REVISÃO
Efeitos
do toque terapêutico na cicatrização da pele
André Luiz Thomaz de
Souza, M.Sc.*, Juliano de
Souza Caliari, D.Sc.**,
Karen Biazzin***, Jamila
Souza Gonçalves, M.Sc.****, Deise Aparecida Carminatte, M.Sc.*****
*Enfermeiro,
Docente nas Faculdades Integradas do Vale do Ribeira, Registro/SP,
**Enfermeiro, Docente no Instituto Federal de Passos, Passos/MG, ***Acadêmica
de Enfermagem nas Faculdades Integradas do Vale do Ribeira, Registro/SP,
****Enfermeira, Docente no Instituto Federal de Passos, Passos/MG,
*****Enfermeira, Docente nas Faculdades Integradas do Vale do Ribeira,
Registro/SP
Recebido em 10 de
novembro de 2017; aceito em 12 de dezembro de 2018.
Endereço
de correspondência:
André Luiz Thomaz de Souza, Rua Oscar Yoshiaki Magário,
185, Jardim das Palmeiras, 11900-000 Registro SP, E-mail: alfenas2@hotmail.com;
Juliano de Souza Caliari:
juliano.caliari@ifsuldeminas.edu.br; Karen Biazzin:
kabiazzin@hotmail.com; Jamila Souza Gonçalves: jamila.gonçalves@ifsuldeminas.edu.br; Deise Aparecida Carminatte: deiseac@gmail.com
Resumo
Objetivo: Buscar evidências
sobre os efeitos do toque terapêutico na cicatrização da pele. Métodos: Revisão integrativa da
literatura conduzida por meio de buscas por estudos que retratassem os efeitos
do toque terapêutico na cicatrização da pele em pesquisas in vivo, in vitro e
clínica. As buscas foram realizadas em bases de dados nacionais e
internacionais por meio dos descritores controlados: Toque terapêutico, Toque
de cura e não controlado: Imposição das mãos. Resultados: Foram incluídos nesta revisão cinco estudos que
retratavam os efeitos do toque terapêutico na cicatrização da pele. Os estudos
destacam-se principalmente por serem de cunho experimental com modelo animal e
revelam efeitos favoráveis ao uso do toque terapêutico na cicatrização da pele.
Conclusão: O toque terapêutico
representa uma intervenção de enfermagem em potencial para ser utilizada no
tratamento complementar para a cicatrização da pele. Contudo, são necessárias
mais evidências científicas que comprovem seus benefícios para esta finalidade.
Palavras-chave: toque terapêutico,
cicatrização, pele, Enfermagem.
Abstract
Effects of therapeutic touch on skin healing
Objective: To seek
evidence on the effects of therapeutic touch on skin healing. Methods: Integrative review of the
literature conducted through research studies that portrayed the effects of
therapeutic touch on skin healing in vivo, in vitro and clinical research. The
searches were carried out in national and international databases through the
controlled descriptors: Therapeutic touch, Touch of healing and uncontrolled:
Imposition of the hands. Results:
Five studies that portrayed the effects of therapeutic touch on skin healing
were included in this review. The studies stand out mainly because they are
experimental with an animal model and show favorable effects to the use of the
therapeutic touch in the healing of the skin. Conclusion: The therapeutic touch represents a potential nursing
intervention to be used in the complementary treatment for the healing of the
skin. However, more scientific evidence is needed to prove its benefits for
this purpose.
Key-words: therapeutic
touch, wound healing, skin, Nursing.
Resumen
Efectos del toque terapéutico en la cicatrización
de la piel
Objetivo: Buscar evidencias
sobre los efectos del toque terapéutico
en la cicatrización
de la piel. Métodos: Revisión
integrativa de la literatura
conducida por medio de búsquedas por estudios que retractaran los efectos del toque terapéutico en la cicatrización de la piel en
investigaciones in vivo, in vitro y clínica. Las búsquedas se realizaron en bases de datos nacionales e internacionales por medio de los descriptores controlados:
Toque terapéutico, Toque de curación
y no controlado: Imposición de las
manos. Resultados: Se incluyeron en esta revisión cinco estudios que retrataban los efectos del
tacto terapéutico en la cicatrización de la piel. Los estudios
se destacan principalmente por ser de carácter
experimental con modelo animal y revelan
efectos favorables al uso del toque terapéutico en la cicatrización de la piel. Conclusión: El toque terapéutico representa una intervención
de enfermería potencial para ser utilizada en el tratamiento complementario para la cicatrización de la piel. Sin
embargo, son necesarias más
evidencias científicas que demuestren sus beneficios para este
propósito.
