REVISÃO
Fatores
de risco cardiovascular em mulheres: revisão integrativa da literatura
Gabriela Oliveira*,
Maria Denise Schimith, D.Sc.**,
Vanessa do Nascimento Silveira***
*Enfermeira,
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de
Santa Maria. Bolsista CAPES, **Enfermeira, Pós-Doutorado em andamento na Universidade
Federal do Rio Grande, Professor adjunto da Universidade Federal de Santa
Maria, ***Enfermeira, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal de Santa Maria
Recebido em 20 de
fevereiro de 2018; aceito em 10 de novembro de 2019.
Correspondência: Gabriela Oliveira,
Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Enfermagem – Programa de
Pós-Graduação em Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde (CCS), Prédio 26,
Avenida Roraima, 1000 Cidade Universitária 97105-900 Santa Maria RS
Gabriela Oliveira:
gabioliveirafv@hotmail.com.
Maria
Denise Schimith: ma.denise2011@gmail.com
Vanessa do Nascimento
Silveira: vanessa.sylveira@hotmail.com
Resumo
As doenças
cardiovasculares são as principais causas de óbitos em todo o mundo, os fatores
de risco quando não identificados ou controlados, predispõe o indivíduo para o
aparecimento ou agravo dessas doenças. Destaca-se que a população feminina
apresenta altas taxas de morbidade e mortalidade em decorrência desses agravos.
Objetivo: Identificar as evidências
científicas acerca dos fatores de risco cardiovascular em mulheres. Métodos: Revisão integrativa, realizada
em outubro de 2017, nas bases de dados Lilacs e BDENF
via BVS e na Pubmed. O corpus final contou com 27
produções, as quais responderam à questão de pesquisa “quais as evidências
disponíveis na literatura a respeito dos fatores de risco cardiovascular em
mulheres?”. Resultados: Foram
identificados fatores de risco modificáveis e diversos não modificáveis,
sobressaindo-se a hipertensão arterial sistêmica, obesidade, fatores
psicossociais (ansiedade no local de trabalho, solidão e hostilidade),
sedentarismo, dislipidemia, diabetes, tabagismo, entre outros. Alguns estudos
também evidenciaram complicações das doenças cardiovasculares em mulheres, como
o prolongamento de internações hospitalares. Conclusão: A presente revisão permitiu evidenciar os principais
fatores de risco cardiovascular que acometem a população feminina, destaca-se
que a maioria são modificáveis, diante disso, ressalta-se a importância de
ações de promoção à saúde e prevenção de doenças e agravos.
Palavras-chave: fatores de risco,
doenças cardiovasculares, mulheres.
Abstract
Cardiovascular
risk factors in women: an integrative review of literature
Cardiovascular
diseases are the main causes of death worldwide, risk factors when unidentified
or controlled, predisposes the individual to the occurrence or aggravation of
these diseases. It is noteworthy that the female population presents high rates
of morbidity and mortality due to these diseases. Objective: To identify the scientific evidence about cardiovascular
risk factors in women. Methods:
Integrative review, carried out in October 2017, in the Lilacs and BDENF
databases via VHL and Pubmed. The final corpus consisted
of 27 productions, which answered the research question "what evidence is
available in the literature regarding cardiovascular risk factors in
women?" Results: Modifiable and
non-modifiable risk factors were identified, including systemic arterial
hypertension, obesity, psychosocial factors (workplace anxiety, loneliness and
hostility), sedentary lifestyle, dyslipidemia, diabetes, smoking, among others.
Some studies have also shown complications of cardiovascular diseases in women,
such as the prolongation of hospitalizations. Conclusion: The present review highlights the main cardiovascular
risk factors that affect the female population. It should be noted that most of
them are modifiable. In this regard, the importance of actions to promote health
and prevent diseases and injuries is highlighted.
Key-words: risk factors,
cardiovascular diseases, women.
