ARTIGO
ORIGINAL
Implantação
do Score de deterioração clínica (MEWS) em um hospital privado da cidade do Rio
de Janeiro e seus respectivos resultados
Ellen Simone
Vasconcelos Cipriano*, Bruna de Sousa Salgado**, André Nobre de Oliveira, M.Sc.***, Beatriz Gerbassi Costa Aguiar, D.Sc.****
*Pós-graduanda
em enfermagem hospitalar com ênfase em saúde do idoso no formato de residência,
pela Faculdade Adventista da Bahia (FADBA), Enfermeira Plantonista da Unidade
de Terapia Intensiva do Hospital Adventista Silvestre - Unidade Itaboraí, Rio
de Janeiro, **Pós-graduanda em enfermagem hospitalar com ênfase em saúde do
idoso no formato de residência, pela FADBA, Enfermeira Plantonista da Unidade
de Internação do Hospital Adventista Silvestre, Unidade Cosme Velho, Rio de
Janeiro/RJ, ***Pós-graduado em Docência do Ensino Superior, pelo UNASP,
Mestrando em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
(UNIRIO), Gerente de Enfermagem do Hospital Adventista Silvestre, Unidade Cosme
Velho, Rio de Janeiro/RJ, ****Professora Associada do Dpto
de Enf. Médico-Cirúrgica da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro e Professora do Programa de Mestrado em
Enfermagem da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ
Recebido em 19 de
setembro de 2017; aceito em 19 de outubro de 2017.
Endereço
de correspondência:
André Nobre de Oliveira, Depto de Enfermagem do
Hospital Adventista Silvestre, Ladeira do Ascurra,
274, Cosme Velho, 22241-220 Rio de Janeiro RJ, E-mail:
andre.nobre@hasilvestre.org.br; Ellen Simone Vasconcelos Cipriano:
simone.ellen@yahoo.com.br; Bruna de Sousa Salgado: ktussa@hotmail.com; Beatriz Gerbassi Costa Aguiar: residenfermagem@unirio.br
Resumo
Objetivo: Analisar a
implantação do Escore de Deterioração Clínica (MEWS) em um hospital privado
filantrópico da cidade do Rio de Janeiro/RJ. Material e métodos: Trata-se de um estudo documental realizado em
um hospital privado, filantrópico no Rio de Janeiro. A coleta de dados foi
realizada nos registros da comissão de óbitos e livro de registro da supervisão
de enfermagem. Foram incluídos 101 registros de pacientes que os supervisores
de enfermagem acompanharam o desfecho com o escore de MEWS no livro de registro
de enfermagem no período de janeiro a julho de 2016. Os dados obtidos foram
agrupados em frequências simples e porcentagens e apresentados em forma de
gráficos e tabelas. Resultados: De
acordo com os dados coletados, foram predominantes: o sexo feminino, a faixa
etária acima de 60 anos, o registro de MEWS>5, e o desfecho relacionado à
transferência para unidades de terapia intensiva. Conclusão: O MEWS é uma excelente ferramenta para avaliar e
prevenir deterioração clínica hospitalar, analisar a qualidade da assistência e
a segurança do paciente e contribui para a tomada de decisão para prevenção de
deterioração clínica do paciente.
Palavras-chave: Enfermagem,
emergência, sinais vitais.
Abstract
Implantation of the clinical deterioration score (MEWS) in a private
hospital of Rio de Janeiro and its respective results
Objective: To analyze
the implantation of the Modified Early Warning Score (MEWS) for clinical
deterioration in a private philanthropic hospital in the city of Rio de
Janeiro. Methods: This is a
documentary study conducted at a private, philanthropic hospital, whose data
collection was performed in the records of the Death Commission and Nursing
Supervision Record books. A total of 101 patient records were included and the
nursing supervisors followed the MEWS score in the nursing record book from
January to July 2016. Data were grouped into simple frequencies and percentages
and were presented in the form of charts and tables. Results: According to the data collected, it was predominant:
the female gender, the age group above 60 years, the MEWS
record > 5, and the outcome related to the transfer to intensive care
units. Conclusion: The MEWS is an
excellent tool for evaluation and prevention of clinical deterioration in
hospital, for analyzing quality of care and patient safety, and contribute to
the decision making to prevent clinical deterioration of the patient.
