RELATO DE EXPERIÊNCIA
Experiência de uma
residente multiprofissional em enfermagem de terapia intensiva em intercâmbio
profissional
Deborah Monize Carmo Maciel*, Magno Conceição das Merces, D.Sc.**, Douglas de Souza
e Silva***, Silvana Lima Vieira, D.Sc.****
*Enfermeira,
Especialista em Terapia Intensiva sob formato de Residência Multiprofissional
em Saúde pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Mestranda em Ciências da
Saúde pela Faculdade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia
(UFBA), **Enfermeiro, Professor do Departamento de Ciências da Vida,
Universidade do Estado da Bahia (UNEB), ***Enfermeiro, Especialista em Terapia
Intensiva sob formato de Residência Multiprofissional em Saúde pela
Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Mestrando em Ciências da Saúde pela
Faculdade de Medicina da Bahia, Universidade Federal da Bahia (UFBA),
****Enfermeira, Professora do Departamento de Ciências da Vida, Universidade do
Estado da Bahia (UNEB)
Recebido em 24 de julho
de 2020; aceito em 28 de setembro de 2020.
Correspondência: Deborah Monize Carmo Maciel, Rua Silveira Martins, 2555 Cabula
41150-000 Salvador BA
Magno Conceição das Merces: mmerces@uneb.br
Douglas de Souza e
Silva: douglasss-gbi@hotmail.com
Silvana Lima Vieira:
silvana.limavieira@gmail.com
Deborah Monize Carmo Maciel: deborahmonizecm@gmail.com
Resumo
Objetivo: Descrever a
experiência de uma residente multiprofissional em Enfermagem de Terapia
Intensiva no intercâmbio profissional em Lisboa, Portugal. Métodos:
Relato de experiência sobre a vivência de uma enfermeira residente em terapia
intensiva em intercâmbio profissional, por meio de um convênio entre o Programa
de Residência Multiprofissional em Saúde da Universidade do Estado da Bahia e o
Hospital Santa Maria em Lisboa, Portugal. Resultados: Foi possível
observar a diferença na organização das unidades e setores, a divisão da
categoria da Enfermagem, atribuição e processo de trabalho das enfermeiras,
dimensionamento e escala de serviço, carga horária, realidade salarial, tempo
de formação profissional, pesquisas científicas pelas enfermeiras
assistenciais, o uso da tecnologia da informação protocolos e formulários. Conclusão:
Possibilitou ampliar a reflexão crítica no que se refere a complexidade,
desafios e importância do trabalho da enfermeira e como alguns aspectos se
relacionam fortemente a fatores socioeconômicos, históricos e as políticas
públicas do país.
Palavras-chave: intercambio
educacional internacional, enfermeiras e enfermeiros, internato e residência,
internato não médico.
Abstract
Experience of a multiprofessional resident in
intensive care nursing in professional exchange
Objective: To describe the experience of multiprofessional
Resident in Intensive Care Nursing in Professional Exchange an intensive care
nurse during her professional international exchange in Lisbon, Portugal. Methods:
To report the experience, regarding the life of an intensive care nurse
resident during the period of her Professional Exchange, this was made possible
through the partnership between the State University of Bahia, with the multi
Professional residency program and the Santa Maria Hospital in Lisbon,
Portugal. Results: It was possible to observe the differences regarding
the organization of the units and sectors, the division of Nursing Categories,
attribution and work process of nurses, dimensioning and scale of work,
workload, wages, professional training time, and scientific research through
assistant nurses, the use of information technology, protocols and forms. Conclusion:
The experience has allowed to amplify my critical reflection regarding the
complexity, challenges and the importance of working as a nurse. It has also
showed how some aspects are strongly related to socioeconomic, historical and
public policies in the country.
Keywords: international educational exchange, nurses, internship and residency,
internship nonmedical.
