REVISÃO

Autonomia do enfermeiro no ambiente hospitalar

 

Mônica Strapazzon Bonfada*, Lenize Nunes Moura*, Sabrina Gonçalves Aguiar Soares**, Camila Pinno**, Silviamar Camponogara, D.Sc.***

 

*Enfermeira, Mestranda em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Maria, **Enfermeira, Doutoranda em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Maria, ***Enfermeira, Docente do Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de Santa Maria

 

Recebido em 5 de dezembro de 2017; aceito em 25 de agosto de 2018.

Endereço para correspondência: Sabrina Gonçalves Aguiar Soares, Rua Cruz e Souza 250/501 Camobi 97110-220 Santa Maria RS, E-mail: enfsabrinasoares@yahoo.com.br; Mônica Strapazzon Bonfada: monica.strapazzon@yahoo.com.br; Lenize Nunes Moura: lenize.nunes@hotmail.com; Camila Pinno: pinnocamila@gmail.com; Camponogara: silviaufsm@yahoo.com.br

 

Resumo

Ao compreender que o enfermeiro é capaz de gerir seu processo de trabalho, buscou-se identificar quais as tendências da produção científica brasileira, em teses e dissertações, acerca da autonomia do enfermeiro no ambiente hospitalar. Trata-se de um estudo do tipo narrativo, sendo a busca realizada no banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes), nos meses de maio a julho de 2017. Analisaram-se 66 produções. A maioria destas foram dissertações, predominando a abordagem qualitativa. O ano de publicação com maior número de produções foi o de 2013, com destaque a região Sul do Brasil com 50% das produções encontradas. A partir da análise, emergiram três focos temáticos: “Processo de trabalho de enfermagem como promotor de autonomia”, “A relação entre o reconhecimento e a satisfação do trabalho do enfermeiro e sua autonomia profissional”; e “Fragilidades do trabalho do enfermeiro no ambiente hospitalar”. Conclui-se que no ambiente hospitalar o enfermeiro é visto como um gerenciador do serviço de saúde, sendo identificado pela liderança e coordenação do processo de trabalho em saúde, bem como foi possível identificar a satisfação e insatisfação neste ambiente de trabalho como fator associado à autonomia profissional.

Palavras-chave: enfermagem, autonomia profissional, ambiente de trabalho.

 

Abstract

Autonomy of nurses in the hospital environment

By understanding that nurses can manage their work process, one sought to identify the trends of Brazilian scientific production, in theses and dissertations, about nurses' autonomy in the hospital environment. This is a narrative type study, and the search was carried out in the thesis and dissertation database of the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes), from May to July 2017. Sixty-six productions were analyzed. Most of these were dissertations, with predominance on the qualitative approach. The year of publication with the greatest number of productions was that of 2013, highlighting the Southern region of Brazil with 50% of the productions found. From the analysis, three thematic focuses emerged: "Nursing work process as a promoter of autonomy", "The relation between recognition and satisfaction of nurses' work and their professional autonomy"; and "Weaknesses of nurses' work in the hospital environment". It is concluded that in the hospital environment the nurse is seen as a manager of the health service, being identified by the leadership and coordination of the work process, in health, as well as it was possible to identify satisfaction and dissatisfaction in this work environment as a factor associated with professional autonomy.

Key-words: nursing, professional autonomy, working environment.

 

Resumen

Autonomía del enfermero en el ambiente hospitalario

Al comprender que el enfermero es capaz de gestionar su proceso de trabajo, se buscó identificar cuáles son las tendencias de la producción científica brasileña, en tesis y disertaciones, acerca de la autonomía del enfermero en el ambiente hospitalario. Se trata de un estudio del tipo narrativo, siendo la búsqueda realizada en el banco de tesis y disertaciones de la Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes), en los meses de mayo a julio de 2017. Se analizaron 66 producciones. La mayoría de estas fueron disertaciones, predominando el abordaje cualitativo. El año de publicación con mayor número de producciones fue el de 2013, con destaque la región Sur de Brasil con el 50% de las producciones encontradas. A partir del análisis, surgieron tres focos temáticos: "Proceso de trabajo de enfermería como promotor de autonomía", "La relación entre el reconocimiento y la satisfacción del trabajo del enfermero y su autonomía profesional"; y "Fragilidades del trabajo del enfermero en el ambiente hospitalario". Se concluye que en el ambiente hospitalario el enfermero es visto como un gestor del servicio de salud, siendo identificado por el liderazgo y coordinación del proceso de trabajo en salud, así como fue posible identificar la satisfacción e insatisfacción en este ambiente de trabajo como factor asociado a la autonomía profesional.

