Enferm Bras 2021;2093):413-28

doi: 10.33233/eb.v20i3.4233

REVISÃO

Estresse ocupacional em ambiente hospitalar no cenário da COVID-19: revisão das estratégias de enfrentamento dos trabalhadores de enfermagem

 

Keila Cristina Costa Barros, M.Sc.*, Mariana Silveira Leal, M.Sc.*, Rita de Cássia Rocha Moreira, D.Sc.*, Anna Carolina Oliveira Cohim Mercês, M.Sc.*, Ubiane Oiticica Porto Reis, M.Sc.*, Jessica Santos Passos Costa, M.Sc.* 

 

*Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) 

 

Recebido em 26 de junho de 2020; aceito em 29 de junho de 2021.

Correspondência: Keila Cristina Costa Barros, Rua Monte Verde, 76, Parque Getúlio Vargas, 44076736 Feira de Santana BA

 

Keila Cristina Costa Barros: keilaccosta@hotmail.com  

Mariana Silveira Leal: marianaleal.enf@hotmail.com  

Rita de Cássia Rocha Moreira: ritahelio01@yahoo.com.br

Anna Carolina Oliveira Cohim Mercês: carol_cohim@hotmail.com

Ubiane Oiticica Porto Reis: ubianepr@gmail.com

Jessica Santos Passos Costa: jessy17_sp@hotmail.com  

 

Resumo

Introdução: A COVID-19 é um problema de saúde pública mundial que possui potencial risco à vida e amplo potencial de disseminação fazendo-se necessário a implementação de estratégias que visem a qualidade da assistência em saúde. Objetivo: Identificar estratégias de enfrentamento do estresse ocupacional dos trabalhadores de enfermagem em ambiente hospitalar no cenário da pandemia COVID-19, por meio de uma revisão bibliográfica. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa, descritiva, qualitativa, realizada nos meses de junho a julho de 2020. Foram selecionados 12 artigos. Três com abordagem quantitativa e nove qualitativas. Resultados: Foi identificado o consenso entre os autores acerca dos efeitos psicológicos negativos que a pandemia trouxe para os profissionais de enfermagem, com destaque para o estresse e a depressão, assim como a importância da realização de estratégias de controle. Conclusão: O Coping, a “sala de bem-estar”, o treinamento de habilidades de comunicação, inteligência emocional, gestão participativa, corresponsabilização dos sujeitos, reflexão das práticas de risco e a tomada de consciência, foram identificados como importantes estratégias de enfrentamento das condições negativas promovidas nesse período de pandemia.

Palavras-chave: estresse ocupacional; equipe de enfermagem; infecções por coronavirus; saúde do trabalhador.

 

Abstract

Occupational stress in a hospital setting in the scenario of COVID-19: review of coping strategies of nursing workers

Introduction: COVID-19 is a worldwide public health problem that has a potential risk to life and a wide potential for dissemination, making it necessary to implement strategies aimed at the quality of health care. Objective: To identify strategies for coping with occupational stress among nursing workers in a hospital setting in the pandemic scenario COVID-19, through a literature review. Methods: This is an integrative, descriptive, qualitative review, carried out from June to July 2020. Twelve articles were selected. Three with a quantitative approach and nine qualitative. Results: A consensus was identified among the authors about the negative psychological effects that the pandemic brought to nursing professionals, with emphasis on stress and depression, as well as on the importance of carrying out control strategies. Conclusion: Coping, the “well-being room”, the training of communication skills, emotional intelligence, participative management, co-responsibility of the subjects, reflection of risk practices and awareness raising, were identified as important strategies for coping with negative conditions promoted in this pandemic period.

Keywords: occupational stress; nursing, team; coronavirus infections; occupational health.

 

Resumen

Estrés laboral en el ámbito hospitalario en el escenario del COVID-19: revisión de las estrategias de afrontamiento del personal de enfermería

