REVISÃO

Autoeficácia na amamentação com uso da Breastfeeding Self-Efficacy Scale: estudo de base bibliográfica

 

Maria Luiza Camuri Machado*, Zaida Aurora Sperli Geraldes Soler, D.Sc.**

 

*Enfermeira Obstetra, Coordenadora da Medicina Preventiva da Unimed São José do Rio Preto, SP, Mestranda, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), Programa de Pós Graduação em Enfermagem, São José do Rio Preto, **Obstetriz, enfermeira, livre-docente em enfermagem obstétrica, docente e orientadora de graduação e pós-graduação na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), Orientadora

 

Recebido em 16 de novembro de 2017; aceito em 30 de abril de 2018.

Endereço de correspondência: Maria Luiza Camuri Machado, Rua Capitão Neves, 2243, 15130000 Mirassol SP, E-mail: malu.mac@hotmail.com; Zaida Aurora Sperli Geraldes Soler: zaidaaurora@gmail.com

 

Resumo

Introdução: O aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida é a principal medida preventiva contra a mortalidade infantil. A teoria da autoeficácia refere-se à confiança de uma mãe em sua capacidade de amamentar seu bebê. Objetivo: Analisar artigos científicos de pesquisas realizadas no Brasil sobre a autoeficácia na amamentação, usando a Breastfeeding Self-Efficacy Scale (BSES). Material e métodos: Trata-se de revisão narrativa de artigos científicos sobre autoeficácia da amamentação com uso da BSES. São apresentados resultados de pesquisas realizadas no Brasil, publicadas na íntegra, online, entre 2008 e 2017, e nas bases de dados Lilacs e Medline. Resultados: Foram obtidos 14 artigos, com data de publicação entre 2009 e 2017. Um mesmo artigo foi publicado duas vezes com dois anos de diferença: uma vez em inglês, em um periódico no exterior, e outra, no Brasil, em português. Houve maior associação de autoeficácia para em mulheres atendidas em hospitais credenciados como Amigo da Criança, quando a gestação foi planejada e ocorreu aleitamento na primeira hora de vida. Mulheres adolescentes tiveram maiores índices de autoeficácia para amamentação do que mulheres adultas. Conclusão: Pesquisas sobre autoeficácia na amamentação usando a BSES são necessárias para identificar dificuldades e necessidades de gestantes e puérperas, permitindo realizar intervenções mais precocemente.

Palavras-chave: autoeficácia, aleitamento materno, lactação, período pós-parto.

 

Abstract

Breastfeeding Self-Efficacy as assessed by the BSES: a literature review

Introduction: Exclusive breastfeeding in the first 6 months of life is the main preventive measure against child mortality. Self-efficacy refers to a mother’s self-confidence in her ability to breastfeed her infant successfully. Objective: To analyze Brazilian studies on breastfeeding self-efficacy, using the Breastfeeding Self-Efficacy Scale (BSES). Methods: This is a narrative review of studies on breastfeeding self-efficacy using the BSES. Inclusion criteria were Brazilian studies available online in full-text, published between 2008 and 2017 in the Lilacs and Medline databases. Results: The literature search retrieved 14 studies published between 2009 and 2017. One study was published twice within two years - once in Portuguese, in Brazil, and once abroad in English. Higher scores on the BSES were associated with delivery at a baby-friendly hospital, having a planned pregnancy, and starting breastfeeding at the first hour of life. Teen mothers scored better on the BSES than adult mothers. Conclusion: Further studies on breastfeeding self-efficacy using the BSES are needed to assess the difficulties and needs of pregnant and postpartum women, and allow early interventions.

Key-words: self-efficacy, breastfeeding, lactation, postpartum period.

 

Resumen

Autoeficacia de la lactancia materna evaluada por la Breastfeeding Self-Efficacy Scale: revisión de la literatura

Introducción: La lactancia materna exclusiva en los primeros seis meses de vida se considera la principal medida para prevenir la mortalidad infantil. La autoeficacia se refiere a la creencia de una madre en sus capacidades para amamantar. Objetivo: Analizar estudios realizados en Brasil acerca de la autoeficacia de la lactancia materna, usando la Breastfeeding Self-Efficacy Scale (BSES). Métodos: Este artículo es una revisión narrativa de estudios sobre la autoeficacia de la lactancia materna usando la BSES. Los criterios de inclusión fueron estudios realizados en Brasil, disponibles online en su totalidad y publicados entre 2008 y 2017 en las bases de datos Lilacs y Medline. Resultados: La búsqueda en las bases de datos dio como resultado un total de 14 artículos publicados entre 2009 y 2017. Un artículo había sido publicado dos veces en dos años diferentes - una vez en portugués, en una revista brasileña, y una vez en inglés, en una revista extranjera. El parir en un «Hospital Amigo del Niño», ser un embarazo planeado y amamantar en la primera hora de vida se encontró asociado a una puntuación más alta en la BSES. Madres adolescentes presentaron niveles de autoeficacia más altos que madres adultas. Conclusión: Más estudios acerca de la autoeficacia de la lactancia materna usando la BSES son necesarios para investigar las dificultades y necesidades de las mujeres embarazadas y puérperas, y para posibilitar la realización de intervenciones más precoces.

