ARTIGO
ORIGINAL
Aspectos
epidemiológicos de alterações pigmentares e de fotoproteção
entre gestantes atendidas na atenção básica em município do interior paulista
Camila Garcel Pancote*, Natália Sperli Geraldes Marin dos Santos Sasaki*,
Danielle Oliveira Reis**, Laís Fernandes Swenson**,
Mariana Roveron**, Melissa Possari
Ferris**, Maria de Lourdes Sperli Geraldes Santos***,
Zaida Aurora Sperli Geraldes Soler***
*Docentes
curso de Medicina Unilago, **Acadêmicas de Medicina Unilago (União das Faculdades dos Grandes Lagos),
***Docentes da graduação e pós-graduação lato sensu e stricto sensu da
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) e líderes do Grupo de
Pesquisa Nemoreges (Núcleo de Estudos sobre Morbidade
Referida, Educação e Gestão em Saúde)
Recebido em 19 de
outubro de 2018; aceito em 15 de abril de 2019.
Endereço
de correspondência:
Camila Garcel Pancote,
Estrada Vicinal Alcides Augusto Ávila, 1001, casa 462, Bairro Fazenda Retiro,
15054-700 São José do Rio Preto SP, E-mail: camilapancote@hotmail.com; Natália Sperli Geraldes Marin dos Santos Sasaki:
nsperli@gmail.com; Danielle Oliveira Reis: danielleoreis@gmail.com; Laís
Fernandes Swenson: laisswenson@icloud.com; Mariana Roveron: marianaroveron@hotmail.com; Melissa Possari Ferris: me_possari@hotmail.com; Zaida Aurora Sperli Geraldes Soler: zaidaaurora@gmail.com
Este estudo está
vinculado ao grupo de pesquisa “Nemoreges: Núcleo de
Estudos sobre Morbidade Referida, Educação e Gestão em Saúde” et ao Projeto-Mãe: “Estudos sobre a Humanização no preparo e
assistência para o nascimento: ênfase na atuação do enfermeiro obstetra”, de
responsabilidade da Profa. Dra. Zaida Aurora Sperli
Geraldes Soler, uma das autoras do trabalho.
Resumo
Introdução: Durante o ciclo
gravídico são comuns algumas alterações de pele, como o melasma
e até dos nevos melanocíticos, com evolução para
melanoma. A etiologia é multifatorial, principalmente a exposição solar, de
modo que meios de fotoproteção são relevantes. Objetivo: Analisar dados epidemiológico
de gestantes atendidas em uma unidade básica de saúde de São José do Rio
Preto/SP, segundo as variáveis de fotoproteção. Métodos: Foram entrevistadas 100
gestantes, sobre hábitos de fotoproteção e os dados
analisados por estatística descritiva, teste qui-quadrado
e Monte Carlo. Resultados: 95% tinham
idade entre 18 e 35 anos, 47% branca; 60% não se expunham ao sol por longos
períodos, embora a maioria estivesse ciente dos riscos da exposição solar, 82%
não usavam fotoprotetores e 79% não foram orientadas
quanto ao uso. Conclusão:
Obtiveram-se informações importantes sobre hábitos de fotoproteção
de gestantes, com necessidade de mais orientação neste contexto.
Palavras-chave: gestação, melasma, melanoma, radiação solar, protetores solares.
Abstract
Epidemiological
data on pigmentary changes and photoprotection among pregnant women seen at a
Basic Health Unit in the countryside of São Paulo
Introduction:
Skin alterations, such as melasma and melanocytic nevi evolving to melanoma,
are common during pregnancy. The etiology is multifactorial and, since sun
exposure is the main cause, the adoption of photoprotection measures is
relevant. Objective: This study aimed
to investigate the epidemiological data of pregnant women seen at a Basic
Health Unit in Sao Jose do Rio Preto/SP, Brazil, according to photoprotection
variables. Methods: One hundred
pregnant women were interviewed about protoprotection
habits. The collected data were analyzed using descriptive statistics,
chi-square test and Monte Carlo simulation. Results:
Of the participants, 95% were aged 18-35 years; 47% were white; 60% did not
expose themselves to the sun for large periods; although most were aware of the
risks of sun exposure, 82% did not use sunscreen; and 79% had not been
instructed to use sunscreen. Conclusion:
This study collected important information on the photoprotection habits of
pregnant women and revealed the need for more guidance in this area.
Key-words: pregnancy,
melisma, melanoma, solar radiation, sunscreen.
