REVISÃO
Hemorragia
puerperal
Brenda Cristiny Padilha*, Ana Paula Xavier Ravelli, D.Sc.**, Thiane Cristina Wosniak***, Mariana Faria Szczerepa***,
Fabiana Bucholdz Teixeira Alves****, Suellen Vienscoski Skupien, M.Sc.*****
*Enfermeira
residente do programa de enfermagem obstétrica do Hospital Universitário
Regional dos Campos Gerais (HURCG), Ponta Grossa/PR, **Professora adjunta pelo
departamento de Enfermagem e Saúde Pública, Universidade Estadual de Ponta
Grossa/PR, Coordenadora da residência de enfermagem obstétrica do HURCG, ***Enfermeira
Residente do Programa de Enfermagem Obstétrica do HURCG, ****Dentista, docente
na Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR, *****Professora do Departamento de
Enfermagem e Saúde Pública, Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR
Recebido em 12 de novembro
de 2018; aceito em 13 de dezembro de 2019.
Correspondência: Brenda Cristiny Padilha, Hospital Universitário Regional dos
Campos Gerais (HURCG), Avenida Charles Louis Jean Renaud, 329, 84016-490 Ponta
Grossa PR
Brenda Cristiny Padilha: brenda.cristiny@hotmail.com
Ana Paula Xavier
Ravelli: anapxr@hotmail.com
Thiane Cristina Wosniak:
thianecw@hotmail.com
Mariana Faria Szczerepa: mariszczerepa@gmail.com
Fabiana Bucholdz Teixeira Alves: fabi.teixeira@uol.com.br
Suellen
Vienscoski Skupien:
suvienscoski@hotmail.com
Resumo
Objetivou-se realizar
uma revisão integrativa da produção do conhecimento sobre hemorragia pós-parto
entre os anos de 2013 a 2017. Utilizaram-se os descritores hemorragia pós-parto
e hemorragia uterina, nas bases de dados Lilacs, Scielo e Medline, entre os anos
de 2013 a 2017. Totalizaram-se elegíveis para discussão 40 artigos, destes 24
(60%) continham abordagem quantitativa, 28 (70%) com produção na América do
Sul, 14 (35%) datavam de 2013, e 32 (80%) eram da medicina. Para organizar a
discussão, os artigos foram agrupados em categorias relacionados à hemorragia
pós-parto: causas e fatores de risco; métodos para avaliação da perda
sanguínea, complicações, prevenção, manejo, tratamento e ação da equipe.
Nota-se a relevância dos estudos relacionados à temática, pois sabe-se a
importância de se reconhecer os fatores de risco, prevenção, manejo e
tratamento realizado pela equipe.
Palavras-chave: hemorragia pós-parto,
período pós-parto, mortalidade materna, Enfermagem.
Abstract
Puerperal
hemorrhage
The
objective of this study was to carry out an integrative review of knowledge
about postpartum hemorrhage between the years 2013 and 2017. The descriptors
postpartum hemorrhage and uterine bleeding were used in the Lilacs, Scielo and Medline databases. Forty articles were analyzed,
of which 24 (60%) contained a quantitative approach, 28 (70%) with production
in South America, 14 (35%) dated to 2013, and 32 (80%), were from medicine. To
organize the discussion, the articles were grouped into categories related to
postpartum hemorrhage: causes and risk factors; methods for assessing blood
loss, complications, prevention, management, treatment and team action. We
highlighted the relevance of the studies related to the subject, since it is
known the importance of recognizing the risk factors, prevention, management
and treatment performed by the team.
Key-words: postpartum
hemorrhage, postpartum period, maternal mortality, Nursing.