Resumen
Experiencia de un residente multiprofesional en enfermería de cuidados
intensivos en intercambio profesional
Objetivo: Describir
la experiencia de una residente multiprofesional
en Enfermería de Cuidados
Intensivos en intercambio profesional
en Lisboa, Portugal. Métodos: Informe de
experiencia, sobre la experiencia de una enfermera residente en cuidados
intensivos, en intercambio profesional,
a través de un acuerdo
entre el Programa de Residencia
Multiprofesional en Salud de la Universidad
Estatal de Bahia y el Hospital Santa Maria en Lisboa, Portugal. Resultados: Fue
posible observar la
diferencia en la organización de las unidades y
sectores, en la división de la categoría de Enfermería, la asignación de enfermeras, el dimensionamiento, la carga de trabajo, la realidad
salarial, el tiempo de formación profesional, la investigación por enfermeras de la asistencia, el uso de tecnología información y
protocolos, escalas y formas. Conclusión: Permitió ampliar la reflexión crítica sobre la complejidad, los desafíos y la importancia
del trabajo de la enfermera y cómo algunos puntos
están vinculados con los factores socioeconómicos y las políticas públicas del país.
Palabras-clave: intercambio
educacional internacional, enfermeras y enfermeros, internado y residência, internado no médico.
O conceito de saúde foi
por muito tempo definido como ausência de doença, porém, a partir de 1948, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) caracterizou como um estágio de bem-estar
físico, mental e social, ou seja, não só a ausência de doenças ou enfermidades
[1]. Essa discussão teórica e o avanço sanitário trouxe novas possibilidades de
compreensão de formas de enxergar a saúde devido à complexidade multifatorial e
temporal do sujeito [2].
Esse novo cenário
apontou uma reformulação na assistência à saúde, com uma nova organização para
suprir as necessidades biopsicossociais dos indivíduos, reorientando o modelo
médico assistencial-restritivo, através de equipes multiprofissionais e do
trabalho em redes [3]. Considerando o recurso primordial para o funcionamento
desse sistema, a preocupação na formação de gestão de pessoas em saúde acionou
o investimento na readequação na formação, tanto da graduação como
pós-graduação [4].
A equipe
multiprofissional passou a ser essencial na assistência e gestão em saúde,
possibilitando um enfrentamento aos entraves para o desenvolvimento do cuidado,
através de uma visão holística dos indivíduos, e abordagens na promoção,
prevenção, tratamento e reabilitação, levando a melhores resultados e
estratégias para otimizar processos e serviços [5].
A primeira residência
no Brasil com modalidade de pós-graduação lato sensu foi Instituída
através do Decreto nº 80.281 em 1977, uniprofissional
médica e com foco hospitalar [6]. Em 1978, no Rio Grande do Sul, surge pela
primeira vez o projeto de Residência Multiprofissional em Saúde (RMS), em um
momento de forte influência da Reforma Sanitária Brasileira, com proposta de
profissionais de saúde mais qualificados, integrados, críticos e humanizados
[7-8]. Então, somente em 2005, com Medida Provisória nº 238/2005 na Lei nº
11.129/2005, foi instituída a RMS, como modalidade de ensino de pós-graduação
lato sensu, destinada à categoria de profissionais não médica que integram a
área de saúde [7-8].
Nessa perspectiva, em
2007, foi criado o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da
Universidade do Estado da Bahia (UNEB) em parceria com o Ministério da Saúde
(MS), especializando profissionais de diversas profissões da saúde, através da
formação em serviço, desenvolvimento de pesquisa e uma perspectiva
teórica-pedagógica que obedeça às diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)
[9-10].
Assim, o processo
formativo da residência multiprofissional proporciona ao profissional residente
uma inserção nas atividades de desenvolvimento multiprofissional e
consequentemente maior oportunidade de aprendizagem, sendo uma excelente etapa
de troca de conhecimento e crescimento profissional [10].
Obedecendo o escopo
base das residências multiprofissionais em saúde e objetivando uma nova
vivência para contribuir com o processo formativo, o estágio opcional de 30 ou
60 dias, pode ser realizado pelo residente do segundo ano, em qualquer
instituição de saúde de âmbito nacional ou internacional, que aceite o
residente e atenda as normativas do regimento.
