EDITORIAL

Designer educacional ou instrucional: o novo pedagogo da era digital

 

Adilia Maria Pires Sciarra, D.Sc.*, Luciano Garcia Lourenção, D.Sc.**

 

*Graduada em Letras, Doutora em Ciências da Saúde, Professora Adjunta da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), **Enfermeiro, Doutor em Ciências da Saúde, Professor Titular-Livre da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande (EEnf/FURG)

 

Endereço para correspondência: Adilia Maria Pires Sciarra, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Avenida Brigadeiro Faria Lima, 5416, Vila São Pedro 15090-000 São José do Rio Preto/SP, E-mail: adilia@famerp.br; Luciano Garcia Lourenção: luciano.famerp@gmail.com

 

O Design Educacional ou Instrucional (DI) surgiu a partir do trabalho multidisciplinar das áreas de psicologia, ciência da computação, engenharia, educação e negócios. Originou-se durante a II Guerra Mundial, período em que um grande número de psicólogos foi chamado pelo exército dos EUA para realizar pesquisas e desenvolver materiais de treinamento com fins militares, focados nos diversos recursos de mídia. Houve, na época, significativa influência de como materiais de educação e treinamento vinham sendo desenvolvidos, assim, conhecimentos eram usados sobre avaliação e testagem para verificar as competências dos indivíduos que fossem capazes de se beneficiar de um determinado programa de treinamento. 

Como resultado, nas décadas seguintes, este caráter utilitário dos recursos audiovisuais ou de mídias migrou para o processo de ensino, utilizando estratégias de aprendizagem testadas para planejar atividades da prática educativa e alcançar os resultados desejados [1].

Atualmente o conceito de Design Educacional engloba uma ação intencional e sistemática do conhecimento utilizando-se as tecnologias de informação e comunicação para alcançar os objetivos propostos, motivando o desenvolvimento de capacidade e habilidades de indivíduos em comunidades de aprendizagem.

É neste novo contexto de aprendizagem ou processo de instrução que surge um grande desafio: implementar um adequado ambiente de ensino, no qual o aluno dite o andamento da aprendizagem a seu modo, concentrando-se no trabalho, na exploração e no entretenimento. É o Designer Educacional ou Instrucional (DE) que delineará o projeto a ser definido para a sua implementação com objetivo de proporcionar um ambiente dinâmico e interativo para a assimilação e desenvolvimento do conhecimento [1].

Este profissional definirá o tema, a arquitetura da informação e as tecnologias a serem utilizadas no decorrer do projeto; fará o respaldo pedagógico para questionamentos, como exemplo, se uma animação em flash é realmente válida e relevante para o processo de aprendizagem. O Designer Educacional surge, assim, como o profissional que deve ter habilidade para identificar, dentro dos assuntos abordados, todas as potencialidades pedagógicas e tecnológicas, com a finalidade de transformá-los em um curso efetivo.

Este profissional faz a adequação dos conteúdos às mídias digitais ou impressas, buscando sempre uma solução educacional adequada aos alunos que participam do curso. A sua ferramenta de garimpagem, ou seja, o instrumento de trabalho primordial é a pedagogia/andragogia e seus modelos e abordagens. Saber como extrair, combinar e aplicar as teorias ao público-alvo do seu projeto garante uma aprendizagem de qualidade. 

Esse olhar do Design Educacional, focado na educação, precisa perpassar todo o desenvolvimento do curso e, como um artesão, esse profissional tem como missão costurar o viés pedagógico ao técnico e estético, transformando o produto final não em um objeto de adorno, mas em uma preciosidade significativa para o aprendizado do aluno. Designers Educacionais  muitas vezes seguem um modelo tradicional de design instrucional chamado o modelo ou método ADDIE. O mais simples e um dos mais utilizados que consiste nas seguintes etapas: Analyze (analisar), Design (planejar), Develop (desenvolver), Implement (implementar) and Evaluate (avaliar) [2].

As competências profissionais necessárias ao exercício profissional do Designer Instrucional foram analisadas pelo International Board of Standards for Training, Performance and Instruction. Trata-se de uma listagem detalhada, obtida através de pesquisas junto a profissionais dessa área em diferentes países [3].

No Brasil, o Ministério do Trabalho, por meio da CBO (Classificação Brasileira de Ocupações), classificou em março de 2008 a ocupação do Designer Educacional e a sua família: 2394 Programadores, avaliadores e orientadores de ensino - 2394-35 – Designer educacional/Designer instrucional – Desenhista instrucional, Projetista instrucional [4].

 

Referências

 

  1. Reiser RA. A history of instructional design and technology: Part I: A history of instructional media. Educ Technol Res Dev 2001;19(1):53.
  2. Araujo EM, Oliveira Neto JD. A Tecnologia Educacional e Design Instrucional. In: Viana ABN, Igari CO. Formação continuada para docentes em Administração: das intenções às propostas. São Paulo: CRV; 2014. p. 63-100.
  3. Amaral MM. Navegando nas ondas da educação online: competências do designer educativo. Rev Adm Pública 2009;43(6):1487-1519.
  4. Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. CBO 2002: Classificação Brasileira de Ocupações. [citado 2018 Nov22]. Disponível em: http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/downloads.jsf.