ARTIGO
ORIGINAL
Índice
de satisfação da equipe de enfermagem atuante em um serviço de pronto
atendimento
Vanessa Natacha da
Silva Oliveira*, Valdinéa Luiz Hertel,
M.Sc.**, Paula Rogéria da
Silva***
*Enfermeira
pela Faculdade de Enfermagem Wenceslau Braz, Itajubá/MG, Especialização em
Enfermagem em Urgência e Emergência pelo Centro Universitário Tereza D’Ávila,
UNIFATEA, Lorena/SP, Enfermeira do Hospital Escola de Itajubá/MG, **Enfermeira
pela Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, Docente da Faculdade Wenceslau Braz,
Itajubá/MG e do Centro Universitário Teresa D’Ávila (UNIFATEA) Lorena/SP,
***Enfermeira pela Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, Itajubá/MG
Recebido em 12 de
janeiro de 2018; aceito em 29 de maio de 2018.
Endereço
para correspondência:
Valdinéa Luiz Hertel, Rua
Do Sossego, n. 154, Mirante da Serra, 27521-600 Resende RJ, E-mail:
valdineahertel@gmail.com; Paula Rogéria da
Silva: paulinhahappy@outlook.com; Vanessa Natacha da Silva Oliveira: vanessanatacha_silva@yahoo.com.br
Resumo
Objetivo: Avaliar o nível de
satisfação dos profissionais de enfermagem de uma unidade de pronto-socorro. Métodos: Estudo de abordagem
quantitativa, do tipo exploratória, descritiva e transversal realizado com a colaboração
de 33 profissionais. Para coleta de dados utilizou-se um instrumento com o
intuito de registrar os dados pessoais dos participantes e para avaliar o nível
de satisfação dos mesmos foi aplicada a Escala de Atitude do Índice de
Satisfação Profissional. Resultados:
Evidenciou-se que os participantes obtiveram o conceito “Bom” sendo o domínio
que mais contribuiu para a satisfação dos participantes foi o requisito do
trabalho e o de pior escore o domínio interação. Conclusão: Sugere-se que novos estudos sejam realizados visando
correlacionar as características pessoais dos profissionais de enfermagem com
os domínios que contemplam as escalas que avaliam satisfação profissional.
Palavras-chave: enfermagem,
satisfação, pronto-socorro.
Abstract
Satisfaction index of the nursing team acting in an emergency medical
service
Objective: To evaluate
the level of satisfaction of nursing professionals in a first aid unit. Methods: A quantitative, exploratory,
descriptive and cross-sectional study conducted with the collaboration of 33
professionals. For data collection, an instrument was used to register the
personal data of the participants and for assessing the level of satisfaction
of the participants, the Attitude Scale of the Professional Satisfaction Index was
applied. Results: We evidenced that
the participants obtained the concept "Good" being the domain that
contributed the most to the satisfaction was the job requirements and the worst
score the domain interaction. Conclusion:
It is suggested that new studies be carried out aiming to correlate the
personal characteristics of nursing professionals with the domains that
contemplate the scales that evaluate professional satisfaction.
Key-words: nursing,
professional satisfaction, emergency room.
Resumen
Índice de satisfacción
del equipo de enfermería actuante en un servicio
médico de emergencia
Objetivo: Evaluar
el nivel
de satisfacción de los profesionales de enfermería de
una unidad de servicio de emergencia. Métodos:
Estudio de abordaje cuantitativo, del
tipo exploratorio, descriptivo
y transversal realizado con la
colaboración de 33 profesionales.
Para la recolección
de datos se utilizó un instrumento con el fin de registrar los datos personales
de los participantes y para evaluar
el nivel de satisfacción de los mismos se aplicó la Escala de Actitud del Índice de Satisfacción Profesional. Resultados:
Se evidenció que los
participantes obtuvieron el concepto "Bueno" siendo
el dominio que más contribuyó para la satisfacción de los participantes
fue el requisito del trabajo y el
de peor escore el dominio interacción. Conclusión: Se sugiere que nuevos estudios sean
realizados para correlacionar las características personales de los profesionales de enfermería con los dominios
que contemplan las escalas
que evalúan satisfacción profesional.
Palabras-clave: enfermería,
satisfacción profesional, servicios médicos de urgencia.