Resumen
Aspectos
epidemiológicos de cambios pigmentarios
y de fotoprotección en embarazadas atendidas en la Atención Básica de Salud de una ciudad del interior de São Paulo
Introducción: En el embarazo son
comunes cambios en la piel,
como el melasma y los nevos melanocíticos, que pueden evolucionar para melanoma. Su
etiología es multifactorial,
destacando la exposición
solar. Eso hace que los medios de fotoprotección
jueguen un rol muy importante. Objetivo:
Investigar los datos
epidemiológicos de embarazadas atendidas en la Unidad
Básica de Salud de São José do Rio Preto/SP, Brasil, según variables de fotoprotección. Métodos:
Se les entrevistaron a 100 embarazadas acerca de sus hábitos de fotoprotección.
Los datos se analizaron por
estadística descriptiva, test
de chi-cuadrado y test de
Monte Carlo. Resultados: El 95% de las embarazadas tenía entre 18 y 35 años de edad; el 47% eran
mujeres blancas; el 60% no se exponían al sol por
largos períodos; aunque la mayoría conocía los riegos de la
exposición solar, 82% no usaban
protectores solares; y el
79% no habían recibido orientación sobre el uso de protectores. Conclusión: Se obtuvieron informaciones importantes sobre los
hábitos de fotoprotección de embarazadas.
Existe la necesidad de más orientación profesional en este contexto.
Palabras-clave: embarazo,
melasma, melanoma, radiación
solar, protectores solares.
Na evolução da gravidez
humana ocorrem marcantes modificações metabólicas; endócrinas; imunológicas;
vasculares, de metabolismo proteico, lipídico e glicídico; aumento do fluxo
glomerular; enfim alterações imunológicas variadas, que poderão levar a
mudanças da pele e anexos, em nível fisiológico e patológico [1].
No decorrer da
gravidez, cerca de 90% das gestantes apresentam hiperpigmentação discreta de
algumas áreas do corpo, como mamilos, aréolas mamarias, axilas, face interna
das coxas, genitais, abdome, além de hiperpigmentação de lesões pigmentares
preexistentes, como sardas, nevos, lentigos e
cicatrizes. Geralmente não preocupam, por se tratar de áreas que,
habitualmente, não ficam expostas. No entanto, o melasma,
caracterizado por pigmentação melânica irregular, preferencialmente da face, em
mulheres na idade fértil e de pele mais pigmentada, é motivo de grande
preocupação e insatisfação, já que podem ser esteticamente significativas e
comprometer a dimensão biológica, psicoemocional e social da gestante.
Atualmente, a exposição solar é um dos fatores de maior importância no
surgimento de hiperpigmentações e outras alterações cutâneas, como
foto-envelhecimento, reações alérgicas e câncer de pele tipo não-melanoma
(carcinoma basocelular e espinocelular) e melanoma
[2-4].
O melanoma é
responsável por 8% do total dos cânceres na gestação e uma das principais
causas de morte por câncer entre mulheres em idade fértil. Estudos recentes
apontam o melanoma como o responsável pelo aumento em 56% do risco de morte
durante a gestação. Em 30% dos casos, esse tipo de tumor tem início a partir de
uma lesão benigna pré-existente (nevo melanocítico),
que sofreu mutação e malignização e 60% dos casos
aparece como uma lesão nova. Devido à redução na imunidade antitumoral, as
gestantes são mais suscetíveis ao desenvolvimento de tumores [4-6].
A exposição solar
inadequada, associada à fotossensibilização
decorrente das alterações hormonais na gestação, pode aumentar o risco de
alterações cutâneas, tanto benignas quanto malignas, tornando necessário e
imprescindível à adoção de hábitos saudáveis de fotoproteção.
Nesse sentido, a execução de medidas relativamente simples, como orientação às
gestantes sobre os riscos da exposição solar inadequada e a importância da
utilização de meios de fotoproteção torna-se tema de
grande importância no contexto da saúde coletiva [7].
Ante o exposto, este
artigo tem como objetivo identificar hábitos de fotoproteção
de gestantes atendidas em uma unidade de atenção básica, correlacionando com
dados socioeconômico, demográfico e gestacional.