Considerando a busca
por novas experiências no trabalho assistencial da enfermeira e a facilidade da língua falada e escrita devido a língua portuguesa ser
idioma oficial de ambos os países, tem como questão norteadora: como é a
prática profissional de enfermeira no contexto hospitalar português?
Diante do exposto, este
artigo tem por objetivo descrever a experiência de uma residente
multiprofissional em Enfermagem de Terapia Intensiva no intercâmbio profissional
em Lisboa, Portugal.
Trata-se de um estudo
descritivo, na modalidade relato de experiência, sobre a vivência de uma
enfermeira residente multiprofissional em terapia intensiva, em intercâmbio
profissional, por meio de um convênio entre o Programa de Residência
Multiprofissional em Saúde da UNEB, e o Centro Hospitalar Universitário Lisboa
Norte (CHULN) polo Hospital Santa Maria (HSM) em Lisboa, Portugal.
O HSM é um hospital
universitário, inaugurado em 1953, integrando desde 2007 o CHULN que por sua
vez pertence ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) de Portugal. O estágio opcional
foi de caráter observacional, durante o período de 20 de janeiro de 2020 a 18
de fevereiro de 2020.
A residente foi alocada
no setor de cardiotorácica, passando pelas unidades de bloco operatório,
terapia intensiva e internamento e em algumas unidades do setor de cardiologia
(hemodinâmica, unidade de cuidados intensivos coronários e unidade de
eletrofisiologia e marcapasso).
A supervisão foi realizada
pela enfermeira coordenadora responsável pelo setor e pela Enfermeira
assistencial de referência. Totalizou-se uma carga horária de 8 horas diárias
(de segunda a quinta-feira), e registro das vivências (sexta-feira), perfazendo
48 horas semanais.
A assistência
hospitalar observada é pública, de perfil geral, contemplando diversas
especialidades (neurologia, psiquiatria/saúde mental, dermatologia,
infectologia, endocrinologia, imuno-alergologia,
oftalmologia, otorrinolaringologia, vascular, cardiologia, torácica,
pneumologia, nefrologia/transplantação renal, estomatologia, gastrenterologia,
hepatologia, urologia, obstetrícia, ginecologia, reprodução, pediatria,
plástica, ortopedia, reumatologia, medicina física e de reabilitação,
oncologia, hematologia/transplantação de medula) a nível ambulatorial,
urgência/emergência, internamento, cirúrgico e cuidados intensivos.
Durante o intercâmbio
profissional, foi possível observar que os setores são divididos por
especialidades, cada um possui várias unidades com níveis de complexidade
diversas, mantendo a efetiva comunicação com todos os outros serviços do
hospital. No setor de cardiotorácica, por exemplo, há as unidades de
enfermaria, cuidados intensivos, centro cirúrgico e ambulatório, já no setor de
cardiologia as unidades de hemodinâmica, ambulatório, tratamento intensivo
coronário, enfermaria, cardiologia de intervenção e eletrofisiologia e
marcapasso. Essa forma de organização facilita a gestão de altas, admissões,
comunicação da equipe, logística de materiais e equipamentos, tornando-a mais
organizada e eficaz, reduzindo carga de trabalho dos profissionais e aumentando
a rotatividade dos leitos [11,12]. Diferentemente do Brasil, onde geralmente os
setores são separados por complexidade dos cuidados, com exceção de
determinadas especializações como pediatria, queimados, obstetrícia e outros.
As enfermeiras
especialistas de um mesmo setor percorrem entre a unidade ambulatorial, de
internamento e cuidados intensivos, pois de acordo com o Regulamento n.º
122/2011 da ordem das Enfermeiras de Portugal “a atuação da Enfermeira
especialista inclui competências aplicáveis em ambientes de cuidados de saúde
primários, secundários e terciários, em todos os contextos de prestação de
cuidados de saúde” [13]. Assim, o profissional tem melhor compreensão da
assistência em diferentes níveis de complexidade, melhorando o entendimento de
continuidade do cuidado e desenvolvendo o vínculo profissional-paciente.