A satisfação
profissional é um tema que vem despertando o interesse em pesquisadores de todo
o mundo, haja vista a grande necessidade de se compreender o papel que a mesma
exerce em algumas situações do dia a dia do ser humano, bem como porque
sentir-se satisfeito ou não no trabalho interfere no comportamento profissional
e social dos indivíduos e por sua vez em sua saúde [1].
A
equipe de
enfermagem desenvolve suas atividades laborais dentro de um contexto
social e,
dependendo da forma como executa e organiza suas atividades, pode
desencadear
sensações de satisfação,
insatisfação, realização profissional,
prazer, sofrimento
e outros. Logo, compreende-se que a satisfação com o
trabalho está ligada a
somatória de sentimentos favoráveis que o profissional
tem mediante a atividade
que o mesmo exerce e que, quanto mais fatores geradores de
satisfação estiverem
presentes entre esta relação trabalhador/trabalho, maior
será o esforço deste
profissional em proporcionar uma assistência qualificada ao
usuário, família e
comunidade [2-3].
Sabe-se que as condições que geram insatisfação no trabalho pode acarretar
potenciais prejuízos à saúde do trabalhador, fato este que justifica a
realização do presente estudo, uma vez que ao realizar investigações acerca da
temática referida e também dos fatores geradores de (in)satisfação, como
aqueles referentes às condições de trabalho e às relações interpessoais no
ambiente laboral, possibilitam a compreensão e implementação de mudanças
necessárias no contexto do trabalho e subsidiar estratégias de prevenção de
danos aos trabalhadores e clientes/usuários do sistema de saúde.
Em se tratando de
unidade de Pronto Socorro, sabe-se que esta é caracterizada como um ambiente
tenso, estressante e tumultuado devido à alta rotatividade de pessoas com
diferentes graus de complexidade. Tendo em vista que a satisfação no trabalho é
um dos indicadores que promovem a qualidade de vida do ser humano, este estudo
abarca como objetivo descrever o nível de satisfação dos profissionais de
enfermagem de uma unidade de pronto socorro, haja vista que na referida unidade
a equipe de enfermagem presta assistência direta aos pacientes, sendo estes
profissionais os responsáveis pelos cuidados não só visando sua recuperação,
mas também a cura e reabilitação destes indivíduos que encontram-se
em situações limites, em que simples detalhe pode lhe custar a vida.
Trata-se de estudo de
natureza quantitativo, com abordagem descritiva, exploratória e transversal.
Participaram do estudo 33 profissionais de ambos os gêneros que atuam na
Unidade do Pronto Socorro do Hospital Escola da cidade de Itajubá-MG. Os participantes
foram selecionados por meio dos seguintes critérios de elegibilidade: ser
profissionais de enfermagem atuantes na unidade de pronto atendimento do
Hospital Escola de Itajubá e aceitarem participar do presente estudo por meio
da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Portanto, os
participantes que não comtemplaram o perfil supracitado foram automaticamente
excluídos.
A coleta de dados foi
efetuada entre os meses de setembro e outubro do ano de 2015 na referida
instituição. Antes da realização da coleta de dados propriamente dita, foi
realizado um estudo piloto intitulado pré-teste com 10% da amostra total do
presente estudo, o que corresponde a 3 colaboradores
de enfermagem com atuação no Pronto Socorro do Hospital Escola, logo, como não
foram necessárias modificações no instrumento utilizado, os indivíduos que
participaram da etapa referida foram inseridos na amostra final o que totalizou
uma amostra final de 33 indivíduos para realização do estudo.
No que se refere ao registro das informações necessárias, essas foram
obtidas por meio de entrevista semiestruturada, aplicando-se dois instrumentos
distintos aos participantes: um questionário de registros para a Caracterização
Pessoal e Profissional e a Escala de Atitude de Satisfação Profissional.
A Escala de Atitude
do Índice de Satisfação Profissional foi utilizada para avaliação do índice de
satisfação dos profissionais. O instrumento foi desenvolvido por Stamps e validado por Lino [4,5], baseia-se em seis componentes:
Status Profissional; Requisitos do Trabalho, Normas Organizacionais,
Remuneração, Interação e Autonomia comparados entre si
formando a parte inicial do Índice de Satisfação Profissional (ISP). A segunda
parte do instrumento, denominada Escala de Atitude, contém 44 itens, arranjados
de forma aleatória na escala, que permitem ao respondente estabelecer o seu
grau de satisfação com o seu local de trabalho. A Escala de Atitude apresenta
alternativas do tipo Likert com valores decrescentes
que variam entre 1 e 7 pontos, a alternativa que
concorda inteiramente corresponde a (1) e a que discorda inteiramente (7), ou
seja, quanto menor a pontuação apresentada maior é a influência dos domínios
investigados na satisfação profissional, e quanto maior a pontuação, menor a
sua significância frente a variável satisfação profissional.
