ARTIGO ORIGINAL
Processo de trabalho de
enfermeiros da Estratégia Saúde da Família em Mato Grosso do Sul
Jéssica
Araújo Braga Amoras, M.Sc.*, Richardson Miranda
Machado, D.Sc.**, Sebastião Junior Henrique Duarte, D.Sc.***
*Mestre em Enfermagem,
**Docente na Universidade Federal de São João Del Rei, ***Docente na
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Recebido
em 20 de outubro de 2018; aceito em 15 de outubro de 2019.
Correspondência: Sebastião Junior
Henrique Duarte, Famed UFMS Cidade Universitária s/n
Unidade 9 Cidade Universitária 79070-900 Pioneiros MS
Jéssica
Araújo Braga Amoras: enfamoras@hotmail.com
Richardson
Miranda Machado: richardson@ufsj.edu.br
Sebastião
Junior Henrique Duarte: sjhd.ufms@gmail.com
Resumo
A
Estratégia Saúde da Família (ESF) é norteada por políticas que reorientam o
processo de trabalho multiprofissional voltado às necessidades da população.
Objetivou-se analisar o processo de trabalho de enfermeiros da ESF, no eixo
saúde da mulher, conforme prerrogativas da Política Nacional da Atenção Básica.
Estudo qualitativo, realizado em Campo Grande/MS de novembro de 2015 a agosto
de 2016. Incluíram-se profissionais da ESF, que responderam entrevista
individual, cuja questão norteadora: Conte-me como é o seu trabalho na
assistência à mulher? Dados organizados pelo método do Discurso do Sujeito
Coletivo, resultando em duas ideias centrais: ações desenvolvidas e adesão às
ações. A fala de 62 enfermeiros evidenciou que estes atuam em todos os ciclos
de vida da mulher e o cenário coaduna com ações elencadas nas legislações.
Palavras-chave: atenção primária à
saúde, saúde da mulher, Enfermagem.
Abstract
Nursing work
process of the Family Health Strategy in
Mato Grosso do Sul, Brazil
The
Family Health Strategy (ESF) is
guided by policies that reorient the
multiprofessional work process that addresses
the needs of the population.
The objective was to analyze the
work process of nurses of the
ESF, in the axis of women's health,
according to prerogatives of the National Policy
of Basic Attention. Qualitative study, conducted in Campo Grande/MS, Brazil
from November 2015 to August 2016. ESF professionals
were included, who answered an
individual interview, whose guiding
question: what actions do you develop for women? Data organized by the
Collective Subject Discourse method, resulting in two central ideas: actions developed and adherence
to actions. The speech of 62 nurses showed that these work
in all the cycles of life
of the woman
and the scenario
coincides with actions listed in the legislations.
Key-words: primary
health care, women’s health, Nursing.
Resumen
Proceso de trabajo
de enfermería en la Estrategia Salud
de la Familia en Mato Grosso do Sul, Brasil
La
Estrategia Salud de la Familia (ESF) se guía por políticas que reorientan
el proceso de trabajo multiprofesional centrado
en las necesidades
de la población. El
objetivo fue analizar el proceso de trabajo
de enfermería en la ESF, en el
eje de salud de la mujer, de acuerdo
con las prerrogativas de la Política Nacional de Atención
Primaria. Estudio cualitativo,
realizado en Campo Grande, Mato Grosso del Sur, Brasil, desde noviembre de 2015 hasta agosto de 2016. Incluyeron
profesionales que trabajan en la ESF, que respondieron una entrevista individual, cuya
pregunta orientadora: ¿qué acciones
desarrollan para las mujeres? Datos organizados por el método del Discurso del Sujeto Colectivo,
que dieron como resultado dos ideas
centrales: acciones desarrolladas y adherencia a las acciones. El discurso de 62 enfermeros mostró que trabajan en todos los ciclos de vida de las mujeres y el escenario
es consistente con las acciones enumeradas en las leyes.
Palabras-clave: atención primaria de salud, salud de la mujer, Enfermería.
O trabalho em equipe concerne a uma atividade
dinâmica e relacional que incorpora variados tipos de tecnologias (condutas
terapêuticas, instrumentos e ferramentas) [1], nas mais diversas práticas
profissionais.