Palabras-clave: enfermería, autonomía profesional, ambiente de trabajo.

 

Introdução

 

A autonomia conforme o filósofo Kant [1] é o começo da dignidade do ser humano e de toda a população raciocinante. Dessa forma, é possível, a partir desse princípio, inferir que a autonomia é a vontade de querer e de ser compreendido. É uma condição essencial e inevitável do desenvolvimento da competência profissional, para que os trabalhadores possam realizar e desenvolver suas atividades e tarefas com qualidade [2].

No que se refere à enfermagem, a autonomia está relacionada à organização e estruturação dos serviços, gerenciamento e gestão de pessoas, questões éticas da profissão, construção e implementação de protocolos, cuidados através da Sistematização da Assistência em Enfermagem (SAE) e processos de trabalho, os quais são responsáveis pela normatização dos serviços [3].

O Processo de Enfermagem, segundo a resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), é um instrumento metodológico que orienta o cuidado. A operacionalização e documentação desse processo trazem reconhecimento e visibilidade do seu trabalho como profissional, garantindo a atenção à saúde da população integralmente e com comprometimento [4].

A enfermagem é reconhecida como uma profissão que exerce o cuidado integral ao paciente, o qual é reflexo do modo de organização do processo de trabalho da equipe de enfermagem. Sendo assim, o enfermeiro responsabiliza-se pela gestão das atividades inerentes ao cuidado, desde a assistência até a organização do ambiente e estruturação dos serviços [3]. A autonomia profissional é definida como a liberdade de tomar decisões ágeis e obrigatórias, que são consistentes à prática do enfermeiro, como também a liberdade para agir sobre essas decisões. Assim, o enfermeiro deve ter autonomia profissional para ser capaz de trabalhar com o paciente e com o restante da equipe multiprofissional para atingir resultados eficazes [5].

O trabalho do enfermeiro nas organizações de saúde visa fundamentar a sua competência e autonomia, para que lidere o serviço com qualidade e produtividade, sabendo agir, passar conhecimentos, aprender diariamente, resolver e auxiliar nas exigências que a unidade demanda [6]. A prática profissional do enfermeiro liga-se a organização, autonomia, relações/ interações enfermeiro-paciente e enfermeiro-profissionais de saúde e as atitudes profissionais em cada situação e em diferentes espaços no âmbito hospitalar [7]. O enfermeiro é capaz de gerir seu trabalho em diversas atuações, como a de administrar, organizar, controlar e cuidar [7].

Diante da realidade exposta, justifica-se este trabalho com a necessidade de reconhecer o exercício da autonomia pelo enfermeiro no ambiente hospitalar, seus fatores e relações presentes diante desta temática. Assim, busca-se responder a seguinte questão norteadora: quais as tendências da produção científica brasileira, em teses e dissertações, acerca da autonomia do enfermeiro no ambiente hospitalar? Para tanto, o estudo ora proposto tem como objetivo: identificar as tendências da produção científica brasileira em teses e dissertações acerca da autonomia do enfermeiro no ambiente hospitalar.

 

Material e métodos

 

Para o alcance do objetivo deste estudo, optou-se pelo desenvolvimento de uma revisão narrativa da literatura. O levantamento bibliográfico foi realizado nos meses de maio a julho de 2017, no banco de Teses e Dissertações do Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Para esse levantamento, utilizou-se a estratégia de busca: hospital AND autonomia. Após, foi aplicado o filtro da grande área do conhecimento - Ciências da Saúde e Ciências da Saúde, resultando em um total de 478 publicações. Em seguida, em cada página foi realizada a busca empregando o atalho Ctrl + F usando o radical “enferm” para abranger a equipe de enfermagem (especialmente enfermeiros), totalizando 212 teses e dissertações. Não foi estabelecido recorte temporal para a busca dos documentos/publicações, tendo em vista abranger o maior número de produções possível.