Estudo quantitativo,
descritivo do tipo inquérito, realizado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do
distrito IIB do município de São José do Rio Preto/SP, com estimativa
populacional do município de 409.043 habitantes em 2016. Desde 2010 o município
apresentou alto índice de desenvolvimento humano (ADH), principalmente nas
dimensões de educação, longevidade e renda. O município apresenta 27 unidades
de serviços de atenção básica, sendo 13 unidades de saúde da família (UBSF) e
14 unidades básicas de saúde (UBS). O número de mulheres acompanhadas pelos
serviços de atenção básica em 2016 foi de 36.180 [8].
Foram incluídas neste
estudo gestantes maiores de 18 anos, que estavam em acompanhamento do pré-natal
na UBS e que após explicações detalhadas sobre a pesquisa consentiram em
participar por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE). O estudo foi aprovado pelo comitê de Ética e Pesquisa da União das Faculdades
dos Grandes Lagos, pelo parecer número: 2.009.343 e CAAE: 66449717.0.0000.5489.
A amostra inicial era
de 300 gestantes, calculadas a partir do número de nascidos vivos, no Distrito
IIB no ano de 2015. As entrevistas foram realizadas individualmente, no momento
em que as gestantes esperavam por suas consultas. Assim, o tamanho da amostra
foi reduzido, pois o número real de gestantes que faziam acompanhamento
pré-natal na UBS era inferior ao cálculo inicial, a partir do número de
nascidos vivos. Embora, cerca de 150 gestantes estivessem cadastradas no
período em questão, menores de 18 anos não foram entrevistadas e outras não
aderiram ao acompanhamento pré-natal. Então, a amostra ficou reduzida a 100
gestantes, que atendiam aos critérios de inclusão e foram entrevistadas.
A aplicação do
formulário semiestruturado foi realizada pelas quatro acadêmicas de medicina,
autoras desta pesquisa, previamente treinadas e qualificadas pelos docentes
participantes do artigo, para a aplicação das entrevistas.
A coleta de dados foi
realizada no período de março a julho de 2017, empregando-se entrevista direta,
com formulário semiestruturado, contendo variáveis socioeconômicas e
demográficas, clínicas e de hábitos de fotoproteção e
orientação para evitar agravos de pele. Foram consideradas como variáveis
socioeconômicas e demográficas: idade, faixa etária, renda familiar (com base
no salário mínimo (SM) atualizado de R$ 937,00), número de pessoas que
contribuem com a renda, recebimento de algum benefício do governo, anos de
instrução (classificação do Ministério da Educação e Cultura (MEC)) [9], estado
civil e cor/raça, segundo classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) [10].
Com relação as
variáveis clínicas, foram questionadas a idade gestacional, o número de
gestações, surgimento de manchas na pele, bem como a coloração e os locais das
mesmas, além do tipo de pele, considerando a relação à sensibilidade da pele ao
sol, com base na classificação de Fitzpatrick, deste
modo:
As variáveis
relacionadas aos hábitos de fotoproteção basearam-se
nas questões sobre períodos de exposição solar, uso de fotoprotetor,
fator de proteção solar (FPS), outros meios de fotoproteção
(bonés, roupas compridas, sombrinhas), bem como o conhecimento sobre os riscos
da exposição e surgimento de câncer de pele. Ainda, as gestantes foram
questionadas sobre a orientação prestada neste período com relação à fotoproteção, abordando o envolvimento dos profissionais na
assistência pré-natal, além da influência da mídia nesse sentido.
A análise dos dados
ocorreu por estatística descritiva com cálculo da frequência, média, mediana,
desvio padrão (dp), valores mínimo e máximo,
calculados no programa Statistical Package for the Social Sciences, versão
19 (SPSS inc., Chicago, IL, EUA).
A amostra foi
constituída de 100 gestantes entre 18 e 39 anos, cuja média de idade foi de
26,0 anos (DP = 5,3), média de idade gestacional 25,6 (DP = 8,8), e a média do
número de pessoas que contribuem para a renda familiar de 1,6 (DP = 0,8), como
apresentado na Tabela I.
Tabela I - Estatística descritiva das variáveis idade, idade gestacional e número
de pessoas que contribuem com a renda familiar, entre gestantes pesquisadas
sobre fotoproteção na gestação. São José do Rio
Preto, 2017.
A Tabela II mostra a
frequência das variáveis socioeconômicas, demográficas e gestacional, em que
predominaram mulheres entre 18 e 35 anos (95,0%) e o terceiro trimestre de
gestação (51,0%). Em relação à renda familiar, 46,0% está na faixa entre 1 e 3
salários mínimos e apenas 15,0% recebiam o benefício do Bolsa Família. Outro
dado importante encontrado foi que 88,0% possuíam entre 8 a 12 anos de
instrução, e 61,0% relataram estar casadas/união estável. Quanto à cor/raça,
47,0% eram brancas, 35,0% já tinham tido duas ou mais gestações e 58,0%
possuíam menos de 20 anos quando ficaram grávidas pela primeira vez (Tabela
II).
