REVISÃO
Trombólise no
serviço pré-hospitalar móvel de emergência em vítimas de infarto agudo do
miocárdio
Maria Solange Moreira
de Lima*, Rodrigo Assis Neves Dantas, D.Sc.**,
Daniele Vieira Dantas, D.Sc.***, Isabelle Cristina
Braga Coutinho****, Sara Porfírio de Oliveira*****, Jaciana
Medeiros da Costa Dias******, Sara Cynthia de Freitas*******, Maria do Carmo de
Oliveira Ribeiro, D.Sc.********
*Enfermeira,
Residente em Cardiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN,
Natal/RN, **Enfermeiro, Pós-Doutorando em Enfermagem
pela Universidade Federal de Sergipe, Docente do Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN, Natal/RN, ***Enfermeira, Pós-Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de
Sergipe, Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte/UFRN, Natal/RN, ****Enfermeira, Docente em Enfermagem das
Faculdades Estácio de Sá (RN) e Maurício de Nassau (RN), *****Discente do curso
de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal/RN,
******Enfermeira, Pós-Graduada em Urgência e Emergência Pré-Hospitalar e
Hospitalar pela Estácio/RN, Natal/RN, *******Enfermeira, Pós-Graduanda em
Urgência e Emergência Pré-Hospitalar e Hospitalar pela Estácio/RN, Natal/RN,
********Enfermeira, Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da
Universidade Federal de Sergipe/UFS, Aracajú/SE
Recebido em 9 de novembro de 2017; aceito em 9 de agosto de 2018.
Endereço
de correspondência:
Rodrigo Assis Neves Dantas, Rua Petra Kelly, 61, Geraldo Galvão Residencial,
casa 48 Nova Parnamirim 59152-330 Parnamirim RN, E-mail: rodrigoenf@yahoo.com.br;
Maria Solange Moreira de Lima: solmoreira18@gmail.com; Daniele Vieira
Dantas: daniele00@hotmail.com; Isabelle Cristina Braga
Coutinho: isabellecbcoutinho@hotmail.com; Sara Porfírio de
Oliveira: sara_iasd@hotmail.com; Jaciana
Medeiros da Costa Dias: jacianamcdias@hotmail.com; Sara Cynthia de
Freitas: saracynthia@hotmail.com; Maria do Carmo de Oliveira
Ribeiro: enffer2@gmail.com
Resumo
Objetivo: Descrever o perfil
das publicações sobre o uso da terapia fibrinolítica no paciente diagnosticado
com infarto agudo do miocárdio nos serviços pré-hospitalares móveis de emergência.
Métodos: Trata-se de uma revisão
integrativa, descritiva, exploratória, de abordagem quantitativa, realizada
através da pesquisa nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),
especificamente a Scielo, Lilacs
e Medline, no período de dezembro 2016 e janeiro de
2017, por meio dos descritores em ciências da saúde elegidos. Após o
refinamento, foram selecionados 06 artigos que se enquadraram nos critérios de
inclusão. Resultados: Todas as
publicações selecionadas destacaram os benefícios do uso da terapia
fibrinolítica na abordagem pré-hospitalar. Porém, apesar dos estudos
disponíveis evidenciarem a eficácia da terapia fibrinolítica precoce, seu uso
no Brasil ainda é bastante reservado. A trombólise
pré-hospitalar é uma medida viável e potencial para a redução do tempo de reperfusão, mas ainda não é uma realidade difundida em
nosso contexto. Conclusão: Faz-se
necessário que essa temática seja discutida e difundida entre os serviços de
saúde, como também é necessária a implantação do trabalho em rede para que
todos trabalhem por um só objetivo, o de promover um atendimento eficiente e de
qualidade.
Palavras-chave: terapia
trombolítica, infarto do miocárdio, assistência pré-hospitalar.