Key-words: Nursing,
emergency, vital signs.
Resumen
Implantación del Score de deterioro clínico (MEWS) en un hospital privado de la ciudad de Rio de Janeiro y sus
respectivos resultados
Objetivo: Analizar la
implantación del Escore de Deterioración Clínica (MEWS) en un hospital privado filantrópico de la
ciudad de Río de Janeiro/RJ.
Material y métodos: Se trata de un estudio documental realizado en un hospital privado, filantrópico en
Río de Janeiro. La recolección
de datos fue realizada en los registros de la comisión
de óbitos y libro de registro de la supervisión de enfermería. Se incluyeron 101 registros de pacientes que los supervisores de enfermería acompañaron el
desenlace con el puntaje de MEWS en el libro de registro de enfermería
en el período de enero a julio del 2016. Los datos obtenidos fueron agrupados en frecuencias simples y porcentajes
y presentados en forma de: gráficos y tablas.
Resultados: De acuerdo con los datos recolectados,
fueron predominantes: el sexo femenino, el grupo de edad superior a 60 años, el registro de MEWS> 5,
y el desenlace relacionado con
la transferencia a unidades
de terapia intensiva. Conclusión: El MEWS es una excelente herramienta para evaluar y prevenir el deterioro
clínico hospitalario, analizar
la calidad de la asistencia y seguridad del paciente, y contribuye a la toma de decisión para prevención de
deterioro clínico del paciente.
Palabras-clave: Enfermería,
emergencia, señales vitales.
As instituições
hospitalares são caracterizadas por serem estruturas extremamente complexas,
com vários atores e interesses diferentes. Com o crescimento da procura por uma
assistência progressivamente mais complexa, o atendimento foi sendo segmentado
em áreas específicas dos conhecimentos profissionais e áreas físicas. Estes
departamentos e serviços são interdependentes nas suas demandas e nos seus
resultados em que o bom funcionamento é essencial para concretizar os ideais de
segurança e atendimento centrado no paciente [1].
É possível afirmar
que os fluxos de atendimento e os processos de comunicação deficitários entre
diversas áreas e profissionais envolvidos na assistência provocam atrasos na
resolução dos problemas, descontentamento dos usuários e, em alguns casos,
desfechos clínicos indesejados. Isto é essencialmente importante quando
tratamos de pacientes gravemente enfermos ou com quadro clínico descompensado,
em que a tomada de decisão irá interferir diretamente no resultado final do
atendimento [1].
Atualmente, os
hospitais de grande porte estão investindo em profissionais qualificados para
atuarem em unidades abertas e emergência, por se tratarem de setores em que o
paciente possui uma necessidade de cuidados mais precisos. Por isso, faz-se
necessário que profissionais que atuam nestas áreas estejam altamente treinados
e permanentemente atentos na busca por sinais clínicos que indiquem gravidade
ou descompensação clínica. Nota-se a busca constante
por métodos que sejam capazes de reverter ou evitar graves consequências aos
pacientes internados, no intuito de alcançar o sucesso terapêutico [1].
De todas as intercorrências
ocorridas nas unidades hospitalares, a parada cardiorrespiratória (PCR) é a de
maior gravidade. Mesmo com atendimento especializado, organizado e rápido, o
índice de mortalidade hospitalar relacionado à PCR é até 85%, constituindo a
condição de emergência mais severa que pode acometer um ser humano [1].
A PCR é definida como
a interrupção das atividades respiratórias e circulatórias efetivas. A
intervenção para reverter o quadro tem como princípios fundamentais a aplicação
de um conjunto de procedimentos para restabelecer a circulação e a oxigenação
[2].
Entende-se que o
conhecimento científico acerca do manejo da PCR acarreta uma maior capacitação
dos profissionais de saúde, assim como da instituição hospitalar, no desempenho
de uma assistência mais qualificada no suporte básico e avançado de vida [3].