Palabras-clave: tacto terapéutico, cicatrización de heridas, piel, Enfermería.
O uso das
classificações dos diagnósticos, das intervenções e dos resultados de
enfermagem representa uma importante estratégia na qual o enfermeiro pode
estabelecer uma linguagem padronizada durante a sua prática clínica [1]. Para
tanto, é fundamental que os seus indicadores sejam validados frequentemente por
meio da Prática Baseada em Evidências.
Entende-se como
Prática Baseada em Evidências a tomada de decisão clínica a partir de
evidências encontradas na literatura sobre o efeito de intervenções em saúde
[2]. Para a enfermagem, a revisão integrativa desponta-se como um importante
método de pesquisa direcionado em subsidiar informações sobre as suas condutas
assistenciais.
Os benefícios do
Toque Terapêutico (TT) despontaram-se nas últimas décadas em diferentes áreas e
com distintos objetivos, tanto em estudos experimentais com modelos animais
[3-5], como no tratamento complementar de doenças em estudos clínicos [6-8]. O
enfoque principal do seu uso está direcionado ao tratamento de sinais e
sintomas em pessoas com doenças crônico-degenerativas [9].
Fundamentado na
Teoria dos Seres Humanos Unitários, os pressupostos do TT retratam que, por
meio da intencionalidade em fazer o “bem”, o homem quando treinado é capaz de
auxiliar a pessoa doente no processo de recuperação e/ou cura a partir da
imposição das mãos sobre o campo de energia [10]. No entanto, ainda não existe
uma definição exata sobre o que é o campo de energia e até mesmo formas de
mensurá-lo [11,12]. A literatura retrata que por meio do TT é possível intervir
nas condições físicas, emocionais, mentais e espirituais do indivíduo que
apresente alterações nesse campo [13].
Diante das evidências
de que o TT possa ser utilizado em qualquer situação que resulte em alterações
na manutenção das condições homeostáticas do organismo, sugere-se que o mesmo
seja útil na cicatrização da pele. Entretanto, é necessário que evidências
suportem esses apontamentos. A enfermagem constantemente lida com situações nas
quais são exigidas intervenções direcionadas na recuperação da pele, de modo
que o enfermeiro deve estar apto no conhecimento sobre as diferentes formas de
tratamentos evidenciadas na literatura.
A cicatrização da
pele resulta do trabalho coordenado da atividade celular e de eventos
moleculares e bioquímicos direcionados na reconstituição do tecido [14]. O
conhecimento sobre o processo de reparação tecidual possibilita a escolha pelo
tratamento mais eficaz e isso requer diretamente a participação do enfermeiro.
A partir da etapa
inicial ocasionada pela lesão tecidual, são observadas três fases na
cicatrização da pele: Fase inflamatória, caracterizada pela vasoconstrição e
presença de plaquetas, hemácias e fibrinas responsáveis pela hemostasia e pela
formação de uma barreira que protegerá contra a contaminação local. Além disso,
ocorre intensa atividade de leucócitos fagocitários direcionados para eliminar
partículas estranhas. Fase proliferativa, caracterizada pela neo-angiogênese, pela migração e proliferação de
fibroblastos, fibronectina, ácido hialurônico
e pelo arranjo de colágeno, resultando na formação do tecido de granulação.
Fase remodeladora, responsável pela remodelagem e alinhamento das fibras de
colágeno que resultam no aumento da resistência da ferida [15,16].
Em uma revisão
sistemática atualizada em 2014 é apontado que ainda não existem evidências
suficientes sobre os efeitos do TT na cicatrização de feridas agudas [11]. No
entanto, por se tratar de um evento complexo, é necessário avaliar os efeitos
do TT em indicadores relacionados às fases da cicatrização e com o uso de
delineamentos metodológicos distintos. Portanto, este estudo tem como objetivo
buscar evidências sobre os efeitos do TT na cicatrização da pele e
consequentemente subsidiar informações para a tomada de decisão clínica do
enfermeiro. A execução das etapas deste estudo foi realizada a partir da
seguinte pergunta norteadora: Quais as evidências sobre os efeitos do TT na
cicatrização da pele?
