REVISÃO
O
cuidado de enfermagem ao portador de Esclerose Lateral Amiotrófica: uma revisão
integrativa
Izabelle Cristina Acioly de Omena*, Larissa dos Santos Brandão**, Jessica de Melo
Albuquerque**, Isabel Comassetto, D.Sc.***, Patrícia de Carvalho Nagliate,
D.Sc.***, Karine de Melo Cezar Alves****, Isabella de
Almeida Costa Menezes Salles**
*Enfermeira,
Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Pós Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal de Alagoas, **Enfermeira pela Universidade Federal de
Alagoas, ***Professora da Escola de Enfermagem e Farmácia da Universidade
Federal de Alagoas, ****Enfermeira, Especialista em Terapia Intensiva pela
Universidade de Pernambuco, Mestranda em Enfermagem pelo Programa de
Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Alagoas
Recebido em 31 de
janeiro de 2018; aceito em 28 de novembro de 2018.
Endereço
de correspondência:
Larissa dos Santos Brandão, Rua Doutor José Maria Correia das Neves, 42 bairro
Farol 57051270 Maceió AL, E-mail: laribrandaos@gmail.com, Izabelle
Cristina Acioly de Omena: izabelleacioly@hotmail.com;
Jessica de Melo Albuquerque: j.meloalbuquerque@gmail.com; Isabel Comassetto: isabelcomassetto@gmail.com; Patrícia de
Carvalho Nagliate: patricia.nagliate@esenfar.ufal.br;
Karine de Melo Cezar Alves: karine.demelo@hotmail.com; Isabella de Almeida
Costa Menezes Salles: isabellamenezes12@gmail.com
Resumo
Objetivo: Conhecer a produção
referente ao cuidado de enfermagem ao portador de Esclerose Lateral
Amiotrófica. Métodos: Trata-se de uma
revisão integrativa nas bases de dados Pubmed, Medline, Lilacs, Scielo e BDEnf.
Os critérios de inclusão foram: periódicos indexados com textos disponíveis na
íntegra, nos idiomas: português, inglês, espanhol, publicados no período de
2006 a 2016, e que apresentaram informações relevantes a
questão norteadora da pesquisa. Foram excluídos estudo de revisão integrativa,
revisão de literatura, e teses ou dissertações. Resultados: Os principais conteúdos que emergiram da amostra final
(n=20) foram: atribuições da enfermagem, manejo de sintomas específicos,
modelos de cuidado, dificuldades no cuidado, questões éticas, necessidades
existenciais e estratégias de enfrentamento e suporte familiar. Conclusão: A análise revelou que a
enfermagem é primordial no tratamento desse paciente e precisa investir em
pesquisas que abranjam o envolvimento dos familiares, os sentimentos do paciente
e formas de comunicação.
Palavras-chave: enfermagem,
esclerose amiotrófica lateral, assistência.
Abstract
The nursing care to patients with Amyotrophic Lateral Sclerosis: an
integrative review
Objective: To know the
production related to nursing care of patients with Amyotrophic Lateral
Sclerosis. Methods: This is an
integrative review in the databases Pubmed, Medline,
Lilacs, Scielo and BDEnf.
The inclusion criteria were: journals indexed with texts entirety available, in
the languages: Portuguese, English, Spanish, published
in the period from 2006 to 2016. We excluded: integrative review, literature
review, and theses or dissertations. Results:
The main contents that emerged from the final sample (n = 20) were: nursing
attributions, management of specific symptoms, care models, difficulties in
care, ethical issues, existential needs and coping strategies and family
support. Conclusion: The analysis
revealed that nursing is paramount in the treatment of these patients and needs
to invest in research that covers the involvement of family members, the
patient's feelings and forms of communication.
Key-words: nursing, lateral amyotrophic sclerosis, assistance.