Vale ressaltar que a capacitação necessária aos profissionais da equipe de
enfermagem, por exemplo, pode ser obtida por meio de treinamentos frequentes no
ambiente de trabalho [4].
No hospital de
estudo, existe um grupo de resposta rápida de atendimento à parada
cardiorrespiratória, o qual é acionado através de um código sonoro, situando o
local onde está ocorrendo o evento. Sabe-se que “muitas estratégias têm sido
realizadas com o objetivo de diminuir os riscos para estes pacientes irem a
óbito ou evoluírem para PCR” [5].
Atualmente, existem
inúmeros scores para a área da saúde com a finalidade de pontuar e detectar
sinais de risco e deterioração de pacientes em unidades de internação. Entre
eles, temos o score de MEWS (Modified Early Warning Score) que tem
sido amplamente adotado como uma ferramenta clínica útil para identificar os
pacientes em risco de deterioração que requerem uma maior atenção [6].
O MEWS é uma
pontuação somada de dados fisiológicos rotineiramente registrados para cada
paciente, que inclui aferição de pressão arterial sistólica, frequência
cardíaca, frequência respiratória, temperatura corporal, nível de consciência,
gerando pontuações (scores) conforme as alterações que o paciente estiver
apresentando no momento, comparado com os valores normais de cada sinal vital, conforme
apresentado na tabela I. É uma ferramenta simples, rápida, que pode ser
aplicado pela equipe de enfermagem e os diferentes valores dos sinais vitais
aferidos são convertidos para scores que, depois de somados, traduzem
diferentes graus de risco. O parecer dos dados obtidos determina o estado
clínico do paciente para que sejam adotadas medidas que previnam a PCR [7].
Tabela I - Escore de Alerta Precoce Modificado - Modified Early Warning Score (MEWS).
A partir dos sete
parâmetros é calculado um escore global (figura 1) e quando uma pontuação
limiar é atingida ativa ações que têm por objetivo garantir intervenções adequadas
para os pacientes, minimizando o risco de deterioração do paciente. Vale
destacar que MEWS é um método auxiliar, não substituindo a avaliação clínica
[8].
Qualquer pontuação
acima de zero indica que o paciente deve receber uma maior vigilância,
justificando um acréscimo na frequência das observações [9]. O MEWS tem por
objetivo facilitar a comunicação rápida entre a equipe de enfermagem e médica.
Esta escala de
deterioração clínica é de suma importância nas unidades de internação, pois as
alterações fisiológicas que transpõem a deterioração clínica podem denunciar
precocemente os pacientes potencialmente críticos, alertando para a necessidade
de monitorização hemodinâmica. Portanto, a demora na identificação da
desestabilização desses quadros clínicos implica no atraso de intervenção e,
assim, no aumento da mortalidade hospitalar por PCR.
O elemento-chave para
o apropriado reconhecimento e tratamento do paciente em deterioração é a
documentação precisa e atenta de sinais vitais, a capacidade de interpretar
gravações de sinais vitais, atuar rapidamente sobre
tendências de deterioração e disponibilidade de uma equipe de emergência médica
[10]. Nota-se que escores de alerta precoce utilizados à beira do leito
constituem uma ferramenta simples na identificação de pacientes com risco
iminente de morte, possibilitando reverter a
deterioração clínica do paciente.
Na vivência de
Enfermeiros Residentes em uma instituição privada do Rio de Janeiro, notou-se
que o MEWS é relevante no âmbito hospitalar, pois esta escala permite uma
melhor comunicação, oferecendo autonomia profissional aos enfermeiros,
melhorando a relação entre os profissionais, repercutindo no melhor atendimento
ao paciente, prevenindo riscos de PCR em unidades de internação, detectando
precocemente a necessidade de transferir pacientes para unidades de tratamento
intensivo, bem como avaliar o desfecho de seu tratamento. Tendo uma importância
muito significativa na sociedade contemporânea, pois o MEWS parece ter grande
repercussão minimizando as PCR e diminuindo óbitos após transferências para
Centros de Terapias Intensivas.
