REVISÃO
Gestantes
usuárias de substâncias psicoativas
Êmily Rodrigues Mota*,
Daiana Foggiato de Siqueira, D.Sc.**,
Keity Laís Siepmann Soccol, D.Sc.***, Silvana de
Oliveira Silva, M,Sc.****, Mirian Lucia Dutra de Campos*****
*Enfermeira
assistencial no Grupo Hospitalar Santiago, **Professora Adjunta do Departamento
de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, ***Professora da
Universidade Franciscana, ****Professora do Curso de Enfermagem da Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI Campus Santiago,
*****Enfermeira, Especialista em Saúde Coletiva, Escola de Educação
Profissional Caio Fernando Abreu – SEG
Recebido em 14 de
dezembro de 2017; aceito em 5 de junho de 2019.
Correspondência: Êmily
Rodrigues Mota, Rua 7 de setembro, 570, 97700-000 Santiago RS
Êmily Rodrigues Mota:
emilly_mota@hotmail.com
Daiana Foggiato de Siqueira: daianasiqueira@yahoo.com.br
Keity Laís Siepmann Soccol:
keitylais@hotmail.com
Silvana de Oliveira
Silva: silvanaoliveira@urisantiago.br
Mirian Lucia Dutra de
Campos: mirian@viacom.com.br
Resumo
Introdução: A exposição das
gestantes às substâncias psicoativas pode levar ao comprometimento irreversível
da integridade do binômio mãe/bebê. Objetivo:
Analisar a produção científica sobre o uso de substâncias psicoativas durante a
gestação. Métodos: Trata-se de uma
revisão de literatura do tipo narrativa. A busca inicial foi composta por 96
produções na base de dados Lilacs, 7 produções na
base de dados BDENF e 1 produção na base de dados IBECS. A partir do
estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão, o corpus desta revisão
constituiu-se em um total de 11 artigos. A análise dos dados foi realizada por
meio da proposta Operativa de Minayo. Resultados: Os artigos foram divididos
em três categorias: Dificuldades no cuidado às gestantes; Fatores de risco ao
uso de substâncias psicoativas; Possibilidades para o cuidado das gestantes. Conclusão: O estudo traz à tona a
importância de o enfermeiro estar sempre atualizado, proporcionando uma
assistência efetiva e de qualidade na atenção básica, contribuindo assim para a
saúde da gestante e do bebê.
Palavras-chave: Enfermagem, gravidez,
transtornos relacionados ao uso de substâncias.
Abstract
Uses
of psychoactive substances
Introduction:
The exposure of pregnant women to psychoactive substances can lead to irreversible
impairment of the integrity of the mother/baby binomial. Objective: To analyze the scientific production on the use of
psychoactive substances during pregnancy. Methods:
This is a literature review of the narrative type. The initial search consisted
of 96 productions in the Lilacs database, 7 productions in the BDENF database
and 1 production in the IBECS database. From the establishment of inclusion and
exclusion criteria, the corpus of this review consisted of a total of 11
articles. Data analysis was performed through Minayo's
Operative proposal. Results: The
articles were divided into three categories: Difficulties in care for pregnant
women; Risk factors for the use of psychoactive substances; Possibilities for
the care of pregnant women. Conclusion:
The study highlights the importance of nurses being always up to date,
providing effective and quality assistance in basic care, thus contributing to
the health of the pregnant woman and the baby.
Key-words: Nursing,
pregnancy, substance-related disorders.
