ARTIGO
ORIGINAL
Perfil
da população notificada por tuberculose em um hospital escola do interior
paulista de 2010 a 2014
Mariana Bertolino Fioramonti dos Santos, M.Sc.*, Luciano Garcia Lourenção, D.Sc.**, Margarete Artico Baptista, D.Sc.***,
Cláudia Eli Gazetta, D.Sc.****
*Enfermeira
Sênior do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein,
**Enfermeiro, Professor Titular-Livre da Escola de Enfermagem da Universidade
Federal do Rio Grande (EEnf/FURG),***Enfermeira,
Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva e Orientação
Profissional da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP),****Enfermeira,
Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva e Orientação
Profissional da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP)
Recebido em 27 de
setembro de 2017; aceito em 27 de outubro de 2017.
Endereço
para correspondência:
Mariana Bertolino Fioramonti
dos Santos, Rua Santa Archelia, 185/405, Bloco 2, Jardim Casablanca, 05846-410 São Paulo SP, E-mail:
mariana_br4@hotmail.com; Luciano Garcia Lourenção:
luciano.famerp@gmail.com; Margarete Artico Baptista:
marticobaptista@famerp.br; Cláudia Eli Gazetta:
claudiagazetta@yahoo.com.br
Resumo
O estudo objetivou
caracterizar a população notificada por tuberculose em um Hospital Escola
referência do Estado de São Paulo. Estudo descritivo, retrospectivo, realizado
em instituição hospitalar do interior do Estado de São Paulo, no período de
janeiro de 2010 a dezembro de 2014. Os dados foram coletados a partir das
fichas de notificação dos casos de tuberculose notificados pelo Núcleo de
Vigilância Epidemiológica do serviço. Os dados mostraram que, nos aspectos sociodemográficos, a incidência de doença foi maior em
homens (73,5%) brancos (70,7%), faixa etária entre 20 e 59 anos (80,7%), com
ensino fundamental incompleto (48,5%), que trabalham em ocupações com baixos
índices de remuneração e provenientes do próprio município (57,6%). Em relação
aos aspectos epidemiológicos, foi predominante caso novo (82,2%), forma clínica
pulmonar (61,8%), apresentando coinfecção pelo HIV
(36,7%), sendo internado para elucidação diagnóstica (46,0%), permanecendo no
serviço por até 15 dias e recebendo alta hospitalar para tratamento
ambulatorial (64,9%). Os resultados confirmam a influência das condições
socioeconômicas no adoecimento por tuberculose, na região estudada. Reforçam a existência de fragilidades nos serviços de
atenção primária, que comprometem as ações de controle da tuberculose em nível
local e regional, tornando o hospital uma importante porta de entrada para os
doentes.
Palavras-chave: tuberculose,
epidemiologia, incidência, hospitalização, notificação de doenças.
Abstract
Profile of notified tuberculosis population in a school hospital of São
Paulo from 2010 to 2014
The study aimed to characterize the population notified by tuberculosis
in a teaching hospital that is reference in the state of São Paulo. Descriptive
and retrospective study, carried out in hospital in the State of São Paulo,
from January 2010 to December 2014. Data were collected from the reporting
forms of tuberculosis cases reported by the hospital’s Surveillance Epidemiology
Center service. The data shows that the sociodemographic
aspects of the incidence of tuberculosis was highest in white (70.7%) men
(73.5%), aged between 20 and 59 years (80.7%), with incomplete primary
education (48.5%), working at occupations with low rates of payment and from
the city itself (57.6%). Regarding epidemiological aspects was predominantly
new cases (82.2%) with pulmonary clinical form (61.8%), with co-infection with
HIV (36.7%) and the population was hospitalized for diagnostic elucidation
(46.0%), remaining in service for up to 15 days and receiving hospital for
outpatient treatment (64.9%). The results confirm the influence of
socioeconomic conditions on the illness by tuberculosis in region studied, reinforce the existence of weaknesses in primary
care services, which compromise the tuberculosis control actions at regional
and local level, making the hospital a major gateway to the patients.
Key-words:
tuberculosis, epidemiology, incidence, hospitalization, disease notification.
