REVISÃO
Complicações
da intervenção coronária percutânea: inferência dos diagnósticos de enfermagem
Eduardo Tavares
Gomes, M.Sc.*, Tatiane
Teodósio da Silva**, Marcileide da Silva Santos**
*Enfermeiro,
Doutorando em Ciências pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Pernanmbuco, **Enfermeira, graduada pela Faculdade de
Enfermagem UNINASSAU
Recebido em 3 de novembro de 2017; aceito em 13 de novembro de 2018.
Endereço
de correspondência:
Eduardo Tavares Gomes, Hospital das Clínicas da Universidade de Federal
Pernambuco, Avenida Profº Moraes Rego, 1235, Cidade
Universitária, 50670-901 Recife PE, E-mail: edutgs@hotmail.com; Tatiane
Teodósio da Silva: tati_enf@hotmail.com, Marcileide da
Silva Santos: marcicleide_santos@hotmail.com
Resumo
Objetivos: Realizar a
inferência de diagnósticos de enfermagem (DE) aplicáveis às principais
complicações das intervenções coronárias percutâneas (ICP). Métodos: Revisão da literatura a partir
da qual foi realizada a inferência dos DE aplicáveis nas principais
complicações das ICP. Na etapa da revisão integrativa foram buscados artigos
nas bases Lilacs, BDEnf e Scielo, com o
descritor “angioplastia”, que abordasse as complicações relacionadas ao procedimento.
Após a avaliação das complicações, foram realizadas as inferências dos DE
aplicáveis. Resultados: Treze artigos
compuseram o corpus de análise. Os principais DE aplicáveis inferidos são:
Eliminação urinária prejudicada; Padrão respiratório ineficaz; Risco de
perfusão tissular cardíaca diminuída; Perfusão tissular periférica ineficaz;
Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz; Débito cardíaco diminuído;
Confusão aguda; Integridade da pele prejudicada; Integridade tissular
prejudicada. Conclusão: As taxonomias
de enfermagem permitem DE aplicáveis que norteiem a sistematização da
assistência nas complicações das ICP.
Palavras-chave: angioplastia,
enfermagem cardiovascular, diagnóstico de enfermagem, cardiologia.
Abstract
Complications of percutaneous coronary intervention: inference of
nursing diagnostics
Objective: To make an
inference of nursing diagnosis (ND) applicable in the main complications of
percutaneous coronary interventions (PCI). Methods:
Literature review from which the inference of applicable ND was conducted in
major complications of PCI. Integrative review articles were searched in
Lilacs, BDEnf and Scielo
with angioplasty descriptor that addressed the complications related to the
procedure. After evaluation of complications, inference of ND applicable was
made. Results: Thirteen articles were
included in the analysis corpus. The main ND inferred applicable are: impaired
urinary elimination; Ineffective breathing pattern; Decreased heart tissue
perfusion risk; Ineffective peripheral tissue perfusion; Ineffective cerebral
tissue perfusion risk; Decreased cardiac output; Acute confusion; Impaired skin
integrity; Impaired tissue integrity. Conclusion:
Taxonomies nursing allow ND applicable to guide the systematization of
assistance on the complications of PCI.
Key-words: angioplasty,
cardiovascular nursing, nursing diagnosis, cardiology.
Resumen
Complicaciones de intervención coronaria percutánea: inferencia de los diagnósticos de enfermería
Objetivo: Evaluar
la literatura sobre las principales complicaciones de las
intervenciones coronarias percutáneas
(ICP) y realizar la inferencia
de los diagnósticos de enfermería
(DE) aplicables en estos casos. Métodos:
Estudio metodológico en el que se realizó
la inferencia de los DE aplicables en las principales
complicaciones de las ICP a
partir de la revisión
integradora de la literatura sobre el tema. En la revisión integral, se realizaron búsquedas en los artículos de Lilacs, BDEnf y Scielo con descriptor
de angioplastia, que abordaron las
complicaciones relacionadas con
el procedimiento. Después de la
evaluación de las complicaciones, se realizó la inferencia los
DE aplicados. Resultados: Se incluyeron trece artículos en el
corpus de análisis. Las principales DE deducidas aplicables son: Eliminación urinaria deteriorada; Patrón
de respiración ineficaz; Disminución
del riesgo
de perfusión tisular; Perfusión de tejidos periféricos
ineficaz; Riesgo de perfusión
tisular cerebral ineficaz; Disminución
del gasto cardíaco; Confusión
aguda; Integridad de la piel deteriorada; Deterioro de la
integridad tisular. Conclusión: Las taxonomías de enfermería permiten las DE aplicables para guiar la sistematización
de la asistencia en las complicaciones
de los ICP.