Este estudo trata-se
de uma revisão integrativa, cujo desenvolvimento metodológico representa uma
importante estratégia na tomada de decisão fundamentada na Prática Baseada em
Evidências, com enfoque em agrupar evidências que direcionem a prática clínica
[17,18].
Para realizar esta
revisão foram executadas seis etapas, a saber: a) seleção da questão de
pesquisa; b) definição dos critérios de inclusão e exclusão; c) coleta de dados
nos estudos; d) avaliação dos estudos incluídos na revisão; e) interpretação
dos resultados coletados; f) síntese e apresentação da revisão [18].
Como questão de
pesquisa buscou-se responder a seguinte indagação: Quais as evidências sobre os
efeitos do TT na cicatrização da pele? Especificamente foram investigados
indicadores associados aos efeitos o toque terapêutico na aceleração da
cicatrização da pele em estudos in vitro,
in vivo e estudos clínicos.
As buscas pelos estudos
foram realizadas por dois pesquisadores de modo independente e a seleção se deu
a partir do consenso entre os dois pesquisadores em relação aos estudos
identificados em cada busca, respeitando os critérios de elegibilidade e a
pergunta de pesquisa. Destaca-se que as buscas foram realizadas por meio do
Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (SIBiUSP).
Os estudos foram
pesquisados nas seguintes bases de dados: Cumulative
Index to Nursingand Allied Health Literature (CINAHL);
US National Library of
Medicine National Institutes
of Health (PubMed);
Excerpta Medica Database
(EMBASE); Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde (LILACS),
por meio dos descritores controlados utilizados isoladamente: “Toque terapêutico”
(Therapeutic touch) e
“Toque de cura” (Healing touch) e não
controlado: “Imposição das mãos” (Imposition of hands). Foram incluídos
estudos primários publicados em português, inglês ou espanhol, com publicação
por tempo indeterminado, com abordagem em indicadores relacionados à
cicatrização da pele sob tratamento com o uso do TT.
Durante as buscas,
procedeu-se a análise criteriosa do título e do resumo dos estudos elegíveis.
Na sequência foi realizada a leitura exploratória, seletiva, analítica e
interpretativa [19] desses estudos. Ao final, o agrupamento das informações foi
realizado em um formulário elaborado pelos autores para uso específico nesta
revisão, o qual contemplava tópicos de preenchimento sobre: identificação do
artigo, país de origem, objetivos, ano de publicação, delineamento do estudo,
amostra, principais evidências sobre o TT na cicatrização da pele.
Os resultados foram
apresentados de forma descritiva com informações pertinentes aos estudos
selecionados e às evidências relacionadas aos objetivos desta revisão. Além
disso, procedeu-se a discussão/conteúdo da revisão a partir dos pressupostos de
Dolores Krieger [10], do processo de enfermagem e das
fundamentações teóricas envolvidas na cicatrização da pele.
Com os descritores
controlados foram encontrados 3.400 estudos e com os não
controlados identificaram-se 71 estudos, totalizando 3.471estudos identificados
na primeira busca. Dentre esses estudos, somente 399 foram considerados
elegíveis nesta revisão. Duzentos e quarenta e seis estudos estavam indexados
em mais de uma base de dados e não foram incluídos nas análises. Ao final, após
a implementação dos critérios de elegibilidade em 153
estudos, 148 estudos foram excluídos por não retratarem aos objetivos desta
revisão. Portanto, a amostra final constitui-se por cinco estudos, Figura 1.
Figura
1 - Fluxograma das etapas de seleção dos
estudos.
O número elevado de
estudos encontrados nas buscas iniciais e consequentemente o número de estudos
excluídos se deve ao fato de que o termo “toque terapêutico” pode estar
associado a diferentes situações que não reflitam necessariamente a intervenção
sobre o campo de energia. Os estudos incluídos nesta revisão foram
identificados com a letra “A” e agrupados quanto ao país de origem, o ano de
publicação, os objetivos e o delineamento, conforme apresentado no Quadro 1.
Quadro
1 - Distribuição dos estudos utilizados na
revisão, 2017.