Resumen
Factores de riesgo
cardiovascular en mujeres:
una revisión integradora de la
literatura
Las enfermedades
cardiovasculares son las principales causas de muerte en todo el mundo, los factores de riesgo cuando no se identifican o controlan, predisponen al individuo a la aparición o agravamiento de estas
enfermedades. Es de destacar que la
población femenina tiene altas tasas de morbilidad y mortalidad debido a estas enfermedades. Objetivo: Identificar evidencia
científica sobre factores de riesgo
cardiovascular en mujeres. Métodos: Revisión
integradora, realizada en octubre
de 2017, en las bases de datos Lilacs y BDENF a través de
VHL y Pubmed. El corpus final tuvo
27 producciones, que respondieron
a la pregunta de investigación
"¿qué evidencia hay disponible en la literatura sobre los factores de riesgo cardiovascular en las mujeres?". Resultados: Se identificaron
varios factores de riesgo modificables y no modificables, especialmente hipertensión
arterial sistémica, obesidad, factores
psicosociales (ansiedad en el lugar de trabajo, soledad y hostilidad), sedentarismo, dislipidemia, diabetes,
tabaquismo, entre otros. Algunos
estudios también han mostrado complicaciones de la enfermedad cardiovascular en mujeres, como hospitalizaciones prolongadas. Conclusión:
La presente revisión nos permitió
destacar los principales factores de riesgo cardiovascular
que afectan a la población femenina, enfatizando
que la mayoría de ellos son modificables,
por lo que se enfatiza la importancia de las acciones de promoción de la salud y la
prevención de enfermedades
y dolencias.
Palabras-clave: factores
de riesgo, enfermedad
cardiovascular, mujeres.
As doenças
cardiovasculares (DCV) são a principal causa de óbito em todo o mundo, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que 27% das mortalidades no mundo
foram consequentes de DCV, à medida que no Brasil, 31% dos óbitos foram em
decorrências destas doenças [1]. Este contexto epidemiológico é muito
preocupante, principalmente porque muitas vezes compromete a qualidade de vida
dos indivíduos e suas famílias, além de elevar os custos para os serviços e o
governo [2].
Destaca-se, ainda, que
dados da OMS estimam que, em 2030, aproximadamente 23,6 milhões de pessoas
morrerão em decorrência das DCV [3]. Conforme autores, os fatores de risco
cardiovasculares estão associados a 80% dos óbitos ocasionados por estas
doenças [4]. Dessa forma, estes fatores podem ser entendidos como agentes
causais, que predispõem o desenvolvimento das cardiopatias, além disso
contribuem para o alto índice de mortalidade, hospitalizações e incapacidades
[5]. Ademais, um estudo epidemiológico mostrou que na ausência dos fatores de
risco, as DCV raramente acarretariam em óbito [6].
No que diz respeito às
mulheres, autores afirmam que, embora os hormônios femininos possuam atividade
protetora, atualmente sabe-se que o comprometimento vascular pode iniciar ainda
na juventude na população feminina, principalmente quando alguns fatores estão
associados, como o uso de contraceptivos orais, a síndrome dos ovários
policísticos, a obesidade e o tabagismo. Esses têm contribuído para que esta
situação seja agravada, comprometendo a saúde desta população e elevando o
risco para o desenvolvimento das DCV [7].
Diante do exposto,
justifica-se a realização da presente revisão de literatura, com o principal
propósito de contribuir na compreensão do conhecimento científico já existente
acerca dos fatores de risco cardiovascular na população feminina. O presente
estudo norteou-se pela questão de pesquisa: quais as evidências disponíveis na
literatura a respeito dos fatores de risco cardiovascular em mulheres? Tal
questionamento direcionou ao objetivo que é identificar as evidências
científicas acerca dos fatores de risco cardiovascular em mulheres.
Trata-se de uma revisão
integrativa da literatura que tem como finalidade apresentar uma síntese dos
resultados de pesquisas, a partir da análise do conhecimento já existente a
respeito da temática [8]. Foram percorridas as seguintes etapas:
estabelecimento do tema e elaboração da questão de pesquisa; definição dos
critérios de inclusão e exclusão; categorização; avaliação dos estudos
incluídos na revisão e interpretação dos resultados e, por fim, a apresentação
da síntese do conhecimento produzido [8].
A busca foi
desenvolvida em outubro de 2017, nas bases de dados Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Bases de
Dados de Enfermagem (BDENF) via Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e na National Library of
Medicine and the National Institutes of Health (Pubmed). Devido a
especificidade e pela exequibilidade da presente revisão, utilizou-se uma
estratégia para cada busca, os descritores foram obtidos juntos aos Descritores
em Ciências em Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings
(MeSH), conforme apresentado no quadro a seguir.
Quadro 1 - Sistematização da busca eletrônica nas bases de dados Lilacs, BDENF, Pubmed.
Fonte: Autores.