Palabras-clave: angioplastia, enfermería cardiovascular, diagnóstico de enfermería, cardiología.
As doenças
cardiovasculares (DCV) representam uma das maiores causas de mortalidade no
mundo e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos últimos anos, a taxa
de mortalidade por DCV variou entre 28 e 34 milhões de óbitos na população
mundial, com estimativas de atingir valores superiores a 35 milhões, em 2030
[1].
Os procedimentos de
alta complexidade mais utilizados no tratamento das doenças crônicas
cardiovasculares são a cirurgia de revascularização miocárdica (RVM) e a
angioplastia coronariana (AC), além da colocação de marcapassos
permanentes e estudos hemodinâmicos [2].
Na necessidade de
confirmar a presença da doença arterial coronariana (DAC), e para determinar a necessidade
de tratamento cirúrgico (angioplastia coronariana, cirurgia cardíaca ou
correção de cardiopatias congênitas), é indicado o cateterismo cardíaco, também
conhecido como cinecoronariografia ou estudo hemodinâmico. Trata-se de um exame
invasivo para confirmar a presença de obstruções das artérias coronarianas ou
avaliar o funcionamento das válvulas e do músculo cardíaco. Estudos comprovam
que os principais preditores de complicação vascular
para o procedimento são: sexo feminino, idade superior a 70 anos, diabetes,
hipertensão e tabagismo [3-5]. Com o avanço da tecnologia, a angioplastia
coronariana (AC) é o método mais utilizado para intervenção coronariana
percutânea, tendo em vista a rápida recuperação do paciente [3].
O papel do enfermeiro
nos procedimentos hemodinâmicos desenvolve-se em três momentos: pré, trans e pós-procedimento. A
orientação, a avaliação e o preparo tanto físico quanto emocional (psicológico)
aos pacientes fazem parte do período pré-procedimento.
Neste momento, o conhecimento dos temores, dúvidas e expectativas dos pacientes
em relação aos exames torna-se fundamental para que o enfermeiro possa
assisti-lo de maneira individualizada.
O olhar especializado
para a detecção precoce de complicações deve propiciar uma intervenção
imediata, tanto nas alterações locais quanto sistêmicas. Além disso, os
registros da Sistematização da Assistência de Enfermagem prestada neste caso
devem abranger as complicações, mesmo que não tão frequentes no cotidiano, mas
sempre que ocorram.
Objetivou-se realizar
a inferência de diagnósticos de enfermagem aplicáveis às principais
complicações das intervenções coronárias percutâneas nestes casos.
Trata-se de estudo de
revisão integrativa da literatura para a inferência dos Diagnósticos de
Enfermagem (DE). A revisão integrativa é um dos métodos utilizados na prática
baseada em evidências por permitir a incorporação das evidências na prática
clínica. Inclui a análise e síntese de pesquisas relevantes para o apoio à
prática clínica e a tomada de decisão [6].
Por propor-se a
oferecer o conhecimento atual da literatura sobre determinado tema, a revisão
integrativa tem exercido papel fundamental para o aprimoramento dos
Diagnósticos de Enfermagem, como etapa inicial do processo de validação [7].
Foram consideradas
seis fases no processo de elaboração de uma revisão integrativa: 1ª Fase:
Identificação do tema ou questionamento da revisão integrativa e elaboração da
pergunta norteadora; 2ª Fase: Amostragem ou busca na literatura; 3ª Fase:
Coleta de dados - categorização dos estudos; 4ª Fase: Análise crítica dos
estudos incluídos na revisão integrativa; 5ª Fase: Interpretação dos
resultados; 6ª Fase: Síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados
ou apresentação da revisão integrativa [6-8].
A questão norteadora
escolhida foi: quais as principais complicações para os pacientes submetidos a
intervenções coronárias percutâneas e possíveis diagnósticos de enfermagem?