Resumen
El cuidado de enfermería
al paciente con Esclerosis Lateral Amiotrófica: una revisión
integrativa
Objetivo: Conocer
la producción
referente al cuidado de enfermería al paciente con Esclerosis Lateral
Amiotrófica. Métodos: Se trata de una
revisión integrativa en las bases de datos Pubmed, Medline, Lilacs, Scielo y BDEnf. Los criterios
de inclusión fueron:
revistas indexadas con textos disponibles
en su totalidad
en los idiomas: portugués, inglés, español, publicado entre 2006 a 2016, y que presentaron información
pertinente para la cuestión de la investigación. Se excluyeron estudio de revisión integrativa, revisión de literatura, y tesis o
disertaciones. Resultados:
Los principales contenidos
que surgieron de la muestra final (n = 20) fueron: atribuciones de la enfermería, manejo de síntomas específicos, modelos de cuidado, dificultades en el cuidado, cuestiones éticas, necesidades existenciales y estrategias de enfrentamiento y soporte familiar. Conclusión: El análisis reveló que la
enfermería es primordial en
el tratamiento de ese paciente y necesita invertir en investigaciones
que abarquen la participación de los familiares, los sentimientos del paciente y las formas de comunicación.
Palabras-clave: enfermería,
esclerosis amiotrófica lateral, asistencia.
A Esclerose Lateral
Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa
progressiva, caracterizada por início súbito e comprometimento das funções
físicas, comunicativas e cognitivas do indivíduo, devido à degeneração dos
neurônios motores superiores e inferiores [1,2].
A ELA pode ser
classificada em: bulbar, espinhal ou respiratória. Na ELA bulbar, os músculos
da fala, deglutição e respiração são afetados. Na ELA
espinhal (coluna vertebral), os pacientes sofrem fraqueza e paralisações
motoras dos músculos dos braços e pernas. Na respiratória, o paciente sofre
falta de ar e apresenta dificuldades respiratórias [3].
É uma doença rara,
com uma incidência anual de 1,9 por 100.000 habitantes no mundo, com maior
prevalência na população masculina. No Brasil, a idade média de acometimento
inicial é de 52 anos, mais baixa que em países da Europa e América do Norte. A
taxa de mortalidade mundial ainda não está estabelecida [4,5].
Até hoje, a única
medicação que provou prolongar a sobrevivência desses pacientes foi o Riluzol, no entanto, existem outras substâncias em fase de
testes [6]. Enquanto não houver cura, o principal tratamento é sintomático. Os
profissionais de saúde precisam gerenciar adequadamente os sintomas e antecipar
a progressão da doença, além de assegurar que os pacientes sejam apoiados e que
sua autonomia seja respeitada [7,8]. O enfermeiro deve entender os sintomas, os
critérios de diagnóstico, acompanhar o plano de tratamento e sua eficácia [9].
A realização deste
estudo justificou-se pela necessidade de subsidiar o desenvolvimento de uma
assistência de enfermagem adequada ao portador de ELA. Esta revisão integrativa
objetivou conhecer a produção referente ao cuidado de enfermagem ao portador
dessa doença, tonando-se relevante, pois permitiu o aprofundamento sobre o
cuidado prestado a esses pacientes, o que contribuirá para o exercício de uma
prática apropriada pela equipe de enfermagem.
Trata-se de uma
revisão integrativa da literatura científica, que objetiva reunir, analisar e
sintetizar resultados de pesquisas sobre um determinado tema, de maneira
sistemática e ordenada. Foi necessário seguir as seguintes etapas:
identificação do tema e elaboração da questão norteadora, elaboração de
critérios de inclusão e exclusão de estudos, categorização dos estudos,
avaliação, interpretação e apresentação dos resultados [10,11].
