RELATO
DE CASO
Principais
diagnósticos de enfermagem para o portador de sequela de acidente vascular
encefálico
Gislania Alexandra
Lescano*, Jair Rosa dos Santos**
*Graduando do Curso
de Enfermagem do Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN),
**Especialista em Educação profissional na área de saúde – Enfermagem Fiocruz
Recebido
em 3 de outubro de 2014; aceito em 26 de março de
2015.
Endereço
para correspondência: Jair Rosa dos Santos, Universidade Estadual de Mato
Grosso do Sul, Cidade Universitária de Dourados, 79804-970 Dourados MS, E-mail:
jair@uems.br, Gislania Alexandra Lescano, gi_lesk@hotmail.com
Resumo
O
Acidente Vascular
Encefálico (AVE) é a consequência de uma
interrupção do fornecimento vital de
oxigênio ao cérebro, afetando os sentidos da fala, o
comportamento e a memória.
Este se constitui em uma das principais causas de óbito no
Brasil. Por isso,
realizou-se um estudo de caso de abordagem descritiva com objetivo de
apresentar os principais diagnósticos de enfermagem ao portador
de sequela de
AVE. O estudo foi realizado na Clínica de Fisioterapia do Centro
Universitário
da Grande Dourados, após a aprovação do
Comitê de Ética e da aceitação do paciente
em participar da pesquisa. Foi realizado exame físico e anamnese
na consulta de
enfermagem e os dados descritos conforme os principais
diagnósticos de
enfermagem em paciente do sexo masculino portador de sequela de AVE.
Portanto,
conclui-se ser importante a realização do
diagnóstico de enfermagem para
realização de uma intervenção
individualizada ao paciente.
Palavras-chave: acidente vascular
cerebral, diagnóstico, Enfermagem.
Abstract
Primary nursing diagnosis to patient with stroke sequelae
The stroke is the result of an interruption of vital oxygen supply to
the brain, affecting natural senses such as speech, behavior and memory. This
is a major cause of death in Brazil. Therefore, a case study of descriptive
approach aiming at presenting the main nursing diagnoses to patients with
stroke sequalae was performed. The study was
conducted in the Physical Therapy Clinic of University Center of Grande Dourados after approval of a Research Ethics Committee and
patient consent to participate in the research. Physical examination was
performed as well as medical history in nursing consultation, and data were
described according to the main nursing diagnoses in male patient with stroke sequealae. It is important to undertake the nursing
diagnosis in order to perform an intervention to each individual patient.
Key-words: stroke,
diagnosis, Nursing.
Resumen
Principales diagnósticos de enfermería al portador de secuela de accidente cerebrovascular
El accidente vascular
encefálico (AVE) es cuando ocurre una interrupción del
suministro de oxígeno al cerebro, afectando el habla, el comportamiento y la
memoria. Este se constituye como una de las principales causas de óbito en
Brasil. Por eso, se realizó un estudio de caso de abordaje descriptivo con el objetivo de presentar los principales diagnósticos de
enfermería al portador de secuela de AVE. El estudio fue realizado en la Clínica de Fisioterapia del Centro Universitario de
Grande Dourados, después de considerado y aprobado por el Comité de Ética y
aceptación del paciente en participar de la investigación. Se ha realizado un
test físico y anamnesis en la consulta de enfermería y
los datos descritos conforme los principales diagnósticos de enfermería en
paciente de sexo masculino portador de secuela de AVE. Por lo tanto, se
concluye que es de vital importancia la realización
del diagnóstico de enfermería para que se pueda ejecutar una intervención
individualizada al paciente.
Palabras-clave: accidente
cerebrovascular, diagnóstico, Enfermería.
Segundo Diepenbrok
[1], acidente vascular encefálico (AVE) ocorre quando o fornecimento vital de
oxigênio ao cérebro é interrompido, afetando os sentidos da fala, o
comportamento, os padrões de pensamento e a memória. Além disso, o AVE pode ser ocasionado por êmbolo arterial, assim como
por trombose arterial ou venosa, consequentemente causando uma isquemia ou
hemorragia cerebral.
Jimenes et al. [2] complementam que o AVE
compromete as funções motoras e sensitivas do paciente, o que levará a encurtamento
ou deformidades, alterações cognitivas e psicossociais. Como resultado, haverá
redução das atividades de vida diária do paciente, tornando-o dependente dos
cuidadores.