Palabras-clave: autoeficacia, lactancia materna, lactancia, periodo posparto.

 

Introdução

 

Os estudiosos das áreas de obstetrícia, neonatologia e pediatria são unânimes em destacar a importância do aleitamento materno para a saúde dos lactentes. Nesse sentido, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem empreendido esforços para incentivar e manter o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida [1,2]. No entanto, no Brasil, apesar dos benefícios já comprovados da amamentação, e das campanhas de incentivo a essa prática, a duração média de aleitamento materno é de apenas 23 dias e de aleitamento materno predominante, de 296 dias [3].

O ato de amamentar está inserido em um contexto histórico, sociocultural e psicológico, tendo distintos significados para cada sociedade e para cada mulher. A difusão das vantagens da amamentação tem sido uma estratégia amplamente divulgada no meio científico, em eventos e publicações e também nos meios de comunicação em massa, mas, embora se reconheça a importância da mulher na promoção da amamentação, os programas nem sempre consideram a percepção feminina sobre a amamentação e sua influência na vida cotidiana. Em tal contexto, é preciso repensar o atual modelo de amamentação adotado pelas políticas de saúde [4].

Percebe-se nas comunicações sobre a amamentação que as nutrizes são intensamente responsabilizadas, já que cabe a elas a prática do aleitamento, mas muitas vezes não se leva em conta seus desejos, necessidades e dificuldades no contexto desse processo de atenção ao recém-nascido e lactente [1-4].

Do ponto de vista das lactantes, estudos recentes revelam que via de regra as gestantes e puérperas destacam vários aspectos importantes da amamentação, têm expectativas positivas para amamentar seus filhos, mas também apontam dificuldades e inseguranças quanto ao cuidado infantil e à amamentação. Então, houve um aumento das pesquisas científicas que se voltam para o estudo da nutriz como protagonista do processo de amamentação, buscando compreender e desmistificar o papel da puérpera, suas expectativas, dificuldades, realizações, frustações e aprendizados durante o processo do aleitamento materno [2-4].

Para tanto, é necessário estudar de forma mais aprofundada o período puerperal, em seus aspectos fisiológicos, psíquicos e sociofamiliar, desvelando as vulnerabilidades que podem prejudicar vários aspectos da amamentação [3].

      No intuito de verificar e conhecer a autoconfiança e a satisfação da mãe no processo de amamentação, faz-se útil a avaliação da autoeficácia na amamentação. A Teoria da Autoeficácia foi proposta por Albert Bandura, sendo uma evolução de seus estudos sobre o comportamento humano e a Teoria Social Cognitiva. Pode-se definir o conceito de autoeficácia como a percepção do indivíduo sobre sua capacidade para desenvolver determinada atividade [5].

Para avaliar a autoeficácia das mães com relação ao aleitamento materno, Dennis e Faux construíram a “Breastfeeding Self-Efficacy Scale (BSES)” - que em sua forma completa tem 33 itens e na forma abreviada (short form – BSES-SF), 14 itens [6]. As versões brasileiras da BSES e da BSES-SF foram traduzidas e validadas para a realidade brasileira por Oriá, e por Dodt, respectivamente, ambos em 2008 [7,8].

Tendo em vista as campanhas atuais de promoção e proteção do aleitamento materno e o pouco tempo de validação da adaptação da BSES para o português brasileiro, o presente artigo teve como objetivo analisar publicações de pesquisas realizadas em território brasileiro sobre a autoeficácia da lactante na amamentação, com o uso da Breastfeeding Self-Efficacy Scale (BSES).

 

Material e métodos

 

A presente pesquisa é uma revisão narrativa de literatura nacional, com análise de pesquisas com abordagem do uso da Breastfeeding Self-Efficacy Scale (BSES), para avaliação da autoeficáciada amamentação. O roteiro metodológico para a execução do estudo consistiu na identificação da questão da pesquisa, busca na literatura, categorização e avaliação dos estudos obtidos, interpretação dos resultados e síntese do conhecimento.