A questão norteadora
desta pesquisa foi: O que está sendo produzido sobre o cuidado de enfermagem
para o portador de Esclerose Lateral Amiotrófica? Para a busca dos artigos,
foram utilizadas as bases de dados: US National
Library of Medicine (Pubmed),
Medical Literature
Analysis and Retrieval System on-line (Medline),
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Eletronic
Library Online (Scielo) e Base de Dados de
Enfermagem (BDEnf). Os
critérios de inclusão foram: periódicos indexados com textos disponíveis na
íntegra, nos idiomas: português, inglês, espanhol, publicados no período de
2006 a 2016, e que apresentaram informações relevantes a
questão norteadora. Foram excluídos estudo de revisão integrativa, revisão de
literatura, e teses ou dissertações.
Utilizaram-se como
descritores DeCS
(Descritores de Ciências da Saúde)
dos termos: Enfermagem, Assistência e Esclerose
Amiotrófica Lateral.
Realizou-se a busca pelos descritores “enfermagem” AND
“esclerose amiotrófica
lateral”, e depois dos descritores “enfermagem” AND
“esclerose amiotrófica
lateral” AND “assistência”. Após a
seleção dos artigos, pela leitura do título
e resumos, realizou-se a leitura de todos na íntegra, conforme
figura 1. Foram
selecionados 41 artigos e após exclusão dos repetidos, 20
correspondiam aos
critérios de inclusão. Para a análise dos dados,
foi utilizado um quadro, com
os seguintes tópicos de interesse: ano, país,
título, delineamento do estudo e
suas contribuições (Quadro 1).
Figura
1 – Fluxo do processo de seleção dos artigos por
grupos de descritores nas bases. Maceió/AL,2017.
Os países de
publicação da amostra desta revisão (n = 20) são: Estados Unidos da América
(EUA) (n = 10), Inglaterra (n = 7), Espanha (n = 1), Canadá (n = 1) e Brasil (n
= 1). Os estudos publicados nos EUA e Inglaterra foram disponibilizados no
idioma inglês, enquanto o publicado na Espanha encontrava-se disponível em
inglês e espanhol, e o publicado no Brasil em português.
O quadro a seguir
(Quadro 1) sumariza os estudos incluídos nesta revisão
integrativa, abordando o ano de publicação, país, título, delineamento, tipo de
estudo e amostra e suas respectivas contribuições.
Quadro
1 - Síntese dos estudos, segundo ano de
publicação, país, título, delineamento, amostra e contribuições (2006-2016).
Maceió/AL, 2017. (ver anexo em PDF)
A maioria (60%) dos
estudos selecionados nesta revisão foram divulgados
entre os anos de 2011 e 2015. O país de maior publicação foi os Estados Unidos
(50%), seguido da Inglaterra (35%), Canadá (5%), Espanha (5%) e Brasil (5%),
evidenciando que os pesquisadores brasileiros possuem pouco interesse em
explorar qual o papel da enfermagem no cuidado a esses pacientes.
Os principais
conteúdos que emergiram da análise dos estudos selecionados foram: atribuições
da enfermagem, manejo de sintomas específicos, modelos de cuidado, dificuldades
no cuidado, questões éticas, necessidades existenciais e estratégias de
enfrentamento e suporte familiar.
Atribuições
da enfermagem
O relacionamento com
o paciente, os conhecimentos psicossociais e experiência no manejo de sintomas,
fazem do enfermeiro o profissional ideal para gerenciar e coordenar o cuidado
ao paciente com ELA [9,14,21].
O enfermeiro tem como
funções: estabelecer um plano de cuidados que abranjam as necessidades do
paciente e da família [21,30,20], comunicar todas as
informações sobre a doença e opções relacionadas ao tratamento ao paciente
[9,25,14,30,20], avaliar a capacidade de comunicação do paciente e estar
familiarizado com as ferramentas que podem auxiliá-lo [14,20,18], avaliar as
necessidades emocionais [14,20], monitorar a condição do paciente, rastrear o
aparecimento de novo sintomas [9,21,20,29], antecipar o encaminhamento a outros
profissionais [19,18], informar os recursos sociais disponíveis [9,14,21,29],
educar os prestadores de cuidado, implementar as recomendações da equipe
multidisciplinar, avaliar se o diagnóstico da ELA está correto e reforçar os
conceitos do diagnóstico enquanto administra os cuidados [18].