Quanto aos critérios de
inclusão, foram contemplados artigos publicados em português, inglês ou
espanhol, provenientes de pesquisas primárias, disponíveis na íntegra, online e
gratuitamente. Foram excluídos os artigos que não respondiam à questão de
pesquisa, e que envolviam mulheres gestantes, pois depreende-se que a gestação
envolve doenças e fatores de risco específicos a esse período. Destaca-se que
os artigos duplicados foram considerados uma vez só e as pesquisas foram
consideradas indisponíveis após diversas tentativas de encontrá-las.
As etapas de seleção e
análise dos artigos foram realizadas por dois pesquisadores de forma
independente, visando minimizar possíveis erros de interpretação dos
resultados. Posterior à leitura, organizou-se um quadro sinóptico com os
estudos selecionados contendo os seguintes itens: identificação do artigo,
referência, subáreas do conhecimento, local de realização da pesquisa,
objetivo, delineamento, nível de evidência e principais resultados.
No portal BVS foram
apuradas 674 produções e, após selecionar as bases de dados Lilacs
e BDENF, 54 pesquisas foram disponibilizadas. Já na Pubmed
apuraram-se 152 produções, totalizando 208 estudos ao total. Após aplicar os
critérios de seleção, o corpus final contou com 27 produções (Figura 1).
As produções
selecionadas seguiram a classificação de acordo com os setes níveis de
evidência proposta por Melnyk e Fineout-Overholt
[9]. Destaca-se que os aspectos éticos deste estudo foram preservados. Todos os
autores dos artigos analisados foram referenciados adequadamente, conforme a
Lei de Direitos Autorais nº. 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 [10]. Os dados e
informações das pesquisas foram apresentados de forma fidedigna.
Segue abaixo a Figura
1, a qual trata-se do fluxograma de seleção dos estudos e a análise dos dois
pesquisadores de forma independente. Utilizou-se uma legenda para facilitar a
compreensão da figura: NA = não é artigo; NP = não é pesquisa primária; NT =
não é da temática; NID = não é do idioma; NQ = não responde à questão.
Fonte: Autores.
Figura 1 - Fluxograma de seleção duplo independente dos artigos selecionados
acerca da temática dos fatores de risco cardiovascular na população feminina.
Quadro 2 - Características dos estudos selecionadas nas bases de dados Lilacs, BDENF e Pubmed. (ver PDF
em anexo).
Caracterização
das produções selecionadas
Dentre os 27 estudos
analisados na íntegra, a maioria são internacionais, sendo sete pesquisas
realizadas nos Estados Unidos (EUA), duas na Costa-Rica e Finlândia, Espanha,
México, Holanda, Irã, Suécia, Dinamarca cada país com uma produção. Destacam-se
as pesquisas nacionais, as quais foram realizadas nos diversos estados do país,
totalizando dez estudos. No que diz respeito a subáreas de conhecimento,
predominou a medicina com 11 estudos, seguido da Enfermagem com nove, após a
nutrição com quatro, Psicologia com duas e uma pesquisa de Saúde Pública.
Referente ao delineamento dos estudos, todos eram pesquisas quantitativas e
quanto ao nível de evidência, 21 estudos foram classificados com nível de
evidência 6, quatro estudos possuíam nível de evidência 4, e dois estudos foram
classificados com nível de evidência 2 e 3, cada um.
Fatores
de risco cardiovasculares em mulheres
Evidenciaram-se fatores
de risco na população feminina que predispõem ao desenvolvimento das DCV, sendo
eles fatores de risco modicáveis e/ou controláveis, fatores de risco não
modificáveis, complicações das DCV, conhecimento das mulheres a respeito destas
doenças e ações de promoção à saúde nesse contexto.
Em relação aos fatores
de risco modificáveis e/ou controláveis, a maioria dos estudos evidenciou a HAS
[11-27]. A obesidade e/ou excesso de peso também foi constatado em um grande
número de estudos [12-13,15,19,21-30]. Fatores psicossociais e emocionais foram
apontados, envolvendo a ansiedade e estresse no local de trabalho [31], um
estudo apresentou relação significativa entre o abuso emocional e o
desenvolvimento de HAS em mulheres [14]. Outras pesquisas também relacionaram
os fatores psicossociais com a ocorrência, especificadamente, de HAS, como
depressão [16] e o estresse [17]. Além desses fatores, a raiva e hostilidade
[32], solidão [33], depressão [34] e o estresse [22,24] foram associados ao
desenvolvimento das DCV.
