ARTIGO
ORIGINAL
Colonização
por microrganismos em colaboradores da saúde
Bruna Letícia Pereira*,
Anne Caroline Dias Santos*, Johnny Marques Aquino*, Gregório Ribeiro de
Andrade Neto**, Árlen
Almeida Duarte de Souza, M.Sc.***, Bruna Roberta Meira Rios****,
Claudia Danyella Alves Leão, M.Sc.*****, Sabrina Gonçalves
Silva Pereira******, Leila das Graças Siqueira, D.Sc.*******,
Álvaro Parrela Piris, M.Sc.*********
*Enfermeiros, Faculdade de Saúde Ibituruna
(FASI), **Enfermeiro, Especialista em Urgência e Emergência, Especialista em Saúde da Família, ***Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), docente das faculdades de saúde Ibiturana (FASI) e Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), ****Enfermeira,
Especialista em Enfermagem Cardiológica e Epidemiologia e Controle de Infecção,
docente das Faculdades de Saúde Ibituruna (FASI), *****Enfermeira,
Mestre
em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), docente das Faculdades de Saúde Ibituruna (FASI), Faculdades Unidas
do Norte de Minas (FUNORTE) e Universidade de Montes Claros (UNIMONTES),
******Enfermeira, Especialista em Urgência e Emergência, Trauma e Terapia
Intensiva, docente da Faculdade de Saúde Ibituruna (FASI), docente
das Faculdades de Saúde Ibituruna (FASI), *******Enfermeira, Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade
Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), docente
das Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE) e Universidade Estadual de
Montes Claros (UNIMONTES), ********Enfermeiro, Mestre em Tecnologia da Informação Aplicada à Saúde pelo PROMOVE, Especialista em
Terapia Intensiva, docente das Faculdades de Saúde Ibituruna (FASI),
Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE) e Universidade Estadual de Montes
Claros (UNIMONTES)
Recebido em 6 de
fevereiro de 2018; aceito em 14 de fevereiro de 2019.
Endereço
para correspondência:
Gregório Ribeiro de Andrade Neto, Av, Plínio Ribeiro, 538 Jardim Brasil 39401-222 Montes Claros
MG, E-mails: gregtec@hotmail.com.br; Bruna Letícia Pereira:
brunaleticiapereira2@gmail.com; Anne Caroline Dias Santos:
annecds5@hotmail.com; Johnny Marques Aquino: johnnyaquino775@gmail.com; Árlen Almeida Duarte de Souza: arlenduarte@gmail.com; Bruna Roberta Meira
Rios: brunameirarios@gmail.com; Claudia Danyella
Alves Leão: claudiadanyella@hotmail.com; Sabrina Gonçalves Silva Pereira:
sabrina.goncalves@fasi.edu.br; Leila das Graças Siqueira:
leilasiqueirasantos@yahoo.com.br; Álvaro Parrela Piris: alvaroparrela@yahoo.com.br
Resumo
Introdução: As infecções
relacionadas ao serviço de saúde são comumente denominadas infecções
hospitalares. As Unidades de Terapia Intensivas são unidades onde as infecções
hospitalares são frequentes e oferecem alto risco para pacientes, devido à
presença de dispositivos invasivos e por estarem imunocomprometidos. Objetivo: Identificar a prevalência dos
microrganismos que colonizam os colaboradores da saúde em um Centro de Terapia
Intensiva. Métodos: Estudo
quantitativo, descritivo e exploratório, realizado a partir da coleta de swabs estéreis
das mãos dos profissionais do centro de terapia intensiva adulto, de um
hospital da cidade de Montes Claros/MG. Participaram da pesquisa 23
profissionais, correspondendo a 46% da população total do estudo. Resultados: Foram analisadas 23
amostras, verificando o crescimento de um ou mais microrganismos em cada teste.
Os microrganismos encontrados nas mãos dos profissionais do centro de terapia
intensiva foram: Staphylococcus sp coagulase negativa (47,8%), Staphylococcus Aureus - MRSA (21,7%), Klebsiella pneunoniae
(13,0%), Enterobacter sp (13,0%), Acinetobacter sp (8,7%), Escherichia coli (4,3%) e Staphyloccocus aureus (4,3%). Conclusão: Há a necessidade de implementação de políticas de saúde
que impactem na padronização e uso criterioso dos antimicrobianos na prática
clínica e a adesão dos profissionais às medidas de prevenção e de controle da
cadeia epidemiológica.