Conforme evidenciado
por Leal e Melo [14], ainda que se apresente de forma distinta, a divisão
técnica e social está presente no processo de trabalho da enfermeira em todos
os países analisados no estudo. Um dos pontos de destaque, na prática em
hospital português, foi a diferença na divisão do trabalho da Enfermagem em que
se categoriza em enfermeira, enfermeira especialista e enfermeira gestora
conforme acontece também nos EUA, Canadá e África do Sul, diferente do Brasil:
enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem em um mesmo campo de
conhecimento [14].
Foi observado que a
higiene, alimentação, administração de medicamentos, coleta de exames e punção
de cateter periférico, por exemplo, são atribuições da enfermeira, independente
se especialista ou não. Com essa redução na estratificação da categoria da
Enfermagem sem posição de hierarquia para o mesmo campo, é possível observar um
maior controle sobre o processo de trabalho através de uma visão mais próxima e
crítica do cuidado e o entendimento mais amplo quanto ao gerenciamento e
aplicação na assistência visto que a mesma profissional é quem planeja,
administra e executa todos os cuidados de Enfermagem para o paciente.
As
atribuições da
enfermeira em Portugal, na terapia intensiva, correspondem as
funções de várias
categorias profissionais no Brasil. Exemplo disso é a enfermeira
ter como
atribuição, por exemplo, a realização da
mobilização precoce, mobilização de
secreção, testes de respiração
espontânea no paciente em ventilação
mecânica,
realizar extubação orotraqueal (no Brasil são de
responsabilidade do
fisioterapeuta e/ou médico) e avaliar deglutição
em pacientes extubados que estavam mais de 48 horas com intubação
orotraqueal (no Brasil é de domínio do fonoaudiólogo). Apesar de serem práticas
comuns as enfermeiras de terapia intensiva em Portugal, alguns autores referem
que são demandadas funções que não cabem a essa categoria profissional, mas que
por falta de propriedade e conhecimento sobre o real papel da Enfermagem, esses
papéis são aceitos por essas profissionais e acabam se tornando parte de suas
atribuições no trabalho, aumentando sobrecarga, estresse ocupacional e menor
qualidade assistencial [15,16]. Leal e Melo [14] trazem, também, que em
diversos países, incluindo Portugal, a enfermeira se encarrega de atribuições
de outros profissionais, ocupando lacunas geradas por uma deficiência na
assistência à saúde.
Por essa carga de
atribuições, o dimensionamento de pessoal e distribuição de enfermeiras para a
assistência torna-se mais adequada para a carga de trabalho (na enfermaria o
dimensionamento funciona com uma enfermeira para cinco pacientes – na terapia
intensiva uma enfermeira para dois pacientes). Na contramão dessa realidade, o
Brasil tende ao retrocesso com divergências entre legislações (Resolução COFEN
293 e RDC Anvisa 26/2012) [17] quanto ao dimensionamento e distribuição dos
profissionais de Enfermagem, podendo uma enfermeira prestar assistência para
até dez pacientes críticos. Com esse cenário é visível a sobrecarga de trabalho
e consequentemente aumento das doenças ocupacionais e perda da qualidade
assistencial [10].
Sobre os protocolos,
escalas e formulários aplicados nas Unidades de Terapia Intensiva, observa-se
que no Brasil são amplamente utilizados, muitas vezes, de formas diferentes
entre várias instituições, para proporcionar maior segurança ao paciente.
Porém, na prática, percebe-se distanciamento do contato direto com o paciente
em prol do preenchimento desses documentos, que muitas vezes são preenchidos
sem avaliação crítica. Em Portugal, existe apenas a obrigatoriedade em
registrar o que já é considerado como importante para seguir a Sistematização
da Assistência de Enfermagem (SAE), de forma clara e objetiva. Como a SAE já se
configura como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado, com
base nos princípios do método científico, e é sabido pela enfermeira a sua
função como profissional, não é necessário documento adicional para assegurar o
cumprimento dessas ações [18].
