REVISÃO
Atribuições
do enfermeiro no centro cirúrgico
Gláuciany Amorim Santos Sobral*,
Thalia Gabriela Maria da Silva*, Isabella Tamires
Batista da Silva*, Jacqueline Avelino da Silva*, Renata Soraya Soares de
Sousa*, Ariane Leite Pereira*, Cíntia de Carvalho Silva, M.Sc.**
*Acadêmica
do Curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário do Vale do
Ipojuca (UNIFAVIP/WYDEN) Caruaru/PE, **Enfermeira, especialista em Saúde
Pública pela UPE, Doutoranda em Enfermagem UPE/UFPB, Docente do Centro
Universitário do Vale do Ipojuca (UNIFAVIP WYDEN) Caruaru/PE
Recebido em 30 de julho
de 2019; aceito em 30 de agosto de 2019.
Correspondência: Gláuciany
Amorim Santos, Rua Lions, 235, Planalto, 55385000 Lajedo PE
Gláuciany Amorim Santos:
glaucianyamorim1@yahoo.com.br
Thalia Gabriela Maria da
Silva: thaliaedavi@hotmail.com
Isabella Tamires Batista
da Silva: tamiresisabella8@gmail.com
Jacqueline Avelino da
Silva: jacque_avelino07@htmail.com
Renata Soraya Soares de
Sousa: renatasssousa@gmail.com
Ariane Leite Pereira:
arianeleitee@hotmail.com
Cíntia de Carvalho
Silva: cintia.silva@unifavip.edu.br
Resumo
O enfermeiro
enquadra-se na categoria de profissional que possui habilitação para realizar o
gerenciamento das necessidades que circundam o ato anestésico-cirúrgico em
todas suas etapas. A pesquisa tem como objetivo discutir a execução destas
atribuições por parte do profissional. Trata-se de uma revisão a
partir de estudos selecionados nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline). Nos selecionamos os estudos de 2009 a 2018 que
tratavam sobre atuação do enfermeiro em centro cirúrgico, com texto completo
disponível em português e foram excluídos: teses, monografias, estudos de caso
e outros estudos que se repetiam. Cabe ao enfermeiro avaliar não só as
condições físicas do paciente para o ato anestésico-cirúrgico, mas reavaliar as
suas emoções ainda durante o período transoperatório de forma que minimizem os
riscos da anestesia e cirurgia. Perante tantas atribuições pertinentes à
atuação do enfermeiro, salientamos a necessidade de um maior investimento na
atualização dos profissionais, para aprimorar as atividades desempenhadas em
seu cotidiano.
Palavras-chave: centros cirúrgicos,
enfermagem peri-operatória, papel do profissional de
enfermagem.
Abstract
Nurse's responsibilities in the operating room
The
nurse is into the category of professional who has the qualification to manage
the needs that surround the anesthetic-surgical act in all stages. This study
aimed to discuss the performance of these assignments by the professional. For
this review, we selected studies in the databases Scientific Electronic Library
Online (Scielo) and Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online (Medline). Remained for review the studies from 2009 to
2018 that dealt with the performance of the nurse in an operating room with a
full text available in Portuguese and were excluded theses, monographs, case
studies and other studies that are repeated. It is up to the nurse to evaluate
not only the patient's physical conditions for the anesthetic-surgical act, but
to reassess their emotions even during the transoperative
period, to minimize the risk of anesthesia and surgery. Given the many
attributions pertinent to the nurses' performance, we emphasize the need for
greater investment in updating professionals to improve the activities
performed in their daily lives.
Key-words: surgicenters, perioperative nursing, nurse’s role.
Resumen
Atribuciones del enfermero en
el centro quirúrgico
El enfermero
se encuadra en la categoría de profesional que posee habilitación para realizar la gestión de las necesidades que rodean el acto anestésico-quirúrgico en todas sus etapas.
La investigación tiene como
objetivo discutir la ejecución
de estas atribuciones por parte del
profesional. Se trata de una revisión
bibliográfica. Como fuente de información
estudios fueron seleccionados de las bases de datos Scientific Electronic Library Online (Scielo)
y Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (Medline).
Permanecieron para la revisión los estudios
de 2009 a 2018 que trataban sobre actuación
del enfermero en centro quirúrgico, con texto completo disponible en portugués y fueron excluidos: tesis, monografías, estudios de caso y otras revisiones que se repetían.
Corresponde al enfermero evaluar
no sólo las condiciones
físicas del espacio para el acto anestésico-quirúrgico, sino reevaluar sus
emociones aún durante el
período transoperatorio de forma que minimicen los riesgos
de la anestesia y cirugía. Ante
tantas atribuciones persistentes a la actuación del
enfermero, subrayamos la necesidad de una mayor inversión en la actualización
de los profesionales, para mejorar las actividades
desempeñadas en su cotidiano.