Estes profissionais
devem fornecer apoio emocional ao paciente [14,21,29,20],
família e cuidadores [21], manter uma comunicação efetiva para que as
necessidades presentes e futuras sejam atendidas e que todos participem
ativamente do tratamento, além de preparar a família para a morte em tempo
hábil [21,30].
Este profissional
também tem papel primordial no processo de tomada de decisão com relação às medidas que sustentam a vida, como: colocação de tubo de
alimentação, ventilação artificial, entre outros [12,19,28,16,27]. E, após a
colocação do respirador artificial, é necessário dar suporte físico e
psicológico para que o paciente mantenha seu contentamento e esperança,
diminuindo a sobrecarga familiar [18].
O enfermeiro deve
entender cada pessoa envolvida, explicar as consequências das decisões tomadas
e promover a autonomia do paciente [18,16]. Além disso, ele deve realizar
visitas domiciliares regulares para o gerenciamento adequado de medicações,
avaliação e controle da dor, cuidados com a pele, cuidados com o trato
gastrointestinal e fornecer relatório com a evolução dos sintomas aos médicos
[16].
Manejo
de sintomas específicos
O Transtorno da
Expressão Emocional Involuntária ocorre quando as expressões emocionais e o
real humor do paciente estão desregulados. As manifestações emocionais ocorrem independente do humor e a maioria dos pacientes relatam que
eles não conseguem prevenir, controlar ou inibir os episódios de acontecerem,
pois estes ocorrem de maneira súbita e por curto espaço de tempo. O enfermeiro
deve estar preparado para perceber e diferenciar um episódio desse transtorno e
uma real alteração no humor [10].
Ademais, alguns
outros sintomas também devem ser aliviados, como: espasmos musculares, excesso
de saliva, câimbras, distúrbios do sono, ansiedade e depressão [21,16].
Modelos
de cuidado
Com o passar dos
anos, os pacientes precisam cada vez mais da atenção dos profissionais de saúde
e estudos demonstram como centros de cuidado a pessoas com ELA contribuem
através de um time multidisciplinar [16].
Estudos mostram que
existem clínicas que trabalham desde o diagnóstico: orientando, educando e
esclarecendo as dúvidas iniciais dos pacientes e familiares, e também, auxiliando
as famílias nas adaptações iniciais. À medida que os sintomas vão aparecendo,
os profissionais realizam atendimentos a fim de reduzi-los e de proporcionar
melhor qualidade de vida [21].
As visitas são
marcadas com frequência e o time multidisciplinar marca reuniões para discutir
os casos e definir a próxima visita de acordo com as necessidades. No suporte
dado em Home Care, os enfermeiros estão em contato
direto com os outros profissionais e podem resolver problemas no próprio
domicílio do paciente, tomando a decisão de quando o transporte ao hospital é
necessário. Estudos indicam que pacientes atendidos em clínicas com este modelo
obtém mais tempo e qualidade de vida [25,16].
Um estudo realizado
na Itália analisou a utilização do atendimento de uma equipe de enfermagem via
telefone, associando ao seu custo. As ligações tinham a finalidade de realizar
esclarecimentos relacionados às condições do paciente entre profissionais que
se encontravam no hospital e no home care, podendo
ser marcadas semanalmente ou a qualquer momento em casos de emergência. Através
das ligações, as enfermeiras realizavam a atualização das condições do
paciente, marcavam as próximas ligações e alguma consulta se necessária [24].
