ARTIGO
ORIGINAL
Validação
de instrumento para avaliação do nível de satisfação do atendimento de
enfermagem no pré-parto
Elionara Silva de Lima*,
Beatriz Tavina Viana Cabral*, Hortência Maria Feitosa
Gondim**, Dannielly Azevedo de Oliveira, M.Sc.***
*Enfermeira,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ Faculdade de Ciências da Saúde do
Trairi (UFRN/FACISA), **Enfermeira, Especialista em Enfermagem Obstétrica pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),***Enfermeira, Docente dos
cursos de graduação e pós-graduação Universidade Federal do Rio Grande do
Norte/ Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (UFRN/FACISA)
Recebido em 8 de março
de 2018; aceito em 6 de junho de 2019.
Correspondência: Dannielly
Azevedo de Oliveira, Rua Teodorico Bezerra, s/n, Anexo II, Faculdade de
Ciências da Saúde do Trairi/Universidade Federal do Rio Grande do Norte (FACISA/UFRN),
59200-000 Santa Cruz RN, E-mail: danniellyazevedo3@gmail.com; Elionara Silva de Lima: nara_bogo@hotmail.com; Beatriz Tavina Viana: beatriz_tavina@outlook.com; Hortência Maria
Feitosa Gondim: hortencia_feitosa@yahoo.com.br
Resumo
Objetivo: Validar um
instrumento quantitativo de pesquisa que permita estudar, com confiabilidade
estatística, o nível de satisfação das mulheres quanto ao atendimento de
enfermagem no pré-parto. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, quantitativo,
desenvolvido com quatro enfermeiros especialistas, com o mínimo de experiência
de 2 anos, realizando submissão para validação de conteúdo através da aplicação
do índice de Kappa, aceitando-se o valor >0,61
(nível moderado), e Índice de Validade de Conteúdo (IVC) >0,75. Resultados: Todos os 33 itens do
instrumento obtiveram índice de avaliação de Kappa e
IVC dentro dos parâmetros estabelecidos para a validade de conteúdo. Conclusão: O instrumento pode ser
considerado válido em seu conteúdo, com todos os itens considerados adequados
separadamente, bem como de maneira global.
Palavras-chave: cuidados de
enfermagem, estudos de validação, obstetrícia, trabalho de parto.
Abstract
Validation
instrument for assessment of satisfaction level of care in nursing pre-delivery
Objective: To validate a
quantitative survey instrument to study, with statistical reliability, the
satisfaction level of women for the nursing care in the pre-delivery. Methods: This was a cross-sectional,
quantitative study, developed with four specialist nurses with a minimum of 2
years’ experience, performing submission to content validation by applying the
Kappa index, accepting the value > 0.61 (moderate level), and Content
Validity Index (CVI ) > 0.75. Results: All 33 items of the instrument had Kappa evaluation index
and IVC within the parameters set for the validity of content. Conclusion: The instrument can be
considered valid in its content, and all the items were considered appropriate
separately, as well as globally.
Key-words: nursing care,
validation studies, obstetrics, delivery labor.
Resumen
Instrumento de validación
para la evaluación de la satisfacción del nivel de atención
en enfermería pre-parto
Objetivo: Validar un instrumento de encuesta cuantitativa que permite estudiar,
con una fiabilidad estadística,
el nivel de satisfacción de las mujeres en relación
a la atención de enfermería en el
preparto. Métodos:
Se trata de un estudio cuantitativo transversal, desarrollado
con cuatro enfermeras especializadas con un mínimo de 2 años de
experiencia, la realización
de la sumisión a la validación del
contenido mediante la aplicación del índice de Kappa, aceptando el valor> 0,61 (nivel
moderado), y el Índice de Validez de Contenido (IVC)> 0,75. Resultados: Los 33 ítems del instrumento tenían Kappa índice de evaluación y IVC
dentro de los parámetros establecidos para la validez del contenido. Conclusión: El
instrumento puede ser considerado válido en su contenido,
y todos los ítems
considerados apropiados por separado, así como de manera global.