Para nortear a busca bibliográfica partiu-se do questionamento sobre pesquisas realizadas no território nacional com abordagem da autoeficácia na amamentação, com o uso da BSES, publicadas no período de 2008 a 2017, não necessariamente no idioma português do Brasil. Excluíram-se teses, dissertações e notas editoriais.

A busca bibliográfica foi realizada na base de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), considerado o mais importante e abrangente índice da literatura científica e técnica da América Latina e Caribe e Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line), banco desenvolvido e mantido pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos.

Para realizar a busca, foram considerados os seguintes descritores, autoeficácia e amamentação ou aleitamento materno, de acordo com Descritores em Ciências da Saúde (DECS) e Medical Subjects Headings (MESH).

Após realizar a busca, procedeu-se inicialmente a exclusão das duplicidades e a aplicação dos critérios de inclusão. Posteriormente, realizou-se a seleção dos artigos a partir da leitura do título e resumo e, na sequência, aqueles que responderam a pergunta norteadora do estudo foram minuciosamente avaliados na íntegra para uma completa apreciação do material selecionado.

Para a extração das informações, utilizou-se instrumento de coleta de dados que denominamos de resenha, contendo variáveis relacionadas à identificação do estudo, introdução e objetivo, características metodológicas, resultados e conclusões.

Foram critérios de inclusão: publicações científicas em formato de artigo e que aplicassem a escala BSES, tanto na forma completa como na forma simplificada. Foram excluídas as publicações que não eram artigos, não tinham sido realizadas em território nacional e não utilizavam a escala de autoeficácia BSES seja na forma completa ou simplificada.

 

Resultados e discussão

 

A busca na base de dados Lilacs e Medline, utilizando os descritores como “Descritores de assunto”, resultou em mais de três mil publicações. Já na busca com os descritores como “Palavras do título” resultou em 15 (quinze artigos), com datas de publicação entre 2009 e 2017, o que evidencia a atualidade do assunto. Obedecendo aos critérios de inclusão já citados anteriormente, procedeu-se à leitura dos 15 artigos, e um foi excluído, pois aplicava outra escala de avaliação da amamentação. Os artigos que fazem parte desta revisão estão descritos no Quadro 1.

Nota-se pelo Quadro 1 que foram obtidos em bases de dados na América Latina e Caribe e da Literatura Médica dos Estados Unidos 14 artigos em periódicos indexados de maior impacto, envolvendo pesquisas realizadas junto a gestantes e puérperas atendidas em instituições de saúde do Brasil, sobre avaliação da autoeficácia na amamentação com o uso da escala BSES.

Os artigos foram publicados entre 2008 e 2017, correspondendo a 1 (7,1%), nos anos de 2009, 2010, 2011, 2013 e 2016; 2 (14,3%), no ano de 2015; 3 (21,4%) no ano de 2015 e 4 (28,6%) em 2014.

Quanto aos autores, chama a atenção o fato de dois artigos iguais, de mesmos autores, com pequena diferença no título, um em inglês [16] e outro em português [17], terem sido publicados em dois periódicos diferentes, um em 2011 e outro em 2013 e ambos são apresentado como original.

 

Quadro 1 - Descrição dos artigos sobre autoeficácia na amamentação com uso da escala Breastfeeding Self-Efficacy Scale (BSES). São José do Rio Preto, 2017.

 

 

Apresenta-se a seguir, de forma descritiva, os aspectos relevantes dos 14 artigos que constituíram esta pesquisa bibliográfica, segundo ordem crescente de publicação, destacando-se o título, periódico e ano de publicação:

 

1.  Psychometric Assesment of the Brazilian Version of the Breastfeeding Self-Efficacy Scale. Public Health Nursing, 2009 [14].

 

Nesta pesquisa, publicada em 2009, foi feita a tradução da BSES do inglês para o português, examinando-se também a confiabilidade e validade da versão traduzida, avaliando-se a relação entre a autoeficácia na amamentação em relação a variáveis demográficas maternas. A amostra foi constituída de 117 grávidas que pretendiam amamentar, atendidas em uma unidade de saúde de ensino da cidade de Fortaleza, no Ceará. Os dados obtidos permitiram concluir que as gestantes com pontuação baixa na escala de autoeficácia na amamentação poderiam ser mais bem orientadas de forma a melhorar sua prática na amamentação.

