REVISÃO
Adesão de
idosos hipertensos ao tratamento farmacológico
Isabel Lopes Pereira da
Silva Amaral*, Ana Paula Silva de Brito Rodrigues**, Mariana Suênia Soares de Miranda*, Simônica
Cruz Almeida de Carvalho*, Minéya Cabral da Silva*,
Ana Carla Silva dos Santos, M.Sc.***
*Pós-Graduada
em Saúde Pública com ênfase em Saúde da Família pela Faculdade de Comunicação e
Turismo de Olinda (FACOTTUR), **Bacharel em Enfermagem pela Faculdade de
Ciências Humanas de Olinda (FACHO), ***Mestre em Gerontologia: Atividade
Física e Saúde, docente do Instituto de Formação, Assessoria e Pesquisa (IFAP)
Recebido em 30 de
agosto de 2018; aceito em 28 de abril de 2019.
Endereço
de correspondência:
Isabel Lopes Pereira da Silva Amaral, 1, Travessa Santa Catarina, 25, 53620-373
Igarassu PE, E-mail: isabel20ilps@yahoo.com.br; Ana Paula Silva de Brito
Rodrigues: paulabrito784@gmail.com; Mariana Suênia
Soares de Miranda: maryzinha_suenia@hotmail.com; Simônica
Cruz Almeida de Carvalho: simonica_cruz@outlook.com; Minéya
Cabral da Silva: mineyacs@gmail.com; Ana Carla Silva dos Santos:
anycarll@hotmail.com
Resumo
Introdução: O aumento da
população idosa leva ao consequente aumento da prevalência de doenças crônicas
não transmissíveis, responsáveis pelas maiores causas de morbimortalidade
mundial. Dentre as doenças crônicas a Hipertensão Arterial Sistêmica é
responsável por aproximadamente 7,6 milhões de mortes ao ano no mundo. Objetivo: Sintetizar os principais
resultados de pesquisas e analisar criticamente as evidências científicas
relativas ao tema adesão do paciente idoso hipertenso ao tratamento
farmacológico. Métodos: Revisão
integrativa da literatura, realizada nas bases de dados: Medical Literature Analysis
and Retrieval System Online
(MEDLINE) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), Bases de Dados de Enfermagem (BDENF), por meio dos Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS): idosos, hipertensão e
adesão à medicação, os quais foram integrados por meio do operador lógico
booleano “AND”, no período de 2010 a 2018, norteado pela seguinte questão:
Quais fatores estão associados a não adesão dos idosos ao tratamento
farmacológico anti-hipertensivo? Resultados:
Dentre os artigos identificados, 12 estudos fizeram parte da amostra do estudo,
as categorias que permitiram uma melhor apresentação das evidências científicas
sobre adesão do paciente idoso hipertenso ao tratamento farmacológico foram:
grau de instrução, situações estressantes, falta de vínculo com o profissional.
Conclusão: Constatou-se que os
fatores associados a não adesão dos idosos ao
tratamento farmacológico foram: o grau de instrução, déficit cognitivo e
síndrome da fragilidade; a falta de sintomas da doença, a politerapia,
péssima caligrafia dos prescritores e a falta de vínculo com o profissional de
saúde; bem como a presença de sintomas depressivos e eventos estressantes da
vida.
Palavras-chave: idosos, hipertensão,
adesão à medicação.
Abstract
Adherence
of hypertensive elderly to pharmacological treatment
Introduction:
The increase in the elderly population leads to a consequent increase in the
prevalence of chronic noncommunicable diseases, responsible for the major
causes of morbidity and mortality worldwide. Among chronic diseases, Systemic
Arterial Hypertension accounts for approximately 7.6 million deaths per year
worldwide. Objective: To synthesize
the main research results and to critically analyze the scientific evidence
related to the topic of adherence of elderly hypertensive patients to
pharmacological treatment. Methods:
Integrative literature review, carried out in the databases: Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) and Latin American and Caribbean
Literature in Health Sciences (LILACS), Nursing Databases (BDENF), through of
the Health Sciences Descriptors (DeCS): elderly,
hypertension and medication adherence, which were integrated through the
Boolean logical operator "AND", in the period 2010 to 2018, guided by
the following question: What factors are associated with the non-adherence of
the elderly to antihypertensive pharmacological treatment? Results: Twelve studies were included, the categories that allowed
a better presentation of the scientific evidences on adherence of the
hypertensive elderly patient to the pharmacological treatment were: degree of
education, stressful situations, lack of bond with the professional. Conclusion: We found that the factors
associated with the non-adherence of the elderly to the pharmacological
treatment were: the degree of education, cognitive deficit and fragility
syndrome, the lack of symptoms of the disease, polytherapy, poor handwriting of
prescribers and lack of bond with the health professional, as well as the
presence of depressive symptoms and stressful life events.