Resumen
Perfil de la población notificada por
tuberculosis en un hospital escuela del interior paulista de 2010 a 2014
El estudio pretende caracterizar la población notificada de tuberculosis en un Hospital Escuela referencia del estado de São Paulo en Brasil.
Estudio descriptivo,
retrospectivo, realizado en hospital en el estado de São Paulo, desde enero
de 2010 a diciembre de 2014. Se recolectaron
los datos de la notificación
de casos de tuberculosis notificados por el sistema de vigilancia
epidemiológica del hospital. Los datos
mostraron que, en los aspectos socio-demográficos, la incidencia
de tuberculosis es mayor en hombres (73,5%) blancos (70.7%), edad entre 20 y
59 años (80.7%), primaria incompleta (48,5%), que trabajan en ocupaciones
con bajos niveles de remuneración y provenientes del propio municipio (57.6%). En lo referente a aspectos
epidemiológicos fue predominante caso nuevo (82.2%), con forma clínica
pulmonar (61.8%), mostrando la
coinfección por VIH (36.7%), siendo
hospitalizados para la aclaración
diagnóstica (46,0%), permaneciendo un promedio de 15 días y recibiendo alta hospitalaria para tratamiento ambulatorio (64,9%). Los resultados confirman
la influencia de las condiciones socioeconómicas sobre la
incidencia de enfermar por tuberculosis
en la región
estudiada. Refuerzan la fragilidad
de los servicios de atención primaria, que comprometen
las acciones del control de la tuberculosis en nivel local y regional, haciendo el hospital una
importante puerta de entrada para los
enfermos.
Palabras-clave: tuberculosis,
epidemiología, incidencia, hospitalización, notificación de enfermedades.
A tuberculose (TB) é
uma doença infecciosa de evolução crônica, que compromete principalmente os
pulmões, sendo o Mycobacterium tuberculosis o agente
etiológico, descoberto por Robert Koch, em 1882. A transmissão da doença ocorre
principalmente por via aérea e é facilitada pela aglomeração humana [1].
A TB se mantém no
topo da lista dos agravos de saúde tanto no âmbito mundial, quanto no nacional.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que, em 2014, havia 9,6
milhões de pessoas doentes por tuberculose no mundo e, destas, 1,5 milhão
acabaram morrendo em decorrência da doença [1].
Segundo dados do
Ministério da Saúde, o Brasil permanece na 16º posição, entre os 22 países que
concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo [2-3].
Em 2014 foram
diagnosticados, no Brasil, 67.966 casos novos de tuberculose, com uma
distribuição heterogênea entre as Unidades da Federação. O coeficiente de
incidência da doença variou de 11 casos por 100 mil habitantes no estado de
Goiás a 68,4 casos por 100 mil habitantes no estado de Amazonas e uma
incidência média de 33,5 casos por 100 mil habitantes, abaixo da registrada em 2005,
no início da série histórica, quando se verificou uma taxa de incidência anual
média de 41,5 casos por 100 mil habitantes [2-3].
A região Sudeste é a
segunda região brasileira em incidência da doença. Com valores em torno de 36,2
casos por 100 mil habitantes, fica atrás apenas da
região Norte [2-3]. O estado de São Paulo apresenta incidência maior, tanto em
relação à média nacional quanto à regional, com taxa de 36,9 casos por 100 mil
habitantes e distribuição heterogênea entre seus municípios [2].
Além da localização
geográfica, outros aspectos como faixa etária, sexo, raça branca, baixa
escolaridade e condições socioeconômicas são registrados e contabilizados,
perfazendo-se assim a caracterização do grupo populacional mais susceptível a
contrair a doença [2,5,6]. Segundo dados estaduais, em
torno de 66% dos casos registrados em São Paulo ocorrem em homens e
aproximadamente 70% das pessoas infectadas estão na faixa etária de 20 a 59
anos, além da importante incidência da doença sobre populações de poder
econômico e social mais baixos [2,5,6].
