RELATO DE EXPERIÊNCIA

Relato de experiência sobre a importância da consulta de enfermagem em puericultura

 

Mariane Silvares Vieira*, Sonia dos Santos Chagas*, Lana Mara Alves, M.Sc.**

 

*Acadêmica do curso de Enfermagem da Universidade do Grande Rio Prof. José de Souza Herdy (UNIGRANRIO), **Enfermeira, Professora da Universidade UNIGRANRIO

 

Recebido em 25 de janeiro de 2017; aceito em 15 de agosto de 2017.

Endereço para correspondência: Mariane Silvares Vieira, Rua Coronel Nilo Gonçalves, Lote 37, Quadra R, 25220-685 Duque de Caxias, Saracuruna RJ, E-mail: mariane.vieira22@hotmail.com; Sonia dos Santos Chagas: ninha_santos251@hotmail.com; Lana Mara Alves: lanamaralves@yahoo.com.br

 

Resumo

Objetivo: Relatar as experiências e as atividades vividas durante o estágio realizado em um ambulatório de Unidade Básica de Saúde (UBS). Além de destacar a importância da consulta do enfermeiro em puericultura. Material e métodos: O relato de experiência foi obtido através de consultas realizadas durante o período de Estágio Supervisionado, no qual foi vivenciada a importância das consultas periódicas à puericultura. Para a coleta dos dados foram utilizadas as seguintes técnicas: consulta à ficha de atendimento clínico, participação nas atividades clínicas, consulta à caderneta de vacinação da criança e análise da estrutura física do consultório. Resultados: A UBS tem como foco prevenção de doenças e a promoção de saúde. Além de a unidade possuir consultas de puericultura, nutrição, fisioterapia e ginecologia, realiza também exames laboratoriais, visitas domiciliares, educação continuada em escolas e acompanhamento e controle da hipertensão e do diabetes. As consultas de puericulturas analisadas para elaboração do relato aconteceram nas terças-feiras, devido ao fato de ser o dia do estágio. Conclusão: Este estudo nos possibilitou perceber a importância de uma consulta de rotina e os motivos pelos quais não podemos adiá-las, visto que o espaçamento entre uma consulta e outra pode trazer um diagnóstico ou descobrimento de algum problema de saúde mais tardio.

Palavras-chave: cuidado da criança, enfermagem, prevenção de doenças.

 

Abstract

Experience report on the importance of nursing consultation in childcare

Objective: To report the experiences and activities experienced during the supervised practice in a Basic Health Unit (BHU), and, also, to highlight the importance of childcare in nursing consultation. Methods: The experience report was obtained through consultations during the supervised internship, when we experienced the importance of regular consultations to childcare. For data collection the following techniques were used: consultation to clinical medical record, participation in clinical activities, consulting the child's immunization cards and analysis of the office's physical structure. Results: The BHU focuses on disease prevention and health promotion. The unit has childcare consultation, nutrition, physical therapy and gynecological consultation. In addition, it performs laboratory tests, home visits, continuing education in schools and monitoring and control of hypertension and diabetes. The analyzed childcare consultation to prepare this report took place on Tuesday, day of the internship. Conclusion: This study enabled us to realize the importance of a routine visit and the reasons why we cannot postpone them, as time interval between one consultation and another can led to find a diagnosis or some health problem too late.

Key-words: child care, nursing, disease prevention.

 

Resumen

Relato de experiencia sobre la importancia de la consulta de enfermería en el cuidado infantil

Objetivo: Presentar las experiencias y actividades experimentadas durante la pasantía realizada en un ambulatorio de Unidad Básica de Salud (UBS). Además de destacar la importancia del cuidado de niños en la consulta de enfermería. Métodos: El relato de experiencia se obtuvo a través de consultas durante la pasantía supervisada, donde experimentó la importancia de las consultas periódicas a la puericultura. Para la recolección de datos se utilizaron las siguientes técnicas: consulta a la historia clínica médica, participación en actividades clínicas, consulta a la tarjeta de vacunación del niño y el análisis de la estructura física del consultorio. Resultados: La UBS se centra en la prevención de enfermedades y promoción de la salud. Aparte de la unidad tener consultas de puericultura, nutrición, fisioterapia y ginecología, realiza también pruebas de laboratorio, visitas a domicilio, educación continua en las escuelas y el seguimiento y control de la hipertensión y la diabetes. Las consultas puericulturas analizadas para elaboración del relato se llevó a cabo el martes, debido a ser el día de prácticas. Conclusión: Este estudio nos permitió darnos cuenta de la importancia de una visita de rutina y las razones por las que no podemos posponer, ya que el espacio entre una consulta y otra puede traer un diagnóstico o descubrimiento de un problema de salud muy tardío.

Palabras-clave: cuidado del niño, enfermería, prevención de enfermedades.

 

Introdução

 

Relato de experiência de Estágio Supervisionado Integralizador I, realizado em um ambulatório de Unidade Básica de Saúde (UBS), situada em Vila Canaã, Xerém/RJ, no 2º semestre de 2015. Fica localizada em uma área rural com aproximadamente 5.000 habitantes e não há outra unidade de saúde pública somente essa UBS que é uma parceria da Unigranrio com a Associação Paulo VI onde são realizadas consultas pelos acadêmicos sob supervisão.