Key-words: aged,
hypertension, medication adherence.
Resumen
Adhesión de mayores
hipertensos al tratamiento farmacológico
Introducción: El aumento de la población de adultos mayores lleva al consiguiente aumento de la prevalencia de enfermedades crónicas no transmisibles,
responsables de las mayores causas de morbimortalidad
mundial. Entre las enfermedades
crónicas la Hipertensión
Arterial Sistémica es responsable de aproximadamente
7,6 millones de muertes al año en el
mundo. Objetivo: Sintetizar los principales resultados de investigaciones y analizar críticamente las evidencias
científicas relativas al tema adhesión del paciente mayor hipertenso al tratamiento farmacológico. Métodos: Revisión integradora de la literatura realizada en las bases de datos: Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) y Literatura
Latino-Americana e del Caribe en
Ciencias de la Salud (LILACS), Bases de Dados de Enfermagem (BDENF), a
través de los Descriptores en Ciencias de la Salud (DeCS):
ancianos, hipertensión y adhesión a la medicación,
los cuales fueron integrados por el operador
lógico booleano "AND". Resultados:
Se incluyeron 12 estudios, las categorías que permitieron una mejor presentación de las evidencias
científicas sobre adhesión de los
pacientes ancianos hipertensos al tratamiento
farmacológico fueron: grado de instrucción,
situaciones estresantes,
falta de vínculo con el profesional. Conclusión: Se constató que los factores asociados
a la no adhesión de los mayores al tratamiento farmacológico fueron:
grado de instrucción, déficit cognitivo y síndrome de
la fragilidad; la falta de síntomas de la enfermedad, la politerapia, mala caligrafía de los prescriptores y falta de vínculo con
el profesional, así como presencia de síntomas depresivos y eventos estresantes
de la vida.
Palabras-clave: ancianos, hipertensión, adhesión a la medicación
De acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 20
milhões de pessoas no Brasil, possuem idade igual ou superior a 60 anos,
caracterizando 10% da população do país como idosa. Para a Organização Mundial
de Saúde (OMS), entre os anos de 1950 e 2025 a população idosa do Brasil deverá
ter aumentado em quinze vezes, enquanto a população total em apenas cinco
vezes. Nos países desenvolvidos esse processo aconteceu de forma lenta e
associado à melhoria nas condições de vida, enquanto que no Brasil, um país em
desenvolvimento, tem acontecido rapidamente, apresentando cerca de 32 milhões
de pessoas com mais de 60 anos, sem melhoria na organização social e de saúde
para atender à nova demanda [1].
O aumento da população
idosa, leva ao consequente aumento da prevalência de doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT), responsáveis pelas maiores causas de morbimortalidade no
mundo [2]. Dentre as doenças crônicas, pode-se destacar a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS), que é uma condição clínica multifatorial caracterizada por uma
elevação sustentada dos níveis pressóricos maior ou igual a 140 e/ou 90 mmHg
[3].
A HAS é responsável por
aproximadamente 7,6 milhões de mortes ao ano no mundo [4]. No Brasil, acomete
32,5% de indivíduos adultos e quando se trata de idosos a HAS atinge mais de
60% [3]. Além de a doença ser considerada fator de risco, pois está
frequentemente associada às alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos
alvos como coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos, bem como associada às
alterações metabólicas e ao aumento progressivo do risco de eventos
cardiovasculares [5].
