REVISÃO
Fatores relacionados ao
câncer de pele não melanoma na população masculina
Nathalie Resende
Tenório Lopes*, Édila Laura de Souza*, Marcela Maria
França da Silva*, Patrícia Maria da Silva Ferreira*, Fabyano
Palheta Costa**, Sarana Héren
Pereira Ribeiro, M.Sc.***
*Graduanda de
Enfermagem, Universidade Maurício de Nassau, Caruaru/PE, **Enfermeiro,
Especialista em Morfologia Humana Universidade do Estado do Pará (UEPA),
Docente da Uninassau, Caruaru/PE, ***Enfermeira,
Docente da Uninassau, Caruaru/PE
Recebido em 18 de maio
de 2020; aceito em 15 de junho de 2020.
Correspondência: Fabyano
Palheta Costa, Faculdade Uninassau, BR 104, km 68,
1215 - Agamenon Magalhães 55000-000 Caruaru PE
Nathalie Resende Tenório
Lopes: nathalielops@hotmail.com
Édila Laura de Souza:
edila_laura_15@hotmail.com
Marcela Maria França da
Silva: marcella_13@hotmail.com
Patrícia Maria da Silva
Ferreira: patriciaferreira1924@gmail.com
Fabyano Palheta Costa:
palhetaf@hotmail.com
Sarana Héren
Pereira Ribeiro: sarana_pereira@hotmail.com
Resumo
Introdução: O câncer de pele
representa 33% das neoplasias existentes no Brasil, atrás apenas das doenças
cardiovasculares. Até o ano de 2013, eram esperados 518.510 novos casos da
patologia no País, sendo 260.610 em homens, com prevalência do câncer de pele
não melanoma. Objetivo: Sintetizar as pesquisas voltadas ao câncer de pele
não melanoma, a fim de analisar os fatores determinantes da sua incidência no
público masculino, retratando a sintomatologia clínica, o diagnóstico, suas
formas de prevenção e tratamento. Métodos: Trata-se de um artigo de
revisão, de caráter integrativo, cuja coleta de informações foi obtida através
de produções científicas, publicadas no período de 2010 a 2020, nas bases de
dados Lilacs, Scielo,
Medline e BDENF. Resultados: A amostra foi constituída de 16 estudos que
elencam os principais fatores associados ao câncer de pele não melanoma em
homens. Conclusão:
A incidência do câncer de pele não melanoma no
público masculino é crescente e demanda um maior
número de estudos voltadas à
temática e à promoção de
educação em saúde por enfermeiros nessa
população.
Palavras-chave: carcinoma basocelular, carcinoma de células escamosas, neoplasias
cutâneas, saúde do homem.
Abstract
Factors related to non-melanoma skin cancer in the male population
Introduction: Skin cancer represents 33% of neoplasms in Brazil, and second only to
cardiovascular disease. Until the year 2013 it was projected there would be
518.510 new cases of this pathology in the country, 260.610 of which are men
with prevalence of non-melanoma skin cancer. Aim: To synthesize
researches related to non-melanona skin cancer, in
order to analyze the determining factors of its incidence in the male public,
portraying clinical symptoms, diagnosis, types of prevention and treatment.
Methods: This is an integrative literature review, whose data collection was
obtained through scientific productions, published from 2010 to 2020 available
in the Lilacs, Scielo, Medline and BDENF databases. Results:
The sample consisted of 16 studies that list the main factors associated with
non-melanoma skin cancer in men. Conclusion: The incidence of
non-melanoma skin cancer in male is increasing and requires a greater number of
studies focused on the theme and the promotion of health education by nurses in
this population.
Keywords: basal cell carcinoma, squamous cell carcinoma, cutaneous neoplasms,
men’s health.