 

2. The Portuguese Version of the Breastfeeding Self-Efficacy Scale–Short Form. J Hum Lact 2010 [15].

 

Nesta pesquisa, publicada em periódico internacional, foi feita a tradução e avaliação psicométrica da amamentação, com uso da escala de autoeficácia, versão curta. A amostra foi constituída de 89 puérperas que amamentavam. Foi possível concluir que a versão em português do BSES-SF (versão curta), constitui medida confiável e válida para análise da autoeficácia na amamentação.

 

3. The correlation between breastfeeding and maternal quality of life in southern Brazil. Breastfeeding Medicine 2011 [16].

 

Esta pesquisa, publicada em 2011 em periódico internacional, verificou entre 88 puérperas atendidas em instituição da região sul do Brasil, a correlação dos escores de dois questionários de estado de saúde aos escores da escala de eficácia de aleitamento BSES. Concluiram que a autoeficácia na amamentação tem relação importante com o estado de saúde e o bem – estar das mães. Também, que o estado de saúde é elemento importante no estudo da depressão pós-parto.

 

4. Estudo da correlação entre aleitamento e estado de saúde materno. Einstein 2013 [17].

 

Esta publicação em português é praticamente a mesma que a publicação dos mesmos autores em 2011, merecendo maior cuidado na análise de quais foram os motivos da mesma publicação passados dois anos.

 

5. Autoeficácia na amamentação: um estudo de coorte. Acta Paul Enferm 2014 [9].

Em estudo de coorte publicado em 2014, foram entrevistadas 100 puérperas atendidas em um hospital privado da cidade de São Paulo, analisando-se a autoeficácia na amamentação com uso da BSES-SF. Nessa amostra, nenhuma mãe apresentou escore de baixa eficácia, e acima de 80% da amostra apresentou escores de alta eficácia na escala de BSES. Tal perfil, porém, não esteve associado a maior tempo de AME em comparação com a média nacional.

 

6. Prevalência dos diagnósticos de enfermagem de amamentação no binômio mãe-filho em Unidade Básica de Saúde. Rev Rene 2014 [18].

 

Esta pesquisa foi realizada entre 117 puérperas atendidas em unidade básica de saúde de Fortaleza/CE, objetivando identificar diagnósticos de enfermagem na amamentação, com uso da escala de autoeficácia na amamentação. Os resultados mostraram que o diagnóstico de enfermagem mais prevalente foi de amamentação eficaz. Outros diagnósticos foram amamentação ineficaz e amamentação interrompida. Os autores concluiram a necessidade e importância de novos estudos no foco da avaliação da autoeficácia das mães na amamentação, pois dariam subsídios para intervenções com vistas à diminuição do desmame precoce.

 

7. Aleitamento materno exclusivo e a Escala de Autoeficácia na Amamentação. Rev RENE 2014 [11].

 

No estudo de coorte publicado em 2014, foram acompanhadas 300 mães em até 120 dias pós-parto, em hospitais de duas cidades da região Sul do Brasil. As mães tinham idade média 26 anos e idade gestacional média de 39 semanas. A maioria (61%) realizou mais de 7 consultas de pré-natal e apresentou média de score no BSES-SF de 60 pontos. Os resultados desse estudo relacionam a menor autoeficácia na amamentação com o hospital não credenciado como Amigo da Criança, primigestação, parto cesáreo e a escolaridade materna de até de 8 anos de estudo [11].

 

8. Fatores do pré-natal e do puerpério que interferem na autoeficácia em amamentação. Esc Anna Nery Rev Enferm 2014 [12].

 

Este estudo foi realizado com puérperas internadas em puerpério imediato e após 6 horas do parto, acompanhadas de seus neonatos com boa vitalidade e sucção efetiva. O estudo foi desenvolvido em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O autor encontrou relação estatisticamente significante entre colocar o bebê para sugar após a primeira hora do parto. Nesse estudo não influenciaram significativamente na autoeficácia de amamentação: o número de consultas do pré-natal, recebimento de instruções sobre aleitamento materno durante o pré-natal e o tipo de parto [12].

 

9. Amamentação em prematuros: Caracterização do binômio mãe-filho e autoeficácia materna. Rev Bras Promoç Saúde (Impr.) 2015 [10].

 

Este estudo, realizado entre puérperas, utilizou a BSES-SF e revelou que mães de bebês prematuros, entrevistadas em um hospital público do Nordeste brasileiro, em sua maioria era adolescentes, com baixo nível de escolaridade e renda, apresentaram alto nível na escala de autoeficácia. Tal achado foi surpreendente, pois baixa escolaridade e baixa renda são fatores associados à baixa eficácia e a resultados insatisfatórios na amamentação. Dentre seus achados, os autores destacam que aproximadamente metade de suas entrevistadas teve uma gravidez planejada, o que provavelmente está associado à alta eficácia na amamentação.