Podemos classificar o AVE em isquêmico e hemorrágico: acidente vascular isquêmico
é considerado uma oclusão de um vaso sanguíneo que interromperá o fluxo de
sangue em uma região específica do cérebro, o que irá interferir com as funções
neurológicas daquela região afetada, produzindo uma sintomatologia ou déficits
característicos [3].
“No acidente vascular
hemorrágico existe hemorragia (sangramento) local, com outros fatores
complicadores tais como aumento da pressão intracraniana, edema (inchaço)
cerebral, entre outros, levando a sinais nem sempre focais” [4].
O indivíduo que teve
um acidente vascular encefálico poderá apresentar um dos seguintes sinais ou
sintomas: dormência ou fraqueza das pernas ou braços; confusão ou alteração no
estado mental; dificuldade de falar; distúrbios visuais; dificuldade de deambular
e cefaleia grave. Em geral, independente do tipo da sequela, a lesão cerebral é
causa de insatisfação pela perda da autonomia decorrente das incapacidades que
a acompanha [5].
O
AVE
constitui a maior causa de óbito no Brasil, assim como a ocorrência de sequelas
incapacitantes em adultos. Portanto, possui um grande impacto econômico tanto
para tratamento específico da doença quanto para a reabilitação, “ocasionando
um ônus familiar e social elevados. Ao redor de 30% dos doentes que sofrem um AVE falecem no primeiro ano e 30% ficam com sequelas
graves e/ou incapacitantes”. O principal fator de risco para o AVE é a
hipertensão arterial, contudo se for devidamente controlada, haverá uma redução
das taxas de incidência [6].
Como podemos observar,
após um episódio de AVE, uma série de déficits neurológicos e emocionais serão
apresentados, por isso o diagnóstico de enfermagem é essencial para que se
tomem decisões sobre as intervenções propostas, e estejam fundamentadas a
partir da avaliação do estado de saúde do indivíduo.
Na enfermagem são
utilizados diversos tipos de instrumentos para realização do seu exercício
profissional, podendo ser citado o Processo de Enfermagem um método preconizado
para realização da assistência prestada. Santana e Carvalho [7] dizem que “o
processo de enfermagem é o paradigma científico, sem alternativa até o momento
atual, de que a enfermagem deve lançar mão para ser reconhecida e consolidada
como ciência”.
Conforme Wanda Horta
de Aguiar [8], “o processo de enfermagem é a dinâmica das ações sistematizadas
e inter-relacionadas que visa uma assistência humanizada”. A enfermagem é
prestada ao ser humano e não à sua doença ou ao desequilíbrio. O primeiro passo
do processo de enfermagem é o Histórico de Enfermagem no qual é feito um
roteiro sistematizado para levantamentos dos dados que devem ser concisos, sem
repetições, e que permitam cuidados imediatos e que sejam individualizados;
esses dados são analisados e avaliados.
Segundo Lefevre [9],
na fase “histórico de
enfermagem” você realiza a coleta de dados e examina informações
sobre a situação de saúde, buscando evidências de funcionamento anormal ou
fatores de riscos que possam estar contribuindo para os problemas de saúde. O
segundo passo é o Diagnóstico de Enfermagem no qual são identificados os
problemas de enfermagem que levam a uma identificação das necessidades básicas
afetadas e do grau de dependência do paciente em relação à enfermagem para seu
atendimento.
Os diagnósticos de
enfermagem são julgamentos clínicos sobre as respostas do indivíduo, da família
ou da comunidade a problemas de saúde reais ou potenciais, e proporcionam as
bases para as seleções de intervenções de enfermagem para alcançar resultados
pelos quais o enfermeiro é responsável [10].
A primeira listagem
de diagnóstico deu-se a partir de um grupo de profissionais que organizaram os
diagnósticos de enfermagem em ordem alfabética para elaborar um sistema
conceitual que direcionou a classificação dos diagnósticos em uma taxonomia. Em
1982, esse mesmo grupo de profissionais adotou um regimento interno e foi
criada a NANDA [11].
Na décima quarta
conferência da NANDA, em abril de 2002, houve diversas modificações na
organização dos diagnósticos de enfermagem e, por isso, foi criada a II
taxonomia projetada para aumentar a flexibilidade da nomenclatura e
modificações que se adequassem melhor para a utilização em bancos de dados
[11].