Ainda no que se refere
aos fatores modificáveis e/ou controláveis, destacou-se o sedentarismo
[13,20,22,24-26,29,35], a dislipidemia [11,15,19, 21-22,25], elevação dos níveis
de triglicerídeos [11,15,22,26], diabetes (tipo I e tipo II) [9,22,26,27],
tabagismo [19,35], hábitos alimentares [16,21,26,36] e síndrome metabólica
[19]. Acrescenta-se que um estudo [26] evidenciou que a associação de somente
HAS e DM possui maiores chances de desenvolver DCV autorreferida,
quando comparada a associação de mais fatores de risco como hipertensão,
diabetes, obesidade, baixa ingestão de frutas e vegetais e falta de atividade
física vigorosa ou moderada. Foram constatados alguns fatores sociais, como as
características ambientais dos cenários das residências das participantes do
estudo [13]. Nesse sentido, alguns fatores podem facilitar ou dificultar o
risco cardiovascular, por exemplo, o acesso para atividades físicas, lugares
mais tranquilos e sossegados. Outro fator social apontado foi a ocupação das
mulheres, estudo [15] evidenciou que mulheres donas de casa estão mais
predisponentes aos fatores de risco cardiovascular do que mulheres
trabalhadoras. Além disso, mais dois estudos associaram os eventos hormonais da
mulher com os fatores de risco modificáveis, um deles relacionou o uso do
contraceptivo oral e o desenvolvimento de HAS [18] e o outro abordou o período
pós menopausa, no que diz respeito ao uso de terapia hormonal, o hábito de
fumar e o maior risco cardiovascular [35].
No que concerne aos
fatores de risco não modicáveis, um estudo apresentou evidencias
científicas, abordando questão raciais e étnicas, como a maior propensão de
mulheres negras desenvolverem HAS e anormalidades metabólicas, e já as mulheres
brancas possuírem maiores riscos de níveis elevados de triglicerídeos e baixo
HDL [11]. Além desses fatores, dois estudos abordaram o histórico familiar como
fator de risco para as DCV [24,27].
Ademais, estudos
[12,20] evidenciaram complicações quando as DCV acometem a população feminina,
como o prolongamento de internações, devido principalmente a desfechos
adversos. Além disso, os óbitos decorrentes das DCV foram mais frequentes em
mulheres quando comparados a população masculina.
Outras produções
[28,37] buscaram avaliar o conhecimento de mulheres acerca dos fatores de risco
e das DCV. Identificou-se [28,37] baixo nível de conhecimento a respeito das
DCV, mas as mulheres do estudo [28] reconhecem que as modificações de hábitos
podem preveni-las. Entretanto, foi evidenciado que as mulheres não praticam
ações de promoção e prevenção relacionadas às DCV. A pesquisa [37] ressalta a
importância de os profissionais enfermeiros desenvolverem estratégias de
educação em saúde, para promover a saúde das mulheres e prevenir as DCV. Além
disso, uma pesquisa [36] evidenciou a influência etnocultural
nos hábitos alimentares da população feminina.
Frente aos achados,
observa-se os diversos fatores que predispõem as mulheres ao desenvolvimento
das DCV, e que, quando essas doenças acometem esta população, causam
complicações e óbitos em números elevados. Além disso, evidenciou-se a carência
no conhecimento acerca das DCV e mesmo que as mulheres saibam que a mudança
comportamental contribuirá na redução do risco cardiovascular, esta não
acontece. Diante do exposto, ressalta-se a importância de estudos que busquem
compreender os hábitos de vida das mulheres e que, se necessário, incentivem
mudanças dos mesmos, enfatizando o cuidado com a saúde da mulher, a prevenção e
controle das DCV.
Na presente revisão,
fatores de risco como a obesidade, HAS foram predominantemente identificados, a
síndrome metabólica também foi evidenciada em alguns estudos. Pesquisa
realizada com universitários em São Luiz/Maranhão evidenciou a correlação de
indicadores antropométricos como a obesidade e outros fatores de risco para as
DCV, como variáveis metabólicas e pressão arterial elevada, predominantemente
na população feminina quando comparada a masculina [2].