Tabela II - Frequência das variáveis socioeconômicas, demográficas e gestação,
entre gestantes pesquisadas sobre fotoproteção na
gestação. São José do Rio Preto, 2017.
A Tabela III revela
dados de frequência das variáveis clínicas e hábitos de fotoproteção,
notando-se que o tipo de pele mais prevalente foi o fototipo
IV (37,0%). Com relação aos hábitos de fotoproteção,
60,0% afirmaram não ficar expostas ao sol, 28,0% ficam expostas entre 10 e 15h
e 12,0% em outros períodos. Entre estas que ficavam expostas, 77,0% eram por
períodos menores de 1 hora por dia, 19,0% entre 1 e 4 horas e 4,0% mais que 5
horas. Embora a maioria tenha relatado conhecer os riscos associados à
exposição solar inadequada, principalmente câncer de pele (62,0%), 82,0%
afirmou não utilizar protetor solar diariamente, por motivos relacionados à
falta de hábito (61,0%) e ao alto custo do produto (7,0%). As gestantes que
afirmaram utilizar protetor solar (18,0%), a maioria optava pelo produto
industrializado (17,0%), com fator de proteção (FPS) até 30 (10,0%). Ainda
67,0% das entrevistadas afirmaram não utilizar outros meios de fotoproteção, como roupas compridas, bonés, chapéus,
sombrinhas, entre outros. No que diz respeito à orientação sobre fotoproteção por mídia, 44,4 referiram não ter recebido;
das 100 gestantes entrevistadas, 16% delas apresentavam manchas características
de melasma e na amostra geral, 21% das gestantes
receberam orientação profissional, sendo 47,8% de orientadas por ginecologistas
e 23,8% por dermatologistas (Tabela III).
Tabela
III - Frequência das variáveis clínicas e hábitos
de fotoproteção na estação. São José do Rio Preto,
2017.
A média de idade das
gestantes participantes deste estudo tem semelhanças ao observado em outras
pesquisas realizadas nesse enfoque [7,11], cujos objetivos principais foram
avaliar as alterações na pele em grávidas, encontrando maior índice no terceiro
trimestre gestacional.
Essas deformações
cutâneas podem ser atribuídas à influência hormonal do estrogênio, da
progesterona e do hormônio estimulante dos melanócitos (MSH), resultando na
maior ocorrência de alterações de grande importância clínica, que vão desde o
surgimento de melasma até casos mais graves, como o
desenvolvimento de melanoma, a partir de nevos melanocíticos.
Apesar deste tipo de câncer não ser o mais comum na gestação, apresenta alto
índice de metástases da placenta e do feto, o que geralmente não é considerado
em Obstetrícia [5,6,11-13].
A renda familiar da
maioria das gestantes foi compatível com o salário médio mensal dos
trabalhadores formais em São José do Rio Preto, estimado em 2,8 salários
mínimos [14]. A maior parte das pacientes entrevistadas concluiu o ensino
médio, fazendo parte do cenário apresentado na região sudeste, em que 51,1% da
população concluiu o ensino médio [15]. Tais dados corroboram estudo realizado
em quatro unidades básicas de saúde na zona leste de São Paulo, em que a
maioria das gestantes possuía ensino médio completo, em média 12 anos de
instrução [7].
No que se refere aos
hábitos de fotoproteção, grande
parcela das gestantes desta pesquisa referiram que não utilizam
diariamente protetor solar ou outros meios de fotoproteção,
mesmo sabendo dos riscos que a exposição à radiação solar oferece. Esses resultados
também foram encontrados em uma pesquisa com 73% das gestantes que mencionaram
que não faziam uso de proteção solar diariamente [3].
Pode-se inferir que
esses achados representam, em partes, a falta de cuidado e/ou de conhecimento
sobre a importância da fotoproteção durante o período
gestacional, sobretudo por tratar-se de uma pele mais susceptível aos raios
solares no que diz respeito às alterações cutâneas. Hábitos de fotoproteção estão entre os procedimentos essenciais na
manutenção da beleza e na prevenção de doenças, como câncer de pele. O uso de fotoprotetor com FPS igual ou superior a 30 pode oferecer
proteção aos nevos melocíticos adquiridos, evitando
alterações no tamanho e outras características dermoscópicas,
de acordo com outros estudos [16,17].