Resumen
Usos de sustancias psicoactivas
Introducción: La exposición de las mujeres embarazadas
a sustancias psicoactivas puede llevar a un deterioro irreversible de la integridad del
binomio madre/bebé. Objetivo: Analizar la
producción científica sobre el
uso de sustancias psicoactivas
durante el embarazo. Métodos: Esta es una revisión
de la literatura del tipo
narrativo. La búsqueda inicial consistió en 96 producciones en la
base de datos Lilacs, 7 producciones en la base de datos BDENF y 1 producción
en la base de datos IBECS. Desde el establecimiento
de los criterios de inclusión y exclusión, el corpus de esta revisión consistió en un
total de 11 artículos. El análisis de los datos se realizó
a través de la propuesta
operativa de Minayo. Resultados: Los artículos se dividieron en tres categorías:
Dificultades en la atención de mujeres embarazadas; Factores de riesgo para el uso de sustancias psicoactivas; Posibilidades para el cuidado de mujeres embarazadas. Conclusión: El estudio destaca la importancia de que las enfermeras estén siempre actualizadas,
brindando asistencia efectiva
y de calidad en la atención básica, contribuyendo así a la salud de la
mujer embarazada y del bebé.
Palabras-clave: Enfermería,
embarazo, trastornos
relacionados con sustancias.
A gravidez é um
acontecimento complexo e uma experiência permeada por muitos sentimentos [1]. É
uma etapa importante na vida da mulher e representa a fase anterior ao parto,
na qual ocorrem mudanças físicas, com transformações diárias, acompanhadas de
alterações emocionais e comportamentais. Durante esse período, a mulher pode
ficar mais suscetível emocionalmente e, devido a isso, pode revelar-se mais
fortalecida e amadurecida, ou, então, mais vulnerável. Dessa forma, o
acompanhamento adequado faz-se necessário durante todo processo gestacional
[2].
Diante de todas estas
transformações, a experiência de gestar leva a uma intensificação da
sensibilidade e emotividade da mulher, o que a torna passível de várias
alterações emocionais [3]. Considera-se que, durante a gravidez, mesmo a mulher
em boas condições de saúde, podem haver momentos de grande estresse físico e
mental. Esses momentos se intensificam quando a gestação vem acompanhada por
situações em que colocam a mãe o bebê em risco, como, por exemplo, o uso de
álcool e outras drogas.
A ingestão dessas
substâncias é vista como um dos principais problemas de saúde pública, pois
elas produzem alterações do estado de consciência e alteram o comportamento das
pessoas que as utilizam [4]. Quando envolve gestantes, esse problema gera uma
repercussão mais ampla, pois a exposição dessas mulheres às substâncias
psicoativas pode levar ao comprometimento irreversível da integridade do
binômio mãe/bebê [5].
A ligação da gravidez
com o uso de substâncias é um fator que coloca em risco a maternidade. O receio
e a preocupação com esse acontecimento vêm se acentuando à medida que aumenta a
prevalência do uso de substâncias psicoativas pelas mulheres grávidas, o qual
vem ocorrendo durante os últimos anos [1].
O uso de drogas no
Brasil, tanto lícitas quanto ilícitas, teve um aumento significativo pela
população feminina ao longo dos anos. Estima-se que cerca de 20% das mulheres
façam uso de drogas durante o período da gestação [6]. Segundo o Ministério da
Saúde, o consumo inapropriado de substâncias psicoativas é um dos maiores
problemas de saúde pública da atualidade [7].
O consumo de
substâncias psicoativas representa um importante risco à saúde da mulher e ao
feto, uma vez que essas substâncias podem ultrapassar a barreira transplancentária. Dessa forma, não há como a gestante
fazer uso dessas substâncias sem que haja dano para ela e o bebê [4]. Nesse
aspecto, as substâncias não sofrem metabolização, agindo então diretamente na
vascularização fetal [1].
Neste sentido, é
necessário que o uso de substâncias psicoativas seja identificado o mais breve
nas gestantes. Ao serem acolhidas na Unidade Básica de Saúde, as gestantes
deverão ser encaminhadas para um serviço especializado, onde serão feitas as
devidas avaliações para dar continuidade à assistência ao pré-natal conforme
previsto no protocolo do Ministério da Saúde [6]. Nesse contexto, os
profissionais de saúde possuem um papel de extrema importância.