Palavras-chave: desinfecção, infecção
hospitalar, unidade de terapia intensiva.
Abstract
Colonization
by microorganisms in health workers
Introduction:
Infections related to the health service are commonly called hospital
infections. Intensive Care Units are where hospital infections are frequent and
present a high risk for patients due to the presence of invasive devices and
because they are immunocompromised. Objective:
To identify the prevalence of microorganisms that colonize health workers in an
Intensive Care Center. Methods: A
quantitative, descriptive and exploratory study, carried out from the
collection of sterile swabs from the hands of the professionals of the adult
intensive care center, from a hospital in the city of Montes Claros/MG. 23
professionals participated in the study, corresponding to 46% of the total
study population. Results:
Twenty-three samples were analyzed, verifying the growth of one or more
microorganisms in each test. The microorganisms found in the hands of the
professionals of the intensive care unit were Staphylococcus sp coagulase negative
(47.8%), Staphylococcus Aureus - MRSA
(21.7%), Klebsiella pneumoniae
(13.0%), Enterobacter sp
0%), Acinetobacter sp
(8.7%), Escherichia coli (4.3%) and Staphylococcus aureus (4.3%). Conclusion: There is a need to implement
health policies that impact the standardization and judicious use of
antimicrobials in clinical practice and the adherence of professionals to the prevention
and control of the epidemiological chain.
Key-words: disinfection,
hospital infection, intensive care unit.
Resumen
Colonización por microrganismos en trabajadores del área de salud
Introducción: Las infecciones
relacionadas al servicio de salud
son comúnmente denominadas
infecciones hospitalarias. Las
Unidades de Terapia Intensiva son unidades donde las infecciones hospitalarias son frecuentes y ofrecen alto riesgo para
pacientes, debido a la
presencia de dispositivos invasivos y por estar inmunocomprometidos.
Objetivo: Identificar la prevalencia de los microorganismos que colonizan a los trabajadores del área de la salud en
un Centro de Terapia Intensiva. Métodos: Estudio cuantitativo,
descriptivo y exploratorio,
realizado a partir de la colecta
de hisopos de las manos de los profesionales del centro de terapia intensiva adulto, de un hospital de la ciudad de Montes Claros/MG. Participaron
de la encuesta 23 profesionales, correspondiendo al
46% de la población total del estudio. Resultados: Se analizaron 23 muestras, verificando el crecimiento de uno o mas microorganismos en cada prueba. Los microorganismos
encontrados en las manos de
los profesionales del centro de terapia intensiva fueron:
Staphylococcus sp coagulasa negativa (47,8%), Staphylococcus Aureus - MRSA (21,7%), Klebsiella neumunoniae (13,0%), Enterobacter sp (13, 0%), Acinetobacter sp (8,7%), Escherichia coli (4,3%) y Staphylococcus aureus (4,3%). Conclusion: Hay
la necesidad de implementación de políticas de salud
que impacten en la estandarización y uso
criterioso de los antimicrobianos en
la práctica clínica y la adhesión de los profesionales a las medidas de prevención y de control de la cadena
epidemiológica.
Palabras-clave: desinfección, infección hospitalaria, unidad de terapia
intensiva.
As infecções
relacionadas aos serviços de saúde (IRAS), mais comumente denominadas como
infecções hospitalares, são definidas como infecções adquiridas no hospital ou
em qualquer instituição de assistência à saúde, que não estavam presentes ou
estavam em incubação no momento da admissão do paciente, com manifestação
durante a internação ou após alta, que podem estar relacionadas à internação e
procedimentos hospitalares [1].
As infecções hospitalares
(IH) permanecem como um problema de saúde pública de altíssima relevância no
Brasil e no exterior, que eleva a morbimortalidade hospitalar, bem como os
custos dos serviços de saúde, especialmente devido ao aparecimento de
microrganismos multirresistentes a antibióticos, e à falha em lavar e
higienizar as mãos [2].
Os agentes etiológicos
responsáveis pelas infecções hospitalares podem ser de fontes endógenas e
exógenas. As endógenas são provenientes da própria microbiota do paciente,
enquanto as exógenas resultam da transmissão de microrganismos de outras fontes
que não o paciente. Sendo assim, estas decorrem de falhas técnicas na execução
de diversos procedimentos e\ou rotina assistencial. A principal via de
transmissão cruzada de infecções hospitalares são as mãos, que se tornam
contaminadas por entrarem em contato direto com o paciente e durante o manuseio
de equipamentos [3].