No processo de
implantação do MEWS no hospital em estudo, o estímulo inicial ocorreu durante
algumas visitas anteriores realizadas pela Organização Nacional de Acreditação
(ONA). Na primeira visita foi notada a necessidade de utilizar uma maneira de
avaliar a deterioração clínica do paciente. Foi realizada uma reunião com a
gerência de enfermagem, profissionais do setor de qualidade e gerência médica
do hospital, a fim de traçar estratégias para avaliar a deterioração clínica do
paciente, e acordaram que seria utilizado o MEWS. A partir de então houve um
aprofundamento sobre assunto e foi elaborado um protocolo para a implantação.
No primeiro ano, 2014, após a implantação não se obteve muito sucesso.
Chegou-se à conclusão de que os profissionais deveriam ser estimulados a
entender o conceito e os motivos deste processo.
Treinamentos foram
realizados em cada setor sobre a importância da implantação, o desfecho clínico
do paciente com e sem a utilização do MEWS e os profissionais de enfermagem
inseridos nesse processo. Compreendeu-se que deveria ser enfatizada a
relevância do envolvimento do técnico de enfermagem supervisionado pelo
enfermeiro. A partir de então, a importância do enfermeiro, neste processo, foi
essencial através do seu gerenciamento nas unidades, obtendo sucesso em casos
isolados e o resultado deste trabalho contribuiu na difusão do projeto.
Anteriormente, a pontuação estabelecida para acionar o médico era MEWS a partir
de 5. Contudo, após uma plenária realizada no
hospital, na qual foi abordado que quanto menor a pontuação acionar o médico,
melhores serão os resultados no desfecho clínico do paciente, o ponto de corte
foi modificado para 3. Vale ressaltar que o MEWS é
dinâmico, porque depende do perfil dos pacientes, da criticidade dos mesmos.
O estudo pretende
contribuir para a reflexão da utilização do MEWS, enfatizando a eficácia do
MEWS, como ferramenta clínica, capaz de detectar precocemente os sinais de
deterioração clínica, servindo como fonte de pesquisa no âmbito da saúde,
norteando a prática clínica, sendo assim de relevância para os acadêmicos e
profissionais de saúde.
O objetivo do estudo
é analisar a implantação do Escore de Deterioração Clínica em um hospital
privado filantrópico da cidade do Rio de Janeiro/RJ.
Trata-se de um estudo
documental que “se vale de materiais que não receberam um tratamento analítico,
ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa” [11].
De modo geral, constitui um fim em si mesmo, com objetivos bem mais
específicos, envolvendo muitas vezes teste de hipóteses; pode exigir a consulta
aos mais diversos tipos de arquivos públicos e particulares; podem aparecer sob
os mais diversos formatos, tais como fichas, mapas, formulários, cadernetas,
documentos pessoais, cartas, bilhetes, fotografias, fitas de vídeo e discos
[12].
A pesquisa foi
realizada em um hospital privado filantrópico, localizada na cidade do Rio de
Janeiro/RJ. A coleta de dados sucedeu de forma investigativa nos registros da
comissão de óbitos e livro de registro da supervisão de enfermagem.
Foram incluídos 101
registros de pacientes que os supervisores de enfermagem acompanharam o
desfecho com o escore de MEWS no livro de registro de enfermagem no período de
janeiro a julho de 2016.
Com base nos
resultados, os dados foram compreendidos de forma sistemática, utilizando, como
ferramenta computacional para a formulação de gráficos e tabelas, o Microsoft Excel.
Vale destacar que o
presente estudo atendeu as recomendações previstas na resolução 466/12 do
Ministério da Saúde (MS), aos princípios e aspectos éticos. O projeto de
pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade
Adventista da Bahia (FADBA), com certificado de aceitação e apreciação ética nº
1.817.435.
Considerando os 101
registros de pacientes, coletados no livro de registro dos supervisores de
enfermagem, verificou-se uma média de 15 registros mensais, no período entre
janeiro e julho de 2016. Esta foi a meta do hospital (Gráfico
I) para a quantidade de registro mensais do livro de MEWS.