A atuação do enfermeiro
é essencial na atenção primária, pois realiza o acompanhamento e o pré-natal. É
importante também salientar que o enfermeiro realiza o pré-natal de baixo
risco, bem como identifica e acompanha o pré-natal de alto risco [8]. Além
disso, os profissionais da área da saúde têm a possibilidade de oferecer seu
conhecimento a serviço do bem-estar da gestante e do bebê, reconhecendo a
necessidade de intervenções para garantir a saúde de ambos [7].
Diante do exposto
justifica-se a necessidade de aprofundar o conhecimento acerca dessa temática
pelo enfermeiro, para que o mesmo possa dar suporte e desenvolver um cuidado
integral às gestantes. Além disso, ressalta-se que este estudo está aliado a
trajetória acadêmica a partir de inquietações surgidas no decorrer do curso,
durante as aulas práticas e estágios, quando se observou a necessidade do
enfermeiro em conhecer as necessidades de saúde das gestantes que fazem uso de
substâncias psicoativas.
Assim, tem-se como
questão orientadora: Qual a produção científica sobre o uso de substâncias
psicoativas durante a gestação? E, como objetivo analisar a produção científica
sobre o uso de substâncias psicoativas durante a gestação.
Trata-se de uma revisão
de literatura do tipo narrativa. Esse tipo de revisão vem sendo utilizada para
relatar o desenvolvimento de determinado assunto. As revisões baseiam-se em
análise de artigos, livros entre outros documentos, bem como sua interpretação,
contendo a análise crítica do autor [9].
Para a realização da
busca, foram definidos alguns descritores, previamente testados nos Descritores
em Ciências da Saúde (DeCS) que são: gravidez e
transtornos relacionados ao uso de substâncias. A busca foi realizada na base
de dados Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e no Índice
Bibliográfico Español em Ciencias
de la Salud (IBECS) no mês
de junho de 2019.
Como critérios de
inclusão, utilizaram-se os artigos de pesquisas de campo, disponíveis na
íntegra, nos idiomas inglês, português ou espanhol, online e gratuitos. E como
critérios de exclusão, os que não responderam ao objetivo proposto, teses e
dissertações, manuais ministeriais e estudos que apresentassem duplicidade. O
recorte temporal para seleção das produções foi de 2001-2018, tendo como marco
a Reforma Psiquiátrica [10].
A busca inicial foi
composta por 96 produções na base de dados Lilacs, 7
produções na base de dados BDENF e 1 produções na base de dados IBECS. A partir
do estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão, o corpus desta revisão
constituiu-se em um total de 11 artigos. Conforme figura 1 a seguir:
Figura 1 – Fluxograma elaborado a partir dos critérios de inclusão e exclusão.
A análise dos dados foi
realizada por meio da proposta Operativa de Minayo
(2014) que possui três etapas: pré-análise,
exploração de material e tratamento dos resultados obtidos e interpretações. A pré-análise consiste na seleção dos materiais a serem
analisados, a exploração do material visa alcançar o foco do entendimento dos
textos e busca encontrar as categorias, e; o tratamento dos resultados e
interpretações permite colocar em relevo as informações obtidas.
Após análise dos dados,
os artigos foram divididos em três categorias: Dificuldades no cuidado às
gestantes; Fatores de risco ao uso de Substâncias psicoativas; Possibilidades
para o cuidado das gestantes.
Salienta-se que os
aspectos éticos foram respeitados no que se refere a zelar pela legitimidade
das informações e autoria dos estudos.
Os 11 artigos
analisados estavam distribuídos em duas bases de dados, dez artigos na Lilacs e um artigo na BDENF. Quanto ao idioma, nove artigos
são em português e um em espanhol. No que diz respeito ao ano das publicações,
verificou-se um artigo no ano de 2009, um em 2010, um em 2011, três em 2013, um
em 2014, três em 2015 e um em 2018. Em relação aos países de publicação, nove
artigos são do Brasil, um da Argentina e um dos Estados Unidos. E, quanto à
metodologia, seis estudos foram de abordagem quantitativa e cinco de abordagem
qualitativa.