Resumen
Hemorragia puerperal
Se objetivó
realizar una revisión integrativa de la producción del
conocimiento sobre hemorragia posparto
entre los años de 2013 a
2017. Se utilizaron los descriptores hemorragia posparto
y hemorragia uterina en las
bases de datos Lilacs, Scielo e Medline, entre los años de 2013 y 2017. Al
total, 40 artículos fueron analizados,
de estos 24 (60%) contenían
abordaje cuantitativo, 28
(70%) con producción en América del Sur, 14 (35%) databan de 2013, y
32 (80%) eran de la
medicina. Para organizar la discusión,
los artículos fueron
agrupados en categorías
relacionadas a la
hemorragia posparto: causas y factores
de riesgo; métodos para evaluar
la pérdida de sangre, complicaciones, prevención,
manejo, tratamiento y acción
del equipo. Se observa la relevancia de los estudios relacionados con la temática, pues se sabe la importancia de reconocer los factores
de riesgo, prevención,
manejo y tratamiento realizado por el equipo.
Palabras-clave: hemorragia posparto, periodo posparto, mortalidad materna, Enfermería.
A mortalidade materna é
definida como o óbito da mulher durante o ciclo gravídico puerperal, sendo
considerada até 42 dias após o parto [1]. Atualmente, a morte materna global
consiste em aproximadamente 210 mortes por 100 mil nascidos vivos, sendo que
nos últimos anos de 2000 a 2015, mais de 1,5 milhões de mortes foram evitadas
[2,3]. No entanto, apesar do avanço, ainda há um número elevado de óbitos
maternos a cada ano no mundo, que corresponde a 280 mil, e a maioria ocorre
pela falta de identificação precoce dos riscos e manejo das complicações
ligadas à gestação [2].
A morte materna pode
estar relacionada a gestação, parto e puerpério, sendo classificada como causa
obstétrica direta e indireta [4]. Cerca de três quartos dos óbitos maternos no
Brasil estão associados as causas obstétricas diretas evitáveis, e entre suas
principais causas estão às complicações hipertensivas e hemorrágicas [5].
A hemorragia pós-parto
(HPP), uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil e no mundo, é
definida como a perda sanguínea acima de 500 ml, mensurada até 24 horas após o
parto, e após este intervalo de tempo, é classificada como HPP tardia [6,7].
Entre as causas de HPP, tem-se o traumatismo vaginal, ruptura uterina, retenção
placentária, distúrbios na coagulação e a atonia uterina, sendo esta, a causa
mais comum, com cerca de 75 a 90% dos casos [8,9]. Alguns dos fatores de risco
associados à HPP são: nuliparidade, multiparidade, obesas, idade avançada, laceração com
sutura, trabalho de parto com indução, episiotomia e partos instrumentados
[10,11].
Além do óbito materno,
existem outras complicações que a HPP pode acarretar como a hipotensão, fadiga,
anemia, doenças relacionadas a coagulação [12]. Para o controle da HPP são
usados vários procedimentos, como a massagem uterina, análise da cavidade
uterina, tamponamento, uso de medicações uterotônicas,
compressão, suturas, desvascularização, embolização e
como última alternativa, a histerectomia [13,14].
Neste contexto, a HPP é
a maior causa de mortalidade materna evitável e é responsável por 25% a 30% dos
óbitos, com índice de 41% no Brasil. Já no estado do Paraná, em 2016, entre as
causas obstétricas diretas, 8 (17,8%) dos óbitos foram devido a HPP [8,15,16].
Faz-se necessário que
os enfermeiros tenham embasamento para reconhecer os fatores que podem levar a
HPP, e também as intervenções e cuidados que devem ser realizados,
identificando precocemente os sinais para tomada de decisão. Portanto, o estudo
tem como objetivo realizar uma revisão integrativa para identificar a produção
do conhecimento sobre HPP, entre os anos de 2013 a 2017.
Trata-se de uma revisão
integrativa que proporciona a síntese do conhecimento e a incorporação da
aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática [17].
Destaca-se que este trabalho é a conclusão de uma Residência em Enfermagem
Obstétrica.