Resumen
Factores relacionados al cáncer de piel no melanoma en la población
masculina
Introducción: El cáncer de piel representa 33% de las neoplasias existentes en
Brasil, atrás apenas de las enfermedades
cardiovasculares. Hasta el año
de 2013, eran esperados 518.510 nuevos
casos de la patología en el país, siendo
260.610 en hombres, con prevalencia del cáncer de piel
no melanoma. Objetivo: Sintetizar las
pesquisas direccionadas al cáncer
de piel no melanoma, al fin
de analizar los factores determinantes de su incidencia en el
público masculino, retratando la sintomatología
clínica, el diagnóstico, sus formas de prevención y tratamiento. Métodos:
Tratase de un artigo de revisión de literatura, de carácter integrador, cuya colecta de datos fue obtenida
a través de producciones científicas, publicadas en el período de 2010 a 2020, en las bases de datos Lilacs, Scielo,
Medline y BDENF. Resultados: La muestra consistió en 16 estudios que listaban los principales factores asociados al cáncer de piel no melanoma en hombres. Conclusión:
La incidencia del cáncer de piel no melanoma en el público masculino es crecente y demanda grande número de producciones
relacionadas a la temática
y a la promoción de la educación en
salud por enfermeros en esta población.
Palabras-clave: carcinoma basocelular, carcinoma de células escamosas, neoplasias cutáneas, salud del hombre.
O câncer é ocasionado
por uma atipia celular que provoca um desequilíbrio
no crescimento e na mitose da célula. Os antioncogenes
são genes responsáveis pela inativação de células cancerígenas e quando
suprimidos desencadeiam mutações no DNA celular, que podem vir a desenvolver
tumores malignos [1].
A estimativa é de que
até 2030, surjam 27 milhões de casos de câncer em todo o mundo. No Brasil, a
expectativa para 2013 era de 518.510 novos casos da doença, sendo 260.640 em
pessoas do sexo masculino, com prevalência do câncer de pele não melanoma
(CPNM), entre outros fatores, devido à maior exposição solar [2].
O câncer de pele é uma
das doenças no mundo com mais recorrência em caucasianos, sendo pessoas
asiáticas, negras e hispânicas acometidas em menor quantidade [3]. O Instituto
Nacional de Câncer (INCA), aponta o surgimento de cerca de 180 mil novos casos
a cada ano, representando 33% das neoplasias existentes no Brasil, mais
comumente nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste do país [4].
As neoplasias cutâneas
apresentam-se em dois grupos principais, que são: melanoma e não melanoma. O
CPNM, subdivide-se em carcinoma basocelular (CBC) e
Carcinoma Espinocelular (CEC) ou Epidermoide. O CBC
predomina entre as demais classificações e geralmente as lesões se apresentam
em áreas mais expostas ao sol, com origem em células não queratinizadas,
responsáveis por formar a camada basal da epiderme, sendo mais comum em adultos
e idosos, caracterizando-se como um nódulo de evolução lenta. O CEC é o segundo
mais prevalente e se manifesta nos ceratinócitos,
células escamosas que constituem parte das camadas superiores da pele. Esse,
geralmente surge através de lesões cutâneas cicatrizadas, ou não, e apesar de
não ocorrer com frequência, pode apresentar metástases. Os outros tipos de CPNM
são considerados mais raros, representando apenas 1% do total [4-5].
Os carcinomas se
configuram como segundo fator de mortalidade brasileira, atrás apenas das
doenças cardiovasculares. Apesar de baixa letalidade e com um diagnóstico de
detecção precoce simples, por ser visualizado facilmente através da exposição
do tumor, o CPNM apresenta uma incidência estarrecedora por causas
diversificadas, ocasionando mais óbitos masculinos que o câncer de próstata,
gerando uma sobrecarga no sistema de saúde e comprometendo a qualidade de vida
do indivíduo acometido [6]. Ora, quando diagnosticados precocemente e abordados
de forma correta, 90% dos tumores possuem altos índices de cura [7].
Diante deste cenário,
esse estudo objetiva sintetizar as pesquisas voltadas ao câncer de pele não
melanoma, a fim de analisar os fatores determinantes da sua incidência no
público masculino, retratando a sintomatologia clínica, o diagnóstico, suas
formas de prevenção e tratamento.