Introducción: COVID-19 es un problema de salud pública mundial que tiene un potencial riesgo para la vida y un amplio potencial de diseminación, por lo que es necesario implementar estrategias orientadas a la calidad de la atención en salud. Objetivo: Identificar estrategias para el afrontamiento del estrés ocupacional en trabajadores de enfermería en un ámbito hospitalario en el escenario pandémico COVID-19, a través de una revisión de la literatura. Métodos: Se trata de una revisión integradora, descriptiva, cualitativa, realizada de junio a julio de 2020. Se seleccionaron 12 artículos. Tres con enfoque cuantitativo y nueve cualitativo. Resultados: Se identificó un consenso entre los autores sobre los efectos psicológicos negativos que la pandemia trajo a los profesionales de enfermería, con énfasis en el estrés y la depresión, así como en la importancia de llevar a cabo estrategias de control. Conclusión: El afrontamiento, la “sala de bienestar”, la formación de habilidades comunicativas, la inteligencia emocional, la gestión participativa, la corresponsabilidad de los sujetos, la reflexión de prácticas de riesgo y la sensibilización fueron identificadas como estrategias importantes para el enfrentamiento de condiciones negativas promovidas en este período pandémico.

Palabras-clave: estrés laboral; grupo de enfermería; infecciones por coronavirus; salud laboral.

 

Introdução

 

O surto do novo coronavírus (SARs-CoV-2), causador da COVID-19, surgiu na cidade de Wuhan, região central da China em dezembro de 2019, responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e a partir de então, houve grande preocupação diante de uma emergência de saúde pública de importância internacional, que rapidamente se disseminou em vários continentes do mundo, com diferentes impactos epidemiológicos [1].

A doença pode ser potencialmente fatal e representa o mais importante problema mundial de saúde pública dos últimos 100 anos, comparado apenas com a gripe espanhola que matou cerca de 25 milhões de pessoas entre os anos 1918 e 1920 [2]. O primeiro caso da COVID-19 no Brasil foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020, e em 17 de março de 2020 foi registrado o primeiro óbito no país. À medida que a pandemia acelerava, em 20 de março de 2020, foi reconhecida a transmissão comunitária em todo território nacional [3].

A Organização Mundial de Saúde (OMS) registrou até a Semana Epidemiológica (SE) no dia 18 de julho, 14.044.872 casos confirmados da COVID-19 no mundo. Os Estados Unidos da América (EUA) foi o país com o maior número de casos (3.647.715), seguido por Brasil (2.074.860), Índia (1.038.716), Rússia (765.437) e Peru (345.537). Em relação aos óbitos, foram confirmados 597.148 no mundo, até a SE [3].

Desde o primeiro caso de óbito no Brasil, em março de 2020, o número cresce exponencialmente. Os EUA, em números absolutos de óbitos, são considerados com maior registro (139.266), seguido por Brasil (78.772), Reino Unido (45.233), México (38.310) e Itália (35.028) [4].

O crescente número de casos favoreceu um aumento no número de pessoas que procuraram os serviços de saúde a fim de receber tratamento, cuidado especializado e orientações, que, consequentemente demanda envolvimento dos profissionais de saúde no cenário da pandemia, além de potencializar a chance de contaminação e propagação do vírus, bem como, a sobrecarga de trabalho e o ambiente propício para o risco de desenvolver problemas psicológicos, como ansiedade, estresse ocupacional e depressão [5].

Nessa perspectiva, o profissional de enfermagem, por compor a maior parte do quadro de funcionários dos hospitais, acaba sendo o grupo que mais está susceptível as más condições de trabalho e insalubridade, potencializando a percepção dos enfermeiros diante da falta de condições de trabalho, sensação de incapacidade, medo, insegurança, ansiedade e estresse multipsicológico. Situações essas que podem comprometer o enfrentamento às situações críticas ocasionadas pela COVID-19 e que interferem diretamente no processo de cuidar de si e do outro, gerando conflitos interpessoais, estresse ocupacional, exaustão física, estigmatização, além do elevado risco de contaminação com agentes biológicos [5,6].

Nesse sentido, o enfrentamento de situações críticas como as geradas pelo cenário da pandemia da COVID-19, evidencia a necessidade de visibilizar aspectos que implicam na valorização das políticas públicas, como estratégias, condições e organização de trabalho, adoção de equipes multidisciplinares de saúde mental, além do respeito à biossegurança (como o uso correto dos equipamentos de segurança), dentre outros [6].

Dessa maneira, o objetivo deste estudo foi de identificar estratégias de enfrentamento do estresse ocupacional dos trabalhadores de enfermagem em ambiente hospitalar no cenário da pandemia COVID-19, por meio de uma revisão.

 

Métodos

 

Trata-se de uma revisão integrativa, descritiva, qualitativa, realizada nos meses de junho a julho de 2020. Este tipo de revisão é uma das mais amplas propostas metodológicas de pesquisa, pois busca a solução de questões de pesquisa por meio da literatura científica publicada em periódicos de relevância.