Os dados coletados
foram analisados por meio dos programas estatísticos Microsoft Excel versão
2013 e Statistical Package
for the Social Sciences
(SPSS versão 22), utilizando-se da estatística descritiva para as variáveis categóricas e estatística inferencial para as variáveis numéricas.
O presente estudo foi
desenvolvido após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro
Universitário Teresa D’Avila (UNIFATEA), protocolo n.
1.228.660/2015, seguindo os preceitos éticos estabelecidos pela resolução
466/12 que abarca a ética em pesquisa envolvendo seres humanos.
Observou-se que
78,78% eram do gênero feminino; a média de idade foi de 33,93 ± 9,69 anos;
42,42% eram casados; 66,66% possuíam filhos; a média de quantidade de filhos
foi de 1,72 ± 0,82; 100% dos entrevistados afirmaram possuir alguma religião,
84,84% eram católicos.
Quanto aos dados
referentes às características pessoais dos participantes, a média do tempo de
formação profissional (em anos) foi de 7,61 ± 7,39; 69,69% não possuíam curso
de pós-graduação; o tempo de experiência profissional (em anos) foi de 5,62 ±
7,24; 48,48% trabalhavam no turno da noite; 48,48% tinham carga horária de 6
horas e os outros 48,48% com carga horária de 12 horas; 90,90% atuavam no
pronto socorro.
Para melhor
compreensão dos resultados obtidos com a Escala Total de Atitude do Índice de
Satisfação Profissional (ETAISP), adotou-se os
seguintes conceitos para analisá-la (Tabela I).
Tabela
I - Conceitos para análise da ETAISP.
Fonte: Instrumento do
estudo.
As medidas de
tendência e dispersão central referentes à Escala
Total de Atitude do Índice de Satisfação Profissional e seus domínios, assim
como sua classificação encontram-se na Tabela II.
Tabela
II -
Conceitos e domínios da Escala Total de
Atitude do Índice de Satisfação Profissional (EAISP). Itajubá MG, 2015 (n= 33).
Fonte: Instrumento do
estudo.
Pode-se observar quanto aos
resultados obtidos por meio do instrumento utilizado que o domínio que mais
contribuiu para a satisfação dos participantes deste estudo foi Requisitos do
trabalho representado por uma média de 17,66 e, portanto, classificado como
muito bom. No que se refere ao domínio que menos contribuiu com a satisfação
profissional dos colaboradores deste estudo, observou-se que o domínio
interação, com média 31,48, foi o que menos se mostrou
significante quando avaliamos satisfação profissional entre a equipe de enfermagem.
Todavia, observou-se
que os domínios autonomia e remuneração também se fizeram importantes durante a
análise do presente estudo, logo, de forma geral, evidenciou-se que a
satisfação profissional dos entrevistados obteve média de escore 154,4 sendo
classificada como boa.
Frente ao domínio que
se mostrou mais satisfatório quando avaliamos a satisfação profissional da
equipe de enfermagem, nosso estudo evidenciou que o item Requisitos do
trabalho, que podem ser compreendidos como as atividades que devem ser
executadas de forma rotineira pelos profissionais [3], obteve a pontuação de
maior significância.
Logo, neste estudo os
participantes mostraram-se satisfeitos com os tipos de atividades que
realizavam. Os enfermeiros se responsabilizavam pelas atividades administrativas
e burocráticas, e os demais integrantes da equipe de enfermagem, representados
por técnicos e auxiliares, ficavam encarregados de executar as atividades
assistenciais necessárias ao cuidado direto dos pacientes.
O acúmulo de
atividades administrativas e burocráticas desenvolvidas pelo profissional
enfermeiro dificulta a execução de práticas assistenciais por parte do mesmo,
por isso, em alguns casos, a ausência de contato direto com o paciente se torna
um fator que repercute de forma negativa na saúde do trabalhador de enfermagem,
gerando inquietações e sofrimento tendo em conta que o cuidado é o objeto de
trabalho deste profissional [6].