Abstract
Thrombolysis in emergency prehospital mobile
services for victims of acute myocardial infarction
Objective: To describe
the profile of publications on the use of fibrinolytic
therapy in the patient diagnosed with acute myocardial infarction in emergency prehospital emergency services. Methods: This is an integrative, descriptive, exploratory,
quantitative approach, carried out through research in the Virtual Health
Library (VHL) databases, specifically Scielo, Lilacs and
Medline, in the period of December 2016 and January of 2017, using the selected
health science descriptors. After refinement, we selected 06 articles that fit
the inclusion criteria. Results: All
selected publications highlighted the benefits of using fibrinolytic
therapy in the prehospital approach. However,
although the available studies evidence the efficacy of early fibrinolytic therapy, its use in Brazil is still quite
reserved. Prehospital thrombolysis is a feasible and
potential measure for reducing reperfusion time, but it is not yet widespread
in our context. Conclusion: It is
necessary that this theme be discussed and disseminated among health services,
but also the implementation of networking is necessary for everyone to work for
a single objective, to promote efficient and quality care.
Key-words: thrombolytic
therapy, myocardial infarction, prehospital care.
Resumen
Trombólisis en
el servicio
prehospitalario móvil de emergencia en víctimas
de infarto agudo de miocardio
Objetivo: Describir
el perfil de las publicaciones sobre el uso de la terapia
fibrinolítica en el
paciente diagnosticado con infarto agudo de miocardio en los
servicios prehospitalarios móviles de emergencia. Métodos: Se trata de una revisión integrativa, descriptiva,
exploratoria, de abordaje cuantitativo, realizada a través de investigación
en las bases de datos de la
Biblioteca Virtual en Salud
(BVS), específicamente Scielo,
Lilacs y Medline, en el período de diciembre de 2016 y enero de
2017, por medio de los descriptores en ciencias de la salud elegidos. Después del refinamiento,
se seleccionaron 06 artículos que se encuadraron en los criterios de inclusión. Resultados:
Todas las publicaciones seleccionadas destacaron los beneficios del uso de la
terapia fibrinolítica en el
abordaje prehospitalario. Sin embargo, a pesar de que los estudios disponibles evidencian la
eficacia de la terapia
fibrinolítica precoz, su
uso en Brasil todavía es
bastante reservado. La trombólisis prehospitalaria es una medida viable y potencial para la reducción del tiempo
de reperfusión, pero aún no
es una realidad difundida en
nuestro contexto. Conclusión: Se hace necesario que esta temática sea discutida y difundida entre los
servicios de salud, como también es necesaria
la implantación del trabajo en
red para que todos trabajen
por un solo objetivo, el de
promover una atención eficiente y de calidad.
Palabras-clave: terapia
trombolítica, infarto de miocardio, atención prehospitalaria.
As Doenças
Cardiovasculares (DCVs) constituem a principal causa
de mortalidade no Brasil e no mundo. De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), em 2011, sete milhões de pessoas morreram por doenças isquêmicas
do coração. No Brasil, de 2004 a 2014, 8,80% do total de óbitos foram causados
por doenças isquêmicas do coração, dentre estas, a Doença Arterial Coronariana
(DAC) que abrange as Síndromes Coronarianas Agudas [1,2].
As Síndromes
Coronarianas Agudas (SCAs) podem ser compreendidas
como um desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio que podem resultar
em necrose miocárdica se não houver intervenção imediata. O espectro das SCAs abrange a angina instável, o Infarto Agudo do
Miocárdio (IAM) sem elevação do seguimento ST e o IAM com elevação do segmento
ST. A principal etiologia das SCAs deve-se a rotura
de uma placa aterosclerótica, seguida pela formação de trombo que pode resultar
em uma oclusão parcial ou total de uma artéria coronária [3,4].
Existem diversos
fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento das DCVs,
dentre estes se podem considerar dois grupos: os fatores de risco não
modificáveis que compreendem história familiar prévia, idade crescente, gênero
masculino e etnia em que a incidência é maior em afrodescendentes e os fatores
de risco modificáveis que englobam a dislipidemia, tabagismo, hipertensão,
diabetes, obesidade, sedentarismo e o estresse [5].
As SCAs
apresentam manifestações clínicas que são
influenciadas de acordo com o grau de estreitamento do lúmen
arterial, formação
do trombo e cessação do fluxo sanguíneo para o
músculo cardíaco. As
manifestações clínicas são: dor precordial
que pode irradiar ou não para
membros, mandíbula e região dorsal, descrita como em
“aperto” ou “queimação”,
dispneia, sudorese e palidez. É importante salientar que
indivíduos portadores
de diabetes podem apresentar sintomas tardiamente. Ainda deve-se levar
em consideração
que este grupo, como também mulheres e idosos podem relatar
sintomas atípicos
como dor epigástrica, náuseas e fraqueza [2].