A pesquisa foi desenvolvida em seis etapas: estabelecimento da questão da pesquisa; busca de publicações em bases de dados; seleção dos estudos; categorização dos artigos incluídos na revisão; interpretação e apresentação dos resultados [7].

A questão norteadora da pesquisa foi: “Quais as estratégias de enfrentamento do estresse ocupacional dos trabalhadores de enfermagem em ambiente hospitalar no cenário da pandemia pela COVID-19?”

O levantamento de dados se iniciou no mês de junho de 2020 a partir de artigos contidos no banco de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Pubmed. Realizou-se cruzamentos dos descritores padronizados com a combinação de Descritores em Ciências da Saúde (DECS) e seus respectivos em inglês Medical Subject Heading (MESH), com utilização dos operadores booleanos AND: “Estresse Ocupacional”, “Equipe de Enfermagem”, “Infeccções por Coronavírus”, “Saúde do Trabalhador”.

Foram adotados os critérios de inclusão: publicações que contemplavam o objetivo desta revisão, estar em língua portuguesa e inglesa nos últimos 4 anos (2016-2020) e disponível eletronicamente. Foram excluídos: dissertações, teses, monografias, estudos de revisões que apresentaram duplicidade e os que não se enquadraram na temática e objetivo do estudo.

Para a seleção dos artigos, utilizou-se busca por pares, por intuito de garantir a confiabilidade. O processo de seleção, seguiu as recomendações Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta Analyses (PRISMA) [8]. O fluxograma dos artigos que se enquadravam nos objetivos do estudo e responderam à questão norteadora estão apresentados, de maneira detalhada no Figura1.

A composição dos estudos seguiu as recomendações quanto à prática baseada em evidências, organizadas de maneira hierárquica, da Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ), que classifica em seis níveis [9].

Nível 1: metanálise de múltiplos estudos controlados; nível 2: estudo individuado e experimental; nível 3: com delineamento experimental como estudo sem randomização (quase-experimentais), séries temporais ou caso controle; nível 4: delineamento não experimental (estudos de coorte, caso-controle e transversal), pesquisa correlacional e qualitativa; nível 5: relatórios de casos ou dados obtidos de forma sistemática, de qualidade verificável ou dados de avaliação de programas; nível 6: opinião de autoridades respeitáveis baseada na competência clínica ou opinião de comitês de especialistas, incluindo interpretações de informações não baseadas em pesquisas [9].

A seleção dos artigos se deu inicialmente pela leitura dos títulos, seguida dos resumos, e, foram selecionados aqueles que contemplavam o objetivo do estudo, posteriormente iniciou-se a leitura integral dos textos científicos.

 

 

Figura 1 - Fluxograma do processo de seleção dos estudos por meio do método PRISMA

 

Resultados

 

Foram encontrados 7.923 artigos, dentre os quais, 12 que abordavam o objetivo do estudo foram selecionados para compor a amostra da pesquisa. A BVS abrangeu 41,6% da quantidade de artigos (n = 5), seguida pelo Scielo 33,3% (n = 4) e Pubmed 25% (n = 3).

Os artigos foram selecionados utilizando o critério de especificidade que o tema exigia. Os estudos encontrados foram publicados no período de 2016 a 2020, sendo 2 publicações nos anos de 2016 e 2017 respectivamente, 2 publicações do ano de 2018 e 8 publicações do ano de 2020. No quadro 1, as publicações foram dispostas seguindo a ordem: autores e ano, revista, ano de publicação, título, principais resultados, nível de evidência e base na qual estavam inseridos.

Quatro artigos selecionados (33,3%), estavam publicados em inglês e 66,7% em português. De acordo com o referencial da AHRQ cinco artigos apresentaram nível evidência quatro (41,6%), três artigos nível de evidência 5 e três com nível evidência 6 (25%), e, um artigo do nível 3 (8,3%).

Três estudos apresentavam abordagem quantitativa (25%) (dois transversais e um quase experimental), nove, abordagem qualitativa (75%) (uma pesquisa convergente assistencial, uma revisão integrativa, duas opiniões de comitês de especialistas, um relato de experiência e quatro revisões de literatura).

A estratégia de busca dessa investigação possibilitou a obtenção de 12 estudos contidos nos bancos de dados da BVS, Scielo e Pubmed. Após a leitura, foi elaborado um quadro com a classificação dos estudos selecionados.