Gráfico
I - Total de registros analisados por mês, tendo
como média 15.
Nota-se que no mês de
junho houve um predomínio dos pacientes registrados, que sugere treinamentos e
capacitação dos profissionais, a fim de instruir e demonstrar a importância do
MEWS para as unidades de internação na prevenção de PCR e/ou por se tratar de
um período em que se encontravam internados pacientes com os quadros clínicos
mais graves e pacientes mais idosos.
No total foram
analisados 101 registros do livro MEWS>5, os demais foram excluídos devido à
incompletude das informações. Para traçar o perfil epidemiológico dos
pacientes, foi verificado o percentual correspondente aos sexos feminino e masculino
(Gráfico II).
Gráfico
II -
Percentual de registros analisados do
variável sexo.
Observa-se a
predominância do sexo feminino com 59%, e 41% ao sexo masculino nos registros
analisados.
Gráfico
III
- Percentual de registro da variável
idade.
Observa-se um
predomínio da faixa etária acima de 60 anos na escala de MEWS, nos registros do
livro de Enfermagem. Isto se deve ao fato de que o hospital em estudo é
referência em geriatria, portanto atende uma maior quantidade de pacientes
idosos.
Gráfico
IV -
Percentual total do valor de MEWS no
período de janeiro a julho de 2016.
A partir da análise
dos dados do gráfico IV, notou-se que na maior parte dos meses, o valor 5 no Score MEWS foi predominante. Provavelmente, devido aos
treinamentos realizados com relação ao protocolo, visto que anteriormente no
protocolo de MEWS, o valor 5 indicava o ponto de corte
para que o médico fosse comunicado, indicando urgência na conduta a ser tomada.
Quando o valor era inferior ou igual a 3, o enfermeiro
da unidade deveria ser comunicado, e as condutas tomadas de modo a prevenir a
deterioração clínica do paciente, nem sempre sendo necessário comunicar o
ocorrido ao supervisor de enfermagem ou ao médico. Vale ressaltar que a meta
para registro de MEWS < 3 equivale a 30%.
Gráfico
V - Percentual mensal dos desfechos registrados
no livro de enfermagem do score de MEWS.
De acordo com o
gráfico V, nota-se que na maior parte dos meses analisados a Transferência para
CTI ou UCO foi predominante: janeiro correspondendo a 43%, percentual idêntico
ao referente à Transferência para Emergência (43%); fevereiro (50%); março
(61%); abril (100%); maio (77%); junho (54%); julho (47%).
Houve apenas 1 óbito registrado no mês de março, e uma PCR registrada no
mês de fevereiro, denotando um avanço considerável, com relação ao início da
implantação do MEWS no referido hospital. Merece destaque que no mês de julho o
percentual de estabilização na unidade foi maior, em relação aos outros meses,
correspondendo a 40%, indicando uma detecção precoce da deterioração clínica do
paciente, proporcionando uma resolução mais rápida do caso.
Gráfico VI - Percentual
total dos desfechos registrados no livro de enfermagem do score de MEWS.
O
gráfico VI
mostra que o maior percentual relacionado a desfecho refere-se à Transferência
para CTI/UCO (62%), seguido de Estabilização na Unidade (19%) e Transferência
para Emergência (16%). A meta do hospital é atingir um percentual de até 98%
somando-se os desfechos referidos acima.
É importante
mencionar que, segundo dados da Comissão de Revisão de Óbitos (CRO) do referido
hospital, houve um percentual de melhora de 31,57% da ocorrência de óbitos em
2016, quando comparado ao ano de 2015, havendo uma redução de mais de cem
óbitos.
O MEWS é uma escala
de alerta baseada em parâmetros fisiológicos que permite identificar
precocemente níveis de deterioração clínica do paciente. Conhecer os resultados
do protocolo do MEWS se faz necessário para conhecer a realidade do setor,
identificar as fragilidades e propor melhorias. Com isso, pode-se prontamente
direcionar medidas precoces e mais intensivas para evitar a deterioração
clínica desses pacientes, uma vez que há relação direta entre a presença de
escore crítico e a crescente morbimortalidade [13]. Entretanto é ressaltada a
escassez de estudos, e a discrepância dos resultados nas pesquisas realizadas
mostram a utilização do MEWS com o objetivo de aumentar a segurança do paciente
e a qualidade da assistência [14].