A primeira etapa do
estudo, desenhada de forma a atender a questão norteadora foi a revisão integrativa. O período de coleta de dados
compreendeu o mês de janeiro de 2018. Foram incluídos artigos encontrados na
busca nas bases de dados Scielo (Scientific Electronic Library Online), Lilacs (Latin American and Caribbean Center on Health Sciences Information) e BDEnf
(Banco de Dados em Enfermagem) com os descritores angioplastia e diagnóstico de
enfermagem, resultando em apenas dois resultados no formato de artigo que não
contemplavam as possíveis complicações do procedimento. Sendo assim, foi
realizada nova busca apenas com o descritor “angioplastia”, resultando em 505
artigos com resumos disponíveis. Destes, todos os resumos foram lidos e foram
incluídos no corpus de análise artigos que versassem sobre as complicações
decorrentes dos procedimentos hemodinâmicos invasivos, resultando em 20 no
total.
Na segunda etapa, a
análise dos resultados foi confrontada com a taxonomia de enfermagem NANDA e
NIC, no intuito de inferir os diagnósticos de enfermagem e intervenções
passíveis de serem utilizadas nessas situações. Para tal, utilizou-se da
metodologia de inferência de DE utilizada por Aliti et al. [9], que lança mão do raciocínio
clínico e julgamento diagnóstico para inferir DE a partir dos sinais e sintomas
identificados com base na experiência clínica e prática no atendimento de
pacientes dos pesquisadores [9], utilizando-se a Taxonomia II NANDA-I [10].
Dos 20 artigos
utilizados, 13 compuseram o corpus de análise, sendo os outros não
selecionados: um por utilizar técnica ulnar, um por
apresentar resultados com mais de 30 dias – não sendo mais atendido no
laboratório de hemodinâmica, 2 por selecionarem apenas
mulheres para o estudo e 3 por não apresentarem a proporção das complicações.
(quadro 1)
Quadro
1 - Registros de complicações pós-intervenção
coronária percutânea. Recife/PE, 2017.
As principais
complicações relatadas foram: óbito (0,37% - 4,5%), infarto do miocárdio periprocedimento (0,3-4,02%), acidente vascular cerebral
(0,025 – 1,81%), complicações vasculares (0,37-6,8%), nefropatia
induzida por contraste (1,27 – 2,7%), sangramento (0,5- 5,9%) e cirurgia de
revascularização de emergência/urgência (0,04-0,53%). (quadro 1)
Complicações
nas intervenções coronárias percutâneas (ICPs)
Apesar dos avanços da
cardiologia intervencionista, as complicações vasculares permanecem
relativamente frequentes, tendo impacto direto na assistência de enfermagem nos
serviços de hemodinâmica.
A maior investigação
encontrada sobre o tema foi uma publicação a partir dos registros da Central
Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC), que realizou um estudo com
197.139 intervenções coronárias realizadas no Brasil, que foram registradas
entre 1999 até o final de 2007, sendo 131.797 (66,85%) em homens e 65.342
(33,15%) em mulheres [18]. A média de idade foi significativamente superior nas
mulheres (64,0 ± 11,6 anos vs. 60,4 ± 11,7 anos; p < 0,0001). A ICP em
mulheres apresenta resultados imediatos discretamente menos satisfatórios que
nos homens, em associação à tríade de idade mais avançada, maior prevalência de
diabetes melito e menor calibre do vaso [18].
Pesquisa nacional
para avaliar a incidência e os preditores
contemporâneos de complicações vasculares após intervenções coronárias
realizadas por via percutânea femoral, conduzida com 383 pacientes durante a
internação hospitalar encontrou um percentual de 6,5% de complicações
vasculares. Destes, o pseudo-aneurisma da artéria
femoral foi a complicação mais observada (2,6%). Os preditores independentes de complicação vascular, neste
estudo, foram o sexo feminino e o uso do abciximab
[4].
Um grande inquérito
avaliando um banco de dados informatizado no total de 4.595 pacientes com 5.485
stents implantados, com média de idade de 60,64 ±
10,65 anos e 32% de mulheres, as ICP foram realizadas pela via femoral em 95%
dos casos e pela via radial em 5%, e em 85% dos procedimentos foram utilizados
introdutores 6F (em 15% foram usados introdutores 7F). Foram registradas
complicações vasculares em 162 (3,3%) pacientes, sendo o único preditor o uso de introdutores 7F (OR=3,05, IC95%=1,2-7,8;
p=0,02) [3].
