REVISÃO
Atuação do enfermeiro
durante o processo de terminalidade da vida infantil
Matheus Augusto Da
Silva Belidio Louzada*, Chayana
Machado da Silva*, Larissa Lessa dos Santos*, Raiane
de Carvalho Machado*, Vanessa Vianna da Silva Barbosa*, Antônio da Silva
Ribeiro, M.Sc.**
*Acadêmicos de Enfermagem,
Faculdade de Enfermagem UNESA, **Doutorando em Enfermagem e Biociências, Prof.
Graduação em Enfermagem UNESA
Recebido em 14 de
janeiro de 2020; aceito em 23 de abril de 2020.
Correspondência: Matheus Augusto da
Silva Belidio Louzada, Av. Monsenhor Solano Dantas de
Menezes, 13 Heliopolis 26140-010 Belford Roxo RJ
Matheus Augusto da Silva
Belidio Louzada: matheus.belidiolouzada@gmail.com
Chayana Machado da Silva:
chaycaio7@gmail.com
Larissa Lessa dos
Santos: larissalessaa@hotmail.com
Raiane de Carvalho Machado:
raiane_live@hotmail.com
Vanessa Vianna da Silva
Barbosa: vanessa_vianna@outlook.com.br
Antônio da Silva
Ribeiro: euasr@yahoo.com.br
Resumo
Este trabalho tem como
objetivo citar a atuação do enfermeiro no processo de morte e morrer na UTIP,
identificar como ele lida com a finitude de um paciente e quais são as
estratégias e capacitações utilizadas para a educação continuada de sua equipe
frente a esse processo. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, do
tipo revisão integrativa, que teve como base de dados a Biblioteca Virtual de
Saúde (BVS). Foram selecionados artigos completos em língua portuguesa
publicados entre 2010 e 2019. Ao fim da aplicação dos critérios anteriormente
descritos, emergiram 8 artigos. Na análise de dados foram estabelecidas três
categorias temáticas: Estratégias criadas para lidar com os sentimentos frente
à morte; Cuidados prestados aos pacientes na UTIP e seus familiares;
Atribuições dos enfermeiros. A pesquisa levou-nos a concluir que o enfermeiro é
fundamental na assistência da UTIP, não só para os pacientes, mas também para
os familiares. É preciso ter um olhar holístico para avaliar e treinar sua
equipe de acordo com as necessidades e demandas, devendo compreender o processo
de morte e morrer objetivando estratégias que aliviem a sobrecarga emocional.
Palavras-chave: unidade de terapia
intensiva, criança, enfermeiro, enfermagem, morte.
Abstract
The role of nurses during the terminal process of child life
This
paper aims to cite the role of nurses in the process of death and dying in the
PICU, identify how it deals with the finitude of a patient and what are the
strategies and capabilities used for the continuing education of their team in
the face of this process. This is a study with a qualitative approach,
integrative review type, which had as database the Virtual Health Library
(VHL). We selected full articles in Portuguese language published between 2010
and 2019. At the end of the application of the previously described criteria, 8
articles emerged. In the data analysis, three thematic categories were
established: Strategies created to deal with feelings about death; Care
provided to patients in the PICU and their families; Role of nurses. The
research led us to conclude that nurses are fundamental in PICU care, not only
for patients, but also for family members. It takes a holistic look to evaluate
and train your staff according to needs and demands, and to understand the
process of dying and dying for strategies that alleviate emotional overload.
Keywords: intensive care unit, children, nurse, nursing, death.
Resumen
Papel del enfermero durante el proceso de terminalidad
de la vida del niño
Este documento tiene como objetivo citar el
papel de las enfermeras en el proceso
de muerte y muerte en la UCIP, identificar cómo se ocupa de la finitud de un paciente y cuáles son las
estrategias y capacidades utilizadas para la educación continua
de su equipo frente a este proceso.
Este es un estudio con un enfoque cualitativo, tipo de revisión
integradora, que tenía como base de datos la Biblioteca Virtual en Salud (BVS). Seleccionamos artículos completos en
portugués publicados entre 2010 y 2019. Al final de la aplicación de los criterios descritos
anteriormente, surgieron 8 artículos. En el análisis
de datos se establecieron tres categorías temáticas: estrategias creadas para tratar los sentimientos sobre la muerte; Atención
brindada a pacientes en la
UCIP y sus familias; Papel de las
enfermeras. La investigación
nos llevó a concluir que las
enfermeras son fundamentales en la atención de la UCIP, no solo para los
pacientes, sino también para los
miembros de la familia. Se necesita una visión holística para evaluar y
capacitar a su personal de acuerdo con las
necesidades y demandas, y para comprender
el proceso de morir y morir por estrategias que alivien la sobrecarga emocional.