Atualmente uma pessoa
infectada e sem tratamento pode contaminar, anualmente, entre dez e quinze
pessoas, disseminando a infecção pela comunidade. Embora o diagnóstico possa
ser realizado precocemente, a partir da busca ativa de sintomáticos
respiratórios, pelas equipes da Atenção Básica, somente 60% dos casos são
diagnosticados desta forma. Grande número de pacientes é diagnosticado apenas
na rede hospitalar, que deveria ser utilizada em situações graves da doença,
nos casos de pacientes que vivem em más condições socioeconômicas e/ou quando a
doença se associa a outros agravos [7].
Quando inseridos nas
instituições de saúde, os pacientes em tratamento hospitalar merecem atenção
especial, pois apresentam elevado potencial de disseminação do bacilo intra-hospitalar, o que exige medidas de controle
institucionais, desde a admissão até a alta hospitalar [8].
Ante o exposto, este
estudo objetivou descrever as características sociodemográficas
e epidemiológicas de pacientes com tuberculose, atendidos em um hospital escola
do interior paulista, no período de 2010 a 2014.
Estudo descritivo,
retrospectivo, realizado em um Hospital Escola referenciado, na cidade de São
José do Rio Preto, São Paulo, no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2014.
O município está
classificado no Grupo Um do Estado de São Paulo (Grupo de Elite), com bons
níveis de riqueza, longevidade e escolaridade, de acordo com o Índice Paulista
de Responsabilidade Social (IPRS) [9].
A rede hospitalar
compreende oito hospitais, dentre os quais se destaca o Hospital de Base, uma
fundação filantrópica com 720 leitos, que atende majoritariamente usuários do
Sistema Único de Saúde (85%). Em associação à Faculdade de Medicina de São José
do Rio Preto (FAMERP) se tornou um centro de referência em saúde para uma
região que compreende 102 municípios e mais de dois milhões de habitantes
[9-10].
O Hospital de Base
faz em média 12 mil atendimentos mensais de emergência e 30 mil atendimentos
ambulatoriais, dentre os quais estão os atendimentos a pacientes com
diagnóstico de tuberculose [10].
A coleta de dados foi
realizada por meio da Ficha de Notificação/Investigação de Tuberculose [11],
dos casos notificados pelo Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) da
instituição hospitalar. O instrumento contém dados que possibilitaram a caracterização
social e demográfica, bem como as características da internação e as
características epidemiológicas da população estudada.
A população estudada
foi composta por 550 casos notificados por tuberculose no Hospital de Base de
São José do Rio Preto, no período de primeiro de janeiro de 2010 a 31 de
dezembro de 2014. Esta população foi submetida ao processo de pareamento de
registros seguido de depuração de registros repetidos.
Os dados foram
armazenados em planilhas eletrônicas e receberam o tratamento estatístico pelo
programa Microsoft Excel®, através destes dados foram
construídas tabelas e gráficos de frequência.
O projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de São José
do Rio Preto, sob Parecer n. 300.788, de 11/06/2013.
Conforme mostra a
Tabela I, em relação às características sociodemográficasda
população estudada, houve predomínio do sexo
masculino (73,5%), na razão de
2,76 homens para uma mulher; faixa etária entre 20 e 59 anos
(80,7%); raça/cor
branca (70,7%); ensino fundamental incompleto (48,5%); residente no
município
de São José do Rio Preto (57,6%). Em
relação à ocupação, destaca-se o
número de
pacientes em atividades do lar (16,2%), da construção
civil (10,7%) e aposentados
(8,7%).
Tabela
I - Características sociodemográficas
dos casos de TB notificados pelo NHE do hospital do estudo no período de
2010-2014.
Conforme mostra a
Tabela II, houve predomínio de casos novos como forma de ingresso (82,2%); a
forma clínica de tuberculose predominante foi a pulmonar (61,8%) e HIV como
agravo associado mais comum (36,7%). O motivo da internação mais frequente foi
elucidação diagnóstica (46,0%) e o da ata hospitalar, tratamento ambulatorial
(64,9%).
Tabela
II -
Características epidemiológicas dos casos
de TB notificados pelo NHE do hospital do estudo no período de 2010-2014.