É sabido que o perfil
populacional brasileiro modificou-se nos últimos anos, resultando em um aumento
na expectativa de vida e consequentemente em um aumento relevante da população
idosa. São indivíduos mais frequentemente do gênero masculino, com idade
avançada, baixa escolaridade, e com múltiplos fatores de risco associados
[4,5].
O diagnóstico das SCAs é baseado nos achados clínicos, resultado dos
marcadores bioquímicos, análise do eletrocardiograma, bem como através da cineangiocoronariografia, método diagnóstico invasivo que
identifica a presença, extensão e gravidade da doença aterosclerótica
coronária. Logo, a conduta terapêutica visa estabilizar o paciente e minimizar
a lesão miocárdica através da reperfusão, que no
âmbito pré-hospitalar, pode-se utilizar a terapêutica fibrinolítica para
abreviar o tempo de isquemia miocárdica e minimizar o dano miocárdico, pois
quanto mais precocemente a fibrinólise é administrada
menor é a mortalidade pré-hospitalar e hospitalar [7,8].
Outra estratégia de reperfusão que pode/deve ser realizada após a fibrinólise (se após 30 minutos não houver critérios de reperfusão) ou ainda se houver reperfusão
com sucesso (até 24 horas após) para realização diagnóstica e terapêutica
definitiva é a cineangiocoronariografia associada ou
não a Intervenção Coronária Percutânea (ICP).
A ICP é um
procedimento realizado através da inserção de cateteres por uma via de acesso
arterial, as mais utilizadas são as artérias radial, braquial ou femoral, que
tem por finalidade remodelar a placa aterosclerótica e aliviar a estenose do
vaso. Atualmente a ICP associada ao implante de stents, estruturas metálicas que
são posicionadas na área lesada, com o objetivo de manter a permeabilidade
arterial e restaurar o fluxo sanguíneo é a principal forma de revascularização
miocárdica [9,10].
Segundo a Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC), cerca de 9% dos óbitos no período de 2004 a
2013 ocorreram devido a doenças isquêmicas do coração. Apesar da significativa
redução da mortalidade hospitalar do paciente acometido pelo infarto do
miocárdio, sabe-se pouco sobre a epidemiologia e o tratamento na fase
pré-hospitalar. Diante do exposto, justifica-se a importância deste estudo uma
vez que o tempo que compreende o início dos sintomas até a instituição do
tratamento (reperfusão química) é diretamente
proporcional a possibilidade de ocorrer eventos
clinicamente relevantes, sendo assim um fator determinante para o sucesso do
tratamento.
Assim sendo,
acredita-se que estudos como este possam contribuir, sobremaneira, para a
criação de estratégias que visem à prevenção desses agravos, como também,
subsidiar novos estudos que facilitem a promoção e prevenção da saúde e
colaborar para a formulação de políticas e programas de saúde que visem o
fortalecimento da qualidade da assistência oferecida por esses serviços.
Partindo da
necessidade de saber o que foi produzido pela literatura a respeito do assunto,
foi desenvolvida uma revisão integrativa da literatura abordando o tema a
partir de consultas às bases de dados eletrônicas, no intuito de responder ao
questionamento norteador: qual o perfil das publicações científicas sobre o uso
da terapia fibrinolítica no paciente diagnosticado com infarto agudo do
miocárdio nos serviços pré-hospitalares móveis de emergência?
Baseado neste estudo, pretende-se alcançar o seguinte objetivo: descrever o
perfil das publicações sobre o uso da terapia fibrinolítica no paciente
diagnosticado com infarto agudo do miocárdio nos serviços pré-hospitalares
móveis de emergência.
Trata-se de uma
revisão integrativa da literatura, descritiva e exploratória, a qual se
caracterizou por identificar, analisar e sintetizar resultados da pesquisa
sobre o tema em questão. A revisão integrativa agrega e resume estudos
realizados sobre um determinado tema, construindo conclusões a partir dos
resultados evidenciados nos estudos, que investiguem problemas idênticos ou
similares [11].