Palabras-clave: unidad
de cuidados intensivos, niños, enfermero,
enfermería, muerte.
A morte tem
representatividade diferenciada pelo contexto social que se insere, as crenças
têm muita influência, o que repercute no significado da finitude da vida [1]. A
idade cronológica do indivíduo é algo muito importante a ser levado em
consideração, pois de uma maneira geral esperamos nos deparar com a morte em
uma fase tardia da vida, não nos preparamos para enfrentar esse acontecimento
de forma prematura, como é o caso das mortes das UTIP [1]. Essas mortes
precoces podem ser consideradas evitáveis, em sua maioria, desde que o acesso
em tempo oportuno ao serviço qualificado de saúde seja fornecido. Pode
acontecer não somente nas UTIP, mas por uma combinação de fatores biológicos,
sociais, culturais e falhas no sistema de saúde [2].
O intuito da equipe de
profissionais de saúde é salvar vidas, porém, quando não alcançado, em especial
na pediatria, pode gerar sentimentos que interferem no processo do cuidado,
principalmente quando deparados com uma morte súbita, a qual não está sendo
esperada [2]. Os sentimentos dos profissionais muita das vezes estão sendo
ignorados, priorizando técnicas e discursos. No entanto, as emoções ao
realizarem suas atividades diárias influenciam diretamente no cuidado prestado
ao outro [3].
O enfermeiro oferece
cuidado científico e sistematizado ao seu cliente, o mesmo
deve ser amplo, abrangendo questões como: acesso às informações de condições de
saúde do paciente a família, visando incluir a mesma no cuidado e permitir
melhor compreensão para as tomadas de decisões conjuntas que venham a
beneficiar o tratamento [3].
O processo de morte e
morrer devem ser humanizados e respeitados em todas as partes envolvidas,
levando em consideração a qualidade de vida e autonomia do paciente, dando
sentido à morte e ao luto. É importante respeitar à vontade e dar autonomia a
família, sendo assim a aceitação da família é imprescindível uma vez que é ela
que tem a palavra final [4]. Cabe ao enfermeiro e sua equipe esclarecer
dúvidas, encorajar atitudes positivas e sobretudo falar com sinceridade e
garantir acessibilidade, pois da mesma forma que a família é importante na
recuperação do doente, é essencial na aceitação do processo de morte e morrer,
podendo assim proporcionar conforto e uma morte digna ao paciente [4]. Deve-se
estimular a equipe a identificar suas fragilidades e buscar recursos para
prover o suporte necessário através de discussões, estudos e treinamentos, na
tentativa que essas ocasiões não sejam tão traumáticas para o profissional e
aconteça de forma mais humanizada possível para o paciente e sua família [4].
O processo do luto não
é específico da família, os profissionais também enfrentam essa fase, porém ela
ainda não é reconhecida e existe pouca oportunidade de expressão pública para
facilitar sua vivência [5].
A pesquisa é fruto do
interesse surgido de um grupo de acadêmicas do oitavo período da graduação em
Enfermagem da Universidade Estácio de Sá, durante uma aula de Tanatologia, onde
foi mencionada a temática de óbitos infantis na perspectiva do enfermeiro. A
partir dessa aula, notaram a necessidade da construção de um trabalho que
pudesse inserir a temática em um setor onde o óbito é de difícil enfrentamento.
O objetivo traçado é mencionar a atuação do enfermeiro no processo de morte e
morrer na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. O presente estudo tem como
objetivos específicos identificar como o profissional lida com a finitude de um
paciente; quais são as estratégias e capacitações utilizadas para a educação
continuada da equipe frente ao processo de morte e morrer.
Esta pesquisa se
justifica, pois, com os saberes descritos e analisados, será possível promover
melhor desempenho dos profissionais, assim como aperfeiçoar o cuidado com o
paciente e sua família.
A relevância do
presente estudo se dá pelo impacto dos óbitos pediátricos em UTIP nos
profissionais da equipe de enfermagem, fazendo ampliar a discussão e analisar
aspectos relacionados às vivências nesse setor.
Trata-se de um estudo
de abordagem qualitativa, do tipo revisão integrativa, no qual foram abordadas
as formas de atuação do enfermeiro na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica.
A revisão integrativa da literatura propõe o estabelecimento de critérios bem
definidos sobre a coleta de dados, análise e apresentação dos resultados, desde
o início do estudo, a partir de um protocolo de pesquisa previamente elaborado
e validado [7].