Diante disso, alguns
casos de atonia uterina foram tratados no Hospital Universitário e surgiu a
inquietude de buscar trabalhos publicados sobre hemorragia pós-parto e para a
realização, foram seguidas cinco etapas: 1) formulação da pergunta de pesquisa;
2) definição dos critérios de inclusão, exclusão e seleção dos estudos; 3)
avaliação dos estudos; 4) análise dos dados; 5) apresentação e interpretação
dos resultados [17].
A seleção dos artigos
foi baseada na questão norteadora: Há estudos sobre causas e fatores de risco,
métodos para avaliação e tratamento da hemorragia pós-parto? Para a busca,
foram utilizados descritores, localizados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS):
hemorragia pós-parto e hemorragia uterina. A busca foi realizada nas bases de
dados Literatura Latino-Americana do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (Scielo)
e Medline, obtendo-se uma amostra de 49 artigos.
Como critérios de
inclusão para a seleção dos estudos: artigos publicados no período de 2013 a
2017, nos idiomas em português, inglês e espanhol. Na terceira etapa,
realizou-se o rastreamento dos artigos duplicados e a exclusão dos trabalhos
cujos títulos e resumos não se aplicavam a temática do estudo. Na quarta etapa,
40 artigos, que contemplavam a temática proposta e poderiam responder à
pergunta norteadora realizada para este estudo, foram selecionados para leitura
na íntegra. A extração dos dados foi realizada por 2 revisores em consenso. A
figura 1 apresenta um fluxograma com o detalhamento de todo o processo (Figura
1).
Durante a extração de
dados foram registrados: título do artigo, a referência completa do artigo,
autores, local, ano de publicação, tipo de estudo e palavras-chave, período e
cenário de coleta dos dados, tamanho da amostra, população, intervenção e
desfecho.
Fonte: Própria.
Figura 1 - Fluxograma dos processos de seleção e inclusão dos estudos na revisão
integrativa.
Dos 40 artigos
analisados, quanto ao tipo de estudo, 24 foram quantitativos (60%) e 16
qualitativos (40%); quanto à localização geográfica, a maioria dos estudos
foram apresentados na América do Sul, e entre os países, o Brasil destacou-se,
segundo a tabela I.
Tabela I - Apresentação dos continentes e países dos artigos incluídos no presente
estudo.
No que concerne ao ano
de publicação, a maioria dos artigos eram de 2013, 14 (35%), seguido de 2014
com 8 (20%) e os anos 2015, 2016 e 2017 ambos com 6 (15%). Quanto à área
profissional dos autores, a área da medicina apareceu em 32 artigos (80%),
enfermagem em 7 (17,5%) e 1 (2,5%) não havia especificação da área
profissional. Cabe ressaltar que para organizar a discussão, os artigos foram
agrupados em categorias conforme seus resultados, a saber: 1) Causas e fatores
de risco para a HPP; 2) Prevenção, manejo, tratamento e ação da equipe. Os
resultados acima estão descritos no quadro 1.
Quadro 1 - Artigos levantados nas bases de dados Lilacs,
Scielo e Medline sobre
revisão integrativa. (ver anexo em PDF).
Causas e
fatores de risco para a HPP
A atonia uterina é a
maior causa de HPP em 80 a 90% dos casos e responsável por 4% dos óbitos
[20-21]. Um estudo com 37 mulheres que apresentaram HPP e necessitaram ser encaminhadas
a unidade de terapia intensiva, em 28 (75,67%), foram devido a atonia uterina
[22]. Por sua vez, estudo em Honduras, com 56 mulheres que apresentaram HPP a
maior causa foi o trauma do canal de parto com 22 (39%) casos, seguido de
retenção de tecido 19 (34%), atonia uterina como terceira causa 12 (21%) e 3
(5%) devido a transtornos na coagulação [23].
Vários estudos mostram
os fatores de risco envolvidos, como em estudo de caso, no qual a causa da
hemorragia foi a atonia, os fatores de risco no pré-natal e pré-parto
estão associados, entre eles a anemia, peso fetal maior que 4000g, indução do
trabalho de parto com ocitocina e cesariana [24].