Dificuldades
no cuidado às gestantes
Esta categoria
refere-se às ações dos enfermeiros que, por vezes, são consideradas
insuficientes para as demandas de cuidados das gestantes. Apesar de receberem
orientações pertinentes ao uso de substâncias psicoativas, são insuficientes e,
ainda, essas gestantes não são encaminhadas aos serviços especializados para
tratamento. Essa temática é alvo de obstáculos entre os profissionais e as
gestantes usuárias, resultando em assistência e informações insuficientes,
durante o pré-natal, além do conhecimento dos profissionais ser restrito e a
troca de experiência entre eles não ser frequente.
As condutas executadas
pelo enfermeiro da unidade básica ainda são insatisfatórias, pois, apesar das
gestantes receberem informações e orientações sobre as consequências do uso de
substâncias, não são encaminhadas aos centros especializados para
acompanhamento [6]. Para alcançar uma assistência integral de qualidade, as
unidades devem trabalhar diretamente com os CAPS a fim de desenvolverem um
Projeto Terapêutico Singular às gestantes [11].
As gestantes usuárias
não buscam realizar o pré-natal como o esperado, além de não terem participação
ativa em grupos de gestantes disponibilizados pelas unidades básicas, sofrendo
assim maiores complicações durante o parto. A maioria não procura assistência
nem orientações durante o período da gravidez. A fragilidade socioeconômica e
as condições psicoemocionais que elas vivenciam não favorecem o autocuidado e
implicam na baixa adesão ao pré-natal. Algumas em situação de rua procuram
ajuda apenas na hora do parto, dificultando uma assistência efetiva e de
qualidade, pois a equipe desconhece sua realidade, riscos e necessidades
[12-14].
Além disso, as
gestantes sentem dificuldades em cessar com o uso das drogas durante a gestação
e que as informações recebidas nas unidades eram insuficientes [1]. O
conhecimento das gestantes sobre o assunto é bastante escasso, principalmente
no que se refere à gestação e o uso de álcool e drogas. Um estudo evidência
que, apesar do uso de drogas ser um assunto bastante comum hoje em dia, o
diálogo e a troca de conhecimentos entre os profissionais que atendem essa
demanda não são habituais, resultando em complicações na saúde da mulher e do
bebê, pois não é possível identificar as necessidades e os riscos [5].
Destaca-se que o
cuidado com as gestantes usuárias de substâncias psicoativas é bastante
complexo, exigindo preparo dos enfermeiros. Os profissionais devem ser
específicos e tratar cada gestante de acordo com suas particularidades e
características [12].
Há discriminação entre
as gestantes e puérperas usuárias de drogas e isso implica não aderirem à
assistência pré-natal ou a procurarem os serviços tardiamente. As unidades
básicas de saúde são a porta de entrada para o SUS e deverão atender as
usuárias de forma humanizada e com resolutividade [11].
Deste modo, as
consultas e as orientações oferecidas no pré-natal são importantes na prevenção
do uso de substâncias na gestação e após o parto. Os profissionais devem
continuar orientando as usuárias, a fim de conscientizar sobre os perigos e
consequências das substâncias psicoativas [12].
Os enfermeiros são
essenciais na assistência da unidade básica, pois trabalham diretamente com
pessoas que apresentam riscos de saúde devido ao uso de álcool e drogas. Ao
reconhecerem os problemas relacionados à ingestão de substâncias, podem
oferecer cuidado de qualidade, desenvolvendo ações assistenciais em benefício
dessas pessoas [13].
É imprescindível que os
profissionais da saúde que realizam o pré-natal tenham conhecimento suficiente
sobre o assunto. Assim, poderão orientar as gestantes usuárias adequadamente e
investir em condutas de prevenção, além de encaminhá-las em casos mais graves
para serviços especializados, garantindo assim, maior sucesso e adesão à
assistência pré-natal.