Palabras-clave: atención
de enfermería, estudios de validación, trabajo de parto.
O enfermeiro desenvolve
um papel essencial na avaliação e implementação de medidas que diminuam o risco
de complicações e melhore a qualidade de vida dos pacientes [1]. Para isso,
utilizam-se, no processo de enfermagem, instrumentos metodológicos que
possibilitam organizar, sistematizar e administrar o cuidado de enfermagem ao
ser humano, além de documentar a prática profissional [2]. Sendo este
instrumento composto por etapas interligadas que compreendem: a investigação, o
diagnóstico, o planejamento, a intervenção e a avaliação, as quais buscam
identificar as situações de saúde e de doença, bem como as necessidades de
cuidados de enfermagem. De igual modo, procura, ainda, subsidiar as
intervenções para promover a saúde do indivíduo, família e comunidade [3].
A objetividade, a
fidedignidade e a abrangência, dados coletados neste processo, influenciarão no
planejamento da assistência, refletindo em um melhor cuidado gerado [4].
Através da pesquisa em
revistas especializadas, foi possível observar que existem poucos estudos que
busquem validar instrumentos. Na maior parte destes, ocorre o uso de
instrumentos utilizados em pesquisas anteriores, sem que haja validação dos
mesmos.
O uso de instrumento de
coleta de dados específico pode facilitar a compreensão das respostas da
população estudada, além de permitir à equipe de enfermagem a individualização
e direcionamento do cuidado. Esses aspectos são importantes para humanização da
assistência, que já vem sendo preconizado pelas Políticas Públicas de Saúde,
como também pelo Conselho Federal de Enfermagem através da Resolução n°358/2009
[5].
A utilização de
instrumentos validados favorece e eleva o nível de qualidade dos serviços de
enfermagem, podendo ser um diferencial na busca da melhor qualidade
assistencial.
O profissional,
sobretudo o enfermeiro, que atua na assistência ao trabalho de parto, constrói
seu próprio roteiro de forma individualizada. Assim, fica sob sua
responsabilidade o ato de avaliar o que é importante ser observado no paciente.
Sabendo que existe a carência de critérios legítimos a serem considerados na
atenção à mulher no pré-parto, a assistência prestada
nesse momento adquire uma característica basicamente assistemática [6].
Em síntese, alguns
aspectos despertaram o interesse em desenvolver este estudo, quais sejam: o
período pré-parto, por ser uma fase de risco, requer
uma assistência qualificada, tendo como base a melhoria das condições de saúde
da mulher e família; a necessidade de desenvolver uma metodologia de
assistência de enfermagem sistematizada à mulher nessa fase dentro do ambiente
hospitalar; a lacuna bibliográfica existente acerca de instrumentos que
norteiem a ação do cuidado de enfermagem à mulher no pré-parto.
Dessa forma, considera-se importante a validação de um instrumento com devido
rigor científico e que se apresente como documento delineador da assistência de
enfermagem à mulher no período que antecede o nascimento, considerando o
atendimento na média complexidade.
A validação é o
processo de examinar a precisão de uma determinada predição ou inferência
realizada a partir dos escores de um teste. Validar, mais do que a demonstração
do valor de um instrumento de medida, é todo um processo de investigação. O
processo de validação não se exaure, ao contrário, pressupõe continuidade e
devem ser repetidas inúmeras vezes para o mesmo instrumento. Se valida não
propriamente o teste, mas a interpretação dos dados decorrentes de um
procedimento específico. A cada aplicação de um instrumento pode corresponder,
portanto, uma interpretação dos resultados [7].
Neste estudo,
pretendeu-se encontrar respostas para as inquietações que o uso do instrumento
despertou, dentre as quais se destacam: Os itens que constam no instrumento
permitem uma coleta de dados que possibilite um julgamento clínico direcionado?