As condições de
burocratização, inflexibilidade, rotinização e
sobrecarga no trabalho são alguns dos fatores causais para a ocorrência de
insatisfação entre as equipes de enfermagem, em razão de o trabalho do
enfermeiro possuir relação direta com os riscos ocupacionais, estresse, entre
outros fatores de adoecimento para estes profissionais. Todavia, esta realidade
não foi evidenciada em no presente estudo [3].
Ao avaliar a
satisfação profissional entre a equipe de enfermagem, o domínio remuneração foi
apontado como o segundo item de maior significância frente à temática abordada
neste estudo. Tal fato nos chamou a atenção, considerando-se que nas diversas
literaturas exploradas, este item em sua maioria é abordado como fator de
insatisfação entre os profissionais.
A remuneração já era
apontada por Frederick Taylor, o criador da teoria administrativa científica em
1977, como fonte de motivação para que os indivíduos desenvolvessem seu
trabalho com mais qualidade e, desse modo, mais satisfeitos profissionalmente
[6,7].
As pessoas trabalham
visando retorno financeiro, logo, pode-se afirmar que o desempenho de cada
indivíduo será melhor se o mesmo estiver motivado dentro da empresa [8]. O
salário e as recompensas monetárias são determinantes de satisfação
profissional, já que esta relação promove sentimento de recompensa pelos
esforços realizados. Outra forma de remuneração que desperta satisfação ao
trabalhador são as oportunidades de promoções e gratificações, estas formas de
reconhecimento profissional fazem com que o indivíduo se sinta reconhecido
socialmente e prestigiado frente à função que exerce dentro da empresa [7].
Todavia, se o
trabalhador tem uma remuneração considerada baixa, este pode ser um grande
fator gerador de insatisfação no trabalho, pois os baixos salários fazem com
que se submeta a mais de um vínculo empregatício, ocasionando neste indivíduo
sobrecarga de trabalho e, consequentemente, baixa qualidade de assistência
profissional. Essa realidade é comumente evidenciada entre a classe de
enfermagem [3].
Entre a equipe de
enfermagem, classe que eventualmente predomina o gênero feminino, é de fato esperado encontrar situações que possam ocasionar
insatisfação profissional entre as mulheres, e a causa disso se remete a dupla
jornada presente no contexto feminino com os afazeres domésticos e atuação no
mercado de trabalho formal, para melhorar a renda familiar. Essa dupla ou até
tripla jornada em algumas situações tende a gerar esgotamento físico, mental e
também escassez de tempo para dedicar-se aos seus interesses pessoais,
ocasionando assim episódios de insatisfação profissional [4].
Logo, para se obter realização profissional e por sua vez satisfação com o
trabalho, faz-se necessária a presença de condições de vida e de trabalho
dignas que promovam bem estar aos trabalhadores de uma forma geral. Essas
condições podem ser representadas por um pagamento justo, ou a presença de
benefícios dentro da empresa, oportunidades, políticas da organização flexíveis
e uma boa equipe de supervisão [8].
No tocante domínio
que apresenta pior escore frente a avaliação da
satisfação profissional, destacamos como principal item de redução da
satisfação profissional a interação, ou seja, as relações interpessoais entre a
equipe de enfermagem.
A execução das
atividades laborais da enfermagem envolve relações interpessoais, cooperação e
comunicação formal durante o seu exercício profissional, sendo importante fator
para a satisfação profissional, uma vez que estas são determinantes para
desenvolver o cuidado qualificado em distintos cenários de saúde [7].
A equipe de
enfermagem desenvolve um trabalho complexo, visando produção de cuidado e para
isso necessita de ações realizadas de forma coletiva com outros profissionais
da área da saúde, sendo assim, essas relações interpessoais, devido as
diferentes culturas, convicções, crenças, objetivos diferentes, dentre outros
fatores, podem gerar situações de conflito e posteriormente insatisfação
profissional [2].
Muitos estudos são
realizados com o intuito de compreender a relação entre satisfação no trabalho
e o clima organizacional, como conclusão para esta indagação, a literatura cita
que a coesão entre colegas de profissão eleva os níveis de satisfação, e que o
gênero é uma variável influente nesta observação, logo, as relações
interpessoais entre homens e mulheres associados ao clima organizacional
interferem de forma direta com o nível de satisfação na equipe de enfermagem
[1].