Atualmente, a
taxonomia da NANDA é o sistema de classificação mais utilizada do mundo e a
cada dois anos é revisada. Cabe ressaltar que a etapa de diagnóstico de
enfermagem requer do profissional conhecimento técnico-científico atualizado,
bom entendimento e interpretação dos dados coletados na anamnese e no exame
físico para que as intervenções de enfermagem sejam coerentes com o estado de
saúde do cliente.
O terceiro passo é o
Plano Assistencial, ou seja, a partir dos problemas identificados será prestada
a assistência de enfermagem que o cliente deve receber diante do diagnóstico estabelecido,
sendo este sistematizado (orientação, ajuda e execução
de cuidados a fazer). Conforme Bachion [12], o planejamento da assistência de
enfermagem consiste em um plano de ações para se alcançarem resultados em
relação a um diagnóstico de enfermagem.
A enfermagem expressa
o cuidado por meio do alívio do sofrimento e manutenção da dignidade através
das experiências de saúde, vida e morte. Por isso, o cuidado do enfermeiro
assim como o de sua equipe deve ser estendido para os familiares de seus
clientes, para garantia de melhor dependência, coesão e competência [13].
Para que o cuidado
ocorra de forma acolhedora, o cuidador deve mostrar sensibilidade, delicadeza e
profissionalismo em suas palavras e ações, ou seja, devem-se excluir preconceitos
de qualquer ordem e utilizar a relação interpessoal como base entre seres
humanos. Nesse sentido para nos envolvermos dessa maneira é necessário um
preparo emocional do profissional que irá, consequentemente, se expor e se
colocar como ferramenta de trabalho. Também é importante que o enfermeiro
conheça bem a comunidade na qual seu cliente está inserido, assim como a
cultura e crenças de cada cliente [14].
O quarto passo: Plano
de Cuidados, ou Prescrição de Enfermagem, que seria a implementação
do plano assistencial diário, devendo ser avaliado sempre, favorecendo a
obtenção de novos dados necessários para que ocorra a próxima fase. Segundo a
SAE [11:78] “os enfermeiros não prescrevem nem tratam as condições médicas e
sim prescrevem cuidados para as reações das condições clínicas que correspondem
a complicações fisiológicas”.
É importante deixar
claro que as prescrições devem ser redigidas de forma clara a fim de evitar que
quem as leia tenham dúvidas a respeito das atividades que devem ser executadas.
O quinto passo: Evolução de Enfermagem que é o relato diário das mudanças
sucessivas que ocorrem no indivíduo enquanto estiver sob
assistência profissional. E o último passo Prognóstico de Enfermagem: “é
a estimativa da capacidade do indivíduo em atender suas necessidades básicas
alteradas após a implantação do plano assistencial” [15].
Machado et al. [16:247] destacam que a Enfermagem precisa relatar a
respeito dos cuidados de modo que facilite a adaptação da família a nova
situação. Por isso é importante a “criatividade e sensibilidade do profissional
para promover a capacitação dos cuidadores que irão colaborar diretamente com a
equipe de saúde para possibilitar a continuidade dos cuidados
extra-hospitalares”.
Desta forma pode-se
definir o diagnóstico de enfermagem como um julgamento clínico das respostas do
indivíduo, família e comunidade aos problemas de saúde reais e potenciais,
proporcionado a base para seleção das intervenções de
enfermagem, visando o alcance dos resultados pelos quais o enfermeiro é
responsável [10]. Por isso, questionou-se: A identificação dos principais
diagnósticos de enfermagem para o portador de sequela de AVE proporciona uma
assistência de qualidade?
Para responder a este
questionamento, foi realizado um estudo com a finalidade de apresentar os
principais diagnósticos de enfermagem ao portador de sequela de AVE, com
subsídio para uma intervenção de qualidade, possibilitando como papel do
enfermeiro orientar, estimular e dar informações ao cliente e as pessoas
envolvidas nas prestações dos cuidados. Assim como traçar o perfil desse
paciente e levantar os principais diagnósticos de enfermagem através dos
problemas identificados, para melhorar a assistência a esse paciente e
compreender a importância da consulta de enfermagem.
Desta forma este
estudo de caso com abordagem descritiva teve grande relevância para o
profissional enfermeiro, visto que o mesmo é baseado em consulta de enfermagem
que identifica o profissional qualificado.