Dificuldades
no cuidado
Um estudo mostrou que
as principais dificuldades no cuidado domiciliar de enfermagem aos pacientes
que já estão no final da vida são: falta de adaptação
do portador e da família à doença e sua progressão, envolvimento com a família,
seleção/administração de cuidado, tomada de decisão e comunicação fraca com
outros profissionais. Segundo o estudo, a principal estratégia para resolver
esses problemas seria desenvolver a comunicação e o atendimento psicológico.
Além disso, a enfermagem precisa educar o paciente e sua família sobre a morte
desde o momento do diagnóstico, e considerar os cuidadores familiares como
fornecedores e receptores de cuidado [23].
Outro estudo apontou
como dificuldades: não concordar com a administração de um tratamento por
considerá-lo muito agressivo ou sem utilidade, ou ter que interromper um
tratamento que estava sustentando a vida do paciente, acelerando sua morte
[15].
Questões
éticas
Um estudo realizado
na França, onde o uso de ventilação mecânica no domicílio é encorajado,
concluiu que os programas de treinamento de enfermagem devem evidenciar mais as
questões éticas associadas à autonomia do paciente e a suspensão da ventilação
mecânica. Considerando que a ventilação mecânica permanente é um dos
tratamentos típicos desses pacientes e que provavelmente ele não irá aceitar
realizá-lo, é necessário que os enfermeiros julguem
importante a obtenção de um consentimento prévio ao procedimento. O
mesmo estudo enfatizou também a necessidade de realização de mais pesquisas
para entender quais fatores podem influenciar a atitude dos enfermeiros ao
lidar com essas questões [15].
A escolha da
ventilação mecânica invasiva é uma das questões éticas mais complexas
relacionadas ao cuidado aos portadores de ELA [18]. Espera-se que os
enfermeiros entendam o contexto de todos os envolvidos nesse processo, apoiem
seus pacientes ao expressar seus conhecimentos e opiniões com relação aos
problemas gerais e legais, forneçam suporte adicional para a tomada/execução
das decisões, e mantenham uma boa relação com os outros profissionais da equipe
para garantir uma assistência de qualidade [18,16]. Além disso, após o início
da ventilação artificial o enfermeiro ainda deve prestar suporte físico e
psicológico para o paciente, e auxiliar nas estratégias que facilitem sua
comunicação [18].
A interação entre o
profissional de saúde e o paciente cria outra questão ética. Na ELA, a fala
sofre interferência, mas a capacidade de comunicação e sensibilidade continuam preservadas. Cabe ao profissional decidir se irá
se envolver e considerar a subjetividade do indivíduo [28].
Necessidades
existenciais e estratégias de enfrentamento
Pacientes
recentemente diagnosticados utilizam estratégias de
enfrentamento focado nas
emoções, isto é, reduzir ou gerenciar o estresse
emocional relacionado à
situação. Um estudo mostrou que durante os seis primeiros
meses após o
diagnóstico, as estratégias utilizadas mais comuns foram
‘apoio’ e
‘independência’, e as menos utilizadas foram
‘evitar’ e ‘busca de
informações’.
As fontes de apoio utilizadas por eles são: otimismo,
flexibilidade, humor,
espiritualidade e prática religiosa. O estudo concluiu que o
modo de enfrentar
a doença está relacionado com o bem-estar
psicológico do indivíduo, e que é
importante conhecer as diferentes estratégias de enfrentamento
para oferecer
uma assistência de qualidade [27].
Um estudo concluiu
que as fontes de esperança dos participantes eram obtidas das relações
interpessoais, vontade interior, do fato de ainda estarem vivos e de
permanecerem como estão. Além disso, focar em projetos de curto e longo prazo,
se sentir útil e a esperança de outras pessoas também fomentam o sentimento de
esperança. Quando experienciam uma nova mudança ou
perda física, surgem os sentimentos de desesperança,
medo do abandono e desânimo [13].