Que modificações poderiam ser feitas para melhor adequá-lo a essas finalidades?
A pesquisa então vem
apresentar o seguinte objetivo: Validar um instrumento quantitativo de pesquisa
que permita estudar, com confiabilidade estatística, o nível de satisfação das
mulheres quanto ao atendimento de Enfermagem no pré-parto.
Na busca da melhoria da
qualidade de assistência de Enfermagem às mulheres no período pré-parto, bem como favorecer a operacionalização das
atividades desenvolvidas pelos enfermeiros do Hospital Universitário Ana
Bezerra (HUAB), propôs-se essa investigação, visando à validação de um
instrumento para coleta de dados em mulheres no período de pós-parto internadas
neste serviço, sendo este instrumento elaborado e aplicado em momento anterior,
junto às puérperas desta mesma instituição.
Trata-se de um estudo
transversal, quantitativo, o qual se propôs validar um instrumento de coleta de
dados que fosse confiável, preciso e utilizável em outros estudos, podendo ser
aplicado por outros pesquisadores.
O estudo se desenvolveu
no Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), localizado no município de Santa Cruz, interior do Rio
Grande do Norte e a 121 km da capital, Natal, na região Nordeste do Brasil. A
instituição tem se tornando exemplo de profissionalismo na área de saúde e vem
conquistando o respeito da população através de projetos reconhecidos por
especialistas na área em todo Brasil. O HUAB oferece atendimento especializado
em pediatria, obstetrícia e ginecologia a própria cidade de Santa Cruz, assim
como a cidades circunvizinhas. Dentre os serviços prestados estão: pré-natal de
alto risco; ginecologia; atendimento pediátrico; puericultura; prevenção do
câncer ginecológico; nutrição; clínica geral, assistência odontológica. Na
equipe de enfermagem existem profissionais que atuam em diversas áreas como:
pediatria, obstetrícia e ginecologia (clínica e cirúrgica e clínica médica
feminina), e atendimento de urgências obstétricas.
A seleção dos
participantes ocorreu mediante os seguintes critérios: ser enfermeiro
assistencial, especialista na área e que atue no HUAB. Foram considerados
especialistas: os enfermeiros com experiência profissional de pelo menos dois
anos no ensino ou na assistência na área de saúde da mulher ou que trabalhassem
com a temática do processo de enfermagem. Foram excluídos do estudo enfermeiros
que estavam ausentes no período da coleta e que não atuassem diretamente em
atividades assistenciais. Os enfermeiros que participaram da coleta de dados
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados
ocorreu no HUAB, no período de setembro a outubro de 2014.
Após serem considerados
os critérios de seleção, participaram do processo quatro enfermeiros
especialistas. Por conseguinte, foi entregue aos participantes uma pasta
contendo: o termo de consentimento livre esclarecido, o instrumento a ser
validado, a carta de esclarecimento e, por fim, a carta de caracterização dos
participantes. Foram explicadas as etapas da pesquisa, seus objetivos, e apenas
os profissionais que concordaram em assinar o termo, participaram do estudo. A
coleta dos instrumentos preenchidos foi realizada, após o prazo estipulado pelo
pesquisador, na instituição a qual os enfermeiros atuam.
Para validação do
conteúdo da primeira versão do instrumento, foi entregue aos enfermeiros
avaliadores, um questionário norteador com respostas tipo “concordo” e “não
concordo”. Foi solicitado que eles assinalassem a alternativa “concordar” (ou
não), conforme identificado na carta de esclarecimento. Também foi destinado um
espaço e solicitado aos especialistas que realizassem comentários e sugestões
para melhoria do instrumento.
Entre os instrumentos
concedidos aos participantes que aceitaram colaborar com a pesquisa, foi
entregue uma carta para elaborar o perfil dos participantes, a qual estava
composta pelas seguintes variáveis: nome, idade, sexo, anos de experiência
profissional como enfermeiro, nível de educação em Enfermagem, anos de
experiência com ginecologia/obstetrícia, realiza atividades. Tais variáveis
foram elencadas a fim de identificar quais são as qualificações e experiências
dos profissionais avaliadores.