Esta pesquisa serve
como fonte de informação para as comunidades acadêmicas e profissionais que se
interessarem pelo assunto diagnóstico de enfermagem ao portador de sequela de
AVE, valorizando desta forma o ensino aprendizagem e a melhoria do atendimento
ofertado a população alvo.
Ao portador de
sequela de AVE, os principais diagnósticos de enfermagem servirão de base
norteadora para uma melhora na assistência de enfermagem e em sua qualidade de
vida.
A pesquisa foi
descritiva do tipo estudo de caso. De acordo com Baruffi [17], as pesquisas
descritivas têm como objetivo descrever, registrar, analisar, interpretar e
correlacionar fatos ou fenômenos de uma determinada população.
Segundo Gil [18],
estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de
poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.
O projeto de pesquisa
foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário da
Grande Dourados, UNIGRAN, conforme a Resolução do Conselho Nacional de Saúde
196/96 regulamentadas basicamente pelas Diretrizes e Normas Regulamentadoras
para a pesquisa em Saúde do Conselho Nacional da Saúde “que dita às diretrizes
e normas com pesquisas envolvendo seres humanos e que garante os princípios de
autonomia, beneficência, não maleficência e justiça”, entre outros, e visa
segurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos
sujeitos da pesquisa e ao estado.
Após a aprovação do
CEP (protocolo n. 098/10), foi entregue para o pesquisado um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) contendo os objetivos, riscos e
benefícios da pesquisa.
O participante não
recebeu nenhuma forma de pagamento ou benefício material pela participação
neste estudo, da mesma forma, não sofreu nenhum ônus financeiro. Após o início
da pesquisa, se o indivíduo tivesse interesse manifesto de se retirar da pesquisa
teve a autonomia para fazê-lo a qualquer momento sem sofrer nenhum tipo de
constrangimento ou coerção. A identidade do indivíduo foi mantida em sigilo
absoluto.
A pesquisa foi
realizada na Clínica de Fisioterapia da Unigran, já que oferece tratamento
especializado gratuito de reabilitação ao portador de sequela de AVE. A Clínica
tem como objetivo oferecer suporte para que os acadêmicos da área da saúde,
incluindo os cursos de enfermagem, fisioterapia e psicologia no contexto
multiprofissional, que, através de aulas práticas supervisionadas, oferecem um
atendimento multidisciplinar e humanizado. A Clínica Escola de Fisioterapia da
Unigran é conveniada ao SUS desde fevereiro de 2006, oferecendo atendimentos
multiprofissionais de qualidade à população atendida na Rede Municipal de
Saúde.
Foi realizada a
coleta de dados por meio do processo de enfermagem no paciente portador de
sequelas de AVE. A amostra foi escolhida por ser paciente com limitações
físicas e cognitivas resultantes da agressão de uma doença que causa
incapacitação funcional. O recrutamento realizou-se com portador de sequela de
AVE atendido na clínica de fisioterapia e teve como exclusão
indígenas.
Os dados foram
coletados por meio do exame físico e anamnese na consulta de enfermagem e
descritos como os principais diagnósticos de enfermagem baseado no livro:
Diagnóstico de enfermagem da NANDA 2007-2008, concluindo com uma discussão de
outros autores.
Histórico
Paciente masculino,
52 anos, nascido em 10/03/1958, natural de Dourados/MS, entrevista realizada no
dia 23/08/2010, paciente relata que estava deitado quando começou a sentir
tremores e dormência nas extremidades de seus dedos das mãos, foi levantar e
não conseguiu ficar de pé, então pediu socorro a sua esposa e foi levado ao
Hospital Evangélico. Foi diagnosticado com AVE isquêmico, permanecendo seis
dias internado. Logo após receber alta, apresentou quadro de perda de memória e
hemiplegia esquerda.
História familiar —
casado, tem dois filhos, mora em casa de alvenaria, com água tratada e rede de
esgoto, sobrevive com sua aposentadoria e com salário da esposa.
Antecedentes
familiares — mãe e pai hipertensos, paciente refere que não é alérgico,
atualmente não tem vícios, mas relata que foi fumante e etilista durante trinta
anos, faz uso de medicamentos para hipertensão e diabetes mellitus, possui uma
alimentação controlada de acordo com uma dieta saudável, padrões de sono e
repouso tranquilos, eliminações fisiológicas são normais.