Alguns microrganismos
que compõe a microbiota transitória são detectados na pele por períodos mais
prolongados, conseguem se multiplicar e formar colônias sem causar infecção,
sendo o caso das Staphylococcus aureus, uma bactéria que apresenta um
índice de ocorrência na pele de 5 a 25% sendo adquirida durante as mais
variadas atividades clínicas, incluindo manipulação de cateteres e arrumação de
cama [1].
A microbiota das mãos
constitui-se de bactérias transitórias e residentes. As transitórias colonizam
a camada superficial da pele e são de fácil remoção pela lavagem das mãos,
adquirida com frequência pelo contato direto com pacientes colonizados ou com
superfícies e equipamentos contaminados [4].
“A
higienização das
mãos é a medida individual mais simples e menos
dispendiosa para prevenir a
propagação das infecções relacionadas
à assistência à saúde” [5]. Pode ser
sintetizada em cinco momentos durante a prestação de
cuidados ao paciente,
sendo eles: antes de trocar o paciente, antes procedimento
limpo/asséptico,
após risco de exposição a fluidos corporais,
após tocar o paciente e após tocar
superfícies próximas ao paciente. Sendo assim, são
necessários “conhecer,
compreender e reconhecer” esses momentos de
higienização das mãos. Com a
adequada realização deste procedimento é
possível prevenir infecções
relacionadas à assistência à saúde causadas
pela transmissão das mãos,
garantindo um cuidado seguro para os pacientes [6].
Antes de qualquer
procedimento, a higienização das mãos tem a finalidade de proteger o cliente e,
após o procedimento, a de proteger o profissional. Em todos os momentos a
prática se revela relevante para garantir a qualidade da assistência [7].
A contagem total de
bactérias nas mãos de profissionais de saúde oscila de pessoa para pessoa. O
nível de contaminação nas mãos reflete o tipo e a intensidade do contato que o
profissional de saúde tem com o paciente, como atividades que envolvam a pele e
mucosas, tais como manipulação de cateter intravascular, coleta de secreção
para exames e cuidado com as vias respiratórias [4].
A unidade de terapia
intensiva (UTI), definida como unidade complexa, é dotada de sistemas de
monitorização contínua, com pacientes potencialmente graves ou com
descompensação de um ou mais sistemas orgânicos e que, com o suporte e
tratamento intensivo, tenham possibilidade de se recuperar [8].
As UTIs
são unidades onde as infecções hospitalares são frequentes e oferecem alto
risco para os pacientes, que são mais susceptíveis a adquirirem infecções,
devido à presença de dispositivos invasivos e por estarem imunocomprometidos. A
implantação de sondas, cateteres, drenos, dentre outros, facilitam a entrada de
bactérias no organismo do paciente. Por ser considerada área crítica do
hospital, onde o risco de disseminação de microrganismo é maior, é importante
que sejam definidas estratégias para que o risco de infecções hospitalares seja
evitado, prevenindo danos à saúde dos pacientes e profissionais. Alguns
especialistas em controle de infecções concordam que a higienização das mãos é
o meio mais simples e eficaz de se prevenir a transmissão de microrganismos no
ambiente assistencial. Esta é importante por destruir ou inibir o crescimento
de microrganismos nas camadas superficiais (microbiota transitória) [1].
Diante da relevância da
temática, esta pesquisa objetivou identificar a prevalência dos microrganismos
que colonizam os colaboradores da saúde.
Estudo quantitativo,
descritivo e exploratório, a pesquisa foi realizada em um hospital da cidade de
Montes Claros/MG, no período de maio a agosto de 2017. Participaram da pesquisa
46% dos trabalhadores da equipe multidisciplinar que atuam no Centro de Terapia
Intensiva adulto, totalizando 23 profissionais. As amostras foram colhidas no
período de 07 a 10 de julho de 2017, respeitando as normativas da Resolução CNS
466/12.
Foram utilizados swabs estéreis
para coleta do material biológico das mãos dos profissionais. Em seguida, os swabs foram
colocados em um frasco contendo meio stuart. As amostras colhidas foram semeadas em Ágar TSA
(Ágar Tríptico de Soja) e ficaram incubadas em estufa a 25ºC, por sete dias.