Na Tabela III são
apresentadas as características sobre a internação dos casos de TB notificados
pelo hospital durante o período do estudo. Verificou-se que 518 (94,2%) casos
necessitaram internação. A maioria dos pacientes permaneceu internada por um
período de 0 a 10 dias para tratamento (43,4%).
Tabela
III
- Características da internação dos casos
de TB notificados pelo NHE do hospital do estudo no período de 2010-2014.
O estudo mostrou que,
nos aspectos sociodemográficos, a incidência de TB é
maior em homens brancos, na faixa etária entre 20 e 60 anos, com ensino
fundamental incompleto, que trabalham em ocupações com baixos índices de
remuneração e provenientes do próprio município. Nos aspectos epidemiológicos
houve predomínio de casos novos, forma clínica pulmonar e com coinfecção pelo HIV, internação para elucidação diagnóstica
e permanência no serviço por até 15 dias, com alta hospitalar para tratamento
ambulatorial.
A predominância de
doentes do sexo masculino corrobora o perfil observado em estudos não
controlados sobre TB [11-15]. O predomínio da raça/cor branca condiz com o
Censo Demográfico de 2010, que aponta população do estado de São Paulo
composta, majoritariamente, por pessoas de cor ou raça branca (69,9%) [16]. Diferentemente,
estudo realizado no Maranhão, onde a população é predominantemente da raça/cor
parda, apontou prevalência de doentes da raça/cor parda [17]. Estes dados
demonstram que a raça/cor do dente de TB está intimamente ligada ao perfil
demográfico da população, podendo variar entre as diferentes regiões do Brasil
[11-12,17-19].
Em relação à idade
dos doentes, a prevalência de adultos corresponde à faixa etária economicamente
ativa da população, podendo acarretar impacto social importante, devido à
inserção destas pessoas no mercado de trabalho [12-14]. A ocorrência dos casos
de TB na população acima de 60 anos está relacionada, por um lado, ao aumento
da expectativa de vida da população brasileira e, por outro, à susceptibilidade
biológica do idoso, que aumenta o risco de infecção pelo bacilo. Há, ainda, a
precariedade das condições de vida e acesso aos serviços de saúde, decorrentes
da baixa renda familiar, dos déficits nutricionais e de cuidados com a saúde,
que levam à reativação do bacilo, além das dificuldades de diagnóstico da
doença nesta faixa etária [13-15].
Este estudo mostrou,
também, um percentual significativo de doentes em ocupações que não exigem alta
escolaridade, como trabalho rural, construção civil e do lar, reforçando a prevalência
da ocorrência da tuberculose em populações com pouco estudo, baixo nível
socioeconômico, condições laborais mais insalubres e com déficit de acesso aos
serviços e cuidados de saúde [18-21]. A baixa escolaridade que se reflete nos
segmentos sociais mais afetados do país aumenta a dificuldade de acesso à
informação sobre medidas preventivas, diagnósticas e curativas da TB
[12,18-19].
O ingresso hospitalar
dos doentes como casos novos é corroborado por estudos realizados em outros
hospitais brasileiros [13,17,19]. Esta característica
da admissão hospitalar associada a taxas de recidiva e reingresso mais baixas
favorece as chances de cura, no entanto, representam um dado alarmante, pois
mostram um importante percentual da população que, por algum motivo, não têm
acesso ao diagnóstico e tratamento adequados nos serviços de atenção primária
[21,22].
O predomínio da forma
clínica pulmonar, observado neste estudo, confirma os resultados de estudos
recentes. Nos casos extrapulmonares, chama atenção a
forma meningoencefálica que, diferentemente de outros
estudos, é a que mais acometeu nos sujeitos desta pesquisa, enquanto as formas
ganglionar periférica e pleural tiveram menor ocorrência [12-14,17,19].
As taxas de coinfecção TB/HIV observadas neste estudo foram superiores
às observadas no distrito paulista de Capão Redondo [14], porém é condizente
com estudos que relatam alta correlação entre fatores de risco para a
contaminação pelo HIV e desenvolvimento de tuberculose [12,17]. Além disso, o índice
de coinfecção TB/HIV observado foi superior ao
encontrado em outro estudo realizado no município de São José do Rio Preto, em
diferente época, indicando que a coinfecção vem
aumentando ao longo dos anos na região estudada [12].