Para a construção do
artigo abordou-se a revisão integrativa da literatura, que consiste na
elaboração de uma análise abrangente de artigos, estabelecendo critérios de
investigação técnico-científico para coletar dados, analisar e apresentar
resultados. As informações obtidas podem sinalizar achados que necessitam de
mais atenção no meio científico, visando melhorias na prática profissional [7].
A revisão integrativa
necessita ser guiada por etapas: 1) Estabelecimento de hipótese ou questão de
pesquisa; 2) Amostragem ou busca na literatura; 3) Categorização dos estudos;
4) Avaliação dos estudos incluídos na revisão; 5) Interpretação dos resultados;
6) Síntese do conhecimento ou apresentação da revisão [6,7].
Esta revisão tem como
objetivo buscar através da literatura científica a atuação do enfermeiro no
processo de morte e morrer na UTIP, identificar como o mesmo
lida com a finitude de um paciente e quais são as estratégias e capacitações
utilizadas para a educação continuada de sua equipe frente a esse processo.
A estratégia de
identificação e seleção dos artigos originou-se através da busca da Biblioteca
Virtual de Saúde (BVS), no mês de setembro de 2019. Iniciou-se a busca de
materiais que contivessem em seu resumo os descritores em ciências da saúde (DeCS): unidade de terapia intensiva; criança; enfermeiro;
enfermagem; morte. Foram adotados os seguintes critérios para seleção dos
artigos: materiais completos, em língua portuguesa, no formato de artigo e com
recorte temporal de dez anos (2010-2019). Os critérios de exclusão foram os
estudos que não atendessem aos critérios citados anteriormente e duplicados.
Emergiram 8 artigos com
os critérios citados anteriormente, pelos quais procedemos à leitura minuciosa
para a construção do conteúdo, destacando aqueles que responderam ao objetivo
proposto pelo estudo, com intuito de organizar os dados de acordo com o
objetivo proposto.
Os artigos foram
tabelados por título, autores, ano de publicação, periódico, objetivos,
resultados e conclusão. A partir de então iniciou-se a análise destes que foram
agrupados por similaridade sob forma de categorias.
Quadro 1 - Características
dos artigos analisados no período de 2010 a 2019.
Fonte: Os autores.
Após a tabulação dos
materiais encontrados nas bases de dados nacionais, iniciou-se a etapa de
obtenção dos dados, e verificou-se que, durante o corte temporal de 2010 a 2019,
foram encontrados 8 artigos em português, que eram compatíveis ao tema do
estudo abordado, logo percebemos as publicações em 2013 com dois artigos, 2015
com um artigo, 2016 com um artigo, 2017 com um artigo, 2018 com dois artigos e
2019 com um artigo.
Ao analisar os
periódicos onde os materiais foram publicados evidenciou-se apenas quatro
periódicos, sendo quatro publicações na Bioética (B2), uma publicação na São
Camilo (B2), duas publicações na RECOM (B2) e uma na REME (B1). Observou-se que
o Qualis das revistas se restringiu a B1 e B2, sete
pesquisas foram publicadas em periódicos com Qualis
B2 e apenas uma com Qualis B1.
Após análise dos
artigos elencados neste estudo foram construídas as seguintes categorias:
Categoria 1 -
Estratégias criadas para lidar com os sentimentos frente à morte
Na Unidade de Terapia
Intensiva Pediátrica (UTIP), o profissional enfermeiro que nela aloca, deve ser
provido de sentimentos, como: simpatia, amor, compaixão, carinho, empatia e
dedicação, tendo como prioridade o conforto do paciente, papel crucial no
processo de cuidado [8]. É vivenciado em seu cotidiano: sofrimento, angústia,
medo e dor, que ao se deparar com tal situação e a falta de subsídios para
sanar esse doloroso momento de terminalidade da vida infantil, o profissional
manifesta sensações de frustração e impotência, havendo necessidade de prover
estratégias que possam aliviar a sobrecarga emocional [8]. É necessário
empenhar-se para modificar a situação estressora, realizar reuniões com a equipe
para expor dificuldades em grupo, tendo enfoque nas emoções, buscar regular seu
estado emocional, através da religiosidade, sendo uma forma de entender e
amenizar o sofrimento, distrações fora do ambiente de trabalho e apoio de
familiares e amigos [8]. Outro método utilizado é o estabelecimento de
barreiras, que ocorre de maneira instintiva e inconsciente, busca-se o
distanciamento afetivo em sua relação aos pacientes e familiares, na tentativa
de afastar-se de condições vulneráveis [9].