O presente estudo
adotou a perspectiva de revisão da literatura de caráter integrativo,
considerando a vertente de mapeamento e análise em produções científicas de
diversas áreas do conhecimento.
O material analisado
foi obtido por meio de artigos científicos indexados nas seguintes plataformas
online: Scientific Electronic
Library Online (Scielo), Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs),
Medical Literature Analysis
and Retrieval System Online
(Medline) e Base de Dados em Enfermagem (BDENF). Também foram utilizados livros
relacionados à temática da pesquisa e fontes oficiais como a Sociedade
Brasileira de Dermatologia (SBD) e o INCA.
A seleção dos estudos
foi estruturada a partir da utilização dos seguintes termos dos Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS): neoplasias cutâneas, saúde
do homem, carcinoma basocelular e carcinoma de
células escamosas, que conduziram a uma amostra de 56 artigos. Destes, foram
selecionados 47 estudos, tendo como critérios de inclusão os que estavam
disponíveis na íntegra e publicados no período de 2010 a 2020, no idioma
português, espanhol ou inglês.
Em seguida, realizou-se
uma análise criteriosa dos títulos e resumos de cada estudo e, caso necessário,
recorria-se à leitura integral do mesmo. Essa última
etapa levou à exclusão de mais 31 artigos, por não se enquadrarem nos
parâmetros inclusivos da pesquisa, não atenderem a temática proposta ou
duplicados. Deste modo, contemplaram-se 16 artigos para compor o escopo do
estudo, que pela sua natureza revisional, não necessita de submissão ao Comitê
de Ética em Pesquisa.
No processo de triagem
dos artigos, foi possível identificar uma predominância de publicações sobre o
câncer de pele de forma geral. Observou-se uma escassez de estudos sobre o
câncer de pele não melanoma focado no público masculino.
Para a análise dos
estudos selecionados, os dados obtidos foram distribuídos em 4 quadros, de
acordo com a base de dados indexada Scielo, Medline, Lilacs e BDENF respectivamente, e foram sintetizados em
consonância com o ano de sua publicação, o nome do autor, título, o objetivo
geral do estudo e seus principais resultados.
Quadro 1 – Descrição dos estudos
selecionados e analisados na Scielo.
Quadro 2 – Descrição dos estudos
selecionados e analisados no Medline.
Quadro 3 – Descrição dos estudos
selecionados e analisados no Lilacs.
Quadro 4 – Descrição dos
estudos selecionados e analisados na BDENF.
De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar de prevenível, a cada três casos de
neoplasias, um representa o câncer de pele, sendo essa a neoplasia mais comum
no mundo todo, com um crescente número de casos. É classificada em dois tipos:
melanoma e não melanoma, sendo o último, o mais frequente, representando mais
de 50% de todos os casos [8].
O organismo humano está
exposto a diversos fatores carcinogênicos, com efeitos aditivos ou
multiplicativos que alteram o desenvolvimento habitual das células, como
exposição a fatores exógenos secundários e predisposição genética. Estes
dificultam a capacidade de controle do crescimento celular e tem um grande
papel na resposta final, porém ainda não há possibilidade de definir o grau de
influência e sua relação entre a dose, o período e a resposta individual à
exposição ao carcinógeno [1].
A mutação de um gene
inicia-se quando um agente carcinógeno atua sobre um genoma, desencadeando a
ativação do oncogene. Vários fatores podem ser elencados como precursores
dessas alterações, sendo o espectro da luz violeta o principal deles no câncer
de pele. Através da intensa exposição solar desprotegida, os raios
ultravioletas induzem alterações nos genes supressores das neoplasias de pele,
denegrindo o material genético, o que ocasiona um enfraquecimento da imunidade
cutânea, desencadeando a produção de radicais livres, causando inflamações e
influenciando mutações malignas nas células [9].