Depois de evidenciar o
crescimento microbiano, foi realizada a coloração de gram
para confirmar a morfologia dos microrganismos isolados, dos quais foram
selecionados os cocos gram-positivos, que precisaram ser submetidos ao teste de
catalase, onde as amostras positivas foram isoladas e semeadas em Ágar manitol
salgado para pesquisa de Staphylococcus aureus e as catalase negativas,
semeadas em Ágar sangue para verificar Streptococcus, Micrococcus e Staphylococcus coagulase
negativos.
O último teste
realizado foi através de placas com o meio Ágar Muller Hunton,
recomendado para a realização do teste de sensibilidade aos antimicrobianos,
pela técnica de difusão de discos, onde foram aplicados discos com
antibióticos, conforme microrganismo isolado. As placas ficaram incubadas a 35o
durante 24 horas. Após esse período foi interpretado o antibiograma e definidos
a sensibilidade ou resistência aos antibióticos testados [9].
O estudo contou com a
participação de 23 colaboradores de saúde que atuam na unidade de terapia
intensiva, sendo dois médicos, dois enfermeiros, dois recepcionistas e 16
técnicos de enfermagem. Conforme observado na Figura 1, a análise dos swabs coletados
das mãos destes profissionais mostrou presença de microrganismos em 100,0% das
amostras.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
Figura 1 - Porcentagem de profissionais colonizados por microrganismos.
O Staphylococcus sp coagulase negativa foi a bactéria com maior prevalência
(42,3%). Outros microrganismos encontrados nas mãos dos profissionais foram: Staphylococcus Aureus- MRSA (19,2%), Klebsiella pneumoniae
(11,5%), Enterobacter sp (11,5%), Acinetobacter sp (7,7%), Escherichia coli (3,9%) e Staphyloccocus aureus (3,9%), conforme observado na
Figura 2.
Fonte:
Dados da pesquisa, 2017.
Figura 2 - Porcentagem de microrganismos encontrados nas mãos de profissionais de
saúde de um centro de terapia intensiva adulto e sua classificação quanto ao
perfil de sensibilidade.
Entre os 11
profissionais que apresentaram colonização por Staphylococcus sp coagulase negativa, um (9,0%) era médico, um (9,0%)
enfermeiro e nove (82,0%) técnicos de enfermagem.
Conforme mostra a
Figura 3, foi identificada a presença de bactérias Gram-negativas e
Gram-positivas.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
Figura 3 - Porcentagem de microrganismos em relação às classes profissionais.
Em relação à
resistência microbiana, 30,4% dos profissionais apresentaram colonização por Acinetobacter sp e o Staphylococcus aureus- MRSA resistentes aos
antimicrobianos testados. Além disso, 21,7% dos profissionais estavam
colonizados por Staphylococcus aureus resistente a Oxacilina,
esse microrganismo pode ocasionar infecções letais por conta de fatores de
virulência ou através da resistência aos antimicrobianos atualmente utilizados.
O Staphylococcus sp coagulase negativa é um microrganismo facilmente
encontrado em superfícies corporais e mucosas do ser humano, principalmente na
boca e nas mãos dos profissionais da saúde, o que pode ser um vínculo na cadeia
de transmissibilidade, pois é o grupo mais detectado em casos de infecções em
humanos, em particular naquelas associadas a superfícies abióticas. Este
microrganismo é o principal agente causador de bacteremia, endocardite de
válvula protética, infecção relacionada à diálise peritoneal, cateteres
intravasculares, próteses e ferida cirúrgica no ambiente hospitalar [10].
O Staphylococcus aureus é um microrganismo que apresenta
um alto índice de mortalidade por causa de sua virulência e prevalência nas
instituições de saúde, sendo considerado um grave problema terapêutico devido
esta resistência de bactérias nos pacientes internados no CTI, por serem um
grupo mais susceptível a adquirir infecções nosocomiais. Uma característica
importante observada com relação ao Staphylococcus aureus
é a presença em superfícies, principalmente mecanismos de formação de biofilme
e resistência microbiana. O que dificulta o controle, esterilização dessa
superfície e consequentemente a erradicação desses micro-organismos no ambiente
hospitalar [10].
Os resultados do estudo
mostraram a presença de Klebsiella pneumoniae em
três amostras de material. Este microrganismo é um bacilo gram-negativo que faz
parte da flora intestinal normal, e sua virulência está associada à presença de
uma cápsula polissacarídica, sistema de captação de
ferro, fenótipo mucoide e lipopolissarídeo tóxico.