O método de validação
do instrumento de coleta de dados escolhido para este estudo foi a validade de
conteúdo que se refere à análise minuciosa do instrumento, com o objetivo de
verificar se os itens propostos constituem-se em uma
amostra representativa do objeto que se deseja mensurar. Nesse tipo de
validação, o instrumento é submetido a um grupo de juízes considerados
especialistas no conceito [7].
Como resultado, é
obtido o Índice de Validade de Conteúdo (IVC), que mede a concordância dos
juízes quanto à representatividade dos itens em relação ao conteúdo em estudo,
sendo calculado dividindo-se o número de juízes que avaliam o item como
adequado pelo total de juízes (avaliação por item), resultando na proporção de
juízes que consideraram o item válido [8].
Essa etapa visa à
obtenção de consenso de opiniões quanto à suficiência,
clareza, repetição, pertinência dos itens diagnóstico/resultado e intervenções
de enfermagem, bem como do formato do instrumento.
A concordância entre os
especialistas foi verificada pelo percentual de concordância de Kappa de Cohen e a classificação sugerida por Landis e Koch
(1977): concordância excelente (0,81 a 1,0); moderada (0,61 a 0,80); fraca
(0,41 a 0,60); leve (0,40 a 0,21) e desprezível (0,20 a 0,00). O coeficiente de
Kappa é uma estatística usada para verificar o grau
de concordância (confiabilidade e precisão) das respostas interavaliadores
e possibilita verificar o grau de correspondência entre avaliações
independentes [9].
Neste estudo, foram
considerados como válidos, os itens de no mínimo de > 0,61(nível moderado),
para avaliação de cada item já para o IVC o valor considerado válido foi >
0,75. Para o cálculo do coeficiente de Kappa foi
utilizada a calculadora online “Online Kappa Calculator” [10].
Os dados foram
organizados em planilha de dados eletrônica e exportados para um software
estatístico. Depois de codificados e tabulados foram analisados pela leitura
reflexiva e por meio de estatística descritiva. Os instrumentos foram
reformulados de acordo com as sugestões dos juízes.
O projeto foi aprovado
pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob CAAE
nº 31199514.3.0000.5568.
Os responsáveis pela
validação do instrumento foram quatro enfermeiros, considerados especialistas
de acordo com critério de inclusão.
Tabela I - Caracterização dos juízes participantes da pesquisa, quanto ao sexo,
idade, anos de experiência, nível de educação e outras atividades na
enfermagem. Santa Cruz, Rio Grande do Norte, Brasil, 2014.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2014.
Conforme apresentado na
tabela I, foi possível observar que todos os participantes possuíam o mínimo de
experiência exigida para integrar a pesquisa, além de especialização em
ginecologia/obstetrícia, seguindo, assim, todos os critérios de inclusão no
estudo.
Em se tratando de
processo de julgamento dos itens que compõem o instrumento, a média de
concordância variou com IVC ente 0,33 e 1,00. Quanto ao índice de Kappa, os valores também variaram ente 0,33 e 1,00. Os
resultados são apresentados na tabela II.