Palabras-clave: centros quirúrgicos, enfermería perioperatoria, rol de la enfermera.
A relevância do Centro
Cirúrgico (CC) dá-se por diversos fatores, entre eles a tecnologia existente, o
fato de ser o local mais dispendioso do hospital, o multiprofissionalismo
efetivo, as especificidades existentes no que diz respeito à estrutura física,
devidamente projetada para um maior controle de infecções, como também pela
função didática e terapêutica dos procedimentos cirúrgicos [1].
Diante da importância
do tema, vale destacar que o Centro Cirúrgico é constituído por secretaria,
cômodo para os profissionais, sala de ensino, banheiros, dependências para
guardar materiais de consumo, guardar equipamentos para limpeza de materiais,
expurgo, lavabo, um laboratório de pequenas proporções, uma copa, e as salas de
cirurgias, propriamente ditas [2]. É um recinto afastado, cuja localização, em
geral, encontra-se distante do fluxo central, a fim de minimizar o risco de
ocorrência de infecção, extravio dos materiais utilizados, como também otimizar
o manejo de profissionais e equipamentos, o que justifica, portanto, a
indicação de restrição no acesso à área do Centro Cirúrgico [2].
Nos CC são realizadas
mais de 230 milhões de cirurgias, tendo estas cerca de cinco milhões de óbitos
e sete milhões de incidentes, levando em consideração que cerca de 50% destes
poderiam ter sido evitados. Entre as causas que estão relacionadas aos
incidentes e óbitos, destacam-se problemas na estrutura da sala cirúrgica, assim
como fornecimento de materiais, ausência de cuidado humanizado, quedas e falhas
no pré-operatório. Fatores esses que estão correlacionados ao desempenho das
atribuições do enfermeiro no centro cirúrgico [3].
Em conformidade com a
Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação
Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC) o enfermeiro
enquadra-se na categoria de profissional que possui habilitação para realizar o
gerenciamento das necessidades que circundam o ato anestésico-cirúrgico em
todas suas etapas [4].
Em se tratando do
desenvolvimento de atividades relacionadas ao período peri-operatório,
o enfermeiro atua nas três fases: pré, intra e pós-operatório. Embora todas sejam importantes
devido as suas particularidades, a fase pré-operatória ainda deve ser
destacada, visto que é o momento de mais vulnerabilidade para o paciente. Essa
tem como intuito garantir que se entenda o tratamento anestésico cirúrgico,
além de promover os materiais e recursos humanos para ação anestésica cirúrgica
e minimizar os riscos decorrentes do uso de equipamentos e da ambiência do
Centro Cirúrgico, através da utilização da Sistematização da Assistência de
Enfermagem Peri-operatória (SAEP) [5].
A SAEP é um processo
sistêmico e contínuo privativo do enfermeiro que tem como objetivo a promoção,
recuperação, cuidado individualizado, humanizado e a prevenção de complicações
pós-operatórias ao paciente. Essa assistência é baseada em conhecimentos
técnicos e científicos pertencentes à profissão, o que visa promover resultados
positivos [2].
Referente à atuação
gerencial do enfermeiro no CC, por sua vez, irá atuar como gerente em questões
assistenciais, burocráticas e organizacionais, além de coordenar a equipe e
proporcionar para o paciente e seus familiares um cuidado indireto. O objetivo
é proporcionar uma assistência de enfermagem com qualidade, assim como o
funcionamento correto da instituição. Entre as atividades executadas por esse
profissional destacam-se: o exercício da liderança no ambiente de trabalho,
capacitação da equipe, gerenciamento dos materiais, avaliação e coordenação da
execução do cuidado, planejamento da assistência, entre outros [6].
O objetivo deste estudo
consiste em descrever as atribuições/atividades do enfermeiro no Centro
Cirúrgico.
Trata-se de uma revisão
integrativa que tem por finalidade discorrer sobre as atividades executadas
pelos enfermeiros atuantes no centro cirúrgico, analisando-se o processo de
sistematização da assistência. Como fonte de informação foram encontrados 117
artigos das bases de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo)
e Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (Medline),
sendo utilizados 9 artigos, contendo as palavras-chave: centro cirúrgico;
enfermagem peri-operatória; papel do profissional de
enfermagem, oriundas da base de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).
A pesquisa foi
realizada no período de março a maio de 2019. Permaneceram para revisão os
estudos de 2009 a 2018 que tratavam sobre atuação do enfermeiro em centro
cirúrgico, com texto completo disponível e em português e foram excluídos:
teses, monografias, estudos de caso e outros estudos que se repetiam.
Na BVS com a utilização
dos descritores “centros cirúrgicos, enfermagem peri-operatória
e papel do profissional de enfermagem” encontraram-se 117 resultados, sendo
pré-selecionados 25 artigos e 12 serviram como base científica para a presente
revisão integrativa.