Dados norte-americanos
de 2015 revelaram que a HAS estava presente em 69% pacientes com primeiro
episódio de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), 77% de Acidente Vascular
Encefálico (AVE), 75% com Insuficiência Cardíaca (IC) e 60% com Doença Arterial
Periférica (DAP). A HAS é responsável por 45% das mortes cardíacas e 51% das
mortes decorrentes de AVE [3].
Por se tratar de um
importante fator de morbimortalidade, principalmente em idosos, a HAS necessita
de tratamento adequado, seja adotando medidas não farmacológicas como mudanças
na dieta, prática de atividades físicas, o não consumo de tabaco e álcool entre
outros, como também exige adoção e manutenção rigorosa do tratamento
farmacológico. A finalidade do tratamento farmacológico inclui a redução ou
controle dos níveis pressóricos, diminuição do risco de doenças do aparelho
circulatório bem como melhor qualidade de vida [4].
A adesão ao tratamento
medicamentoso está relacionada ao grau de cumprimento da terapia indicada
exatamente da forma que foi proposta pelo profissional de saúde. É um processo
complexo e comportamental, e pode estar associado a diversos fatores, pois o
paciente idoso precisa conscientizar-se de sua condição clínica e
comprometer-se com o tratamento, o apoio familiar e a clareza nas recomendações
dos profissionais de saúde são também imprescindíveis para sucesso do tratamento
[6].
Estudos realizados
observaram que alguns pacientes com HAS não alcançaram o controle dos níveis
pressóricos mesmo recebendo tratamento e sendo acompanhados por serviços de
saúde, fato que pressupõe a não adesão ao tratamento ou monitoramento inadequado
[7]. A adesão à medicação por vezes é imprescindível para os indivíduos
hipertensos, mas na prática clínica observa-se o abandono à terapêutica
medicamentosa por pelo menos 16 a 50% dos pacientes no primeiro ano de
tratamento, o que leva ao descontrole da doença e complicações bem como retardo
de agravos [6].
Considerando a
relevância da temática da adesão dos idosos hipertensos ao tratamento
farmacológico, é inegável a contribuição de estudos que busquem disseminar as
publicações, em particular, na área de saúde, fornecendo subsídios científicos
aos profissionais de saúde para orientar as ações de prevenção e
consequentemente diminuição dos gastos públicos.
Diante do exposto surge
a seguinte questão norteadora do estudo: Quais fatores estão associados a não
adesão dos idosos ao tratamento farmacológico anti-hipertensivo? Para responder
à questão norteadora, o estudo tem como objetivo analisar a produção científica
sobre a referida temática, disponibilizada em periódicos online.
Esta pesquisa é do tipo
revisão integrativa da literatura, desenvolvida através de artigos oriundos das
bases de dados eletrônicas de artigos indexados. As etapas para a realização do
estudo foram: 1) identificação do tema e questão condutora do estudo, 2)
escolha dos descritores; 3) critérios de inclusão e exclusão dos artigos; 4)
definição das informações a serem retiradas dos estudos selecionados; 5)
avaliação dos artigos incluídos na revisão; 6) interpretação dos resultados e
discussão.
Para nortear a revisão
integrativa da literatura, foi formulada a seguinte questão: Quais fatores
estão associados a não adesão dos idosos ao tratamento farmacológico
anti-hipertensivo?
A coleta de dados
realizou-se no mês de abril de 2018, com limite de período entre os anos de
2010 a 2018, disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), através das
seguintes bases de dados: Bases de Dados de Enfermagem (BDENF), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
(MEDLINE) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), por meio dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS):
idosos, hipertensão e adesão à medicação, os quais foram integrados por meio do
operador lógico booleano “AND”.
Em virtude das
características específicas para o acesso às bases de dados selecionadas, as
estratégias utilizadas para localizar os artigos foram adaptadas para cada uma,
tendo como eixo norteador a pergunta e os critérios de inclusão da revisão
integrativa, previamente estabelecidos para manter a coerência na busca dos
artigos e evitar possíveis vieses.