Tabela II - Julgamento entre os juízes sobre os itens do instrumento. Santa Cruz,
Rio Grande do Norte, Brasil, 2014. (ver PDF em anexo)
Do total dos 33 itens,
21 deles apresentaram índice de concordância perfeitos (IVC= 1,00 e Kappa = 1,00). São eles: 1) Questionário socioeconômico; 3)
Foi oferecida água; 4) Foram oferecidos alimentos leves; 5) O profissional de
enfermagem respeitou suas vontades; 6) O profissional de enfermagem ofereceu
apoio emocional; 7) O profissional de enfermagem e você tiveram diálogo; 8) O
profissional de enfermagem ofereceu medidas de conforto; 10) O profissional de
enfermagem segurou a sua mão; 11) O profissional de enfermagem forneceu
informações e explicações sobre o parto; 12) O profissional de enfermagem
permitiu a presença de um acompanhante; 13) O profissional de enfermagem ajudou
você a encontrar uma posição que fosse confortável; 14) O profissional de
enfermagem incentivou a deambulação; 15) O profissional de enfermagem
incentivou o banho de chuveiro para alívio da dor; 17) O profissional de
enfermagem ensinou técnicas de relaxamento para o alívio da dor; 18) O
profissional de enfermagem incentivou a utilização da bola de Bobath; 24) A assistência de enfermagem na oferta ao
conforto ocorreu de acordo com suas expectativas; 25) A assistência de
enfermagem no alívio da dor ocorreu de acordo com suas expectativas; 26) A
assistência de enfermagem no apoio emocional ocorreu de acordo com suas
expectativas; 28) A assistência de enfermagem para evitar complicações de
acordo com suas expectativas; 32) A dor que sentiu quando o enfermeiro ajudou
no alívio; 33) Intensidade de dor durante todo o pré-parto.
Dos 12 itens restantes,
08 foram avaliados como inadequados (IVC ≥ 5 e Kappa
≥ 0,33) dentre eles estão: 2) Foi medida temperatura, frequência cardíaca
e pressão arterial a cada 4 horas; 19) O profissional de enfermagem administrou
algum medicamento para dor; 20) O profissional de enfermagem monitorou os
batimentos cardíacos do bebê; 22) O profissional de enfermagem administrou
medicamento para acelerar as contrações; 23) O profissional de enfermagem
ajudou você a fazer força para o trabalho de parto; 29) As dores de contração;
30) A dor que sentiu no toque realizado pelo enfermeiro; 31) A dor que sentiu
sem a presença do profissional de enfermagem.
Por fim, 04 itens
tiveram sugestão de alterações, quais sejam: 9) O profissional de enfermagem
friccionou suas costas; 16) O profissional de enfermagem realizou massagem para
o alívio da dor; 21) Houve realização do toque a cada 4 horas pelo profissional
de enfermagem; 27) A assistência de enfermagem forneceu informações de acodo com suas expectativas (IVC = 0,75 e Kappa = 0,50), conforme apresentado na Tabela III.
Tabela
III - Sugestões dos juízes acerca dos itens
considerados adequados com alteração. Santa Cruz, Rio Grande do Norte, Brasil,
2014.
Fonte: Dados da
Pesquisa, 2014.
Na avaliação global, o
instrumento índice de Kappa > 0,85 o que demonstra
a alta confiabilidade e fidedignidade deste em avaliar a assistência a ser
prestada na mulher atendida no pré-parto naquela
unidade hospitalar.
Em se tratando do
instrumento o primeiro bloco que está relacionado à assistência recebida que
engloba do item 2 ao 23, apenas 5 foram considerados inadequados, a grande
maioria deste bloco obteve índice de concordância perfeitos (IVC = 1,0 e Kappa = 1,0).
A atuação da enfermagem
na assistência à mulher no parto é considerada um fator importante para redução
da morbidade e mortalidade materna e perinatal, assim como na diminuição das
práticas intervencionistas do tipo cesarianas, as quais muitas vezes são
desnecessárias, podendo privilegiar a parturiente como ser ativo no processo de
parto, conduzido por uma assistência humanizada, tornando-o mais fisiológico
[11].
Em relação aos itens
relacionados às expectativas da parturiente, todos, sem exceção, obtiveram
índice de concordância perfeitos (IVC = 1,0 e Kappa =
1,0), os quais englobam do item 24 ao 28.