Nesse sentido, a enfermagem se destaca por ser
uma categoria profissional que desempenha várias atividades, entre elas: o
cuidado à saúde, monitoramento das diversificadas situações humanas, práticas
educativas e administração de serviços de saúde, cenários de possibilidades e
obstáculos para um cuidado integral e acolhedor, que carece de organização em
todas as etapas da dinâmica laboral.
O processo de trabalho na enfermagem é produto
da concepção política majoritária, uma vez que a legislação vigente sobre o
exercício profissional é clara e determinante para as ações em equipe nos
diferentes cenários de atuação, por exemplo na Estratégia Saúde da Família
(ESF) [2].
Na ESF a organização e a divisão do processo de
trabalho definem-se pelo objetivo final que se quer atingir acerca das
necessidades de saúde da população, conforme estabelecido na Política Nacional
de Atenção Básica (PNAB) [3,4]. Nesse sentido, a troca de informações
continuada entre os profissionais das equipes deve ocorrer como parte da rotina
do trabalho para facilitar troca de experiências, expectativas, além de
melhorar a convivência e condutas [5].
A PNAB ressalta características do processo de
trabalho inerentes aos profissionais que atuam na ESF, tais como: programação e
implementação das atividades de atenção à saúde de acordo com as necessidades
de saúde da população; participação do planejamento local de saúde, visando à
readequação do processo de trabalho e do planejamento diante das necessidades,
realidade, dificuldades e possibilidades analisadas; promoção da atenção
integral, contínua e organizada à população adscrita
[3].
Assim, a PNAB articula-se com outras políticas,
no fortalecimento da atenção à saúde de modo geral, com destaque aos grupos
prioritários, como a população feminina.
Em relação a saúde da mulher, a Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) apresenta diretrizes
para atenção à saúde das mulheres no país, através de princípios norteadores
com o objetivo principal de promover a melhoria das condições de vida e saúde
das mulheres brasileiras, além de ampliar, qualificar e humanizar a atenção à
saúde da mulher no Sistema Único de Saúde (SUS) [6]. Portanto, a PNAISM é
reforçada e ampliada pela PNAB.
Quanto as ações a serem desenvolvidas pelos
profissionais de saúde, entre eles os enfermeiros, mais especificamente as
voltadas à saúde da mulher, a PNAISM pode ser considerada mais um meio da
garantia de acesso às ações básicas mínimas e de maior complexidade, prevendo a
conformação de sistemas funcionais e resolutivos de assistência à saúde,
perfazendo o modelo vertical e centralizador [7].
Assim, parte-se do pressuposto de que, se o
processo de trabalho dos enfermeiros na saúde da mulher estiver em consonância
com os princípios estabelecidos nas políticas de saúde, então a atenção
ocorrerá de modo integral e qualificado.
Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi
analisar o processo de trabalho desenvolvido por enfermeiros da ESF, no eixo
saúde da mulher, a partir das diretrizes estabelecidas pela PNAB.
Estudo exploratório, descritivo de abordagem
qualitativa, realizado no período de novembro de 2015 a agosto de 2016,
norteada pela Política Nacional da Atenção Básica [3], aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, conforme
Parecer nº 1.232.483. Faz parte de uma dissertação de mestrado em enfermagem.
Participaram 62 enfermeiros atuantes em equipes
da Estratégia Saúde da Família do município de Campo Grande, capital do Mato Grosso
do Sul, de todos os distritos sanitários (DS): Sul (DSS), Leste (DSL), Oeste
(DSO) e Norte (DSN). Incluíram-se os profissionais que estivessem atuando na
equipe da ESF há pelo menos três meses, considerando ser o período necessário
para a organização de todo o processo de trabalho. Excluíram-se os
profissionais atuantes em área rural e os não localizados para a coleta dos
dados, após três tentativas.
Para a coleta de dados foi realizado contato
pessoal com o gerente da unidade de saúde e na ocasião entregue carta contendo
os objetivos do estudo e convite para a participação voluntária dos
enfermeiros.