Outra publicação
nacional avaliando 529 prontuários de pacientes de angioplastia coronariana
realizados no município do Rio de Janeiro, RJ, de 1999 a 2003, encontrou um
índice de letalidade cardíaca geral de 1,6%, variando de 0,9% a 6,8% dentre os
quatro hospitais estudados, aumentando com a idade. A letalidade na
angioplastia coronariana primária e de resgate foi elevada, 17,4% e 13,1%,
respectivamente; nas angioplastias eletivas foi de 0,8%. As principais
complicações foram sangramento (5,95%), dissecção (5%) e oclusão do vaso (2,6%)
e infarto periprocedimento (1,1%) [2].
A intervenção
coronária percutânea (ICP) é realizada de forma eletiva ou imediatamente
após a cineangiocoronariografia, quando são chamadas
de ad hoc. [18]. Uma investigação conduzida com 4.048 pacientes, 1.510 (37,3%)
submetidos à ICP ad hoc e 2.538, a ICP eletiva mostrou que o grupo ICP ad hoc
mostrou ser mais jovem, com menor prevalência de comorbidades
e maior número de pacientes tratados na vigência da síndrome coronária aguda.
Mostraram ter menor gravidade angiográfica, utilizaram stents
de maior diâmetro e apresentaram mais distúrbios de fluxo transitórios durante
a ICP. O sucesso do procedimento foi semelhante às eletivas, assim como a
ocorrência de complicações [17]. Outras publicações confirmaram que a ICP ad
hoc é tão segura quanto às eletivas [17].
A idade avançada tem
sido um dos preditores
de maior sangramento e outras
complicações, provavelmente pelo processo de
alteração vascular comum ao
envelhecimento. Uma pesquisa com o intuito de avaliar os desfechos
hospitalares
em pacientes com idade superior a 70 anos submetidos à ICP
incluiu na análise
296 pacientes (186 com < 70 anos e 110 com > 70 anos) e divulgou
que não
foi observada diferença em relação às
características clínico-angiográficas, à
necessidade de cirurgia de urgência e de
complicações vasculares. Ocorreu
tendência a maior mortalidade (1,81% vs. 0,53%; p = 0,06), maior
incidência de
acidente vascular encefálico (1,81% vs. 0%; p = 0,06), e maior
incidência de nefropatia induzida pelo contraste no grupo > 70 anos
(2,7% vs. 0%; p=0,02) [15].
Ainda no tocante à
idade, ao se acompanhar 707 pacientes idosos foram submetidos a ICP, dos quais 635 (89,8%) por meio de citado radial,
pesquisadores encontraram que a taxa de sucesso angiográfico foi de 96,8%,
sendo necessária a troca da via de citado em 2,8% dos casos [14]. O uso do
citado radial associou-se a baixa incidência de sangramento grave, corroborando
a indicação desta via de citado [14].
Quanto à via de
citado e suas relações com as complicações, um estudo nacional realizado com
5.545 pacientes submetidos a intervenções coronárias percutâneas,
tradicionalmente realizadas pela via femoral, dos 298 dos procedimentos
realizados por via arterial, avaliou-se que o perfil clínico era menos complexo
quando indicada essa via e que não houve diferenças nos desfechos combinados
[15]. No entanto, foi observada menor incidência de sangramentos maiores (0,4%
vs. 1,3%; P < 0,01) e de complicações vasculares (0,5% vs. 2,2%; P <
0,01) incluindo hematomas > 5 cm, pseudoaneurismas
e fístulas arteriovenosas ou hemorragias com necessidade de transfusão ou
cirurgia [11].
A via radial vem
sendo utilizada de forma crescente em procedimentos diagnósticos e terapêuticos,
por possuir diversas vantagens, como comodidade para o paciente no
pós-procedimento imediato, diminuição do tempo de internação com consequente
redução dos custos hospitalares e menor índice de complicações no sítio de
punção, quando comparada à via femoral. [13,20,22].
Um estudo apenas com
ICP de citado radial a partir do registro prospectivo de 1.117 pacientes que
realizaram ICP, a sedação foi realizada em 58,5% dos pacientes e obteve-se
sucesso angiográfico de 96,2%. Neste estudo, a utilização do citado radial na
ICP mostrou alto índice de sucesso e baixo índice de eventos cardíacos maiores
e de complicações hemorrágicas [13].