O percentual de óbitos
por tuberculose observado no estudo foi relativamente baixo em relação a estudo
realizado na cidade de São Paulo [23] e condizente com resultados observados em
estudo desenvolvido em Niterói, Rio de Janeiro [24]. Por outro lado, se
considerarmos a TB como causa secundária do óbito e somada à causa primária, o
percentual observado é significativamente elevado e pode estar relacionado às
fragilidades dos serviços de atenção primária do município e consequente demora
no diagnóstico da doença [22].
O número de pacientes
que necessitaram de internação para diagnóstico e tratamento da TB desperta,
ainda, a discussão sobre a condição que estes indivíduos chegam ao serviço
hospitalar, reforçando as fragilidades do primeiro atendimento recebido por
este doente nos serviços de atenção primária e a responsabilidade dos
profissionais no controle da TB. Apesar de estes resultados não condizerem com
a hierarquização do sistema municipal de saúde, refletem a situação do
diagnóstico do agravo no município e corroboram estudo anterior, que verificou
que as instituições hospitalares são a principal porta de entrada do doente no
município [22].
Logo, o diagnóstico
hospitalar da TB, tanto de moradores do município de São José do Rio Preto,
quanto dos outros 101 municípios de referência do Departamento Regional de
Saúde (DRS XV), reforça a necessidade e importância da discussão sobre a
eficiência dos programas de controle e tratamento da doença no nível de atenção
primária destes municípios [21,23].
O período de
internação observado foi, no entanto, menor que o relatado em estudos
realizados em Rio de Janeiro [24] e Porto Alegre [25], cujo período de
hospitalização foi superior a 15 dias. Estes dados podem estar relacionados à
agilidade diagnóstica e eficácia do tratamento hospitalar.
Por fim, destaca-se o
elevado percentual de registros ignorados ou sem informação, observados no
estudo. Sabe-se que os estudos epidemiológicos da TB dependem de dados
provenientes de sistemas de informação em saúde, coordenados pelo Ministério da
Saúde e alimentados pelas unidades notificadoras e que, ao longo dos anos,
esforços são realizados para melhorar estes sistemas de comunicação. Como essas
informações servem de subsídio para a tomada de decisões gerenciais nos níveis
nacional, estadual, regional e local, é fundamental que profissionais de saúde
sejam capacitados e estejam sempre atentos às ações de busca ativa e
notificação adequada dos casos, buscando maior resolutividade e efetividade no
controle da doença [26,27].
Apesar das limitações
encontradas, inerentes aos estudos pautados em dados secundários
(subnotificação dos casos, incompletude ou ilegibilidade dos dados, diferentes formas de preenchimento
das fichas de notificação), os resultados evidenciaram o panorama geral da
população atendida e notificada para tuberculose no hospital do estudo,
referência para os 102 municípios integrantes do Departamento Regional de
Saúde.
Os resultados obtidos
mostram que a população acometida por TB é composta majoritariamente por homens
brancos, adultos, em faixa etária economicamente ativa, baixa escolaridade, que
trabalham em ocupações com baixos índices de remuneração e provenientes do
próprio município, confirmando a influência das condições socioeconômicas no
adoecimento.
Em relação aos
aspectos epidemiológicos, a TB é notificada predominantemente como caso novo,
na forma clínica pulmonar, com presença de coinfecção
pelo HIV; internação para elucidação diagnóstica, com permanência média de 18
dias no serviço e alta hospitalar para tratamento ambulatorial.
Estes resultados
confirmam a influência das condições socioeconômicas no adoecimento por TB, na
região estudada. O estudo reforça a existência de fragilidades nos serviços de
atenção primária, que comprometem as ações de controle da TB em nível local e
regional, e fazem do hospital uma importante porta de entrada para os doentes.
Novos estudos, com
abordagem qualitativa, podem contribuir para elucidar as causas de internação
hospitalar, contribuindo para o aprimoramento de ações de diagnóstico e
controle da TB na atenção primária, e redução dos atendimentos hospitalares.