Nota: TT, Toque
terapêutico; Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
A1 [20] ao investigar os efeitos do TT na proliferação de
células humanas em culturas, revelou que tratamentos com 10 minutos de duração
realizados duas vezes por semana com pelo menos um dia de intervalo entre os
tratamentos, durante duas semanas, resultam no aumento significativo na
proliferação de fibroblastos, osteoblastos e tenócitos
quando comparado ao grupo não tratado. Os osteoblastos utilizados neste estudo
foram obtidos de pacientes saudáveis a partir de fragmentos ósseos descartados
durante cirurgias de ortopedia. Já as culturas de fibroblastos derivaram do
prepúcio de neonatos após cirurgias de circuncisão. Por fim, as culturas de tenócitos também se originaram de fragmentos decorrentes de
cirurgias de ortopedia. O TT foi realizado por enfermeiras com experiência
superior a cinco anos no seu uso. Durante cada sessão as mãos da
intervencionista foram mantidas a uma distância de em média 10 centímetros das
placas onde se encontravam as culturas celulares.
A2 [4] neste estudo foram utilizados 120 camundongos, sendo
60 machos e 60 fêmeas divididos igualmente em grupo controle com 30 machos e 30
fêmeas (para o consumo líquido foi oferecido água potável) e grupo experimental
com 30 machos e 30 fêmeas (para o consumo líquido foi oferecido água potável e
tratada com o TT). Uma incisão de 1,5 centímetros foi realizada no dorso de
cada animal e na sequência oferecido os tratamentos para os respectivos grupos
por um período de 15 dias, a cada três dias as lesões eram mensuradas por cinco
vezes com o auxílio de um paquímetro. A água oferecida aos animais era
energizada com o TT, sendo as mãos do intervencionista mantidas uma distância
de dois centímetros da boca da garrafa em que era armazenada. De acordo com os
resultados, não houve diferenças significativas entre as medidas das incisões
entre machos e fêmeas. Contudo, na comparação entre os grupos, o grupo que
recebeu água energizada com o TT apresentou menor tempo de cicatrização em
relação ao grupo controle.
A3 [5] neste estudo foram utilizados 20 ratas Wistar divididas em dois grupos: grupo controle (n=10)
recebeu água potável; grupo experimental (n=10) recebeu água potável e
energizada com o TT durante cinco minutos a uma distância de dois centímetros
da boca da garrafa em que era armazenada. Antecedendo ao tratamento nos
respectivos grupos experimentais, uma incisão reta de dois centímetros foi
realizada na região dorsal de cada animal. Os animais foram tratados /
observados por um período de 20 dias, a cada quatro dias o comprimento das feridas
foram mensurados com o auxílio de um paquímetro por cinco vezes. Este estudo
não apresenta análises estatísticas dos resultados, apenas dados descritivos,
os quais revelam que ao término dos experimentos 100% (n=10) dos animais do
grupo tratado haviam cicatrizado suas feridas por completo, já no grupo
controle 40% (n=4) dos animais não apresentavam suas feridas cicatrizadas por
completo. Ressalta-se que autores apontam como limitação do estudo a ausência
das análises estatísticas e o tamanho reduzido no número de animais.
A4 [21] este estudo foi realizado com 20 ratos Wistar, 10 machos e 10 fêmeas, divididos em grupo controle
(n=10) o qual recebeu água potável e grupo experimental (n=9), o qual recebeu
água energizada com o TT. Antes da distribuição dos grupos experimentais uma
incisão reta de dois centímetros de comprimento foi realizada na região
cervical de cada animal e os animais mantidos em gaiolas individuais.
Destaca-se que durante o procedimento cirúrgico para a lesão na pele, ocorreu a
perda de um animal no grupo experimental. O comprimento das lesões foi
mensurado quatro vezes com o auxílio de um paquímetro ao longo de 13 dias,
tempo total de tratamento. Assim como no estudo A3 este estudo também não
apresenta análise estatística dos dados e comparação entre os grupos
experimentais, limitando-se a apresentação descritiva dos resultados, o qual
revela que ao término do experimento 50% (n=5) dos animais do grupo controle
apresentavam cicatrização total da ferida e no grupo experimental 66% (n=6)
tinham suas lesões cicatrizadas por completo. Ressalta-se que somente uma fêmea
de cada grupo apresentou cicatrização total da ferida.