Os critérios de inclusão elencados para a seleção das publicações foram: dissertação ou tese desenvolvida no ambiente hospitalar, cuja população fosse constituída por enfermeiros; ter resumo completo disponível na base de dados, disponíveis gratuitamente, em formato eletrônico. Foram excluídas do estudo as teses e dissertações que não responderam à questão norteadora.

Após leitura minuciosa dos títulos e resumos foram selecionados 66 documentos, de acordo com a adequação aos critérios de inclusão e exclusão. Como ferramenta para a coleta das informações, utilizou-se de uma tabela contendo a identificação de cada produção (autor, título, abordagem do estudo, população estudada, ano, universidade, local onde a pesquisa foi aplicada e objetivo do estudo), para melhor analisá-los. Após a leitura individual de cada resumo, os mesmos foram agrupados por focos temáticos.

Resultados

 

Considerando as bases metodológicas desta revisão narrativa, realizou-se a leitura criteriosa de todas as informações contidas nos resumos. Para melhor apresentação dos estudos, elaborou-se a tabela I, apresentada a seguir, com as características dos mesmos:

 

Tabela I - Caracterização das produções do banco de Teses e Dissertações do Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Santa Maria, RS, 2017.

 

 

Ao analisar o conjunto dos estudos, verificou-se que das 66 publicações selecionadas, 77,3% são dissertações e 22,7% são teses. O maior número de dissertações se dá devido aos programas de pós-graduação stricto sensu disponibilizarem maior número de vagas para o mestrado. As teses e dissertações foram publicadas entre os anos de 1995 até 2017. Pode-se perceber que as produções com maior porcentagem foram no ano de 2013 com 15,15%, seguido de 2015 com 13,63% e 2016 com 12,12%, caracterizando-se como pesquisas mais atuais neste campo de estudo.

      No que se refere ao tipo de abordagem metodológica, a qualitativa foi a que mais teve destaque (75,75%). Em relação ao cenário em que os estudos foram desenvolvidos, verificou-se que a maioria deles (46,96%) foi realizada com enfermeiros que atuam em diferentes unidades do hospital e de diferentes cargos (cargos de administração, supervisão, gerência, assistência), não sendo específico de uma unidade apenas, o que reflete que a autonomia está diretamente ligada a todos os contextos hospitalares. Quanto às regiões e instituições de ensino superior onde os trabalhos acadêmicos foram produzidos, destaca-se a região Sul do Brasil, com 50% das produções.

 

Discussão

 

Após a caracterização dos estudos, realizou-se a leitura das discussões, agrupando as produções científicas em focos temáticos e evidenciando as tendências encontradas: Processo de trabalho de enfermagem como promotor de autonomia, a relação entre o reconhecimento e a satisfação do trabalho do enfermeiro e sua autonomia profissional e fragilidades do trabalho do enfermeiro no ambiente hospitalar.

 

Processo de trabalho de enfermagem como promotor de autonomia

 

O processo de trabalho em saúde tem como finalidade a ação terapêutica; que envolve uma equipe multidisciplinar, porém, cada qual com sua formação e práticas de trabalho. No ambiente hospitalar o enfermeiro é visto como um gerenciador do serviço de saúde, sendo identificado pela liderança e coordenação do processo de trabalho em saúde [8].

A implantação e o desenvolvimento da SAE possibilitam a valorização e o reconhecimento da enfermagem como profissão; promoção na melhoria da qualidade da assistência e contribuição ao aprendizado científico [9]. A SAE, presente nos estudos, efetiva-se durante o processo de trabalho do enfermeiro a fim de desenvolver competências e habilidades, podendo promover um cuidado sistematizado e o desenvolvimento da autonomia do enfermeiro; gerando sentimentos de prazer e de autorrealização [9,10].

A criação de protocolos e a capacitação dos enfermeiros aparecem como respaldo legal para a profissão e visibilidade da autonomia profissional [11]. Destacam-se estudos que abordaram o uso do Cateter Central de Inserção Periférica (PICC) como um procedimento de pouca utilização pelo enfermeiro devido à falta de conhecimento do mesmo. No entanto, os estudos destacam, também, que o enfermeiro assume uma posição de destaque deste procedimento frente a indicação, inserção, manutenção e retirada do dispositivo com segurança e qualidade [12,13].