Em Cuba, houve
predominância de HPP em mulheres multíparas, com partos eutócicos,
durante a fase ativa do trabalho de parto e em menor quantidade nas cesáreas
[25], corroborando com outros estudos, como o do Chile, que mostra menor risco
de HPP nas pacientes que realizaram cesárea, porém maiores chances da
ocorrência de infecção e reinternamento, e um estudo
de revisão que coloca o risco de HPP minimizado na cesariana a pedido materno
[26,27]. No México, um estudo com pacientes que realizaram tamponamento uterino
como manejo da hemorragia, sendo a atonia uterina principal causa da HPP
(57,8%), corrobora o estudo da Cuba em relação às características das mulheres,
no qual 70% eram multíparas, porém difere quanto a prevalência de cesárea, com
49,7% dos casos [28].
Outro fator de risco
apresentado foi a idade materna, destacada em estudo em que as pacientes que
apresentaram sangramento em maior gravidade foram as mulheres com idade
inferior a 18 anos [29]. Em um estudo, no qual 236 mulheres passaram pela
revisão da cavidade uterina, ocorreram 76 casos de HPP, em relação à idade da
amostra, 60% mulheres entre 18 e 34 anos, 27% idade inferior a 18 anos e 13%
mais de 35 anos. Ainda destaca que a revisão da cavidade uterina é
contraindicada, sendo outro fator contribuinte a HPP [30].
Em relação à cesárea,
sabe-se que quando é realizada durante o período expulsivo apresenta maiores
chances de ocorrer complicações maternas, com risco de perda sanguínea maior
que 1000 ml [31]. É observado em um estudo, que as pacientes que passam pelo
trabalho de parto com a ocitocina exógena e são encaminhadas para cesárea,
necessitam de maiores doses de ocitocina para contração uterina após a cirurgia
[32]. Ressalta-se que o uso contínuo da ocitocina nas células do miométrio
estabelece uma capacidade de resolução diminuída [33].
Outro fator de risco em
desenvolver HPP foram as síndromes hipertensivas. Um estudo evidenciou que o
desfecho clínico de 99 pacientes que apresentaram pré-eclâmpsia, 76 foram para
cesáreas e destes, 8 evoluíram para HPP [34]. Em outro estudo com pacientes que
apresentaram síndromes hipertensivas, a ocorrência de hemorragia puerperal foi
de 27%. Daquelas que realizaram cesárea, 31% evoluíram para HPP e dos partos
normais 23%, dos quais mais da metade destes foi realizada a episiotomia. Como
conclusão, apesar da pequena relação entre as duas complicações (síndromes
hipertensivas e HPP) quando associadas, podem alcançar resultados
insatisfatórios [35].
Na Colômbia, um estudo
descreve os resultados perinatais em pacientes que receberam analgesia durante
o parto, o qual mostrou que não houve associação do mesmo com a HPP, porém,
evidenciou uma maior duração do período expulsivo e um risco aumentado de parto
instrumentado e cesárea [36]. Por sua vez, outro estudo mostrou a diferença dos
valores hematimétricos (hematócrito e eritrócitos) no
pós-parto espontâneo, advindos de parto sem ou com episiotomia e naqueles com
uso de fórceps. Assim, evidenciou maiores valores hematimétricos
nos partos sem episiotomia e a diminuição de hemoglobina e surgimento de
hemorragia nos partos com fórceps. O mesmo estudo ainda coloca que o risco de
óbito por HPP é maior quando está associado com a anemia, pois a tolerância da
perda sanguínea é maior nas pacientes que não apresentam esta morbidade [37].
Estudo realizado no Perú mostra que o número de
mulheres com anemia pós-parto é maior na cesárea em comparação ao parto
vaginal, como também a relação da anemia pós-parto e HPP [38].
