NOTA PRÉVIA

Educação permanente, estratégia para consolidação da rede de atenção psicossocial

 

Viviane Lins Araújo de Almeida*, Elaine Antunes Cortez**

 

*Mestranda do Mestrado Profissional Ensino na Saúde pela Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense – EEAAC/UFF, **Professora Doutora em Enfermagem da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense - EEAAC/ UFF

 

Recebido 16 de novembro de 2017; aceito 15 de março de 2018.

Endereço para correspondência: Viviane Lins Araújo de Almeida: enf.vivianelins@gmail.com; Elaine Antunes Cortez; nani.cortez@hotmail.com

 

Resumo

Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualitativa, tendo como fonte de informação a pesquisa convergente assistencial, com o objetivo de ratificar a relevância da Educação Permanente no manejo da Rede de Atenção Psicossocial. Os dados serão coletados através de um questionário semiestruturado e a criação de grupos focais a serem realizados com a equipe multidisciplinar, aplicado às unidades de saúde situada na região metropolitana 1, no município do Rio de Janeiro. Os dados coletados serão analisados a partir da análise de Bardin.

Palavras-chave: equipe de assistência ao paciente, educação continuada, relações interpessoais, saúde mental.

 

Abstract

Permanent education, strategy for consolidation of the psychosocial care network

This is a descriptive study, of qualitative approach, having as a source of information a convergent assistance study, aiming at ratifying the relevance of Permanent Education in management of the Network of Psychosocial care. The data will be collected through a semi-structured questionnaire and the creation of focus groups to be held with a multidisciplinary team, applied to the health units located in metropolitan region 1, in the municipality of Rio de Janeiro. The data collected will be analyzed based on the analysis of Bardin.

Key-words: patient care team, continuing education, interpersonal relations, mental health.

 

Resumen

Educación permanente, estrategia para consolidación de la red de atención psicosocial

Se trata de un estudio descriptivo, de enfoque cualitativo, que utilizó como fuente de información la investigación convergente-asistencial, con el objetivo de ratificar la relevancia de la Educación Permanente en el manejo de la Red de Atención Psicosocial. Los datos serán recolectados a través de un cuestionario semiestructurado y la creación de grupos focales que serán realizados con el equipo multidisciplinario, aplicado a las unidades de salud ubicadas en la región metropolitana 1, en el municipio de Rio de Janeiro. Los datos recolectados serán analizados basados en el análisis de Bardin.

Palabras-clave: grupo de atención al paciente, educación continua, relaciones interpersonales, salud mental.

 

Introdução

 

     Atualmente a assistência à saúde no Brasil ocorre de forma hierarquizada e verticalizada, pautada, não pela necessidade de integralidade do cuidado, mas pela transferência de responsabilidade por meio de uma precária e irregular comunicação que quase sempre se dá através de informes escritos, como pedidos de parecer e formulários de contra-referência que não oferecem uma boa resolubilidade [1]. De acordo com os relatos históricos, a trajetória da saúde mental no Brasil é pautada pela mobilização e lutas dos trabalhadores e familiares de usuários dos serviços de saúde mental, e apesar da mudança dos dispositivos para acompanhamento destes usuários desde  a década de 80, é em 1989 que surge  a proposta de regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no país [2].

     Após 22 anos de luta, em 2011, foi instituído a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com a proposta de fortalecer o acolhimento e acompanhamento destes usuários nos diversos níveis de assistência, indo ao encontro do que determinam as diretrizes do SUS, ampliando a articulação da assistência à saúde para pessoas acometidas de transtorno mental e uso abusivo de substâncias psicoativas [3].

     Dentro desse contexto cabe mencionar que o CAPS não é o único serviço de atenção em saúde mental, aliás, a atenção em saúde mental deve ser feita dentro de uma rede de cuidados, e estão incluídos nesta rede: a atenção básica, as residências terapêuticas, os ambulatórios, os centros de convivência, os clubes de lazer, entre outros [4]. Entretanto para que haja uma aproximação dessa rede de cuidados, acredita-se que é necessária a articulação de estratégias que englobem a discussão por pares, a identificação dos problemas, a participação ativa do usuário e a valorização dos envolvidos. E é nessa perspectiva que se propõe a inserção da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), incentivada pelo SUS na promoção da integração ensino-serviço, proporcionando assim uma reflexão crítica sobre a possibilidade de aprender e ensinar no cenário laboral, tendo como resultado a melhora significativa da prática assistencial [5]. 