Os artigos foram
selecionados pelos seguintes critérios de inclusão: 1) artigos disponíveis nas
bases de dados com acesso livre e gratuito, 2) textos completos, 3) língua
portuguesa, inglesa e espanhola, 4) com o período de publicação entre os anos
de 2008 a 2017, 5) amostra constituída por idoso masculino e feminino, 6) o
tipo de documento teria que ser artigo científico que respondesse à questão do
estudo. Os critérios de exclusão foram: 1) artigos que não estivessem
disponíveis na íntegra de forma gratuita, 2) teses, 3) documentos de projeto,
4) trabalhos apresentados em congresso e conferência, 5) monografias e artigos
que não respondam a pergunta norteadora a partir da leitura do resumo, 6)
artigos em que os dados fossem coletados em prontuários ou banco de dados de
farmácias, 7) artigos em que obrigatoriamente o idoso tivesse que ter outras
doenças crônicas além da hipertensão.
A apresentação dos
resultados foi realizada de forma descritiva, por meio de figuras e tabelas
possibilitando ao leitor a avaliação da aplicabilidade da revisão integrativa.
Por não se enquadrar em
uma pesquisa que envolve seres humanos, o presente estudo não necessita de
apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa, nem tampouco utilização de Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Na presente revisão,
após seleção dos estudos analisaram-se 12 artigos (Figura 1). A caracterização
dos estudos que compuseram a revisão pode ser observada na Tabela I.
Figura 1 - Fluxograma dos estudos contemplados na pesquisa segundo os critérios de
elegibilidade.
Tabela I - Caracterização dos estudos que compuseram a revisão integrativa. (ver
PDF em anexo).
Após a leitura dos
artigos selecionados para revisão integrativa, foi possível perceber que
existem diversos fatores relacionados com a adesão ou não adesão de idosos
hipertensos ao tratamento farmacológico. Em relação ao sexo, 100% dos artigos
incluídos na presente revisão tinham como maior parte de sua amostra o sexo
feminino. O artigo “Tô sentindo
nada”: Percepções de pacientes idosos sobre o tratamento da hipertensão
arterial sistêmica” separou a amostra em dois grupos, onde G1 era o grupo
de idosos aderentes ao tratamento e G2 o grupo de idosos não aderentes ao
tratamento. Em ambos os grupos o percentual de mulheres foi maior [13].
Mulheres geralmente se preocupam mais com a saúde, e são elas que procuram os
serviços de Hiperdia e solicitam medicamentos para si
e seus companheiros [17].
Os artigos “Adesão ao uso de medicamentos entre idosos
hipertensos” e “Qualidade de vida e
adesão ao tratamento farmacológico entre idosos hipertensos” também tinham
dois grupos, um referente aos aderentes à medicação e outro para os não
aderentes. Nesses artigos também foi possível evidenciar que o número de
mulheres nos grupos foi superior ao número de homens. Pode-se concluir que o
sexo não é um fator relacionado à baixa adesão, porém caracteriza a feminização
do envelhecimento [10,11].
Em relação à etnia não
houve uma diferença exorbitante, os artigos trazem dados diversificados dessa
variável. Em alguns, prevaleceram pacientes cujo tom de pele é branco, seguido
de pardos e negros. O artigo “Adesão ao
tratamento e controle da pressão arterial em idosos com hipertensão” relata
que 60% da amostra se autodeclarava branco, e no artigo “Fatores associados à adesão ao tratamento farmacológico em idosos que
utilizam medicamento anti-hipertensivo” teve 45,5% autodeclarados brancos
[9,15]. Dos 25 usuários da Unidade Básica de Saúde entrevistados no artigo “Adesão ao tratamento de idosos com
hipertensão em uma unidade básica de saúde de João Pessoa, Estado da Paraíba”,
apenas 3 eram negros. Contrariando a literatura que diz que hipoteticamente há
maior predisposição genética em negros para desenvolverem a hipertensão
arterial sistêmica [17].
Pode-se perceber que a
maioria dos estudos apontou a média ou variação de idades acima de 70 anos. O
artigo “Adesão ao uso de medicamentos
entre idosos hipertensos” teve como média de idade 71,7 anos dos idosos
entrevistados. Neste estudo, a taxa de adesão foi de 31,45%. Os idosos mais
jovens apresentam maior independência e autonomia, por não serem alvo de
prestação de cuidados de terceiros, com isso favorece o abandono ao tratamento,
ou seja, deixar de seguir a prescrição médica como determinada pelo
profissional de saúde conhecida como “não adesão intencional” [11].