Fatores
de risco ao uso de substâncias psicoativas
O tema abordado nesta
categoria relaciona as questões familiares, socioeconômicas, culturais,
biopsicossociais como fatores de risco para o envolvimento com substâncias
psicoativas [4]. Esses fatores são determinantes para a procura das substâncias
psicoativas, pois as pessoas procuram nas substâncias o alívio para seus
problemas.
Contudo, os
profissionais não sabem ao certo os verdadeiros motivos que levam as mulheres
gestantes a consumir substâncias ilícitas na gestação, pois, às vezes, estas
omitem essas informações da equipe. Ainda, há outros fatores que interferem,
tais como dificuldade no acesso aos serviços, assistência pré-natal
insuficiente e baixo nível socioeconômico [11].
Estudo aponta que há
relação entre o uso de substâncias psicoativas e as relações familiares. A
gravidez na adolescência representa um dos agravantes resultantes desta
relação. Nesse sentido, necessita de um olhar atento por parte dos
profissionais voltados ao contexto familiar [15].
A família está
diretamente relacionada ao desenvolvimento saudável de seus membros, já que ela
exerce uma influência bastante significativa em relação ao uso ou não de
substâncias psicoativas. É fundamental a presença dos pais na vida dos
adolescentes, interessando-se pelo seu cotidiano e problemas, pois eles
necessitam saber que os pais estão presentes, tendo, assim, um grupo familiar
disposto a resolver os conflitos que surgirem [16].
Ainda, a família possui
um papel importante no sentido de proteção à criança e ao adolescente mesmo
antes deles terem algum contato com as drogas. O diálogo é essencial para gerar
um ambiente agradável e harmonioso, contribuindo assim para o cuidado e o
conhecimento sobre os efeitos das drogas na vida de quem as utiliza [16].
Estudo evidencia que
carência afetiva, falta de estrutura familiar, ansiedade, transtornos
psiquiátricos e histórico de depressão são considerados fatores determinantes
para o envolvimento das pessoas com as substâncias ilícitas. Entretanto, a
ingestão de bebidas alcoólicas se mostrou predominante em gestantes com mais
idade, com baixa escolaridade, tabagistas e sem nenhum tipo de apoio social
[4].
Frente ao exposto,
torna-se essencial que a equipe de saúde, com ênfase nos enfermeiros, durante o
pré-natal, atente para as condições de vida da gestante e não apenas no
desenvolvimento gestacional. Assim, facilita a identificação de fatores de
risco que poderão levar a gestante a procurar pelas drogas, além de trabalhar o
processo de prevenção e intervenção nesse contexto.
Possibilidades
para o cuidado das gestantes
Esta categoria
refere-se à importância dos profissionais em realizar e acompanhar o pré-natal
em gestantes usuárias de substâncias psicoativas, ressaltando a necessidade de
realizar atividades que estimulem o autocuidado. Ressalta-se que as orientações
em grupos de gestantes sobre o risco do uso de substâncias e suas consequências
durante a gestação são bastante importantes nesse período.
Estudo aborda a
necessidade de qualificação do cuidado que deve emergir a partir da
qualificação dos profissionais que atendem essas pacientes [14]. Os
profissionais de saúde precisam estar atentos quanto às condições de vida da
gestante, além de suas questões familiares [4]. Foi identificada a precisão de
elaborar formas de estimular a aceitação da desintoxicação química, além de
realizar práticas de autocuidado com as mulheres gestantes [1].
Estudo mostrou que as
atividades desenvolvidas com as gestantes foram satisfatórias para o
autocuidado das mesmas diante de suas realidades [1]. Ressalta-se a necessidade
de sensibilizar os profissionais sobre a importância de acolher, orientar e
apoiar as gestantes usuárias de substâncias, a fim de reverter em uma
assistência pré-natal de qualidade [8].