Procedeu-se visita aos participantes, na
oportunidade foi explicado o objetivo da pesquisa e solicitada a assinatura do
termo de consentimento livre e esclarecido. Os participantes responderam a uma
entrevista individual com a seguinte questão norteadora: Conte-me como é o seu
trabalho na assistência à mulher?
A entrevista foi gravada, transcrita e
armazenada em meio digital. Dados de caracterização foram coletados pelos
pesquisadores em formulário contendo as seguintes variáveis: sexo, estado
civil, início do trabalho na ESF e renda familiar.
Os dados de caracterização receberam tratamento
descritivo e as entrevistas foram sistematizadas de acordo com o método do
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que consiste em reunir em pesquisas socio-empíricas
no campo da saúde, conteúdos de depoimentos com sentidos semelhantes, sob a
forma de discursos únicos na primeira pessoa do singular, através de
Instrumentos de Análise do Discurso, que permite a organização das figuras
metodológicas: ideia central, expressão chave e ancoragem [8,9].
A PNAB foi utilizada como principal referencial
teórico para fomentar a discussão das ações desenvolvidas pelos participantes e
confrontar com a literatura.
A participação foi voluntária e sigilosa,
mantido o anonimato de cada profissional, que foram tratados por letras e
números: E1 enfermeiro 1, E2 enfermeiro 2 e assim sucessivamente.
Os resultados foram ilustrados em tabela e as
falas permitiram a organização de dois DSC, com as seguintes ideias centrais:
ações desenvolvidas relacionadas à saúde da mulher e adesão as ações.
Na ocasião da coleta de dados o município
possuía 94 equipes da ESF, dos quais somente 81 contavam com enfermeiros,
desses apenas 62 participaram da pesquisa, conforme disposto na tabela I.
Tabela I – Total de unidades básicas de saúde da família (UBSF), equipes,
enfermeiros e participantes da pesquisa, Campo Grande/MS, 2016.
Das 94 equipes, 13 não possuíam enfermeiros e
dos 81 profissionais ativos 19 não foram incluídos, 9 se encontravam em férias,
oito recusaram a participação, um estava de licença médica e outro com menos de
três meses de atuação na ESF. Portanto, a pesquisa foi composta por 62
enfermeiros.
Dos 62 enfermeiros, 56 eram do sexo feminino
(90,3%) e seis do sexo masculino (9,7%), 50% estavam casados e tinham idade
média de 37 ± 9,15 anos. Acerca do início do trabalho na ESF: a população
atuava em média a 6,77 ± 4,05 anos.
As falas foram organizadas em duas ideias
centrais, a seguir descritas.
Ações desenvolvidas
relacionadas à saúde da mulher
E1
ao E62
Todos os sujeitos relataram que as ações
desenvolvidas na saúde da mulher em relação ao pré-natal, além do preenchimento
administrativo do sistema SIS-Prenatal, a assistência
inclui o diagnóstico, consulta, solicitação de exames, prescrição de
medicamentos, encaminhamentos para imunização e avaliação da saúde bucal por
odontólogos, bem como acompanhamento da mulher pelo profissional médico.
“Se ela [a mulher] estiver com suspeita faz o diagnóstico
de gravidez e já inicia o pré-natal. O início do cadastro então envolve o
cadastramento no sistema SIS-PRENATAL e também os testes rápidos de HIV e
Sífilis... a gente faz a primeira consulta da gestante, faz o cadastro no
programa SIS-PRENATAL, pede exames de rotina, ultrassom, urocultura, faz o
exame físico da paciente, prescreve sulfato ferroso e ácido fólico, encaminha
para odontologia e imunização se for o caso e solicita o exame da APAE
(sorologias)...dependendo da idade gestacional pede para observar transnucência nucal... além
disso, a gente afere a pressão da gestante, peso, altura, todos os sinais
vitais da gestante, se tem pico hipertensivo, avaliamos a classificação de
risco gestacional e se for uma gestante de alto risco referencio para um
especialista em ginecologista obstétrica via SIS-REG que é um sistema de
regulação que permite que a gente faça o encaminhamento... Também oriento a
gestante que tenha pelo menos uma consulta por mês conosco para podermos
alimentar o sistema no SIS-PRENATAL para realmente consolidar o atendimento
dessa gestante...”