Dos estudos
selecionados para esta revisão integrativa, concernente ao estado civil quando
era citado, pode-se perceber que mais da metade da amostra dos artigos eram
casados ou residiam com alguém. O artigo “Qualidade
de vida e adesão ao tratamento farmacológico entre idosos hipertensos”
coletou dados a partir de entrevista com 1.029 idosos, dos quais 50,9% eram
aderentes ao tratamento e 49,1% não aderentes. Em ambos os grupos deste estudo
houve predominância de pessoas casadas ou que residiam com companheiros. Desta
forma, o estado civil não apresentou associação significativa com a baixa
adesão ao tratamento farmacológico [10].
Sobre
o grau de
instrução, em alguns artigos não foi
possível verificar relação à adesão
ou não
adesão, porém o artigo “Adesão ao
tratamento de idosos com hipertensão em uma unidade básica de saúde de João
Pessoa, Estado da Paraíba” teve maior parte de sua amostra com grau de
escolaridade até 3ª série. Dos 25 participantes da pesquisa, 13 não utilizavam
corretamente a medicação para controle da pressão arterial. O nível de
escolaridade está diretamente associado à temática. A doença é mais prevalente
em indivíduos com baixa escolaridade, pois muitas vezes abandonam o tratamento
por falta de senso crítico e de entendimento sobre a própria patologia que o
acomete [17].
O déficit cognitivo foi
relatado em alguns estudos e consideravelmente associado a baixos escores de
adesão à medicação, no artigo “Adesão ao
uso de medicamento em idosos hipertensos”, um grupo de 124 idosos foram
entrevistados. Deste grupo, 85 idosos foram classificados como não aderentes,
caracterizando 68,5% da amostra. Dos idosos não aderentes, 61,8% (n = 47)
apresentaram déficit cognitivo após aplicação do Miniexame
do Estado Mental em associação com a Escala de Autoadesão
[11].
A síndrome da
fragilidade é um problema importante em pessoas idosas e constantemente são
criados instrumentos especializados em diagnósticos e desenvolvimento de
medidas preventivas, já que a fragilidade exerce consequências negativas não
apenas no resultado da doença, mas também na adesão ao tratamento [8].
O artigo “Efeito da síndrome da fragilidade na adesão
ao tratamento em idosos hipertensos”, com o intuito de analisar o efeito
dessa síndrome no tratamento de idosos hipertensos, entrevistou 300 idosos
hospitalizados devido às urgências hipertensivas. A síndrome da fragilidade foi
identificada em 197 idosos, percentual de 65.67% da amostra. Neste estudo 50%
dos idosos não aderiram ao tratamento, com cumprimento adequado da prescrição
médica [8]. No artigo “Fatores associados
à adesão ao tratamento farmacológico em idosos que utilizam medicamento
anti-hipertensivo” a não classificação como idoso frágil, permaneceu
estatisticamente associada à adesão à terapia farmacológica [9].
A politerapia
é um fator precipitante para a não adesão ou abandono ao tratamento
farmacológico, indivíduos com múltiplas comorbidades são menos propensos a
cumprir seus planos de tratamento devido ao maior número de medicamentos [13].
O artigo “Qualidade de vida e adesão ao
tratamento farmacológico em idosos hipertensos” evidenciou que os idosos
com maior número de comorbidades são menos propensos à adesão, devido a um
maior número de fármacos e conhecimento inadequado sobre terapêutica. Quanto
maior o número de medicamentos prescritos, maior o risco de potenciais
interações perigosas e efeitos adversos, resultando em baixa adesão ao
tratamento [15].
A não adesão pode estar
relacionada ao fato de não “sentir nada”, ou até mesmo a percepção de efeitos
adversos. O artigo “Adesão ao tratamento
e controle da pressão arterial em idosos com hipertensão” revela que 78% de
sua amostra relatou não entender a letra do médico e isso era um obstáculo para
cumprir a prescrição médica, 58% relataram interrupção da medicação devido a
efeitos adversos [11]. O artigo ““Tô sentindo nada”: percepções de pacientes idosos sobre o tratamento da
hipertensão arterial sistêmica” demonstrou que os pacientes que
participaram da pesquisa relataram esquecimento das medicações por não estarem
apresentando sintomas de pressão arterial elevada. Isso leva o paciente a
desistir da terapia, já que “sentir nada” está associado a ausência de doença
[13].