Contudo, outro fator de
risco encontrado foi a obesidade, como mostrou estudo em Santa Catarina, que
relacionou a obesidade à gravidez, no qual demostrou que hemorragia de grande
porte, sangramento excessivo no decorrer do parto com a necessidade de
interferência médica, ocorreu na maioria no grupo de gestantes com Índice de
Massa Muscular alto [39].
Um artigo evidenciou
que de 56 mulheres que apresentaram HPP, 31% destas não apresentam relação com
fatores de risco, pois, apesar da realização do pré-natal de forma efetiva com
a identificação das mulheres em risco, ainda ocorrem casos de hemorragia
[23,40], corroborando outros dois estudos que colocam que em muitos casos não
existem fatores de risco e são imprevisíveis [41,42]. No entanto, outro estudo
coloca que o maior percentual da mortalidade por hemorragia na cidade de Itajaí
(SC) pode advir da dificuldade em identificar as gestantes com fatores de
risco, ausência de serviços referenciados e a falta captação precoce [43].
Métodos
para avaliação da perda sanguínea e complicações na HPP
Estudo que classificou
a hemorragia pós-parto, a partir da perda do volume sanguíneo, coloca os sinais
clínicos relacionando-os com sua gravidade, pois apenas a perda sanguínea ou
valores do hematócrito não representa o estado clínico [23]. Sendo assim, a
determinação da quantidade sanguínea perdida é de extrema importância, pois a falta
de decisão põe em risco os cuidados necessários frente à HPP, levando a grandes
hemorragias, podendo gerar complicações [25,44].
Diferente de outro
estudo que coloca que, na ocorrência de uma perda excessiva de sangue, a
conduta pode ser realizada por meio dos valores hematimétricos.
No entanto, esta quantidade perdida e as dosagens não são procedimentos de
rotina no pós-parto [37]. Sendo assim, a HPP ocorre quando a perda sanguínea
muda os parâmetros hemodinâmicos, necessitando de transfusão [25].
Em um dos artigos,
entre as complicações das hemorragias com necessidade de internação em UTI foi
o choque hipovolêmico, presente em 100% dos casos do estudo, seguido de acidose
metabólica e hipertermia eletrólita [22]. Porém, as
complicações decorrentes de HPP não estão relacionadas apenas com a perda
sanguínea, mas também com procedimentos ineficientes para seu cessamento,
podendo ser evitadas com manejo adequado em tempo apropriado [45,46].
Prevenção,
manejo, tratamento e ação da equipe
Uma forma de prevenção
da HPP é a realização da avaliação dos valores hematimétricos,
durante a gestação e na assistência ao parto, a fim de evitar possíveis
complicações [37]. Estudo sobre a influência do parto ativo na morbidade
materna por HPP, considerando aquele parto em que ocorre administração de 10UI
ocitocina profilático, corte do cordão umbilical, tração controlada para a
saída da placenta e estabilização do útero, ao contrário da conduta expectante,
em que os sinais de separação são esperados, com a saída espontânea da
placenta, evidenciou nos resultados uma maior porcentagem de transfusão
sanguínea em pacientes com manejo esperado, concluindo que o manejo ativo
diminui a ocorrência de parto prolongado e previne complicações no pós-parto,
como a hemorragia [47]. Entre as intervenções de prevenção descritas no Guia de
prática clínica para a prevenção e manejo da HPP, tem-se: manejo ativo, uso de ocitócitos para profilaxia como a administração de ocitocina,
na ausência deste, o uso de 600 mcg de misoprostol
sublingual e o clampeamento do cordão umbilical entre
dois a três minutos após o nascimento [48].
Por sua vez, estudo
realizado em dois grupos de mulheres nos quais ambos tinham como objetivo a
prevenção de HPP, porém com medicamentos diferentes, sendo eles: 10 unidades de
ocitocina em 500 ml intravenoso (IV) em um grupo e a carbetocina
100 microgramas em bolus IV em outro, ambos após o
parto. Como resultado, mostrou que as duas podem ser usadas na prevenção de
hemorragia puerperal, no entanto, com o uso da carbetocina
ocorreram menos casos de anemia e a menor diminuição no valor da hemoglobina
após a cesárea [20].