A puericultura é uma área da saúde voltada principalmente para o acompanhamento de crianças com até 2 anos de idade, cujo objetivo é avaliar seu crescimento e desenvolvimento, contemplando também a promoção da saúde [1]. A assistência em puericultura pode ser intercalada entre uma consulta com médico pediátrico e o enfermeiro. O Ministério da Saúde [2] recomenda um número mínimo de consultas para cada fase da vida, sendo assim na primeira fase (que vai do nascimento até 01 ano de vida) são recomendadas minimamente 7 consultas que acontece na 1° semana, e no 1°, 2°, 4°, 6°, 9° e 12° mês de vida. Na segunda fase (vai de 01 ano até 02 anos) é indicado 2 consultas (18° e 24° mês de vida), a partir de então são realizadas consultas anuais. A preconização não é obrigatória, podendo ser maior o número de consultas, mas não podendo ser menor, visto que os números de consultas são mínimos para cada fase. O número de consultas é influenciado apenas nas necessidades da mãe e da criança.

A maioria das consultas realizadas na UBS foi dada como rotina na qual os pais expressavam a preocupação com a saúde dos seus filhos com intuito de prevenir agravos. É nesse contexto de promoção à saúde onde se vê a necessidade da atuação do enfermeiro juntamente com a família que acompanha a criança em sua consulta. A Promoção da Saúde é uma das estratégias do setor saúde para buscar a melhoria da qualidade de vida da população [3].

 

Objetivo

 

Este estudo tem como objetivo relatar as experiências e as atividades vividas durante o estágio. Além de destacar a importância da consulta do enfermeiro em puericultura.

 

Material e métodos

 

O relato de experiência foi obtido através de consultas realizadas durante o período de Estágio Supervisionado, onde foi vivenciada a importância das consultas periódicas à puericultura. O relato de experiência é uma ferramenta de pesquisa descritiva que apresenta uma reflexão sobre algo vivenciado. Para a coleta dos dados foram utilizadas as seguintes técnicas: consulta à ficha de atendimento clínico (prontuário da criança na unidade de saúde), participação nas atividades clínicas, consulta à caderneta de vacinação da criança e análise da estrutura física do consultório. O instrumento de coleta de dados inicia-se com dados de identificação do paciente [4].

 

Resultados e discussão

 

A UBS tem como foco prevenção de doenças e a promoção de saúde. A unidade possui consultas de puericultura, de nutrição, fisioterapia e ginecologia. Além de realizar exames laboratoriais, visitas domiciliares, educação continuada em escolas e acompanhamento e controle da hipertensão e do diabetes.

As consultas de puericulturas analisadas para elaboração do relato aconteceram nas terças-feiras, devido ao fato de ser o dia do estágio. Os atendimentos diários são em torno de 05 a 07 crianças consultadas das mais variadas faixas etárias, como neonatos, lactentes, pré-escolares e escolares. As consultas são agendadas com antecedência na recepção. No dia da consulta o atendimento é realizado por ordem de chegada.

Durante a abordagem à criança e sua família, foi observado que a procura pelo serviço de saúde ocorre pela preocupação dos pais em questão da saúde do filho, sendo as consultas de rotina. Em uma consulta de rotina é possível detectar e prevenir doenças, realizar promoção de saúde e orientações [5]. Quando a criança apresenta alguma queixa principal, motivos que levam a mãe a levar seu filho à unidade de saúde, os mais observados foram tosse e resfriado.

No decorrer da consulta após descobrir os motivos que os levaram até a UBS, é realizado o exame físico completo da criança. O exame físico é a avaliação do estado geral, nutricional, como também do crescimento e do desenvolvimento das crianças. Pode ser definido como a etapa relevante para o planejamento do cuidado do enfermeiro, que busca avaliar o cliente através de sinais e sintomas, procurando por anormalidades que podem sugerir problemas no processo de saúde e doença [6]. É através dele que percebemos alguns agravos de saúde, como desnutrição, obesidade, problemas psicomotor ou neurológico. É avaliado o estado geral da criança (como ela se apresenta: chorosa, calma, agitada; se for um escolar se há dificuldade na fala ou locomoção), assim como a verificação dos sinais vitais, a avaliação de todos os sistemas, avaliação da pele (importante para avaliar a hidratação da criança, através do turgor e da elasticidade). É importante avaliar também o peso e a altura das crianças e registrá-los no cartão de vacina para posterior comparação e obter uma análise do seu crescimento.