A satisfação com os
colegas contribui com o desempenho das atividades profissionais tornando o
ambiente de trabalho mais agradável e gratificante. Quando a equipe de
enfermagem se apresenta coesa, seus integrantes tendem a se mostrar mais
satisfeitos do que membros de grupos pouco coesos [7]. As relações entre
indivíduos de uma organização, não só entre pares mas
também entre superiores e subordinados e vice-versa, parecem revelar-se muito
importantes na satisfação profissional, visto que, quando essas relações
assumem caráter negativo, ocorre a diminuição dos níveis de satisfação
profissional gerando assim e influência negativa em todos os aspetos
organizacionais [7].
Como segundo fator
relevante evidenciado neste estudo no que tange avaliar a satisfação de
profissionais de enfermagem, destacamos o domínio autonomia como influente na
baixa satisfação com o trabalho em enfermagem.
A autonomia abarca
como sentido à independência profissional. A liberdade para tomar decisões pautados no corpo de conhecimento própria da enfermagem
possibilita aos enfermeiros a realização de tarefas que tragam resultados
satisfatórios ao seu trabalho. Todavia, para se exercer a autonomia frente a equipe não só de enfermagem mas multiprofissional, este
trabalhador necessita constituir saberes e conhecimentos, além de apresentar
habilidades técnicas para a promoção do cuidado de forma holística [2].
Sabe-se que a
autonomia profissional, durante o exercício profissional da enfermagem, é
exercida pelo profissional quando este, a partir de sua pro-atividade,
utiliza conhecimento científico, habilidades e competências na prática do
cuidado e nas tomadas de decisões. Por conseguinte, o componente considerado
pela equipe de enfermagem que promove satisfação profissional é a autonomia,
contudo a mesma é reconhecida pela equipe de enfermagem como uma autonomia
relativa, uma vez que a enfermagem desenvolve suas tarefas interagindo com a
equipe multiprofissional e não desenvolve um trabalho totalmente autônomo por
ser uma profissão voltada para o cuidado e questões administrativas [6].
Observa-se ainda,
embora enfermeiros e médicos se relacionem bem no ambiente de trabalho, que os
conhecimentos da enfermagem ainda não são devidamente respeitados pela
comunidade médica, ou seja, este comportamento contribui com a redução da
autonomia de enfermeiros frente a equipe
multidisciplinar. Em um estudo realizado em Natal, com enfermeiros do Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), os participantes declararam que
gostariam que os médicos mostrassem mais respeito pelas habilidades e
conhecimentos da equipe de enfermagem [3].
Em outro estudo,
evidenciou-se que os participantes mostram-se mais satisfeitos com a interação
com a equipe multiprofissional do que com a autonomia concedida, pois relataram
estar insatisfeitos quanto a sua participação nas decisões do trabalho [8].
Umas das sugestões mencionadas
pela equipe de enfermagem participante do estudo se volta para uma maior
participação destes profissionais nas tomadas de decisão a
nível do serviço, promoção de formação contínua e maior humanização da
prestação de cuidados prestados [1].
Destaca-se como limitação para a realização do presente estudo a dificuldade
em localizar na literatura científica estudos que correlacionassem as
características pessoais dos profissionais de enfermagem com os domínios que
contemplam as escalas que avaliam a satisfação profissional.
A satisfação
profissional é manifestada pelos indivíduos quando estão inseridos em um
ambiente de trabalho que lhes proporciona condições favoráveis para a execução
de suas atividades. Neste estudo pode-se evidenciar que quando os requisitos
para o trabalho estão bem estabelecidos para o empregado haverá satisfação com
a atividade laboral que executa e, por sua vez, essa boa compreensão do papel a
ser realizado se manifesta em níveis elevados de satisfação profissional.
Opostamente quando o
trabalhador se vê em um ambiente de trabalho que não se tem interação da equipe
de enfermagem, reconhecimento profissional, autonomia e apoio por parte dos
supervisores da chefia fica evidente que situações de insatisfação profissional
podem ocorrer em meio aos profissionais envolvidos. No que diz respeito a
variável remuneração, está em muitos estudos e é apontada como principal fator
que acomete a satisfação profissional de enfermeiros e enfermeiras, todavia neste
estudo esta realidade não foi evidenciada, o que foi considerado uma surpresa
para as autoras.
Sugere-se que novos
estudos sejam realizados correlacionando as características pessoais da equipe
de enfermagem com os itens que avaliam a Escala de Atitude do Índice de
Satisfação Profissional, garantindo assim o melhor desempenho e satisfação
profissional, visto que, as referências encontradas de forma geral, não
ressaltam essas correlações.