É essencial destacar
que quando os profissionais prestam assistência a uma gestante usuária, a
conduta inicial é verificar a possibilidade de a situação ser tratada na
unidade ou requer hospitalização da paciente. Entretanto, há alguns aspectos
que deverão nortear os profissionais para a escolha, tais como a intensidade
dos sintomas, nível de aceitação e realidade da paciente [11].
Os enfermeiros são
fundamentais no processo de transformação social, através de planejamento de
programas e desenvolvimento de projetos com foco em promoção da saúde,
integrando a prevenção do uso de drogas e reabilitação. Além disso, é
imprescindível o trabalho em rede estabelecida pelos profissionais e unidades
de saúde, pois fortalecem o cuidado e a assistência com as gestantes usuárias
de substâncias e seus familiares [13].
Quanto às ações de
prevenção, devem ser planejadas e desenvolvidas para as comunidades que estão
expostas ao risco, que tenham problemas devido ao uso de drogas. Dessa forma,
os profissionais devem construir estratégias que auxiliem na prevenção,
promoção e tratamento dos agravos que as drogas causam não somente no ambiente
familiar, mas em toda a comunidade [12].
É necessária ainda a
elaboração de políticas públicas mais específicas e direcionadas à gestante,
com enfoque na prevenção e tratamento do uso de drogas. Essas estratégias
facilitam a assistência e permitem reduzir consideravelmente os efeitos e as
consequências causadas pelas drogas na mãe e no bebê [17]. Por fim, destaca-se
que o cuidado com as gestantes usuárias de substâncias é delicado, pois exige
preparo e dedicação dos profissionais da saúde, os quais precisam estar cientes
da realidade e condições de vida de cada usuária.
Ao buscar e analisar a
produção na literatura científica sobre o uso de substâncias psicoativas,
durante a gestação, constatou-se que há dificuldade no cuidado às gestantes e a
presença de fatores de risco ao uso de substâncias psicoativas. Mas, tem-se a
possibilidade de cuidado das gestantes. Para isso, verificou-se a necessidade
dos enfermeiros em aprofundar os conhecimentos relacionados ao uso de
substâncias em mulheres gestantes, visto a necessidade de um acompanhamento
adequado durante o período da gestação.
Ficou evidente que o
uso de substâncias em mulheres gestantes acarreta inúmeros malefícios em sua
saúde, envolvendo ameaça de aborto, descolamento de placenta, depressão, partos
prematuros, modificação na produção do leite materno e distúrbios do sono. Além
disso, para o recém-nascido os danos são devastadores, incluindo malformações
congênitas, sintomas psiquiátricos, irritabilidade, baixo peso e dificuldades
comportamentais.
O estudo traz à tona a
importância de o enfermeiro estar sempre atualizado, proporcionando uma
assistência efetiva e de qualidade na atenção básica, contribuindo assim para a
saúde da gestante e do bebê. Outro fator a ser considerado é sobre a necessidade
de o enfermeiro reconhecer e identificar os fatores de risco, encaminhando a
gestante a serviços especializados a fim de prezar pela integridade da saúde de
ambos.
Após a realização deste
estudo, concluiu-se que o mesmo é importante, pois traz uma oportunidade de
reflexão sobre um assunto debatido no âmbito da enfermagem, sendo o mesmo
considerado um problema de saúde pública. Tal reflexão visa uma consolidação de
aprendizagem do enfermeiro e uma mudança de condutas na assistência prestada às
gestantes usuárias, contribuindo significativamente para uma ressignificação do
ato do cuidar em um dos momentos mais importantes na vida dessas mulheres.
Como limitação do
estudo pode-se citar o fato de ter sido utilizado nas estratégias de busca
somente os descritores para recuperar as produções nas bases de dados, pois se
observou certo descompasso entre estes termos e as palavras-chave utilizadas
nos artigos selecionados, o que pode ter contribuído para que algumas produções
não fossem acessadas.