Quadro 1 - Síntese dos estudos incluídos na revisão, segundo autores, ano, título
do artigo, objetivos e principais resultados.
Quadro 1 - Continuação.
Quadro 1 - Continuação.
De acordo com os
artigos analisados, três (30%) tinham seu foco voltado para as funções
gerenciais do enfermeiro, três (30%) sobre atuação do enfermeiro no CC, seja
ela assistencial ou gerencial, dois (20%) referentes à percepção dos pacientes
sobre a assistência de enfermagem perioperatório,
dois (20%) concernentes à segurança do paciente cirúrgico e um (10%) acerca da
ambiência do CC.
O enfermeiro é
habilitado a presidir todas as etapas do ato anestésico-cirúrgico, ou seja, ele
acompanhará o paciente em todo o período peri-operatório,
assim como irá priorizar atender as necessidades do paciente. A depender da
organização estrutural perfilhada existe o enfermeiro coordenador quanto
enfermeiro assistencial [4].
Logo mediante as suas
atribuições, o papel do enfermeiro no CC tem se tornado cada vez mais
indispensável, tendo em vista que suas atividades enquanto líder/coordenador tem
papel primordial para a convivência harmoniosa entre a equipe, assim como
provedor da ponte que faz união com todo o sistema. Para o desempenho eficaz de
suas atribuições, faz-se necessária colaboração dos profissionais que compõem a
equipe, sejam eles do setor de administração ou assistencial [12].
Quadro 2 - Atribuições assistências do enfermeiro do CC. Fonte: Elaborado pelos
autores, baseado no SOBECC (2013).
Quadro 3 - Atribuições do enfermeiro coordenador atuante no CC
Fonte: Elaborado pelos
autores, baseado no SOBECC (2013).
Um estudo comparou a
complexidade das atividades assistenciais, administrativas e de ensino e
pesquisa, atividades estas desempenhadas pelo enfermeiro do CC. Ao analisá-las
elencou as atividades assistenciais de extrema importância, tendo em vista que
o enfermeiro que atua na assistência prestará cuidados tanto para o paciente
quanto para a família, pois é necessário que haja uma comunicação entre todos
os envolvidos para prover o cuidado de forma individualizada [7].
Botelho et al. [12] relataram que entre as
diversas atribuições que o enfermeiro atuante em CC desempenha, uma das mais
importantes é a liderança/atividades administrativas, pois o profissional líder
visa o todo, enxerga os mínimos detalhes e se esforça
para manter a equipe sempre motivada a desempenhar o seu melhor. O enfermeiro
líder está sempre determinado a propiciar o melhor para a equipe e pacientes,
mediando uma assistência efetiva e humanizada.
Outro estudo destaca a
complexidade das atribuições do enfermeiro no centro cirúrgico, que vão desde
atividades técnicas a administrativo-burocráticas, assistenciais e de pesquisa,
além de comparações entre setores com a presença ou não de gerenciamento de
enfermagem. 90% dos entrevistados relataram preferir atuar com um gestor no seu
setor, o que deixou claro que a gestão do enfermeiro age de forma significativa
para um bom funcionamento do CC [10].
Um dos estudos aborda
quanto à importância de uma recepção qualificada dos pacientes em centro
cirúrgico, o qual se divide em três categorias de análise. Primeira categoria -
Avaliando as condições físicas e emocionais do paciente no centro cirúrgico.
Visto que sentimentos de medo e ansiedade podem trazer dificuldade mediante ato
cirúrgico ou no período pós-operatório. Segunda categoria - Familiarizando o
paciente com o ambiente do centro cirúrgico e não o deixando sozinho. A qual
demonstra que a presença do enfermeiro, bem como a explicação do procedimento
que será realizado e do ambiente em que o paciente se encontra torna sua
experiência menos traumática. Terceira categoria - Destacando a formação
acadêmica como base do cuidar. Enfatiza que o aporte teórico e prático caminha
juntos e que há uma necessidade constante de qualificação profissional para
atendimento de qualidade [11].
É possível observar que
as atribuições do coordenador e do assistencial se complementam, tendo em vista
que o enfermeiro que atua na administração também desempenha assistência ao
paciente, levando em consideração que agendar cirurgias, prover materiais,
supervisionar profissionais é uma assistência indireta de fundamental
importância para que todo o procedimento ocorra conforme o previsto [9].
Os resultados deste
estudo indicam que enfermeiro é um profissional de fundamental importância
dentro do centro cirúrgico, haja vista que pode exercer assistência direta ao
indivíduo, iniciando na interpelação pré-operatória, na busca pela
identificação das necessidades do cliente, com a finalidade de supri-las,
perpassando pelos períodos intra e pós-operatórios,
bem como atividades gerenciais, envolvendo a logística de insumos, como também
a coordenação de recursos humanos. Essa colaboração direta e indireta ao
paciente viabiliza uma assistência integral.