A sintomatologia e
sinais clínicos do câncer de pele não melanoma, em sua maioria são
caracterizados pela presença de feridas neoplásicas; lesões que não cicatrizam
em até quatro semanas; manchas que causam coceiras e descamação; dor, que pode
estar associada ao crescimento neoplásico que gera uma compressão nas raízes
nervosas locais; sinais de infecção como exsudato progressivo, odor fétido e
sangramento, relacionado a plaquetopenia e coagulopatia
[10].
O carcinoma basocelular se configura pela sua capacidade de ulceração e
sangramento, geralmente, é relatado como uma “ferida que sangra e não
cicatriza”, assemelhando-se a um eczema, de aspecto avermelhado e brilhoso,
acompanhado de uma crosta, oriunda da necrose tecidual [5]. Pode manifestar um
comportamento invasivo e apresentar recidivas após o tratamento, principalmente
no primeiro ano. As regiões topográficas mais acometidas pelo tumor são aquelas
que tendem a ficar mais expostas ao sol, como a cabeça e o pescoço (70%),
raramente aparecem na região do tronco (15%), mãos e genitais [11], ratificando
o efeito nocivo da radiação ultravioleta.
O epidermóide
apresenta-se com ferida de espessura significativa, alteração na pigmentação da
pele, descamação e enrugamento associado a perca da elasticidade local [5].
O CPNM acomete em maior
número pessoas idosas, com média de 75 anos de idade [12], especialmente as que
possuem histórico familiar positivo para carcinoma basocelular,
aumentando as chances de 30% a 60% nesse grupo [13], podendo ser justificado
pelo diagnóstico tardio e o efeito cumulativo da exposição prolongada ao
decorrer da vida jovem e adulta [14].
Estudos revelaram que
fatores como pele branca e olhos claros estão relacionados ao grupo de risco do
câncer não melanoma [12,10], corroborando outros resultados que exemplificam
que dos 758 casos analisados, 381 eram pessoas brancas e 145 pardas (69,9% e
26,6% respectivamente) [15].
Outros fatores como
feridas não cicatrizadas, doenças prévias de pele, cicatrizes, queimaduras,
inflamações crônicas expostas aos raios solares e exposição à radiação
ionizante mostraram-se como causas prováveis do desencadeamento da neoplasia de
pele não melanoma [11].
Achados sobre o câncer
de pele não melanoma, revelam uma incidência da patologia em pessoas do sexo
masculino, relacionadas aos hábitos, ocupação e exposição solar excessiva
desprotegida [10,16,17].
Um estudo observacional
retrospectivo, elaborado no estado brasileiro do Rio Grande do Norte, revelou
que de 758 casos de CPNM, 440 correspondiam a homens (58%), com média de idade
de 68 anos. Em uma pesquisa realizada no Chile, dos 236 pacientes
diagnosticados com a doença 153 eram homens (64,85%) e 83 mulheres (35,2%),
ambos resultados ratificam uma prevalência de casos no público masculino [14,15].
A incidência do câncer
de pele em homens pode ser justificada principalmente pela alta exposição
atrelada a atividade laboral. Profissionais do setor industrial, os quais estão
expostos às substâncias cancerígenas e as ocupações que exigem do trabalhador
práticas ao ar livre, com exposição em intensidade e horários não recomendados
(10 e 16h) como a pesca, agricultura e construção civil, muito comuns em países
como o Brasil, ainda estão associadas predominantemente ao gênero masculino.
Além disso, os trabalhadores que se expõem excessivamente à radiação
ultravioleta possuem vinte vezes mais chances de desenvolver neoplasias
cutâneas, em comparação aos demais trabalhadores [18].
Outro fator associado
ao câncer de pele não melanoma na população masculina é o machismo instituído
ao longo dos anos, que impõe uma relação verticalizada entre homem e mulher
[19]. Este propulsiona a cultura do autocuidado que é bastante comum entre os
homens, associando o cuidado com a sua saúde à fraqueza de suas masculinidades.