Em um estudo, a sutura
B-Lynch foi usada como profilaxia da atonia uterina em pacientes que
apresentavam fator de risco para complicações relacionadas à HPP. Desta forma,
todas receberam 10UI de ocitocina intramuscular (IM), mas em 40% foi usada a
sutura juntamente com medicação adicional para o tônus muscular sendo elas: ocitocina
em infusão, metergin ou misoprostol,
no qual evidenciou que em 60% apenas a sutura foi suficiente não apresentando
nenhum caso de HPP [49].
Entre os cuidados
gerais para o manejo da HPP inclui: a massagem uterina, uso de medicamentos
profiláticos uterotônicos, acompanhamento ativo do
parto e a reposição de volume perdido. No entanto, mesmo sendo realizados por
profissionais habilidosos e qualificados, existem casos em que não é possível o
cessamento da perda sanguínea, sendo necessário uma ação cirúrgica [50].
Todavia, outro estudo
que evidenciou 16% de HPP mostrou que a conduta utilizada no seu manejo foi a
prescrição de sulfato ferroso (100%) e ocitocina adicional em 29% dos casos, no
entanto apenas um caso (14%) necessitou de ergot e hemotransfusão [35].
Entre as medicações
mais usadas nos casos de HPP, evidenciou-se, em um dos estudos, a ocitocina
juntamente com prostaglandinas (36%), administração de cristalóides
em 88% [23]. Já em outro estudo, quanto aos fármacos utilizados para o controle
da hemorragia, 47,4% necessitaram apenas de ocitocina, 21% associaram a
ocitocina com ergonovina e 31,6% associaram as duas
medicações anteriores mais o misoprostol [51].
Contudo, estudo mostrou
que o uso de misoprostol sublingual juntamente com o
retal foi o tratamento mais efetivo, com resolução do quadro hemorrágico no
primeiro minuto em 89% das mulheres, e o menos efetivo, somente misoprostol via retal [25].
Em um estudo da
Venezuela com acompanhamento ativo das mulheres em trabalho de parto, houve
administração de misoprostol após o nascimento,
tração do cordão e massagem uterina. Foram usadas três diferentes doses de misoprostol sublingual sendo elas: 200, 400 e 600, tendo
como resultado os mesmos benefícios e eficiência em ambos [52]. O tempo entre a
administração e concentração máxima com o uso do misoprostol
por via sublingual é menor, portanto é vantajoso no quadro de HPP, por
apresentar uma rápida ação, porém é relatado maiores efeitos colaterais
comparado a outras vias [53].
Estudo da Colômbia com
35 pacientes que apresentaram HPP, em 10 mulheres o uso da ocitocina foi
suficiente para controlar o sangramento, em 7 pacientes além da ocitocina foi
também administrado metilergovina e em 12 foi
utilizado o misoprostol via retal juntamente com as
outras duas medicações. Destes 35 pacientes, em 6 deles foram usadas outras
intervenções, em 4 foi realizado o tamponamento e em 2 o uso de suturas e
histerectomia subtotal [54].
Um estudo relata o caso
de uma gestante com hipertensão induzida pela gravidez, a qual foi encaminhada
para a cesárea de emergência e evoluiu para a hemorragia pós-parto. Como
intervenção foi realizada a hemostasia e tratamento farmacológico com ocitocina
e prostaglandinas, não cessando o sangramento. Após este tratamento foi usado a
dex-medetomidina, a qual tem efeito no tônus
muscular, diminuindo o sangramento como também a pressão arterial [55].
O uso de intervenção
cirúrgica em que o útero é mantido conservado é uma opção para o tratamento da
HPP, reduzindo a perda sanguínea em mais da metade dos casos, como também a
preservação da fertilidade, entre elas: tamponamento uterino, uso de suturas
compressivas, ligaduras das artérias e embolização arterial [56,57].