Alguns itens no exame da criança variam de acordo com a faixa etária consultada, um bom exemplo disso é a medição do perímetro cefálico e a palpação das fontanelas importantes para identificar anomalias e hidratação, sendo realizada em crianças com até 2 anos. Quando observado um perímetro cefálico com desenvolvimento rápido pode indicar uma hidrocefalia, e um crescimento lento uma microcefalia. Já através da palpação das fontanelas, quando essa se encontra deprimida sugestivo de desidratação e quando abaulada ou tensa, pode indicar meningite ou hipertensão intracraniana [7]. Realizar a avaliação dos reflexos primitivos de acordo com a idade da criança, para avaliar o desenvolvimento e seu estado neurológico. Alguns reflexos primitivos e sua idade de avaliação: de moro avaliado até 6 meses, de busca até 11 meses, de sucção até 3 meses, preensão palmar até 4 meses, babinski até 3 meses, preensão plantar dos 4 aos 12 meses, tônico do pescoço até 6 meses, engatinhar até 4 meses, de caminhar até 6 meses [8]. A persistência de um desses reflexos após 1 ano de vida indica algum problema neurológico na criança.

Após a realização do exame físico e a avaliação e interpretação dos dados obtidos, assim como seu registro na caderneta de vacinação, são passadas as orientações aos pais e a avaliação da situação vacinal da criança. Sempre orientamos os pais sobre a importância da vacinação para prevenção de doenças, visto como uma prevenção, devido às crianças serem mais susceptíveis a doenças [9]. A maioria dos pais tem dúvidas quanto à realização de higiene tanto física quanto oral, e é nesse momento que é esclarecido todas as dúvidas existentes. Após as explicações e orientações realizadas, a consulta é encerrada e muitas das vezes essa família já sai do consultório com a próxima volta marcada.

Após o encerramento das consultas com os dados coletados é realizada a evolução de enfermagem para ser anexada no prontuário da criança. Evolução essa definida como o registro feito pelo enfermeiro após a avaliação do estado geral do paciente [10]. Desse registro constam os problemas novos identificados, um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas a serem abordados nas 24 horas subsequentes. A dificuldade encontrada quanto acadêmica foi na ausculta e na pesagem, pois as crianças são muito ativas e por vezes demonstram medo diante do estetoscópio e dos profissionais. Foi observado que em épocas de chuvas o número de crianças atendidas na unidade diminui muito, caindo para 3 ou 4 crianças atendidas no dia. Por questões burocráticas a Unidade não oferece vacinação para as crianças, o que seria de suma importância para as crianças.

 

Conclusão

 

Ao longo da pesquisa e da coleta de dados, pode-se perceber que uma consulta de rotina da criança é capaz de avaliar boa parte do seu crescimento e desenvolvimento, acompanhar seu estado nutricional, além de acompanhar o perímetro cefálico para crianças com até 02 anos de idade. Sendo assim percebe-se a importância de realizar um bom exame físico e interpretá-lo adequadamente, a fim de se suspeitar ou não de alguma alteração observada. Com a rotina é possível acompanhar bem os gráficos de peso da criança, pois temos um parâmetro para conseguirmos analisá-los. Quando essa criança fica muito tempo sem uma consulta, não é possível ter precisão quanto a seu estado nutricional, caso este esteja alterado na consulta atual. Assim percebe-se que o enfermeiro tem um papel fundamental na realização de consultas em puericultura, na prevenção de agravos à saúde, juntamente com a família de cada criança atendida. Este estudo nos possibilitou perceber a importância de uma consulta de rotina e os motivos pelos quais não podemos adiá-las, visto que o espaçamento entre uma consulta e outra pode trazer um diagnóstico ou descobrimento de algum problema de saúde mais tardio.

 

Referências

 

  1. Sergipe, Equipe Telessaúde. Como uma equipe de Estratégia de Saúde da Família pode organizar um fluxo para puericultura na UBS? BVS APS Atenção Primária à Saúde. Sergipe, 28, julho 2015. [citado 2015 Out 13]. Disponível em: URL: http://aps.bvs.br/aps/como-uma-equipe-de-estrategia-de-saude-da-familia-pode-organizar-um-fluxo-para-puericultura-na-ubs/.
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica, n°33. Saúde da Criança: Crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde; 2012
  3. 10ª Conferência Estadual de Saúde do Paraná. Oficina: Vigilância em Saúde: Promoção da Saúde – Prevenção a Doenças e Outros Agravos; 2006.
  4. Robert MK, Bonita FS, Nina FS, Joseph WSG, Richard EB. Nelson tratado de pediatria. Vol 1. 19a ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2014.
  5. Neuma S, Patrícia V, Renata A. Importância da anamnese e do exame físico para o cuidado do enfermeiro. Rev Bras Enferm 2011;64(2):355-8.
  6. Hockenberry MJ, Wilson D. Wong Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. 8a. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2014.
  7. Denise B, Helen B. A Criança em crescimento. 1a ed. São Paulo: Artmed; 2011.
  8. Vanessa GO, Karilena KAP, Akemi IM, Ana DBS. Vacinação: O fazer da enfermagem e o saber das mães e/ou cuidadores. Rev Rene 2010;11( Especial):133-41.
  9. Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Resolução Cofen-272/2002. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - nas Instituições de Saúde Brasileiras; 2002. [citado 2015 Out 10]. Disponível em: www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.htm
  10. Hospital São Paulo. Roteiro Instrucional para Coleta de Dados do HSP. 2013. [citado 2015 Out 12]. www.hospitalsaopaulo.org.br/sites/manuais/.../2013/roteiro_coleta_de_dados_2013.p.