Em relação à ginecologia, planejamento familiar
e prevenção do câncer, os enfermeiros relataram que colhem o esfregaço vaginal
(Papanicolau), solicitam exames laboratoriais e de imagem, além de orientar,
acompanhar os resultados via sistema e encaminhar para profissionais
específicos. A prescrição de medicamentos é mais limitada aos protocolos
estabelecidos, como o de anticoncepcional na amamentação e nos casos de vaginoses.
“Na ginecologia
fazemos coleta de preventivo [esfregaço vaginal], solicitação de exames,
transvaginal [ultrassonografia], solicitação de exames de urina, exames de
sangue, ultrassom de mama, mamografia... prescrevemos o anticoncepcional
conforme protocolo enquanto estiver amamentando... se ela apresentar alguma
alteração como herpes, candidíase a gente trata... Na prevenção do câncer
fazemos o controle desses exames de preventivo, quando vem alterado a gente faz
acompanhamento do SIS-CAN e SIS-MAMA e mesmo que ela esteja fazendo
acompanhamento com especialista, a gente acompanha
por aqui também os resultados das biópsias...Fazemos consulta ginecológica
junto com preventivo, exame de mamas, orientamos sobre o autoexame. Caso eu
verifique qualquer alteração no exame especular, do tipo condiloma, suspeita de
HPV [Papiloma vírus humano], encaminho para uma especialidade, referenciando o
setor da DIP [doenças infecto-parasitárias]... oriento
sobre planejamento familiar e encaminho para a médica. ”
No puerpério, os profissionais relataram que a
cliente recebe o agendamento ainda no hospital, com contrarreferência
para a unidade básica de saúde de origem, onde deve retornar dentro de sete
dias para a consulta. Caso contrário, faz-se busca ativa através do agente
comunitário de saúde (ACS). O enfermeiro realiza a consulta binômio através de
orientações e verificações na mãe e no recém-nascido.
“No puerpério dentro de 7 dias faço a consulta puerperal
... tenho uma planilha com as datas prováveis de parto das gestantes, então
quando precisa oriento o agente comunitário de saúde a realizar busca ativa ou
quando não falo pra eles. Eles me avisam que já nasceu o bebê e ai a gente vai na casa, depois preenche a ficha do puerpério
pra dar baixa no sistema [SISPRENATAL]. E a consulta é realizada como um todo,
contração de colo, avaliação dos lóquios, peso,
pressão arterial, se teve alguma intercorrência no parto, qual foi o tipo de
parto e recomendações para fazer a puericultura da criança.”
Os dados revelaram que o processo de trabalho
dos participantes envolve desde a organização das ações estabelecidas pela PNAB
até o envolvimento desses profissionais para que se alcance a assistência de
qualidade [10].
De
acordo com a PNAB [3], é dever dos
profissionais da ESF garantir a atenção à
saúde buscando a integralidade por
meio de ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde
conforme a necessidade
da população adstrita, como também nas
estabelecidas em protocolos de gestão
local.
Complementando ainda, acerca da saúde da
mulher, a PNAISM [6] reafirma a necessidade de ações que possam contribuir para
a redução da morbimortalidade feminina em todas as fases da vida [11]. Nesse
sentido, os dados revelaram o envolvimento da enfermagem na atenção à saúde da
mulher, permeando as diferentes necessidades e fases da vida feminina, pois há
acesso as atividades de promoção, prevenção, cura e reabilitação, englobando o
planejamento familiar, cuidado pré-natal, ginecologia, puerpério e menopausa.
Os resultados evidenciaram que as ações dos
enfermeiros na assistência à mulher estão de acordo com o estabelecido tanto na
PNAB [3] quanto na PNAISM [6], como a realização da consulta de enfermagem,
solicitação de exames complementares, prescrição de medicações e
encaminhamentos, quando necessário, a outros serviços para promover a melhoria
das condições de vida e saúde das mulheres, mediante a garantia de direitos
legalmente constituídos e acesso às redes de atenção à saúde.
Além disso, é importante ressaltar que o
trabalho dos profissionais de saúde envolve uma relação que depende da
colaboração entre quem realiza e quem é cuidado, bem como o modo e as condições
disponíveis para sua realização resultando na qualidade e segurança do
resultado assistencial, em todos os níveis de atenção [12]. Então, ficou
evidente o sentimento de empatia desenvolvido pelos participantes às
assistidas.