 

Quadro 1Síntese dos estudos selecionados na amostra (ver PDF anexo)

 

Discussão

 

Houve consenso em todos os estudos acerca dos efeitos psicológicos que a pandemia trouxe para os profissionais de enfermagem, como também para toda a população, assim como nas estratégias de enfrentamento adotadas para os trabalhadores. O fato de não haver tratamento específico e a baixa previsibilidade da doença trouxe para a equipe de saúde elevados níveis de depressão e ansiedade, e o alto nível de complexidade de cuidados nos pacientes eleva o fator de estresse ocupacional nos profissionais enfermeiros e auxiliares/técnicos de enfermagem [12].

Esses trabalhadores lidam diariamente com situações que necessitam da tomada de decisão e atuação técnica rápidas e eficientes e na pandemia da COVID-19, além destas habilidades, exige um apoio psicoemocional ao lado do paciente e famílias. Desta forma, diversos pesquisadores buscam compreender além das consequências físicas desta doença, as psicológicas [16,19].

Os pacientes com diagnóstico da COVID-19 requerem níveis de cuidados complexos dos trabalhadores de enfermagem, com aumento da demanda de trabalho, e mais expostos ao estresse ocupacional. Esse estresse é percebido pelo profissional como algo negativo a partir da incapacidade de enfrentar essas fontes de pressão diárias [12].

A Enfermagem é a profissão na qual o cuidado é a base do cenário de atuação [19]. São os profissionais que permanecem continuamente ao lado do paciente, caracterizados como principais na linha de frente. Porém, devemos considerar, além do trabalho técnico desempenhado, os aspectos psicológicos e emocionais [19].

Os fatores estressores ocupacionais que já ocorriam na categoria, como condições de trabalho precárias, desvalorização profissional, baixa remuneração, conflitos interpessoais e ausência ou escassez de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados, entre outros fatores desencadeantes de desgastes físicos e psíquicos, foram potencializados com a sobrecarga de trabalho, estigmatização, ostracização, separação de suas famílias e entes queridos, e, o dilema ao decidir como racionar recursos escassos para os pacientes [14,18]. Esse último traz um dilema ético excruciante na saúde pública, na tentativa de pesar diferentes valores éticos, como, por exemplo, a avaliação para decidir quem recebe recursos escassos, como ventiladores [18].

Algumas estratégias de combate ao estresse emocional atrelado a COVID-19, baseadas nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), juntamente com a Cruz Vermelha, está a tentativa em manter a rotina o mais próximo possível ao “normal”, medida essa corroborada por outros autores [19,20,21,22].

Dentre as estratégias de controle, estão o coping e “sala de bem-estar”. O coping representa estratégias de enfrentamento desenvolvidas pelo indivíduo ou profissional de saúde no modo consciente, objetivando criar esforços cognitivos, comportamentais e emocionais, com o propósito de administrar os recursos internos e externos para lidar com situações estressantes [12,13].

A utilização de uma “sala de bem-estar” no local de trabalho, com ações que estimulem o autocuidado, apoio social entre uma equipe e prática de atividade física, e que disponibilize técnicas de relaxamento físico e mental, com práticas educativas sobre gestão e enfrentamento do estresse, objetiva a redução do estresse entre trabalhadores de enfermagem [12,13]. Além disso, o treinamento de habilidades de comunicação, inteligência emocional e gestão participativa, corresponsabilização dos sujeitos, reflexão das práticas de risco e a tomada de consciência [10,11].

Os trabalhadores de enfermagem estão sob condições extremas, como longas horas de trabalho durante a pandemia da COVID-19. Portanto, com essa situação existencial, faz-se necessário gerenciar o estresse e a fadiga, que devem ser previstos e reconhecidos. O apoio à saúde mental destes trabalhadores deve ser viabilizado a fim de dissipar as incertezas e o medo [14].          

É essencial assegurar aos trabalhadores de enfermagem o acesso aos EPI em quantidade suficiente e com qualidade, para evitar e controlar vetores de transmissão e também a capacitação dos funcionários para a utilização adequada das barreiras à exposição, assim como os ajustes na estrutura dos fluxos operacionais dos serviços [15,17].