A5 [22] neste estudo de caso conduzido por uma enfermeira
os efeitos do TT foram observados em uma pessoa que apresentava o pé direito
infeccionado. Ao longo de quatro sessões de TT a autora relata que a pessoa que
recebeu o TT apresentou melhora no equilíbrio do campo energético e na
qualidade do sono, diminuição do limiar dor, de coceira e de calor, rapidez na
renovação tecidual e melhora na circulação do pé infectado. Além disso, é
possível observar o elo positivo entre a enfermeira e a pessoa que recebeu o
tratamento.
As evidências
encontradas nesta revisão integrativa revelam que o TT pode ser uma intervenção
em potencial para o tratamento complementar na cicatrização da pele por meio do
aumento na proliferação de células, do estímulo na cicatrização completa de
feridas [4,5,20,21]. Além disso, por meio da
diminuição dos sinais de infecção, como dor, coceira e calor [22]. Contudo é
fundamental que ocorra o aprofundamento nas pesquisas com este tema e objeto de
estudo, principalmente no desenvolvimento de delineamentos de estudos
rigorosos, com amostras representativas e protocolos capazes de serem
replicados.
A investigação
científica sobre os efeitos do TT na cicatrização da pele é escassa, o que
representa um universo a ser descoberto. Até o momento os estudos A2, A3 e A4
foram os únicos estudos produzidos no Brasil envolvendo a cicatrização da pele
e o TT, os quais contam com a participação da enfermagem na autoria. Tal
situação reflete a necessidade em ampliar a participação da enfermagem em
pesquisas sobre o toque terapêutico na cicatrização da pele, quer seja em estudos
experimentais ou clínicos.
Na década de 1960,
Dr. Bernard Grad da Universidade de Mc Gill em
Montreal, em colaboração com Oscar Estebany, um
coronel húngaro conhecido por possuir poderes de cura energéticas em suas mãos,
investigaram os efeitos da imposição de mãos na cicatrização da pele em ratos,
revelando que o grupo que recebeu o tratamento apresentava melhora
significativa na cicatrização em relação ao grupo controle. Dr. Bernard Grad sugere então que os efeitos da imposição de mãos
possam estar associados à melhora nas atividades enzimáticas envolvidas no
reparo tecidual [23].
Em continuidade aos
estudos de Dr. Bernard Grad, no mesmo período, a
bioquímica Dra. Justa Smith também com a colaboração de Oscar Estebany, investigou os efeitos da imposição de mãos na
atividade enzimática da enzima tripsina, o que vem a confirmar a teoria de Dr.
Bernard Grad e apontar que o tratamento energético
por meio da imposição de mãos resulta no aumento das atividades enzimáticas
[23]. Essas são as únicas evidências que retratam possíveis mecanismos de
efeitos que possam estar envolvidos no tratamento com o TT.
Ao considerarmos a
importância do processo de enfermagem como instrumento de cuidado, torna-se
essencial fundamentar a assistência de enfermagem em evidências científicas.
Neste contexto, destacamos o quão indispensável é a enfermagem no tratamento de
feridas. Além disso, cabe destacar que a utilização de instrumentos validados,
a exemplo as Classificações de Enfermagem NANDA-I, NIC e NOC fortalece a
representativa da enfermagem no cenário profissional [24-26].
Conforme as
evidências obtidas nesta revisão e aliadas evidências sobre os mecanismos de
efeitos do TT apontados por Dolores Krieger, Dra.
Bernard Grad e Dra. Justa Smith, podemos inferir que
o TT pode influenciar em todas as fases da cicatrização da pele, com destaque
para a fase proliferativa na qual ocorre acentuada participação dos
fibroblastos. No entanto, é necessário o desenvolvimento de ensaios clínicos
randomizados e controlados para que esta intervenção de enfermagem seja
validada no tratamento complementar para a cicatrização da pele.
As evidências obtidas
nesta revisão sugerem que o TT representa uma intervenção de enfermagem em potencial
para ser utilizada no tratamento complementar para a cicatrização da pele. No
entanto, para que isso ocorra é necessária uma compressão maior sobre os
mecanismos de efeito envolvidos no TT. Existe a necessidade de explorar os
efeitos desta intervenção em pesquisas futuras, com foco em subsidiar
evidências clínicas que comprovem seus efeitos na cicatrização da pele. Para a
prática clínica de enfermagem é necessário cautela na tomada de decisão, já
que, até o momento, não existem justificativas clínicas suficientes para o uso
do TT na cicatrização da pele em humanos.