Cabe salientar que em
outro estudo, a hemorragia não resolvida com medicamentos ocitócitos,
utilizou a sutura compressiva de Hayman por ser uma
técnica que não requer muito tempo, com maiores benefícios em relação a outras
técnicas e menor agressividade uterina [25]. Já em outra pesquisa, para o
tratamento cirúrgico é usado o balão hemostático em casos de sangramento [58].
Em um estudo, como intervenção em frente à HPP, foi usada a sutura de B-Lynch
ou a sutura juntamente com a ligadura da artéria, tendo uma porcentagem de
91,7% de casos resolvidos com estas técnicas [59].
Outra forma de cessar o
sangramento após o tratamento inicial é o tamponamento uterino, sendo a
hemorragia controlada em mais de 95%, minimizando realização da histerectomia
como também do óbito materno. No estudo destacou que a presença de equipe
treinada para a detecção do risco de HPP no tempo certo, realizar-se-á o
tamponamento e com segurança [28].
Um artigo de revisão
sobre o uso de balões intrauterinos no controle da HPP, coloca que os balões
devem ser usados quando o tratamento farmacológico não cessa o sangramento,
sendo também que podem ser usados tanto após o parto normal ou cesariana [60].
Um estudo, no qual as
pacientes passaram pela ligação das artérias, mostrou que de 27 mulheres, apenas
em três casos a técnica não foi suficiente e necessitou de histerectomia.
Assim, a ligadura das aterias hipogástricas é um método conservador e eficaz na
HPP, em relação à histerectomia, e é levado em consideração em casos de no qual
o tratamento farmacológico e cirúrgico foi insuficiente, a histerectomia é uma
ação apropriada e segura [29-61].
A transfusão sanguínea
também é necessária em alguns casos de hemorragia, no entanto um dos artigos de
revisão sobre a recusa da transfusão por gestantes e puérperas testemunhas de
Jeová coloca como conclusão que se tem aumentado outras intervenções na
obstetrícia, a fim de não realizar a transfusão [62].
Um fator de extrema
importância na duração do trabalho de parto é o cuidado da equipe a parturiente.
Na Colômbia, um estudo coloca que quando a enfermeira não realiza cuidados que
promovem bem-estar, a duração do trabalho de parto e parto podem ser maiores
[63].
Portanto, para evitar a
HPP é primordial uma equipe competente, prevenindo assim complicações diante do
quadro de HPP [30]. No Peru, um estudo com 69 mulheres que realizaram
histerectomia evidenciou que as possíveis complicações relacionadas a
hemorragia podem não ser evitadas mesmo com um pré-natal eficiente, pois para a
prevenção da HPP é importante o reconhecimento pela equipe do risco obstétrico
[50]. Cabe ressaltar não apenas as técnicas usadas pela equipe como também a
segurança do profissional para realizar as intervenções necessárias de forma
rápida e eficaz, com o objetivo de melhores resultados na assistência [64].
A HPP é uma das
complicações mais temidas na obstetrícia, no entanto, diante da pesquisa foi
possível observar o número reduzido de estudos por profissionais da enfermagem,
pois são profissionais de extrema importância tanto na detecção quanto ao
manejo da HPP, sendo também que se trata da principal causa de mortalidade
materna no mundo. É preciso o conhecimento dos principais fatores de risco
envolvidos durante a gestação, parto e pós-parto, de forma a preveni-la. Porém,
cabe ressaltar que apesar da presença de uma equipe treinada e qualificada, nem
sempre os fatores podem ser identificados por isso a importância de uma prática
clínica com cuidados imediatos para o diagnóstico de hemorragia puerperal e
consequentemente com o tratamento adequado, com o objetivo de cessar o
sangramento e prevenir outras complicações, reduzindo a mortalidade materna.