Desde os primórdios, o
homem é ensinado a não ser vulnerável, e não expressar sentimentos que conotem
fragilidade, nesse contexto, o processo de adoecimento estaria atrelado a um
ser frágil [20]. Assim sendo, restringe o cuidado ao sexo feminino e torna o
homem mais suscetível a doenças preveníveis, como o CPNM.
A literatura revela um
grande impacto negativo, visualizado em pesquisas acerca do indivíduo acometido
pelo câncer de pele não melanoma, quanto as expressões reveladas pelos homens
ao receberem o diagnóstico da doença. Boa parte deles exala um sentimento de
incerteza em relação a cura e incapacidade, por se tratar de um tipo de
neoplasia [2]. Além disso, o câncer de pele não melanoma pode causar prejuízos
estéticos consideráveis, ocasionando cicatrizes, ulcerações graves, e
deformidades físicas que podem levar ao afastamento de suas funções
trabalhistas, estorvando sua renda, e consequentemente sua qualidade de vida
[21].
A análise dos efeitos
nocivos da não adesão às práticas de cuidado pela população masculina, levou a
concepção no Brasil da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem
(PNAISH), que menciona os determinantes sociais que deliberam sobre a
vulnerabilidade masculina aos agravos de saúde, e trazem reflexões acerca dos
elevados indicadores de morbidade e altos índices de mortalidade em homens
[20].
Um estudo sobre os
homens e o adoecimento por câncer aponta que em relação a saúde masculina, há
um maior enfoque em pesquisas e ações de prevenção para as neoplasias do
sistema genital masculino, a exemplo do câncer de próstata, mesmo que cânceres
como o CPNM possuam uma incidência maior nessa população [22].
Os achados científicos
pontuam que há uma grande responsabilidade das equipes de saúde no
desenvolvimento de ações que auxiliem no cuidado com a saúde dos homens,
fazendo-se necessário o incentivo de práticas de autocuidado no público
masculino, tendo em vista que o conhecimento acerca da prevenção ainda é a
forma mais efetiva no salvamento de vidas, reduzindo os custos para os serviços
de saúde, sendo eles públicos ou privados, e elaborando estratégias que
abarquem a prevenção do CPNM [23-24].
É relevante a adesão
dessa população às ações de saúde junto aos profissionais, e que as discussões
estejam ligadas ao impacto da cultura em crenças e práticas de atenção à saúde
masculina, de modo a atrair os homens aos serviços de saúde, quebrando
paradigmas ultrapassados e transformando as práticas esporádicas de cuidado, em
rotina [22,24].
O andamento de ações
direcionadas ao público masculino mostra-se como uma temática desafiadora para
os trabalhadores e os gestores da saúde, exprimindo a necessidade de maior
entendimento das questões socioculturais ao realizar ações de prevenção,
diagnóstico e tratamento de neoplasias na população masculina [22].
Um
estudo realizado
sobre o perfil sociodemográfico de pacientes com feridas
neoplásicas revelou
que a falta de informação pode estar relacionada a
incidência da doença dentre
as demais neoplasias, pois, dos pacientes avaliados, 34,3%
possuíam ensino
fundamental incompleto e 31,3% não possuíam nenhuma
escolaridade [10]. No
âmbito da atenção primária, dos pacientes
diagnosticados com neoplasias
cutâneas, 50% não manifestaram conhecimento sobre a sua
doença, elencando um
déficit na promoção da educação em
saúde sobre a temática na atenção
básica
[2].
Nesse quesito,
observou-se que a educação em saúde sobre o CPNM na atenção primária é de baixa
qualidade, tornando-se mais deficiente para o público masculino, o qual
necessita de orientações e cuidados individualizados [2]. O trabalho de
educação em saúde deve considerar a orientação desse grupo, com o intuito de
minimizar os danos à saúde do homem, planejando a inclusão do mesmo nas ações
de saúde da atenção primária, a fim de promover comportamentos preventivos
[18].