Interagir, envolver e corresponsabilizar a equipe de saúde para reflexão das práticas de risco que os cercam também são essenciais. A implementação de uma prática educativa pautada em valores envolve e responsabiliza, resultando na participação dos envolvidos com mudanças da realidade no que se refere a práticas preventivas frente aos riscos ocupacionais [11].

As instituições de saúde devem favorecer intervenções específicas para que sejam tomadas de forma precoce ao identificar mudanças de comportamento dos profissionais que estão na linha de frente durante a pandemia. No Brasil, existem iniciativas com a finalidade de cuidar do sofrimento psíquico dos seus profissionais de saúde no momento pandêmico, na lógica digital ou telessaúde. Essas novas abordagens estão em desenvolvimento e podem ser estendidas a muitas pessoas [20].

Este estudo traz como principal limitador as evidências de uma doença infecciosa nova, com discussões ainda a serem aprofundadas e não nos permite conclusões duradouras, pois, a cada dia, surgem estudos em torno da comunidade científica mundial. Porém, analisando a experiência de outros países na pandemia atual, bem como em epidemias locais, até a submissão deste desenho científico, pode-se observar os impactos dos efeitos estressores ocupacionais para os profissionais da saúde.

A vantagem do estudo se pauta no fomento de colaborar com reflexões e discussões, que possibilitem novas estratégias de enfrentamento dos trabalhadores de Enfermagem, para minimizar o estresse ocupacional e garantir melhor qualidade de vida aos mesmos.

 

Conclusão

 

Com a elaboração deste artigo foi possível identificar as estratégias de enfrentamento do estresse ocupacional dos trabalhadores no sentido de viabilizar o bem-estar dos profissionais de enfermagem, tais como: o coping, a “sala de bem-estar”, o treinamento de habilidades de comunicação, inteligência emocional, gestão participativa, corresponsabilização dos sujeitos, reflexão das práticas de risco, a tomada de consciência, colocação e retirada correta dos equipamentos de segurança.

Os profissionais de enfermagem enfrentam diariamente situações estressantes, trabalhando sob condições extremas durante longas horas, que demandam rápida tomada de decisões, dessa maneira, há consenso na literatura que a pandemia sobrecarregou os efeitos desses estressores ocupacionais, podendo trazer consequências físicas e mentais permanentes para a vida dos trabalhadores.

A enfermagem corresponde a um grupo de profissionais, que tem o cuidado como base do cenário de atuação, sendo também aqueles que permanecem continuamente ao lado do paciente, os caracterizando como principais na linha de frente. O apoio à saúde mental destes trabalhadores deve ser fornecido a fim de dissipar as incertezas e o medo que estão enfrentando, assim, as instituições de saúde devem favorecer intervenções específicas para que sejam tomadas de forma precoce ao identificar mudanças de comportamento dos profissionais que estão na linha de frente durante a pandemia de COVID-19.

 

Referências

 