 

10. Estudo experimental de uma intervenção educativa para promover a autoeficácia materna na amamentação. Rev Latinoam Enferm 2015 [13].

 

Esta pesquisa foi realizada com 201 puérperas, que foram divididas em grupo controle com 101 mães e um grupo intervenção, com 100 mães que participaram de ação educativa sobre aleitamento materno. A amostra foi determinada por teste estatístico e não houve diferença estatística entre os grupos no que diz respeito à idade, renda per capita, escolaridade e antecedentes obstétricos. Com tal rigor metodológico, o autor conseguiu relacionar maior pontuação na escala de EAA ao grupo que recebeu a intervenção educativa, assim como pontuações mais elevadas na EAA nas mães que praticavam o aleitamento materno exclusivo [13].

 

11. Autoeficácia em amamentar entre mães adolescentes. Rev Eletr Enf [Internet] 2015 [19].

 

Este estudo foi realizado entre adolescentes lactantes, até seis meses de pós-parto, analisando a autoeficácia na amamentação, com uso da escala de autoeficácia. Os dados obtidos mostraram que autoeficácia em amamentar, apesar de adolescentes serem considerados como grupo vulnerável em questão de aleitamento materno.

 

12. Depressão pós-parto e autoeficácia materna para amamentar: prevalência e associação. Acta Paul Enferm 2016 [20].

 

Esta pesquisa foi feita entre puérperas na primeira consulta pós-parto, verificando-se a prevalência de sintomas de depressão pós-parto e a possível associação com a autoeficácia em amamentar. Identificou-se no estudo prevalência de 31,2% de sintomas de depressão pós-parto, escores elevados de autoeficácia na amamentação e relação entre a sintomatologia de depressão pós-parto e nível de autoeficácia para amamentar.

 

13. Comparação da autoeficácia na amamentação entre puérperas adolescentes e adultas em uma maternidade de Ribeirão Preto, Brasil. Texto Contexto Enferm 2017 [21].

 

Esta pesquisa foi feita entre puérperas adolescentes e adultas, com vistas a analisar a autoeficácia na amamnetação, comparando-se os dois grupos. Mais da metade das participantes apresentou índices elevados de autoeficácia na amamentação, maior entre as adolescentes. Concluiu-se que a escala de avaliação da autoeficáciana amamentação é relevante para a prática profissional de enfermeiros, para identificação de mulheres com dificuldades no aleitamento natural, facilitando o uso de estratégias para aumento das taxas de aleitamento materno exclusivo e manutenção da amamentação por mais tempo [21].

 

14. Fatores relacionados à autoeficácia na amamentação no pós-parto imediato entre puérperas adolescentes. Acta Paul Enferm 2017 [22].

 

Este estudo foi realizado entre puérperas adolescentes, durante o pós-parto imediato objetivando verificar a autoeficácia na amamenta e sua correlação com fatores sociodemográficos e obstétricos da amostra estudada. Verificou-se que as mães que recebem mais apoio tem mais autoeficácia na amamentação. A avaliação da autoeficácia na amamentação é relevante na identificação de mães adolescentes com maior risco de não adesão à amamentação ou desmame precoce [22].

 

Historicamente, associa-se a autoeficácia na amamentação com alta escolaridade e renda per capita. Nesta revisão, destaca-se a associação de maiores pontuações na EAA com o Hospital ser credenciado como amigo da criança, a gestação ser planejada e o aleitamento materno na primeira hora de vida.

A presente revisão bibliográfica traz publicações recentes das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, o que evidencia a atualidade e aplicabilidade do tema em questão. Destaca-se que, dentre os estudos desta revisão, pesquisas realizadas em populações com diferenças socioeconômicas, historicamente conhecidas, nos estados mais ricos e mais pobres do país.

 

Conclusão

 

A análise dos artigos incluídos nesta revisão mostrou que ainda são poucos os estudos sobre autoeficácia na amamentação no Brasil com uso da BSES; que há necessidade de mais pesquisas neste contexto; que a BSES revelou-se uma ferramenta de avaliação importante para identificar dificuldades manifestadas por gestantes e puérperas sobre a lactância. Também ficam ressaltadas a importância das ações de planejamento e gestão, associadas à educação em saúde, para maior autoeficácia das mulheres na adesão e manutenção da amamentação.

 

Referências

 

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