Segundo autor [38], a
HAS e a síndrome metabólica constituem-se como destaques nos fatores de riscos
para o desenvolvimento das DCV. Sendo a HAS considerada um dos principais
desafios na saúde pública, pois, além de elevar os custos para os serviços,
pode causar sérias complicações na saúde das mulheres, principalmente quando há
diminuição das concentrações séricas dos considerados cardioprotetores, como o
estrogênio.
Conforme dados do Vigitel 2014, aproximadamente 28% das mulheres com idade
superior a 18 anos relataram diagnóstico de HAS [39]. Além disso, o uso de
contraceptivo oral na presença de outros fatores como a HAS pode elevar o risco
de infarto agudo de miocárdio e acidente vascular cerebral. A atenção e
cuidados devem ser maiores, além de mulheres com HAS, às mulheres com DM,
tabagistas e principalmente acima dos 35 anos de idade [40].
No que diz respeito à
obesidade, a OMS indica como um dos principais problemas de saúde pública no
mundo. No ano de 2014, mais de 1,9 milhões de indivíduos adultos encontravam-se
acima do peso, destaca-se que, destes, 600 milhões estão obesos. De 1980 a
2013, o sobrepeso e a obesidade, em conjunto, aumentaram 47,1% entre as
crianças e 27,5% entre os adultos [41]. No Brasil, os índices de obesidade vêm
crescendo cada vez mais, levantamentos apontam que mais da metade da população
está com o seu peso elevado, na faixa de sobrepeso e obesidade [42]. Ademais,
um estudo com representatividade nacional apontou que, a paridade exerce
influência no sobrepeso e obesidade nas mulheres brasileiras em idade
reprodutiva [43].
Outra condição que
merece destaque e que cada vez mais está acometendo a população em geral e
principalmente as mulheres são as condições psicossociais, destacando-se a
depressão. Estudo aponta que sintomas depressivos persistentes contribuem para
o aparecimento de doenças subsequentes, por exemplo, as DCV [44].
Além dos fatores de
risco modicáveis acima descritos, os outros achados desta revisão também
corroboram os fatores estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia,
como o colesterol sérico elevado, tabagismo, inatividade física, diabetes e
estresse [45]. A maioria dos fatores de risco evidenciados na presente revisão
trata-se de fatores modificáveis. Este resultado vai ao encontro de outra
pesquisa realizada, na qual todos os fatores analisados também foram
modificáveis [2].
Evidenciou-se também
alguns fatores de risco não modificáveis, que também vão ao encontro dos
fatores determinados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, estes possuem
etiologia genética ou biológica. Por exemplo, hereditariedade, idade avançada e
principalmente o sexo, pois foi identificado elevado risco para o
desenvolvimento de DCV na população feminina [45].
Diante disso, reforça-se
a importância do desenvolvimento de estratégias que sensibilizem a população,
incentivando adoção de hábitos de vida saudáveis. Além de garantir acesso à
atividade física, por meio de programas públicos, orientados por profissionais
da área e gratuitos.
O presente estudo
evidenciou fatores de risco modicáveis para o desenvolvimento de DCV em
mulheres, como a HAS, obesidade, fatores psicossociais, sedentarismo,
dislipidemia, elevação dos níveis de triglicerídeos, diabetes, tabagismo, hábitos
alimentares, síndrome metabólica e fatores sociais. Além destes, foram
identificados fatores de risco não modificáveis, como a hereditariedade e sexo.
Estudos também evidenciaram o período de internação prolongado para a população
feminina, quando acometida pelas DCV e outros avaliaram o conhecimento das
mulheres acerca dos fatores de risco e das DCV, constatando que mesmo que elas
saibam das complicações e da magnitude destas doenças não realizam ações de
promoção à saúde e prevenção das DCV.
Acredita-se que este
estudo de revisão pode contribuir para uma reflexão a respeito da importância
de desenvolver estratégias que busquem a sensibilização da população e a
mudança de comportamento, quando necessário. Dessa forma, será possível
promover a saúde, prevenir as DCV e seus agravos, além de controlar os fatores
de risco com políticas públicas eficientes. Ainda evidenciou a importância de
realizar novas pesquisas abordando as DCV e as mulheres, visto que foi
identificado o elevado risco para o desenvolvimento destas doenças na população
feminina.
Reconhece-se
como
limitação da presente revisão a não
utilização, na etapa de seleção dos estudos
primários, de um instrumento de identificação e
avaliação metodológica, como
aqueles utilizados em revisões sistemáticas.