Outro trabalho, no
qual foi realizada análise retrospectiva de 2.027 pacientes consecutivos
submetidos à intervenção coronária percutânea eletiva, a via radial foi
realizada em 27% dos pacientes, dos quais 45,1% apresentavam lesões uniarteriais (45,1% vs. 37,3%; P < 0,001), apresentaram
maior sucesso (99% vs. 97,3%; P = 0,046), menor número de eventos cardíacos
adversos maiores nas fases tanto hospitalar (0,7% vs. 2%; P = 0,043) como
tardia (11,3% vs. 16,3%; P < 0,005) em relação a
via femoral [16].
Em um dos artigos foi
apresentada e utilizada a classificação do estudo Early Discharge after Transradial Stenting of Coronary
Arteries (EASY) para hematomas de citados
radiais: tipo I, < 5 cm de diâmetro; tipo II, < 10 cm de diâmetro; tipo
III, > 10 cm, sem atingir o cotovelo; tipo IV, hematoma estendendo-se além
do cotovelo; tipo V, qualquer hematoma com injúria isquêmica à mão [13].
Complicações relacionadas ao sítio de punção, além de hematomas, incluíram
fístula arteriovenosa, pseudoaneurisma, oclusão
arterial assintomática, necessidade de reparo vascular cirúrgico e infecção
local [17].
Inferência
dos diagnósticos de enfermagem relacionados às ICP
A enfermagem deve
estar preparada para a assistência ao paciente no laboratório de hemodinâmica,
e em particular, atenta aos sinais de possíveis complicações que possam
apresentar. Contudo, apesar da relevância, não foi encontrado estudo nacional
que tivesse por objeto a aplicação dos Diagnósticos de Enfermagem para as
complicações das ICP.
Em estudo recente,
foi realizado um levantamento dos diagnósticos de enfermagem presentes em 233
pacientes atendidos em um Laboratório de Hemodinâmica. Para fins de discussão,
foram considerados diagnósticos de enfermagem que apresentaram frequência acima
do percentil 30: risco de infecção; risco de
sangramento; comunicação verbal prejudicada; risco de intolerância a atividade;
dor aguda; risco de perfusão tissular cardíaca diminuída; déficit no
autocuidado para banho; ansiedade; medo; integridade da pele prejudicada e
conforto prejudicado [23]. Apesar de questionar-se o julgamento de risco para o
título Intolerância à atividade, visto que os pacientes a apresentam no mais
das vezes na isquemia miocárdica e após os procedimentos pode-se dizer
empiricamente, que diagnósticos citados na referência são dos mais utilizados
na Sistematização da Assistência de Enfermagem a esses pacientes.
Depois da avaliação
da literatura na primeira etapa deste estudo, os pesquisadores passaram a
elaborar, a partir destes resultados, a inferência dos diagnósticos de
enfermagem. O quadro 2 apresenta os DE elencados a
partir das complicações encontradas na etapa da revisão. Os DE foram elaborados
a partir da taxonomia II da NANDA-I e são apresentados com os referidos
códigos, características definidoras e fatores relacionados [10].
Os principais
diagnósticos aplicáveis elaborados são:
Quadro
2 - Inferência
dos Diagnósticos de Enfermagem
aplicáveis às principais complicações das
intervenções coronárias percutâneas.
Recife/PE, 2017.
O enfermeiro deve
estar atento aos sinais de alerta e aos riscos de complicações, monitorizando a
beira do leito com muita atenção todo paciente após procedimentos hemodinâmicos
invasivos, antes, durante e após a retirada do introdutor, até a transferência
da mesa do procedimento para o repouso/recuperação. O reconhecimento precoce
pode minimizar o dano causado pelas complicações.
O exercício da
inferência dos Diagnósticos de Enfermagem a partir da literatura pertinente às
complicações destes procedimentos revelou nove DE prioritários para essas
pacientes nestas situações, sendo dois deles diagnósticos de risco. A partir
desses achados, os enfermeiros podem pensar intervenções e estratégias de ação
para protocolos em seus serviços.
Por fim, vale
ressaltar que os diagnósticos de enfermagem possíveis de serem aplicados nestes
casos de eventos não esperados, devem ser passíveis de registro nos
instrumentos destinados a documentação da Sistematização da Assistência de
Enfermagem prestada, impresso ou em meio eletrônico.