% (2) entre 21 e 22 anos.

 

Tabela IIdade dos participantes da pesquisa (n=50). Salvador/BA, 2015.

 

 

Conforme ilustra a figura 1, quando questionados a respeito de seus conhecimentos sobre as drogas, 76% (38) afirmaram conhecer o assunto e julgaram as drogas como ruins, 18% (9) afirmaram saber pouco sobre o assunto, 4% (2) afirmaram não conhecer sobre o assunto e 2% (1) afirmou conhecer o assunto e julgou as drogas ilícitas como boas.

 

 

Figura 1Conhecimento e opinião dos participantes sobre drogas ilícitas.

 

         De acordo com a figura 2, quanto ao conhecimento dos soldados sobre drogas ilícitas e lícitas, 70% (35) souberam diferenciar a primeira da segunda, enquanto 30% (15) não souberam. Evidenciando-se a necessidade de se estabelecer uma educação continuada para informar o que é permissível e o que não é, do ponto de vista da legalidade e as consequências sociais, econômicas e de saúde pelo uso de drogas.

 

 

Figura 2Percepção sobre drogas lícitas e ilícitas.

 

Isso demonstra que a maioria dos soldados se encontra na transição da adolescência para a fase adulta; esse período, de acordo com pesquisas recentes, pode contribuir para a vulnerabilidade e a exposição aos fatores de risco para o contato ou experiência com o uso de drogas ilícitas [10].

Em relação aos casos de envolvimento com drogas na família, a tabela II evidencia que 96% (48) expressaram a existência de casos, nenhum participante confirmou o não envolvimento familiar e 4% (2) não responderam, isso demonstra que a droga está muito próxima do militar. Os soldados, assim como qualquer indivíduo, são influenciados pelas dimensões saúde, família, trabalho, sociedade e política. Assim, os programas de prevenção ao uso de drogas, mesmo em instituições fechadas como o Exército Brasileiro, devem considerar vários fatores, como, por exemplo, a mídia, a cultura os dispositivos legais e a própria identidade desta população.

 

Tabela IIRelato de casos de envolvimento com drogas na família. Salvador/BA, 2015.

 

 

Referente às consequências do envolvimento com drogas em uma Organização Militar, a tabela III explicita que 76% (38) alegaram saber as consequências e 24% (12) afirmaram não saber, o que demonstra a necessidade de haver uma ação educativa para conscientização das drogas ilícitas e suas repercussões legais e de saúde na vida do militar.

 

Tabela IIIPercepção sobre as consequências do uso de drogas em uma Organização Militar. Salvador/BA, 2015.

 

 

Discussão

 

Acerca dos resultados obtidos com essa pesquisa, os dados da Tabela I referentes à variável idade denotam que a faixa etária do público desta pesquisa possui maior vulnerabilidade para o uso de drogas, pois neste período ocorre a formação de caráter e valores que podem ser influenciados pelo meio [10,12]. A figura 1 ilustra os resultados encontrados acerca da percepção e conhecimento que os soldados possuem sobre as drogas indicando que, apesar de a maioria conhecê-las e julgá-las como prejudiciais, há um pequeno grupo que afirmou saber pouco sobre o tema. A isso, justifica-se a educação em saúde como ação preventiva ao uso de drogas, objetivando reflexão sobre o contexto sociocultural e histórico que permeiam tais substâncias e suas consequências [13].

A respeito do conhecimento dos soldados sobre as drogas, a figura 2 permite inferir a importância de se promover ações educativas para esse público, confirmando a relevância de se investir em educação continuada para desconstruir significados e visões errôneas sobre o tema. A tabela II quantifica o percentual de casos de uso de drogas na família dos soldados, apresentando um alto índice entre esses efetivos. Sobre a existência de casos de drogas ilícitas na família, esse fato corrobora para a influência do uso por parte dos outros membros não usuários [11,14]. Sabe-se que o ser humano em sua formação ética e moral passa por transformações que o influenciam na tomada de decisões e em seus atos, sendo a educação uma das responsáveis pela formação dos valores humanos e hábitos de vida. Assim, quanto ao conhecimento sobre consequências das drogas em uma Organização Militar (OM), a tabela III indicou um grande percentual dentre os entrevistados que demonstrou tal atributo. Porém, ainda existe um pequeno grupo que desconhece as consequências legais e de saúde, no que tange às repercussões por envolvimento com drogas em uma OM.

A lei 11.343/06 garante o direito às medidas de prevenção ao uso, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; o fato de portar drogas para consumo pessoal ainda é crime de acordo com a respectiva lei, apesar do usuário não vir a sofrer nenhuma pena privativa de liberdade.

Por ser a droga um incômodo que não escolhe estrato social e que, por isso, tem atingido o meio militar concorre para casos de reforma caso o soldado não consiga aderir ao tratamento ou até mesmo a exclusão do militar de seu efetivo.

É importante que a informação sobre esse problema seja de conhecimento de toda a comunidade militar, para que se estudem ações promotoras de repressão e prevenção à disseminação desse inconveniente. Sobre a educação em saúde para a prevenção das drogas, meios informativos devem apresentar as consequências e repercussões do uso a fim de ser eficiente e eficaz em seu objetivo. Esta ação contribuirá para moldar o pensamento reflexivo e valores morais, éticos e científicos sobre o tema Dependência Química.

No que se refere a uma ação antidrogas, o programa Phoenix proposto pelo Exército é um exemplo da preocupação que a Força possui para com seus militares e as drogas, desejando reduzir a frequência de atitudes inconvenientes com o uso de substâncias ilícitas no âmbito da administração militar: absenteísmo, conflitos de relacionamento interpessoal, acidentes em serviço, além da prática de crimes militares de tráfico, posse ou uso de entorpecentes. Porém, tal ação se encontra em fase de implantação, o que justifica, por meio de trabalhos como esta pesquisa, que a educação no combate às drogas seja implementada tão logo quanto possível, para proteger a caserna da influência negativa que as substâncias ilícitas promovem.

 

Conclusão

 

As drogas ilícitas são um problema de saúde pública mundial, porém no Brasil as variáveis socioeconômicas são predisponentes para contato e envolvimento com

entorpecentes.

A educação como formadora de sujeitos promove a informação e conscientização, especialmente a educação em saúde para a prevenção ao uso de drogas. Este estudo foi relevante para divulgar o quão perto estão as drogas ilícitas, pois permitiu identificar a percepção de um grupo militar acerca das drogas, bem como reconhecer o que esse grupo compreende e já experienciou. Permitiu, ainda, obter dados que justifiquem a implantação e implementação de um programa antidrogas em cada unidade militar, a exemplo do programa Phoenix. Este, por sua vez, ainda está em fase de implantação, mas sua importância na proteção da classe militar é ressaltada por trabalhos como este estudo.

A pesquisa envolvendo o público militar evidenciou a importância da educação continuada no processo de formação dos militares do efetivo variável, pois foram identificados grupos que, por desconhecimento, possuem opiniões e valores contraditórios sobre as drogas. Desta forma, é apresentada como possibilidade de intervenção a conscientização do efetivo acima sobre as consequências que as drogas acarretam à saúde por meio de práticas educativas.

A escolha de comandantes nos diversos níveis para essa conscientização objetiva a formação de agentes multiplicadores do conhecimento sobre drogas. Esta ação seria executada por profissionais de saúde, em especial os enfermeiros, devido ao papel de educadores em saúde. Logo, educar não somente pela repressão, como também pela informação desperta consciência crítica que moldará o indivíduo em suas condutas e princípios, permeando suas escolhas ao longo de sua trajetória.

 

Referências

 

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