Exame
físico
Paciente consciente,
orientado, comunicativo, afebril, normotenso, normocárdico, eupneico. Ao exame
físico, apresenta crânio simétrico, couro cabeludo íntegro sem sujidades, olhos
simétricos, pupilas isocóricas fotorreagentes, nariz centralizado na face,
narinas pérvias, realizado inspeção das orelhas ambas alinhadas, pavilhão
auricular canal auditivo com presença de cerúmen, boca e mucosa oral
normocorada, dentição completa, região cervical íntegra sem nódulos palpáveis,
tórax anterior e posterior simétricos, sem deformidades e com boa
expansibilidade, na ausculta cardíaca bulhas normorítmicas normofonéticas de 2 tempos sem sopro, frequência cardíaca 70 bpm, pulso
rítmico, pressão arterial 130 x 100 mm Hg, na ausculta pulmonar com murmúrios
vesiculares presentes, ausência de ruídos adventícios, frequência respiratória
20 rpm, T. 36,5°C, no abdome realizado inspeção ausência de cicatrizes
cirúrgicas, abaulamentos ou depressões, flácido e globoso, auscultado
movimentos peristálticos com ruídos hidroaéreos, na palpação superficial
ausência de retrações ou abaulamentos, na palpação profunda ausência de pontos
dolorosos, percutido quadrantes superior com som submaciço e quadrantes
inferior timpânico.
Realizada inspeção e
palpação do MMSS ausência de edemas, perfusão periférica preservada, atrofia do
MSE fletido. Nos MMII presença de edemas +/++++ e com sensibilidade, marcha
alterada, com dificuldade de equilíbrio e controle de movimentos, devido à
hemiparesia. Não realizado exame da região genital por não ter local privativo.
Diagnósticos
de Enfermagem
Foram observados 11
diagnósticos de enfermagem segundo NANDA:
1) Ansiedade,
relacionada à mudança no estado de saúde, evidenciado por capacidade diminuída
de solucionar problemas, sentimentos de inadequação.
NANDA [10] define a
ansiedade como um sentimento que causa desconforto, ou seja, é um sentimento de
apreensão causada em virtude do perigo eminente que faz o indivíduo tomar
medidas antecipadas a este perigo. Carpenito [19] complementa que a ansiedade
ocorre devido a haver a ativação do sistema nervoso autônomo em resposta a uma
ameaça causando o sentimento de apreensão.
2) Déficit no
autocuidado para alimentação, devido ao prejuízo neuromuscular, evidenciado por
incapacidade de preparar alimentos para ingestão.
Carpenito [19] define
o déficit no autocuidado para alimentação como um estado em que a pessoa
apresenta habilidade prejudicada para realizar ou completar as atividades de
alimentação por ela mesma. Conforme Sampaio et al.
[20] e Santos e Prado [21], o déficit no autocuidado para alimentação
caracteriza-se pela incapacidade de engolir alimentos e ingeri-los de forma
segura, assim como a incapacidade de conduzir os alimentos até a boca ou de
utilizar garfo, faca.
3) Déficit no
autocuidado para banho/higiene, relacionado ao prejuízo neuromuscular
evidenciado por incapacidade de pegar os artigos para banho.
O déficit no
autocuidado para banho ou higiene é caracterizado pela incapacidade de acessar
o toalete, lavar o corpo, pegar artigos para ao banho, ou seja, é dependente
“do cuidador para vestir-se e banhar-se” [22:28].
Brito et al. [22] definem o déficit no
autocuidado para banho ou higiene como a “capacidade prejudicada para
desempenhar ou completar atividades de banho/higiene por si mesmo”.
4) Déficit no
autocuidado para vestir-se/arrumar-se, relacionado por prejuízo cognitivo
neuromuscular evidenciado por incapacidade de colocar roupas na parte superior
e inferior do corpo, capacidade prejudicada de fechar peças de vestuário.
Araújo e Bachion
[23], Brito et al. [22 e Santos e Prado [21]
caracterizam o déficit no autocuidado para vestir-se ou arrumar-se quando o
indivíduo está com a capacidade de colocar qualquer vestuário ou alcançar
qualquer peça do vestuário prejudicada.
5) Deambulação
prejudicada, relacionada ao equilíbrio prejudicado, limitações ambientais, medo
de cair, evidenciado por capacidade prejudicada de percorrer as distâncias
necessárias.