Adesão às ações
E1
ao E4, E7, E26, E31, E32, E36, E38 ao E42, E44 ao E48, E50 ao E57, E60 ao E62
As adesões das mulheres às atividades
desenvolvidas pelos participantes são paulatinamente mencionadas nos discursos,
evidenciando a autonomia que o enfermeiro possui e a prestação da assistência
humanizada. As dificuldades encontradas pelos profissionais dão-se pelo horário
de atendimento, recomendando ações no período noturno, além dos relatos acerca
do retorno para avaliação dos resultados de exames, resultando na procura por
outros meios disponíveis pelo SUS.
“As mulheres aderem bastante as ações na saúde da mulher
... O pré-natal a adesão é razoavelmente boa em termos de cadastro, consultas
tanto do enfermeiro quanto do médico e o acompanhamento em si... Mas é muito
bom saber que a gestante tem uma adesão boa aqui conosco, há uma diferença devido
ao atendimento humanizado...Todo esse vínculo que fazemos com ela faz com que
ela possa aderir também a consulta de puericultura... Há grande dificuldade na
adesão devido ao horário de trabalho, por isso fazemos ação de terceiro turno
(das 17h às 20h)... a única dificuldade que eu tenho é pra coleta de preventivo
por que a meta é alta do município, as vezes tem mulheres com convênio que não
faz na rede, então elas nem contam nessa meta... Tem
época que cai muito a demanda por exemplo pra busca do preventivo, o pessoal
costuma associar ao bolsa família pra conseguir captar mais gente... e a demora
dos preventivos, leva em média 60 dias o resultado... ultimamente a gente tem
perdido muito para o ônibus de Barretos, porque elas conseguem o resultado mais
rápido”.
A literatura [13] revela a dificuldade de
acesso da população à unidade de saúde durante horário comercial. Algumas falas
recomendaram a implantação do terceiro turno para realização da coleta dos
preventivos, como medida para melhorar a adesão das mulheres e, com isso, o
cumprimento das metas estabelecidas pelo município e o monitoramento da
condição de saúde na prevenção do câncer de mamas e do colo uterino.
Destaca-se que a dificuldade da adesão das
mulheres às ações é caracterizada na fala de 30 enfermeiros e tem como
principal motivo a demora no resultado dos exames, fazendo com que a população
procure outros projetos sociais e até mesmo a assistência privada. Esse
resultado suscita a dúvida a respeito do conhecimento por parte das mulheres, a
respeito da indicação para o exame do esfregaço vaginal, visto ser exame de
prevenção e não carece de urgência para o resultado, considerando que o
desenvolvimento do câncer não se dá de um mês para o outro.
Portanto, é necessário que os enfermeiros
conheçam os motivos que levam as mulheres à realização do exame ginecológico,
visando atender as necessidades de saúde, além do cumprimento numérico de metas
estabelecidas.
A
análise do processo de trabalho dos
enfermeiros, relacionado à saúde da mulher, revelou o
envolvimento desses
profissionais no cuidado à saúde feminina, bem como a
proximidade do serviço de
saúde à população e pode contribuir para a
cobertura e acesso universal em
saúde pela Atenção Primária à
Saúde, conforme é recomendado pela
Organização
Mundial de Saúde.
Ficou evidente que as ações desenvolvidas pelos
profissionais vão ao encontro do estabelecido pelas políticas públicas de
saúde, mas ainda existem processos que comprometem tanto o vínculo como a integralidade
do cuidado, o que constitui em necessidade de reorganização da rede
assistencial, que não depende só dos profissionais, mas envolve os gestores e o
controle social.
As limitações do estudo residem no método de
coleta de dados, que não abrangeu relatórios da Secretaria Municipal de Saúde
contendo dados estatísticos referente as ações desenvolvidas por enfermeiros.
Recomendam-se outros estudos capazes de confrontar a dialética com os
registros, possível de realização pelo método do Materialismo Histórico e
Dialético.
À Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do
Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul, pelo
financiamento do estudo.