  1. Freitas ARR, Napimiga M, Donalisio MR. Análise da gravidade da pandemia de COVID-19. Ver Epidemiol Serv Saude 2020;29(2):e2020119. https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000200008 [Crossref]
  2. Medeiros EA. A luta dos profissionais de saúde no enfrentamento da COVID-19. Rev Acta Paul Enferm 2020;33:e-EDT20200003. https://doi.org/10.37689/actaape/2020EDT0003 [Crossref]
  3. Oliveira WK, Duarte E, França GVA, Garcia LP. Como o Brasil pode deter a COVID-19. Rev Epidemiol Serv Saude 2020;29(2):e2020044. https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000200023 [Crossref]
  4. Secretaria de Vigilância da Saúde - Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico 29 Doença pelo Coronavírus 2020. Brasília: MS; 2020.
  5. Santos JNMO, Longuiniere ACF, Vieira SNS, Amaral APS, Sanches GDJC, Vilela ABA. Estresse ocupacional: exposição da equipe de enfermagem de uma unidade de emergência. Rev Fund Care Online 2019;11(esp):455-63. https://doi.org/10.9789/2175-5361.2019.v11i2.455-463 [Crossref]
  6. Filho JMJ, Assunção AA, Algranti E, Garcia EG, Saito CA, Maeno M. A saúde do trabalhador e o enfrentamento da COVID -19. Rev Bras Saude Ocup 2020;45:e14. https://doi.org/10.1590/2317-6369ED0000120 [Crossref]
  7. Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein 2010;8(1 Pt 1):102-6. https://doi.org/10.1590/S1679-45082010RW1134 [Crossref]
  8. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, The PRISMA Group. Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses: The PRISMA Statement. Epidemiol Serv Saúde 2015; 24(2):335-42. https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200017 [Crossref]
  9. Guise JM, Reid E, Fiordalisi CV, Borsky A, Chang S. AHRQ Series on Improving Translation of Evidence: Progress and Promise in Supporting Learning Health Systems. Jt Comm J Qual Patient Saf 2020;46:51-2. https://doi.org/10.1016/j.jcjq.2019.10.008 [Crossref]
  10. Vasconcelos SC, Souza SL, Sougey EB, Ribeiro ECO, Nascimento JJC, Formiga MB, et al. Nursing staff members mental's health and factors associated with the work process: an integrative review. Clin Pract Epidemiol Ment Health 2016;23(12):167-76. https://doi.org/10.2174/1745017901612010167 [Crossref]
  11. Loro MM, Zeitoune RCG. Estratégia coletiva de enfrentamento dos riscos ocupacionais de uma equipe de enfermagem. Rev Esc Enferm USP 2017;51:e03205. https://doi.org/10.1590/S1980-220X2015027403205 [Crossref]
  12. Souza SBC, Milioni KC, Dornelles TM. Análise do grau de complexidade do cuidado, estresse e coping da enfermagem num hospital sul-riograndense. Texto Contexto Enferm 2018;27(4):e4150017. https://doi.org/10.1590/0104-07072018004150017 [Crossref]
  13. Jacques JPB, Ribeiro RP, Scholze AR, Galdino MJQ, Martins JT, Ribeiro BGA. Sala de bem-estar como estratégia para redução do estresse ocupacional: estudo quase-experimental. Rev Bras Enferm 2018;71(supl1):524-31. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0572 [Crossref]
  14. Koh D, Goh HP. Occupational health responses to COVID?19: What lessons can we learn from SARS? J Occup Health 2020;00:e12128. https://doi.org/10.1002/1348-9585.12128 [Crossref]
  15. Tang L, Zhao XM, Yu XY. Team management in critical care units for patients with COVID-19: an experience from Hunan Province, China. Crit Care 2020;24(1):304. https://doi.org/10.1186/s13054-020-02921-7 [Crossref]
  16. Santana ILC, Ferreira LA, Santana LPM. Estresse ocupacional em profissionais de enfermagem de um hospital universitário. Rev Bras Enferm 2020;73(2):e20180997. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0997 [Crossref]
  17. Rodrigues NH, Silva LGA. Gestão da pandemia Coronavírus em um hospital: relato de experiência profissional. J Nurs Health 2020;10(n.esp.):e20104004. Available from: http://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/05/1095608/2-gestao-da-pandemia-coronavirus-em-um-hospital-relato-de-expe_r8ZHcz8.pdf
  18. Miranda FMA, Santana L de L, Pizzolato AC, Saquis LMM. Condições de trabalho e o impacto na saúde dos profissionais de enfermagem frente a Covid-19. Cogitare Enferm 2020;25:e72702. https://doi.org/10.5380/ce.v25i0.72702 [Crossref]
  19. Barbosa DJ, Gomes MP, Souza FBA, Gomes AMT. Fatores de estresse nos profissionais de enfermagem no combate à pandemia da COVID-19: Síntese de Evidências. Com Ciências Saúde 2020;31Suppl 1:31-47. Available from: http://www.escs.edu.br/revistaccs/index.php/comunicacaoemcienciasdasaude/article/view/651/291
  20. Saidel MGB, Lima MHM, Campos CJG, Loyola CMD, Esperidião E, Santos JR. Mental health interventions for health professionals in the context of the Coronavirus pandemic. Rev Enferm UERJ 2020;28:e49923. https://doi.org/10.12957/reuerj.2020.49923 [Crossref]
  21. Chersich MF, Gray G, Fairlie L, Eichbaum Q, Mayhew S, Allwood B, et al. COVID-19 in Africa: care and protection for frontline healthcare workers. Global Health 2020;16(46):2-6. https://doi.org/10.1186/s12992-020-00574-3 [Crossref]
  22. Petzold MB, Plag J, Strohle A. Dealing with psychological distress by healthcare professionals during the COVID -19 pandemia. Der Nervenarzt 2020;91(5):417-21. https://doi.org/10.1007/s00115-020-00905-0 [Crossref]