Carpenito [19] define
a deambulação prejudicada como o estado em que o indivíduo apresentará ou está
em risco de apresentar limitação para andar.
Já
NANDA [10] destaca
que a deambulação prejudicada é a
limitação da movimentação independente, a
pé,
pelo ambiente prejudicado.
6) Risco de síndrome
do desuso, relacionado à patologia, evidenciado por paralisia.
Síndrome de desuso é
caracterizada pelo estado em que o indivíduo experimenta ou se encontra em
risco de apresentar deteriorização do sistema orgânicos ou alteração no
funcionamento devido à inatividade musculoesquelética prescrita [19].
NANDA [10:105] define a síndrome do desuso como “risco de
deteriorização de sistemas do corpo como resultado da inatividade
musculoesquelética, prescrita ou inevitável”.
7) Distúrbio na imagem
corporal, relacionado à sequela do acidente vascular encefálico, evidenciado na
perda de parte do corpo hemiplegia.
Souza e Gorini [25] e
Carpenito [19] destacam que o distúrbio de imagem corporal é definido como o
estado em que o indivíduo apresenta ou está em risco de apresentar perturbação
na maneira como percebe o seu corpo.
8) Sentimento de
impotência, relacionado ao regime à doença, evidenciado a expressões de
frustração quanto à incapacidade de realizar tarefas/atividades anteriores.
Segundo Carpenito
[19], o sentimento de impotência é quando o indivíduo percebe uma falta de
controle pessoal sobre determinados eventos afetando o planejamento, as metas
assim como o modo de vida. Conforme NANDA [10], o sentimento de impotência
também pode ser entendido quando um indivíduo não possui o controle sobre a situação
atual.
9) Interação social
prejudicada, relacionada por mobilidade física limitada, evidenciado por
desconforto em situações sociais, relato familiar de mudanças na interação.
A interação social
prejudicada é quando o indivíduo apresenta ou se encontra em “risco de
apresentar, respostas negativas insuficientes ou insatisfatórias as interações”
[19:750]. Também pode ser definida como um indivíduo que está com a qualidade
de troca social ineficaz [10].
10) Mobilidade física
prejudicada, relacionada por prejuízos neuromusculares, evidenciada por
amplitude limitada de movimento, mudanças na marcha, movimentos lentos.
De acordo com Araújo
e Bachion [23:56], Sakano e Yoshitome [25:496] e Brito
et al. [22], a mobilidade física
prejudicada é definida como “limitação no movimento físico independente e
voluntário do corpo ou de uma ou mais extremidades”.
Silva et al. [26] complementam que a mobilidade
física é um fator determinante para a independência dos pacientes, por isso o
entendimento de como as mobilidades musculoesqueléticas funcionam é importante
para prestar um cuidado individualizado ao paciente.
11) Risco de quedas,
evidenciado por dificuldade na marcha, equilíbrio prejudicado, mobilidade
física prejudicada.
O risco de queda é
definido por Carpenito [19] como estado no qual o indivíduo tem aumentada a
suscetibilidade a quedas. O risco de queda também pode ser entendido como
quando um indivíduo está com capacidade aumentada para quedas que poderão
causar danos físicos [10].
O desenvolvimento
deste estudo favoreceu a identificação dos principais diagnósticos de
enfermagem ao portador de sequela de AVE, de 52 anos, natural de Dourados/MS,
com subsídio para uma intervenção de qualidade.
Observaram-se 11
diagnósticos de enfermagem, segundo NANDA: ansiedade, déficit no autocuidado
para alimentação, déficit no autocuidado para banho/higiene, déficit no
autocuidado para vestir-se/arrumar-se, deambulação prejudicada, risco de
síndrome do desuso, distúrbio na imagem corporal, sentimento de impotência,
interação social prejudicada, mobilidade física prejudicada e risco de quedas.
Por isso, objetivando
o atendimento de qualidade aos pacientes portadores de sequela de AVE, os
enfermeiros devem utilizar os diagnósticos de enfermagem como forma de melhorar
a qualidade do seu trabalho, já que através destes é possível saber quais as
dificuldades de cada paciente e onde exatamente o enfermeiro precisa intervir,
ou seja, através do diagnóstico de enfermagem o enfermeiro tem a possibilidade
de fornecer um atendimento individualizado a cada paciente.