Foram percorridas
quatro etapas que consistiram em: 1) estabelecimento do problema do estudo, e
seleção da hipótese (questão norteadora); 2) seleção da amostra e busca na
literatura; 3) avaliação dos estudos incluídos na revisão da literatura e 4)
interpretação dos resultados.
Os artigos foram
coletados nas seguintes bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),
especificamente na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(Lilacs), Scientific Electronic Library Online (Scielo)
e a Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (Medline),
por meio dos descritores: “terapia fibrinolítica”, “infarto do miocárdio” e
“assistência pré-hospitalar.” Inicialmente foi feita a busca de forma
individual utilizando um descritor por vez, em seguida foram realizados os
cruzamentos utilizando o operador boleano AND.
Os critérios para
inclusão dos textos foram: artigos com textos disponíveis na íntegra, cuja
metodologia permitiu obter evidências sobre a associação dos descritores
utilizados e a questão norteadora, publicados em português e que foram
indexados nas bases de dados nos últimos dez anos (2007 a 2016). Como critérios
de exclusão desconsideramos os artigos que estavam disponíveis em mais de uma
base de dados ao mesmo tempo e os que não responderam a questão norteadora
deste estudo. A Tabela I apresenta a estratégia de busca.
Tabela
I - Estratégias de busca dos artigos por descritores
e bases de dados. Natal/RN, Brasil, 2017.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
Inicialmente os
artigos foram selecionados a partir da leitura dos títulos de acordo com o
objetivo do estudo. Após a leitura dos resumos foram escolhidos apenas seis
artigos.
O levantamento
bibliográfico ocorreu nos meses de dezembro e janeiro de 2016/2017. Foi
realizada a leitura e análise dos artigos, bem como a leitura de outros artigos
relacionados ao tema para dar subsídio na construção da discussão.
Foram selecionados
apenas seis artigos que se adequaram a temática em questão no período
estabelecido, esses estão dispostos na Tabela II.
Tabela
II -
Caracterização dos estudos selecionados
de acordo com o título, autores e ano de publicação. Natal/RN, Brasil, 2017.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
O primeiro artigo
[12] traz um levantamento bibliográfico de estudos realizados que ratificam a
importância e o benefício do tratamento precoce no cenário pré-hospitalar para
o infarto agudo do miocárdio (IAM), especificamente para aqueles que apresentam
supradesnivelamento do seguimento ST e devem receber
a terapia fibrinolítica de acordo com o tempo do início dos sintomas.
Ele destaca que foi
possível constatar nos estudos realizados com pacientes que sofreram IAM e receberam o fibrinolítico, menor mortalidade comparado aos
pacientes que foram submetidos à Intervenção Coronária Percutânea (ICP)
primária.
No segundo estudo
[9], o qual faz uma análise sobre as principais terapias de reperfusão
precoce fica evidente que, apesar da ICP primária ser uma excelente opção para reperfusão miocárdica, o atraso na realização desta faz com
que a vantagem sobre a reperfusão química reduza
consideravelmente. Logo a administração da terapia fibrinolítica associada à
ICP planejada ou de resgate (quando não é possível perceber critérios de reperfusão após administração) demonstram resultados semelhantes
ou mesmo superiores do que aqueles pacientes que são submetidos à ICP primária
precocemente.
Já no terceiro artigo
[13], fica evidente a necessidade de se trabalhar em rede, integrando os
serviços para otimizar o tempo de atendimento e garantir
o tratamento eficaz de reperfusão, respeitando as
limitações locais. Para isso é necessário treinamento continuo das equipes de
todos os serviços envolvidos, sejam eles pré ou intra-hospitalares. Como resultado positivo, Reggi e Carvalho descrevem a implantação e funcionamento da
rede de atendimento no Estado de São Paulo que dispõe das duas possibilidades
de reperfusão, tanto a fibrinólise
quanto a ICP, e que ao integrar os serviços, tiveram resultados positivos,
mesmo com as limitações locais.
Corroborando este
estudo, a V Diretriz para o tratamento do IAM com supradesnivelamento
do seguimento ST (2015) trata a fibrinólise
pré-hospitalar como uma possibilidade terapêutica que pode ser determinante
para minimizar a mortalidade, bem como complicações posteriores. Porém ressalta
que esta só deve ser administrada sob condições
apropriadas, tais como monitorização clínica e eletrocardiográfica.