Os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) também se apresentam como um recurso técnico para o profissional desenvolver sua prática com qualidade e segurança ao paciente e dispor à equipe informações seguras e que mantenham a continuidade do cuidado [14]. Os protocolos que a enfermagem utiliza em seu processo de trabalho gera segurança aos profissionais por normatizar os procedimentos, sendo desenvolvidos sistematicamente para auxiliar no manejo de um problema de saúde e/ou qualquer tipo de intercorrências que podem vir a acometer os pacientes [15]. Assim, evidencia-se que o processo de trabalho está ancorado em normas e rotinas específicas das instituições hospitalares, tanto na área da assistência como na área da gestão, a fim de possibilitar ao profissional a sua autonomia [16].

Diversas produções abordam a importância do conhecimento que a enfermagem necessita para desenvolver seu trabalho. Ainda, deixam explicito que cada área de atuação tem suas peculiaridades e faz com que seu trabalho seja diferenciado por algum cuidado específico [17].

A autonomia é conquistada por aqueles que assumem o papel na transformação da sua práxis a partir das relações de poder estabelecidas com o outro na perspectiva do crescimento conjunto. Independente da unidade hospitalar, os profissionais de enfermagem passam pelas mesmas situações de trabalho e precisam desenvolvê-lo com conhecimento e eficácia, sempre garantindo o suporte de qualidade da assistência ao paciente [18].

No entanto, é possível perceber que a autonomia tem forte ligação com o conhecimento do profissional, com os seus saberes. Os enfermeiros que buscam o aperfeiçoamento e participam de espaços educativos apresentam maior domínio no trabalho, proporcionando um cuidar qualificado, visibilidade das ações de enfermagem e concomitantemente, pode oportunizar maior autonomia profissional [13,19,20].

Assim, é possível perceber que o trabalho do enfermeiro no ambiente hospitalar assume um papel fundamental na condução da assistência e gerenciamento. Deste modo, a autonomia profissional do enfermeiro é reconhecida pela integralidade do cuidado e pelo processo de trabalho de enfermagem.

 

A relação entre o reconhecimento e a satisfação do trabalho do enfermeiro e sua autonomia profissional

 

Os estudos evidenciaram que a satisfação profissional no ambiente hospitalar se apresenta como um fator importante para a efetivação da autonomia profissional, onde, por meio da satisfação profissional consegue-se perceber os diferentes olhares das equipes no seu ambiente de trabalho. Sabe-se que o trabalho do enfermeiro se baseia no exercício gerencial e na gerência do cuidado, a partir do suporte organizacional e das interações/relações profissionais [21].

Vários autores aplicaram instrumentos a fim de conhecer a satisfação no trabalho dos profissionais da equipe de enfermagem em seu ambiente de trabalho. Dentre estes instrumentos encontra-se o Índice de Satisfação Profissional (ISP) que se divide em: Autonomia, Remuneração, Requisitos do Trabalho, Normas Organizacionais, Status Profissional e Interação [22]. Sabe-se que atualmente os profissionais são expostos a executar atividades para as quais não foram treinados, estando sempre em constante adaptação ao trabalho, devido à alta competitividade presente nas instituições, gerando insatisfação e decréscimo de produtividade. Entretanto, há também mudanças que geram a satisfação em suas tarefas diárias, gerando motivação ao trabalho [22].

Um estudo desenvolvido a fim de verificar a satisfação profissional de enfermeiros no ambiente hospitalar revelou que a remuneração é um dos aspectos mais importantes para esta satisfação, enquanto a autonomia no trabalho é a menos importante [23]. Em contraponto, outros estudos apontam que os enfermeiros atribuíram a maior nota de sua satisfação profissional para a autonomia [24,25]. Cabe aqui ressaltar que cada profissional tem seu prazer no trabalho mediado pelo gostar do que faz, da sensação de sentir-se útil, de prestar atendimento/assistência de qualidade e gostar do seu ambiente de trabalho [26].