Sendo o puerpério um período
considerado de risco, tornam-se essenciais os cuidados de enfermagem
qualificados que tenham como base a prevenção de complicações, o conforto
físico e emocional, além de ações educativas que possam dar à mulher
ferramentas para cuidar de si e do filho. Essas ações devem ser permeadas pela
escuta sensível e valorização das especificidades das demandas femininas que
são influenciadas por expectativas sociais relativas ao exercício da
maternidade.
Atuando com base no
modelo de atenção humanizada, assistindo a puérpera durante todo o trabalho de
parto, fazendo com que a mulher experimente sensações, através do
compartilhamento de sentimentos entre o profissional enfermeiro e a mulher
gravídica. Assim como garantindo o direito da mulher em participar de decisões
e resoluções de problemas durante o ciclo gravídico-puerperal, não deixando que
os prestadores de cuidados tomem decisões por elas [12].
No último bloco
relacionado à dor percebida durante o trabalho de parto, dos 06 itens que
pertencem a este eixo, apenas 03 obtiveram índices de concordância perfeitos.
A dor de um parto pode
ser longa e dolorosa, devendo ser aliviada, a fim de diminuir e minimizar
sérios prejuízos, tanto para a mãe quanto para o bebê, durante o processo de
nascimento. Nesse sentido, é de extrema relevância a utilização das medidas não
farmacológicas para o alívio da dor no trabalho de parto, pois delega certa
autonomia à parturiente, permitindo a ela e a seu acompanhante uma participação
efetiva na assistência direcionada ao processo de nascimento, bem como
liberdade de escolha durante todo o processo de trabalho de parto, considerando
as evidências científicas e orientações prestadas a eles pela equipe
assistencial (implementação da assistência obstétrica humanizada) [13].
Quanto aos itens que
foram sugeridas alterações, estas modificações estão relacionadas ao
vocabulário, como nos itens: “9) O profissional de enfermagem friccionou suas
costas” e “16) O profissional de enfermagem realizou massagem para o alívio da
dor”, foi sugerida mudança por ambas apresentarem o mesmo sentido. De igual
modo, no item “21) Houve realização do toque a cada 4 horas pelo profissional
de enfermagem”, foi sugerida a mudança do intervalo do toque vaginal de 4 horas
para duas horas, sendo este o intervalo mínimo para realização deste
procedimento, o qual deve ser seguido a critério médico, evitando exceder este
prazo. Em caso de bolsa rota poderá ser espaçado com intervalos de 3 a 4 horas
[14], evitando toque vaginal na ausência de contrações [15].
Já no item “27. A
assistência de enfermagem forneceu informações de acordo com suas
expectativas”, as mudanças sugeridas foram para oferecer mais clareza ao
paciente.
Ambas as alterações são
de cunho corretivo para melhoria do instrumento, visando à reformulação dos
itens para facilitar o entendimento das parturientes no momento de aplicação,
tornando, assim, o instrumento com maior aplicabilidade.
A importância da
utilização de instrumentos de coleta de dados está em permitir a identificação
de um maior número de problemas, quando comparado à anotação de enfermagem, o
que garante uma melhor assistência [2].
Sendo assim, torna-se
imprescindível o uso de instrumentos para mensuração da satisfação da paciente,
assim como o registro da assistência prestada, com fins de tonar a assistência
mais definida e organizada.
O instrumento mostrou-se
bastante claro e consistente, tendo recebido relativamente poucas críticas e
sugestões de mudanças durante o processo de análise pelos especialistas, os
quais, por sua vez, confirmaram a validade, a precisão e a confiabilidade do
instrumento.
Tendo em vista que
nenhuma ferramenta de coleta é completamente válida, e os testes de validação
legitimam, de fato, o uso de um instrumento para um determinado grupo,
considerou-se alcançado o objetivo inicial proposto de validação do instrumento
de coleta de dados para avaliação das mulheres que recebem cuidados durante o
trabalho de parto, levando em conta que, através dele, podem ser coletados
dados que busquem como fim a operacionalização melhorada da assistência de
enfermagem.