O artigo “Diferenças entre os sexos nas barreiras à
adesão à medicação anti-hipertensiva: achados do estudo de coorte sobre adesão
à medicação entre idosos (CoSMO)” avaliou alguns
fatores que poderiam estar associados a uma maior ou menor adesão em homens e
mulheres. A prevalência de baixos escores de adesão à medicação não diferiu de
acordo com o sexo. Em modelos multivariáveis específicos do sexo, ter problemas
com o custo da medicação e praticar menos modificações no estilo de vida para o
controle da pressão arterial foram associados a baixos escores de adesão entre
homens e mulheres. Fatores associados a baixos escores de adesão em
homens, mas não em mulheres, incluíram redução da função sexual e IMC ≥ 25.
Fatores associados aos baixos escores de adesão nas mulheres, mas não nos
homens, incluíram a insatisfação com a comunicação com o profissional de saúde
[12]. O artigo “Adesão ao tratamento de
idosos com hipertensão em uma unidade básica de saúde de João Pessoa, Estado da
Paraíba” diz que para o sucesso da terapia, além dos esforços individuais é
necessário que haja vínculo do profissional de saúde e o paciente. O enfermeiro
exerce papel importante na adesão ao tratamento, pois em sua consulta
estabelece um elo com o paciente facilitando a implementação de ações
necessárias para adesão [17].
Fatores psicossociais
desempenham um papel importante no comportamento de tomada de medicação dos
pacientes. O artigo “Acontecimentos da
vida, coping e adesão à medicação anti-hipertensiva
entre adultos mais velhos” acrescenta evidências de que a ocorrência de
eventos de vida pode impactar a adesão à medicação em pacientes idosos com
hipertensão. Entre os participantes com níveis mais baixos de enfrentamento,
aqueles que relataram uma mudança no estado financeiro, uma mudança na saúde ou
comportamento de um membro da família e mudanças nas atividades recreativas,
atividades da igreja, atividades sociais, atividades para dormir ou hábitos
alimentares tiveram adesão significativamente menor do que aqueles que não
tinham experimentado cada um desses eventos. A tristeza esmagadora decorrente
de alguns tipos de eventos de vida pode então afetar a adesão e ao mesmo tempo
desencadear um episódio de depressão [14].
Os sintomas depressivos
são abordados no artigo “Associação de
depressão com aderência de medicação anti-hipertensiva em adultos idosos:
achados transversais e longitudinais do CoSMO”.
No início do estudo, 14,1% dos participantes relataram baixa adesão aos
medicamentos anti-hipertensivos, 13,0% relataram sintomas depressivos e 33,9%
relataram baixo apoio social. Um percentual maior de pessoas com sintomas
depressivos versus sem sintomas ocorreu com mulheres, negras, não casadas, com
menos de um ano de ensino médio, duas ou mais comorbidades e tendo um número
maior de classes de medicamentos anti-hipertensivos [18].
Nas bases de dados
pesquisadas foram encontrados e selecionados artigos, segundo a pergunta de
pesquisa elaborada. Dentre os estudos selecionados constatou-se que os fatores
associados a não adesão dos idosos ao tratamento
farmacológico foram: o grau de instrução, déficit cognitivo e síndrome da
fragilidade; a falta de sintomas da doença, a politerapia,
péssima caligrafia dos prescritores e a falta de vínculo com o profissional de
saúde; bem como a presença de sintomas depressivos e eventos estressantes da
vida.
Ressalta-se que a
presença de um cuidador ou membro da família junto ao idoso facilita a adesão,
bem como um vínculo agradável com o profissional de saúde que prescreve os
medicamentos. Pelo fato de serem idosos, mostram-se desmotivados devido a pouca perspectiva de vida.
Espera-se
que este
estudo possa auxiliar em pesquisas futuras que envolvam idosos,
além de
promover subsídios para criação de
ações de prevenção da hipertensão e
ações
que busquem estimular os idosos a adesão terapêutica.