No hospital em
estudo, a implantação do MEWS mostrou a melhora nos registros dos pacientes,
após treinamentos e capacitação dos profissionais. O MEWS é uma ferramenta
simples aplicado à beira do leito, e pode ser interpretado pelo médico na
tentativa de identificar os pacientes de alto risco [15]. Observa-se nos
resultados do estudo que houve uma predominância de transferência para unidade
de tratamento intensivo. A comissão de revisão de óbitos registrou um
percentual de melhora de 31,35% de ocorrência de óbitos no ano de 2016
comparado com igual período de 2015.
Há relatos em
pesquisas que os pacientes admitidos em UTI têm variável de morbimortalidade e
geralmente apresentam sinais de alerta alguns dias de sua internação [4]. No
estudo publicado por Rocha et al. [13] os
pacientes que obtiveram soma igual ou superior a cinco pontos no escore do MEWS
foram associados a maior risco de morte e admissão em CTI. Este fato reforça o
uso da ferramenta MEWS pelos profissionais de saúde em todas as unidades de
internação e emergência, de modo a reconhecer precocemente a deterioração
clínica.
O estudo mostra a
predominância do valor 5 no escore MEWS, quando o
médico era comunicado indicando a urgência na conduta a ser tomada. Enquanto o
valor 3 o enfermeiro assumia a responsabilidade de
prevenir a deterioração clínica do paciente.
Comenta-se que existe
uma forte associação entre a presença de escores críticos (>3 pontos) e a
deterioração clínica dos pacientes cujos parâmetros já se achavam alterados 72
horas antes da admissão [15].
Verificou-se apenas
um estudo brasileiro de 2008 no qual é efetuada a escala de MEWS para avaliar o
risco de degradação dos pacientes [15]. No contexto de Portugal é enfocado que
foi identificado apenas um estudo no qual foi efetuada a implementação
do estudo de alerta precoce EWS de Morgan [16].
Outros estudos também
demonstraram que os desfechos (óbito, transferência para CTI) foram
significativamente maiores no grupo avaliado pelo MEWS [13], o que não difere
de forma significativa quando comparado à nossa pesquisa, com exceção da
variável óbito. Conforme resultados, descritos no gráfico VI, o percentual de
transferências para as unidades fechadas foram significativamente maiores
comparado com as outras variáveis. Sendo assim, o uso do MEWS pode representar
um incentivo para a célere identificação dos pacientes críticos nas unidades de
internação que requerem atenção rápida e possível admissão na unidade de
tratamento intensivo CTI/UCO [13].
O estudo mostra a
efetividade da assistência ao paciente após a utilização do MEWS, com a melhora
dos registros, na avaliação de deterioração clínica dos pacientes, assim como a
ocorrência de óbitos na unidade.
É possível observar
que direciona um seguimento continuado dos pacientes, denunciando que aqueles
com os escores alterados e com aumento progressivo necessitam de maior atenção
pela equipe responsável, posto que há evidências de
que a intervenção precoce pode melhorar o desfecho evolutivo.
A partir dos
resultados obtidos no estudo, observa-se que a implantação do Score de Alerta
Precoce Modificado (MEWS), no hospital em estudo, tem se mostrado bastante
eficaz, sendo uma excelente ferramenta de avaliação e prevenção da deterioração
clínica hospitalar, minimizando a ocorrência de PCR e óbito. Contudo, diante da
escassez de estudos, percebe-se a necessidade de que sejam realizadas pesquisas
sob essa temática, a fim de que esta ferramenta seja mais explorada, para haver
resultados máximos e para que se perceba a importância da sua aplicação nas
instituições de saúde, favorecendo estratégias que visem à qualidade da
assistência e segurança dos pacientes.