A satisfação no ambiente de trabalho também se evidencia pela importância da liberdade na tomada de decisão, pelas atividades desenvolvidas e pela recompensa financeira. No entanto, a falta de reconhecimento da profissão e a dificuldade no relacionamento interpessoal interferem, negativamente, na satisfação destes profissionais [27].

Nesse sentido, reflete-se sobre a possibilidade de mudança e valorização da autonomia e satisfação no ambiente de trabalho dos enfermeiros, mediante ações da instituição hospitalar, proporcionando atividades de educação continuada e prezando pela valorização profissional [28].

Pode-se perceber que a satisfação no trabalho do enfermeiro no ambiente hospitalar versa em sentimento de bem-estar, de interação com a equipe multiprofissional, do apoio institucional, e acima de tudo pelo reconhecimento de seu trabalho. A satisfação e o reconhecimento do trabalho são fatores essenciais para a prestação do cuidado, nas inter-relações profissionais, assim como favorece maior autonomia ao enfermeiro.

 

As fragilidades do trabalho do enfermeiro nas instituições hospitalares

 

Por meio da análise dos achados, foi possível perceber que a tendência desse foco temático é que existem fragilidades no trabalho do enfermeiro que interferem na sua autonomia e podem vir a causar sofrimento psíquico. Essas fragilidades estão associadas às dificuldades relacionadas à sobrecarga de trabalho, falta de funcionários e, ainda, a organização e estruturas administrativas [29]. Pode-se, também, associar a falta de autonomia, com o déficit de conhecimento na área de atuação e a exaustão de trabalho como obstáculos presentes no processo de trabalho do profissional enfermeiro [30].

      Outros estudos destacam que os fatores associados à fragilidade da autonomia profissional são a pouca presença de serviços de apoio à assistência, programas de educação continuada ineficazes, a falta de atualização continua, tempo e oportunidades insuficientes para discutir com os demais profissionais os problemas e os cuidados necessários para assistir o paciente, bem como a pouca participação em decisões administrativas [31].

Ainda, existem situações que interferem no prazer/sofrimento do enfermeiro como, sentir-se útil, ser reconhecida, a sobrecarga de trabalho e o desgaste no ambiente hospitalar, assim como a falta de comunicação entre colegas, conflitos gerenciais relacionados à falta de autonomia e a convivência constante com o sofrimento e a morte [32]. A relação de prazer/sofrimento no trabalho, está interligada com vários fatores como já descrito, mas que podem ser minimizados com o reconhecimento e a motivação para cada profissional, buscando, assim, o prazer de trabalhar e assistir o paciente [32].

Importante finalizar essa temática destacando que o profissional enfermeiro precisa ser reconhecido em seu trabalho. A valorização da profissão é fundamental para a visibilidade do enfermeiro em sua equipe, fortalecendo o seu comprometimento e a motivação para desenvolver sua assistência com maior qualidade e na construção de vínculos com sua equipe [33].

 

Conclusão

 

Ao final da análise aqui empreendida, identifica-se que a autonomia profissional do enfermeiro é um fator importante para a prestação de cuidados integrais, segurança no atendimento e compromisso com o paciente. Para esta autonomia ser reconhecida, os profissionais precisam buscar atualizações, aperfeiçoamentos, especializações, realizar protocolos e a sistematização da assistência para que os processos de trabalho sejam mantidos por todos os profissionais das instituições.

Foi possível perceber a satisfação e insatisfação neste ambiente de trabalho como um fator associado à autonomia profissional, visto que diversos fatores são geradores de desgastes e também de sentimentos de prazer. Conclui-se que a autonomia está relacionada individualmente a cada profissional e a seu processo de trabalho, bem como às especificidades de cada unidade, às relações com a gestão e com os demais profissionais da equipe.

Ressalta-se que este estudo apresenta algumas limitações, uma vez que foi construído a partir dos resumos dos estudos encontrados no banco de Teses e Dissertações do portal CAPES. Ainda, limitou-se pela exclusão de publicações não disponíveis eletronicamente neste portal. A análise na íntegra possibilitaria uma melhor discussão dos resultados apresentados. Deste modo, a pesquisa em outras fontes de dados poderia resultar em outros estudos que não foram contemplados nesta estratégia de busca.

 

Referências

 

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