Os pacientes sentem
ansiedade, medo, injustiça, culpa, sentem que colocam
sua existência em espera, que são prisioneiros do próprio corpo e decepção por
depender das outras pessoas. Mas eles encontram significado em suas vidas
através da família, amigos, o ato de dar e receber ajuda,
independência e aceitação da situação atual que se encontram. É necessário que
os enfermeiros e toda a equipe entenda e discuta essas
questões existenciais com os pacientes, para ajudá-los a encontrar segurança,
significado e vontade de viver [26].
Um estudo realizado
na Austrália propôs identificar um modelo de tomada de decisão sobre como os
pacientes mantem a integridade pessoal diante de todas
as mudanças da doença. As principais estratégias utilizadas para lidar com as
mudanças variaram entre ignorar o evento/suas consequências e incorporar a
mudança na rotina para encontrar a melhor forma de adaptação. Independente da
estratégia utilizada, os pacientes julgam se ela foi satisfatória ou não, e a
falha ou o sucesso da adaptação está relacionado a
redução ou aumento do estresse, nível de pessimismo ou otimismo e bem-estar
[17].
Suporte
familiar
Os cuidados com a
família também devem ser incluídos nos cuidados paliativos aos portadores de
ELA [9,29,19,22], desde o momento do diagnóstico até o
processo de falecimento [14]. As discussões sobre os tratamentos desejados no
fim da vida beneficiam os pacientes e seus parentes [9]. O paciente e sua
família devem estar cientes de todos os sintomas e suas opções de gerenciamento,
para que possam tomar decisões durante todo o processo de planejamento de
cuidados [30,18].
É necessário
considerar os cuidadores e familiares informais como fornecedores e receptores
de cuidado. Entender a trajetória da doença e as principais preocupações dos
familiares permite o planejamento baseado na antecipação de demandas [20]. As
principais intervenções de enfermagem que incluem o paciente e sua família são:
fornecer suporte emocional e físico, educar sobre a doença e informar sobre os
recursos disponíveis na comunidade [29].
Independente do tipo
de escolha sobre o futuro, se deseja morte natural ou
se deseja viver com ventilação por pressão positiva por traqueostomia, o
profissional de saúde precisa cuidar do paciente e de seus parentes. A
comunicação entre pacientes, família e prestadores de cuidado é a saída para
melhorar a apoio à tomada de decisão entre o paciente e seus parentes, para que
os desejos do paciente sejam respeitados e a família se prepare para a morte
[30].
Esta revisão
integrativa evidenciou que os artigos produzidos sobre o cuidado de enfermagem
ao portador de ELA foram publicados, predominantemente nos Estados Unidos e na
Inglaterra. Com a deficiência de pesquisas apresentada pelo Brasil, o cuidado
de enfermagem descritos nesta revisão pode não refletir a realidade do serviço
prestado neste país, salientando a necessidade da realização de estudos que
deem mais visibilidade a área e ao profissional.
Constatou-se que a maioria dos artigos tiveram a intenção de esclarecer mais
informações sobre a doença e o papel da enfermagem ao prestar cuidado a esse
paciente. Foram produzidos também artigos sobre as necessidades emocionais do
paciente e modelo de cuidado existentes.
A enfermagem desempenha
papel primordial no tratamento desse paciente. Os cuidados abrangem
principalmente a monitorização dos sintomas atuais e esperados, manejo desses
sintomas, educar quanto a doença, tratamentos e
recursos disponíveis. Os estudos ressaltam a importância de incluir a família e
os cuidadores desde o momento do diagnóstico, e que um dos papéis mais
importantes do enfermeiro é encorajar o processo de tomada de decisões
autônomas pelo paciente com relação às medidas que
sustentam e prolongam a vida.
Conclui-se que a
enfermagem deve explorar outras áreas do conhecimento relacionadas ao cuidado
de pacientes diagnosticados com ELA como, por exemplo, o envolvimento dos
familiares, os sentimentos do paciente, melhorar as formas de comunicação,
entre outros que venham a surgir.