O intuito da equipe de
profissionais de saúde é salvar vidas, porém, quando não alcançado, em especial
na pediatria, pode gerar sentimentos que interferem no processo do cuidado,
principalmente quando deparados com uma morte súbita, a qual não está sendo
esperada [10]. Seus sentimentos muitas vezes são ignorados, priorizando
técnicas e discursos. No entanto, as emoções dos profissionais ao realizar suas
atividades influenciam diretamente no cuidado prestado ao outro [10,11].
É de suma importância
atribuir uma rede de apoio institucional como forma de oferecer suporte para
que os profissionais possam atuar de forma mais efetiva frente a tais
situações. Frisando os momentos dos quais lidar com a dor da perda/morte é
inevitável, assim como nas ocasiões em que cabe a este profissional a dura
tarefa de anunciar o óbito da criança a família [12].
Categoria 2 - Cuidados
prestados aos pacientes na UTIP e seus familiares
O enfermeiro é parte
integrante da equipe de saúde, estando presente nas diversas fases da vida de
um indivíduo, do nascimento ao óbito. O nascimento é um evento aguardado,
cercado de expectativas, enquanto a morte, mesmo sendo algo natural e
inevitável, é um tema polêmico cercado de tabus [13].
A morte tem
representatividade diferenciada pelo contexto social que se insere, as crenças
e o lugar que o indivíduo ocupava muitas das vezes como mantenedor, repercute
no significado da sua finitude [12]. A idade cronológica do indivíduo é algo
muito importante a ser levado em consideração, pois de uma maneira geral esperamos
nos deparar com a morte em uma fase avançada da vida, a velhice, não nos
preparando para um enfrentamento prematuro como é o caso das mortes nas UTIP
[12].
O enfermeiro oferece
cuidado científico e sistematizado ao seu cliente, ele deve ser amplo,
abrangendo questões como: acesso às informações de condições de saúde do
paciente a família, visando incluir a mesma no cuidado e permitir melhor
compreensão para as tomadas de decisões conjuntas que venham a beneficiar o
tratamento [13]. A lei nº 8.069 de 1990 confirma a importância do
acompanhamento contínuo de um dos responsáveis na UTIP, o vínculo criado nesse
processo com troca de informações e experiências entre o profissional e a
família propicia um apoio mútuo no processo de luto [12].
A distanásia ou
obstinação terapêutica também é um ponto importante, uma vez que, na UTIP,
usa-se muita tecnologia, e se faz necessário ter uma visão humanizada para não
prolongar o processo de morte propiciando maior sofrimento aos envolvidos,
visto que algumas vezes a morte se torna uma "escolha" da equipe,
frente ao desligar dos aparelhos [12].
Os cuidados paliativos
não trarão cura ao paciente, mas são indispensáveis no processo de bem-estar e
resignação do processo de morte e morrer de forma digna, buscando equilíbrio
para não acelerar e nem retardar esse evento [14]. O profissional deve ter
comprometimento e dedicação no qual o paciente deve ser priorizado, buscando
medidas para o controle da dor, bem-estar, auxílio do medo e da angústia [12].
O processo de morte e morrer devem ser humanizados e respeitados em todas as
partes envolvidas, levando em consideração a qualidade de vida e autonomia do
paciente, dando sentido à morte e ao luto [13].
O enfermeiro deve
preparar a família quando não se tem mais possibilidade terapêutica, e o
cuidado passa a ser paliativo, visto que para os familiares é demasiadamente
complicado aceitar a finitude da vida, o sofrimento e tristeza elevam-se devido
às insistentes e vãs tentativas de cura. Quando a família perde um ente querido,
ela sofre modificações psicossociais e afetivas [8].
É importante respeitar a vontade e dar autonomia a família, sendo assim a aceitação
da família é imprescindível, uma vez que é ela que tem a palavra final. Faz
parte dos cuidados paliativos na UTIP o reconhecimento de que todas as
propostas terapêuticas e curativas não dão resultado. A morte deve ser aceita
como fato, pois desta forma os cuidados paliativos enfatizam a qualidade de
vida e o conforto da criança e familiares [13].
A família é envolvida
por vários sentimentos, principalmente pelo medo da internação de seu ente
querido frente a uma equipe de saúde desconhecida por eles, sem laços
emocionais, principalmente quando se trata de uma doença com um mau prognóstico
[13]. Kubler-Ross identificou em seu trabalho três
fases pelas quais passam os familiares: negação, raiva e aceitação. Afirma
ainda a necessidade de apoio desta família e a escuta qualificada em todas as
fases, para que os sentimentos sejam expressos e o luto elaborado [13].