Pode sobreviver por muito tempo na pele e em ambientes secos, como superfícies
hospitalares e objetos inanimados. Sua resistência a antimicrobianos tem se
tornado um problema de saúde pública e preocupação em todos os campos da saúde.
A resistência pode ser originada de diversas formas, como, por exemplo, o uso
inadequado de antimicrobianos e a produção de beta-lactamases
tipo AmpC e de carbapenemases,
como as metalo-beta-lactamases
(MBL) e carbapenemases tipo KPC [11].
O Enterobacter sp, encontrado em três amostras,
pertence à classe das enterobactérias, bacilos Gram negativos, não esporulados,
com motilidade variável, oxidase negativos, e que crescem em meios básicos,
meios ricos e meios seletivos. São anaeróbios facultativos (crescem em
aerobiose e anaerobiose), fermentam a glicose com ou sem produção de gás, são
catalase positivos, e reduzem nitrato a nitrito. A maioria das enterobactérias
é encontrada no trato gastrointestinal de humanos, na água, solo e vegetais. As
enterobactérias que atualmente predominam são: Escherichia coli, Klebsiella spp, Enterobacter spp., sendo
consideradas responsáveis por cerca de 70% das infecções urinárias e 50,0% das
septicemias [12].
O Acinetobacter spp, encontrado em duas amostras
apresentou resistência aos carbapenêmicos. É um
bacilo gram-negativo, que possui grande importância clínica por ser um agente
frequentemente envolvido em infecções hospitalares e por apresentar múltipla
resistência a drogas antimicrobianas, despertando preocupações aos
profissionais da saúde, principalmente em relação a pacientes que se encontram
em uma unidade de terapia intensiva, pois estes são mais susceptíveis a
adquirirem infecções [13].
O Acinetobacter sp possui ampla distribuição na
natureza, e por apresentar necessidades nutricionais mínimas, conseguem
sobreviver por longos períodos em superfícies secas e úmidas, podendo ser
encontrados no solo, água e alimentos, além de colonizar a pele de seres
humanos saudáveis e locais úmidos do corpo humano, como a orofaringe, mucosa
nasal, axilas e mãos de profissionais de saúde, quando não são higienizadas de
forma correta [13].
A presença da bactéria Escherichia coli nas mãos da
recepcionista é decorrente do contato com objetos inanimados, mobiliários,
prontuários e leitos, haja vista que esta profissional não tem contato direto
com o paciente. Nesse contexto, é importante destacar que profissionais podem
se tornar contaminados mesmo sem contato direto com o paciente, tornando-se
mais um veículo de transmissão desses patógenos [4].
O estudo limita-se ao
curto período da coleta de amostras, sendo esse de apenas três dias e também pelo fato de ter apenas um cenário para pesquisa.
Representado apenas por uma única unidade de terapia intensiva na cidade de
Montes Claros/MG.
Os resultados obtidos
através das análises microbiológicas das mãos de profissionais da saúde
comprovaram que todos estavam colonizados por algum microrganismo.
Tais resultados
sinalizam para a necessidade de implementação de políticas de saúde que
impactem na padronização e uso criterioso dos antimicrobianos na prática
clínica, assim como, para a adesão dos profissionais às medidas de prevenção e
de controle da cadeia epidemiológica desses microrganismos, em conformidade com
as diretrizes vigentes.
Diante do importante
papel da equipe multiprofissional (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e
técnicos de enfermagem) no controle de infecções nosocomiais, torna-se
importante que estes profissionais obtenham o conhecimento de sua condição de
carreadores, pois este conhecimento pode contribuir para uma reflexão e uma
mudança de atitude na prática profissional.
Este estudo se torna
relevante diante da importância da atuação da equipe de enfermagem nas unidades
de terapia intensiva, autuando de forma a tratar e agir de maneira preventiva
nos casos de infecção nestes serviços. Através deste, poderá subsidiar novos
estudos fomentando a discussão sobre o assunto a fim de criação e aplicação de
políticas públicas de saúde voltadas para prevenção de tais desajustes nos
serviços de saúde.
O conhecimento sobre o
assunto e sensibilização dos profissionais de enfermagem é de extrema
importância para mudanças no comportamento e nas práticas destes profissionais
que atuam diretamente na assistência dos cuidados voltados aos pacientes
hospitalizados, fazendo com que eles sejam multiplicadores de boas práticas
prevencionistas dentro da equipe multidisciplinar.