Entre as gestantes que
relataram não utilizar protetor solar diariamente, a maioria atribuiu à falta
de hábito e não propriamente ao custo do produto, o que permite presumir que a
aquisição do produto entre as gestantes desta pesquisa seria possível, desde
que julgassem importante sua utilização.
Este fato reflete a
necessidade de orientação efetiva, seja por meio da mídia e/ou dos
profissionais da saúde envolvidos no pré-natal. Alguns pesquisadores destacam a
importância da orientação, bem como sua possível influência na adoção de
hábitos de fotoproteção durante o período
gestacional, incluindo a prescrição de filtro solar [3,13]. Segundo outra
pesquisa, estudo sobre a segurança dos ativos cosméticos durante a gestação é
escassa, o que dificulta a prescrição desses produtos por parte dos
profissionais envolvidos no pré-natal, principalmente médicos ginecologistas
[18].
Outro aspecto que
merece discussão é o tempo de exposição solar diária que, apesar do predomínio
de respostas referente a não exposição, em período algum do dia, o que gera
dúvidas da fidedignidade das respostas, pois o município estudado é
predominantemente de clima quente e, portanto, apresenta alto índice de
radiação solar. Assim, aumenta a necessidade de se utilizar métodos de fotoproteção, mesmo para realização de atividades diárias e
corriqueiras ao ar livre, em todas as estações do ano.
Também, vale considerar
que a exposição solar é importante para a saúde da gestante e do feto e sobre
vários fatores, tais como produção de vitamina D, além de benefícios sobre os
níveis pressóricos de gestantes e crescimento do feto, desde que realizada de
forma correta e consciente [4,13,19-22].
O desenvolvimento de
campanhas midiáticas sobre o assunto é imprescindível para chamar atenção das
gestantes nesse aspecto. A promoção da conscientização dos profissionais da
saúde, que deve ter início já na graduação, enfatizando a necessidade de
orientar essas pacientes sobre os riscos da exposição solar inadequada e isso
deveria ser motivo de preocupação por parte dos educadores e gestores das
Instituições.
Outro fator a
considerar é a orientação sobre a importância da realização de autoexame
cutâneo, a fim de detectar o surgimento de nevos melanocíticos
ou outras alterações que, se tratadas previamente reduz significativamente os
riscos para mãe e para o feto, contribuindo assim para a promoção da saúde e
melhoria da qualidade de vida dessas gestantes e de toda sua prole [3,19-22].
O fototipo
mais prevalente encontrado nessa pesquisa contraria o observado no estudo
realizado na região Sul do Brasil com 109 gestantes, em que 60,6% da amostra
apresentou fototipo III de pele, mas corrobora o
observado em outro estudo realizado na região Centro-oeste, em que 44, 96% de
uma amostra de 905 gestantes apresentaram fototipo
entre IV-V e, de acordo com a literatura, corresponde aos fototipos
mais propensos ao desenvolvimento de melasma.
Entretanto, a maioria das gestantes entrevistadas nesta pesquisa não apresentavam
manchas características de melasma. Embora se trate
de uma região de clima quente e índice elevado de radiação solar, o melasma está associado a outros fatores além dos
climáticos, entre eles, predisposição genética, fatores hormonais e estilo de
vida. Este último inclui a importância da prática correta de fotoproteção e o uso diário de protetor solar com FPS igual
ou superior a 30 é, ainda, um dos meios mais efetivos de prevenção da
hiperpigmentação durante a gestação [3,12,17,23,24].
Este estudo
possibilitou a caracterização de gestantes atendidas na atenção básica do
município de São José do Rio Preto, quanto ao conhecimento e uso da fotoproteção na gestação. Apesar de a UBS contar com
acompanhamento pré-natal e consultas periódicas, no que diz respeito à
orientação sobre fotoproteção foi insatisfatório por
parte das gestantes, que em parte pode ser atribuída à falta de orientação
neste período.
Na
revisão que fizemos
para fundamentar esta pesquisa, particularmente no Brasil, ainda
são escassas
as investigações sobre proteção na
gestação. Maior orientação nesse aspecto
poderia influenciar de forma positiva significativa a mudança de
hábito de
gestantes informadas, bem como a transferência desses
hábitos aos filhos.