A atuação do enfermeiro
com a família é de extrema importância, pois para que aceitem a morte como
parte da vida, o profissional precisa atuar efetivamente na fase da
terminalidade, buscando minimizar a dor e o sofrimento dos envolvidos. Cabe ao
enfermeiro e sua equipe esclarecer dúvidas, encorajar atitudes positivas e
sobretudo falar com sinceridade e garantir acessibilidade, pois da mesma forma
que a família é importante na recuperação do doente, é essencial na aceitação
do processo de morte e morrer, podendo assim proporcionar conforto e uma morte
digna ao paciente [15].
A morte é mais
facilmente aceita quando se trata de uma doença crônica onde o curso de morrer
pode se arrastar por um longo período de tempo. A dor
e o sofrimento estão presentes, porém, há um tempo para a elaboração gradativa
para o seu manejo e a perspectiva da morte se torna uma companheira constante
para a família [12].
Nos casos de morte
súbita todos são pegos de surpresa, pois não houve um preparo, a dor e o
sofrimento são mais intensos. Nos casos de doenças crônicas existe um laço
emocional, de confiança mais forte entre os profissionais e a família [12].
Categoria 3 -
Atribuições dos enfermeiros no processo de terminalidade infantil
O enfermeiro assume uma
posição de extrema importância em uma equipe. Faz parte de sua atribuição
avaliar sua equipe quanto à qualificação científica para assegurar o cuidado e
a humanização [12].
O processo de morte e
morrer não é considerado uma etapa fácil de enfrentamento no dia a dia em
qualquer setor, logo, na UTIP não seria diferente, principalmente, por tratar-se
de crianças. O profissional precisa ter um olhar amplo e avaliar a necessidade
dos pacientes para treinar sua equipe de acordo com a demanda de serviço. Assim
como ter a percepção de identificar possíveis falhas na atuação dos
profissionais, ausência de conhecimento técnico-científico e até mesmo
sensações de incapacidade [10]. É necessário que o líder (enfermeiro) explique
ao seu grupo de trabalho a importância do cuidado prestado ao paciente em fase
terminal, objetivando proporcionar melhor qualidade de vida para que o mesmo tenha um processo de morrer digno [10].
Deve-se estimular a
equipe a identificar suas fragilidades e buscar recursos para prover o suporte
necessário através de discussões, estudos e treinamentos, na tentativa que
essas ocasiões não sejam tão traumáticas para o profissional e aconteça de
forma mais humanizada possível para o paciente e sua família [10].
Transmitir más notícias
a família dos pacientes é uma atividade estressora para os
profissionais. A comunicação é considerada um elemento crítico para
desempenhar essa tarefa com qualidade, pois é possível acolher e amenizar
sentimentos de dor vivenciados pela família quando a notícia desfavorável é
comunicada de forma empática [11].
A criação de protocolos
proporciona um direcionamento que poderá ser utilizado pelo profissional que
dará a notícia, sendo adaptado de acordo com a singularidade de cada caso [11].
Conclui-se que a morte
mesmo sendo algo natural e inevitável tem uma representatividade muito grande
na sociedade. A idade cronológica do indivíduo é algo muito importante a ser
levado em consideração.
Na UTIP, o enfermeiro
tem função importante no processo de cuidado, tendo como prioridade o conforto
do paciente. O profissional é provido de sentimentos e sensações, e quando
encontram casos de crianças que estão passando pelo processo de morte,
vivenciam sentimentos de sofrimento e impotência. O enfermeiro deve empenhar-se
para modificar as situações estressoras, de forma a entender e amenizar o
sofrimento da equipe. O método mais utilizado pelos profissionais para
afastar-se de condições vulneráveis é o distanciamento do paciente e da
família. Quando eles deveriam criar vínculos, ser empáticos e prover cuidados.
A família deve ser
inserida em todas as etapas do plano de cuidados. O apoio aos familiares é de
extrema importância, a criação de vínculo e a escuta qualificada em todas as
fases são formas de cuidado, para que a família possa expressar seus
sentimentos e elaborar o luto.
É uma atribuição do
enfermeiro avaliar a necessidade dos pacientes para treinar sua equipe,
explicando ao seu grupo de trabalho a importância do cuidado na fase terminal,
objetivando proporcionar melhor qualidade de vida para que o paciente tenha um
processo de morrer digno.