Conforme o INCA, o
aumento na percentagem da prevenção do câncer, pode contribuir na redução em
cerca de um terço dos novos casos de neoplasias [25]. Tendo em vista que o
fator predisponente de maior relevância para o câncer de pele não melanoma é a
alta exposição solar desprotegida, os principais meios de prevenção da
patologia são através de prevenção primária e secundária. A primeira consiste
em evitar a exposição solar nos horários entre 10 e 16h do dia, o uso de filtro
solar diariamente, preferencialmente com Fator de Proteção Solar (FPS) ≥
50, o uso de bonés, roupas claras com mangas que cubram braços e pernas como um
todo, sombrinhas e óculos com proteção ultravioleta. E a segunda corresponde ao
diagnóstico precoce [7,26,27].
Revelou-se um negligenciamento no diagnóstico dos cânceres da pele não
melanoma, visto que cerca de um terço dos carcinomas basocelulares
que tiveram evolução significativa, possuíram um diagnóstico tardio, o que veio
a prejudicar no tratamento do paciente. Aspectos como baixo nível
socioeconômico, higienização precária e analfabetismo estavam correlacionados
[28].
O diagnóstico do câncer
de pele não melanoma depende da consistência e fundamentação das informações dermatoscópicas, clínicas e principalmente histopatológicas
[29]. Inicialmente, o diagnóstico é realizado através do exame clínico com um
profissional especializado, o qual analisará as lesões ou manchas cutâneas do
paciente. Essa análise é feita através de um dermatoscópio,
que ampliará visualmente a área lesionada, proporcionando uma avaliação
minuciosa [30,31].
O método diagnóstico
mais importante do CPNM, é o exame histopatológico realizado através da
cirurgia micrográfica de Mohs,
apesar de a dermatoscopia se mostrar eficiente e
benéfica por não ser invasiva. A biópsia além de ofertar uma diferenciação
precisa do tumor cutâneo, também é utilizada como método terapêutico [29].
No tocante ao
tratamento do câncer de pele não melanoma, a cirurgia excisional
revela-se como o método mais eficaz. Estudos revelam que a maioria dos
pacientes diagnosticados com a neoplasia, submetem-se à essa terapêutica e
apresentam um percentual de cura entre 95% e 99%, raramente necessitando da
associação com outros métodos, como a radioterapia e quimioterapia [15].
Os tumores que
apresentam margens reduzidas e não têm caráter invasivo podem ser submetidos à eletrodissecção por meio da curetagem e criocirurgia
através do congelamento da lesão neoplásica com nitrogênio líquido. Porém, este
último não apresenta uma acurácia relevante [5,32].
Além das medidas
terapêuticas citadas é pertinente o uso de medicações orais, como analgésicos
não opióides e/ou antiflamatórios
no manejo da dor, considerando que este é um sintoma frequente de pacientes com
câncer, apesar de alguns, como nos casos basocelulares,
apresentarem feridas indolores [10].
Foi possível
identificar um déficit nas produções científicas que abarcam o processo de
adoecimento masculino, quando confrontado com o número de publicações voltadas
à população feminina, pontuando a importância do incentivo às pesquisas
destinadas à facilitação da adesão do público masculino ao autocuidado e a
compreensão do processo saúde-doença, promovendo a melhoria dos hábitos de vida
desses.
Considerando que
aproximadamente um terço dos casos de câncer de pele não melanoma podem ser
evitados por meio da prevenção primária, percebe-se a relevância de estudos que
estimulem a promoção de ações educativas e preventivas em saúde pelos
profissionais da área, em maior parte por enfermeiros, visto que estes atuam
como pilares da educação em saúde, delineando métodos que venham a reconhecer
as demandas primordiais na promoção da saúde do homem. Deste modo, espera-se
atrair a atenção dos profissionais da enfermagem para essa patologia,
contribuindo, assim, para o crescimento exponencial do conhecimento acerca da
temática aqui proposta.