Nas instituições
brasileiras pelas quais a residente passou durante o curso de residência, a
terapêutica do paciente era discutida diariamente pela equipe
multiprofissional. No intercâmbio, observou-se a ausência das visitas
multiprofissionais, e, na maioria das vezes, o tratamento foi definido apenas
pelo médico. Há décadas, discute-se a importância da equipe multiprofissional, interprofissisonal e sua interação vem sendo reconhecida
como fator essencial para atingir um plano terapêutico necessário para
individualidade de cada paciente. Além disso, a falta da presença de outras
categorias profissionais em saúde na tomada de decisões, reforça a hierarquia
nas relações, a prática individualista e a dificuldade em lidar com as
diferenças [19,20].
A carga horária de
trabalho das enfermeiras no setor público hospitalar em Portugal é de 40 horas
semanais, distribuídas em turnos de 8h diárias, ou seja, três trocas diárias de
turno. Na realidade da Enfermagem brasileira que luta há 20 anos pela aprovação
do Projeto de Lei (PL) 2295/00 [21] pelas 30 horas semanais, continua a
critério das instituições oferecerem cargos de 30 a 44 horas semanais, em sua
maioria com turnos de 12h, ou seja, duas trocas de turno por dia. Mesmo com
realidades diferentes, as enfermeiras brasileiras e portuguesas compartilham a
sobrecarga de trabalho, com relatos de cansaço físico e mental e, muitas vezes,
com mais de um vínculo para manter uma renda mensal digna.
Enfermeiras brasileiras
e portuguesas também partilham da insatisfação salarial consequente de um baixo
reconhecimento da profissão. Atualmente, Portugal e Brasil possuem,
respectivamente, o salário mínimo de 635 €, mínimo da enfermeira de 1.201,5 € e
R$ 1.045,00 e para a enfermeira R$ 1.993,10 [22-24]. Isso mostra o baixo
retorno financeiro dessas profissionais por um trabalho que demanda
conhecimento técnico-científico, tomada de decisão, visão holística do cuidado,
gerenciamento/liderança entre tantas outras competências inerentes ao exercício
dessa profissão.
Os hospitais públicos
brasileiros, com ênfase no contexto baiano estão em adaptação quanto a
digitalização e informatização, sendo que nesse hospital português já é uma
prática bem implementada e utilizada proporcionando fácil acesso às
informações, maior segurança no processo de trabalho, facilidade para pesquisas
coletivas e redução do uso de papel [25].
Enfermeiras portuguesas
relataram o desejo em usar a pesquisa científica na sua prática profissional,
alguns trouxeram que no Brasil tem-se um incentivo maior quanto a isso e
consequentemente produz-se bastante na academia científica. Porém, percebe-se
na Enfermagem brasileira distanciamento entre a enfermeira assistencial e a
pesquisa. Caberiam estudos para entender o porquê dessa realidade no meio
científico da Enfermagem.
A experiência suscitou
inúmeras reflexões na residente que participou do intercâmbio em relação ao
campo da Enfermagem e seus desafios. O estágio observacional proporcionou um
olhar de espectadora da rotina da Enfermagem portuguesa, mas ao mesmo tempo
fazendo sentir todas as insatisfações que aquelas enfermeiras relatavam, pois
algumas eram as mesmas insatisfações das enfermeiras brasileiras, como os
baixos salários e carga horária exaustiva.
O intercâmbio
profissional observacional realizado em um Hospital de Lisboa, Portugal,
possibilitou ampliar a reflexão crítica no que se refere a complexidade e
importância do trabalho da enfermeira e como alguns pontos estão ligados aos
fatores socioeconômicos, históricos e as políticas públicas do país, como o
déficit de insumos, a implementação da tecnologia da informação e produção
científica. Apesar disso, a luta e insatisfação em maior reconhecimento
profissional com melhores salários, carga horária e condições de trabalho é
compartilhada por enfermeiras mesmo vivendo em realidades tão diferentes. Em
suma, a experiência foi de grande valia para a formação profissional, ampliando
os conhecimentos sobre a profissão da Enfermagem e enfatizando a sua grande
importância na saúde pública.