O quarto estudo [14]
que teve como objetivo realizar uma análise da relação custo-efetividade da
terapia fibrinolítica pré-hospitalar vs
intra-hospitalar apresentou resultados interessantes.
Foi possível inferir que a adoção da reperfusão
química pré-hospitalar pode reduzir a morbidade e mortalidade dos pacientes com
IAM. E além de representar maior sobrevida para o paciente, representa em
contrapartida menor custo para o Sistema Único de Saúde. Vale salientar que a
melhor estratégia para a redução de custos e maior sobrevida é combater fatores
de risco e trabalhar com a prevenção desse e outros agravos.
Estudo [17] realizado
no Estado de Minas Gerais evidenciou que o retardo pré-hospitalar foi superior
ao que é preconizado, sendo o tempo porta-agulha de acima de 90 minutos para
85,7% dos pacientes, ainda nessa pesquisa foi identificado que 45% dos
pacientes não receberam a terapia adequada o que demonstra o distanciamento da
prática com as evidências científicas.
Os dois últimos
estudos [15,16] fazem uma breve descrição das conquistas em relação ao
tratamento do IAM no âmbito pré-hospitalar, porém
ambos destacam as limitações do Brasil para a execução do tratamento. Desde as
dificuldades de insumos e equipamentos, profissionais qualificados até os
maiores desafios como trabalhar em rede, integrando os serviços, bem como a
disponibilidade de laboratórios de hemodinâmica apenas em grandes centros.
Nessa perspectiva,
embora já se tenham muitos estudos disponíveis que evidenciam a eficácia do uso
da terapia fibrinolítica precoce, o seu uso no Brasil ainda é bastante
reservado. Todavia, é necessário que associada às discussões sobre a sua
administração sejam também pensadas estratégias para ampla discussão com toda a
população sobre a importância do reconhecimento imediato dos sintomas, bem como
dos fatores de risco e como obter hábitos de vida saudáveis.
No
que diz respeito à
enfermagem, as ações vão desde a
promoção da saúde até a assistência
direta. É
importante mencionar as estratégias que necessitam, cada vez
mais, serem
desenvolvidas como a educação em saúde na
promoção da saúde, tanto para os
pacientes que não sofreram o IAM quanto para os que já
foram acometidos e que
precisam compreender essa nova condição e desenvolver um
estilo de vida
saudável [18,19].
Como limitação deste
estudo destaca-se que foram encontrados durante a pesquisa outros artigos que
tratavam da fibrinólise pré-hospitalar, porém estes
não estão disponíveis em texto completo. Vale salientar que a maior parte das
publicações refere-se à fibrinólise intra-hospitalar o que evidencia a necessidade de estudos
no âmbito pré-hospitalar.
Observou-se que as
publicações disponíveis sobre a temática ainda são incipientes e escassas.
Ainda retratam em seus cernes cenários pouco relacionados à vivência prática.
É sabido que para o
tratamento eficaz de qualquer patologia os sinais e sintomas devem ser
reconhecidos o mais precocemente, e para o IAM não é diferente. O tempo é, sem
dúvidas, um determinante para o prognóstico dos pacientes com IAM. Logo, é
necessário que a população esteja atenta e valorize os sintomas, bem como é
necessário que esses sejam continuamente informados através de ações e
campanhas educativas.
É pertinente destacar
uma limitação relevante, a indisponibilidade de hospitais que possuam
laboratórios de hemodinâmica e que possam atender o paciente dentro do tempo
preconizado, quando os pacientes não podem receber a terapia fármaco invasiva devido a contraindicações ou que não apresentaram
critérios de reperfusão após administração e
necessitam do tratamento mecânico.
Em um país de grandes
dimensões como o Brasil é um grande desafio trabalhar em rede e estabelecer a
mesma estratégia para o tratamento do IAM. Todavia o mais importante é
assegurar que algum tratamento seja estabelecido e alguma terapia de reperfusão seja executada. A trombólise
pré-hospitalar é uma medida factível e potencial para a redução do tempo de reperfusão, mas ainda não é realidade amplamente difundida
em nosso contexto.
Faz-se necessário que
essa temática seja discutida e difundida entre os serviços de saúde, como
também é necessária a implantação do trabalho em rede para que todos trabalhem
por um só objetivo: promover um atendimento eficiente e de qualidade.