 

Objetivo

 

      Refletir as possibilidades proporcionadas pela implementação da EPS no manejo das dificuldades dos profissionais relacionadas à prática em saúde mental, fatores que influenciam e dificultam o relacionamento da equipe multiprofissional, consequências dos conflitos vivenciados, ações e obstáculos enfrentados, proporcionando a este um olhar reflexivo sobre si mesmo, sobre sua atuação e as ações coletivas dessa equipe e a possibilidade de melhora da qualidade assistência. 

 

Contribuição

 

      Propõe-se incorporar a sistemática de ensinar e aprender a esta organização de trabalho, auxiliando os profissionais no manejo de suas práticas relacionado ao trabalho em rede. Contribuindo para o aprofundamento da proposta do Ministério da Saúde na solidificação da Rede de Atenção Psicossocial. 

 

Material e métodos

 

     Estudo exploratório descritivo, de abordagem qualitativa, tendo como fonte de informação a pesquisa convergente assistencial sobre a implementação da EPS como estratégia de instrumentalização no manejo dos conflitos e necessidades da equipe multidisciplinar imergidos, durante as atividades laborais, no trabalho em rede junto ao portador de transtorno mental. Por fim, para a realização desta pesquisa, este estudo será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa. Os sujeitos da pesquisa serão os profissionais com vínculo empregatício efetivo, contratados ou prestadores de serviço que atuam no Centro de Atenção Psicossocial.

     Para coleta dos dados será utilizada a técnica de entrevista semiestruturada na busca em obter informes contidos na fala dos atores sociais [6] e grupo focal como estratégia, proporcionando o posicionamento de grupos e ou indivíduos excluídos do sistema [7], a serem realizados nos meses de abril a junho de 2018. Após a identificação dos temas emergentes de cada entrevista, serão identificados os temas similares que apareceram com maior frequência nos discursos dos sujeitos, transformando os dados brutos em dados codificados [8]. O produto desse estudo se dará através de um matriciamento de rede em forma de aplicativo de celular a ser disponibilizado a todos os profissionais e usuários da Rede de Atenção a Saúde Municipal, ampliando a acessibilidade aos serviços de saúde.

 

Conclusão

 

      Tratar da dicotomia entre processo de trabalho em saúde, e o aprendizado no cenário laboral com repercussão na integração entre os serviços constituem-se em desafios para todos os que se preocupam com a temática. Espera-se que a discussão seja enfrentada em uma perspectiva contextualizada, questionando, analisando e revendo as concepções da RAPS, dos conflitos emergidos em decorrência da articulação multiprofissional e sua inserção junto à prática.

 

Referências

 

  1. Chiaverini DH et al. Guia prático de matriciamento em saúde mental. Brasília/DF: Ministério da Saúde: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva; 2011. p.13. Disponível em: https://repositorio.observatoriodocuidado.org/bitstream/handle/581/1/Guia%20pr%C3%A1tico%20de%20matriciamento%20em%20sa%C3%BAde%20mental.pdf
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília; 2005. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf
  3. Brasil. Portaria Nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Presidência da República. Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html
  4. Brasil. Saúde mental na atenção básica: o vínculo e o diálogo necessários. Brasília, DF: Ministério da Saúde 2003. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/1734.pdf
  5. Brasil. Portaria Nº 198/GM de 13 de fevereiro de 2004. Institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/1832.pdf
  6. Minayo MCSO. Desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8 ed. São Paulo: Hucitec; 2004. p 269 
  7. Leny A. Grupos focais: conceitos, procedimentos e reflexões baseadas em experiências com o uso da técnica em pesquisas de saúde. Rio de Janeiro: Physis; 2009.
  8. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2010. p.281.