Enferm Bras 2021;20(4):549-63
REVISÃO
Relação
entre depressão e desnutrição em idosos
Mylena
de Souza Ribas*, Jessica de Almeida Rodrigues*, Jéssica Cristina Santana de
Sousa*, Thiálita Rebeca Oliveira de Castro*, Marcos
Vinicius da Silva*, Beatriz Andrade dos Santos*, Maria de Jesus Oliveira*,
Vanessa Alvarenga Pegoraro, M.Sc.
*Estudante
de graduação Enfermagem do UNICEUB, **Professora Assistente do Curso de
Enfermagem FACES/UNICEUB
Recebido
em 11 de fevereiro de 2021; Aceito em 25 de agosto de
2021.
Correspondência: Vanessa Alvarenga Pegorato,
FACES/UNICEUB, 707/907 Campus Universitário, SEPN, Asa Norte, 70790-075
Brasília DF
Mylena de Souza Ribas:
mylena.ribas@gmail.com
Jessica de Almeida Rodrigues:
jessica.almeida@sempreceub.com
Jéssica Cristina Santana de Sousa:
jessika_santana08@hotmail.com
Thiálita Rebeca Oliveira de
Castro: thialitacastro@gmail.com
Marcos Vinicius da Silva: marcosxt21@gmail.com
Beatriz Andrade dos Santos: beatrizandrade280197@gmail.com
Maria de Jesus Oliveira: maria.2382@outlook.com
Vanessa Alvarenga Pegoraro:
vanessa.pegoraro@ceub.edu.br
Resumo
Introdução: Como as taxas de sobrevida estão
elevadas, as doenças crônicas degenerativas são as enfermidades que mais
acometem os idosos e observa-se que a desnutrição possui estreita relação com
as diversas patologias, levando a uma má qualidade de vida. Objetivo: O
objetivo do presente artigo foi identificar na literatura a relação entre a
depressão e a desnutrição em idosos. Métodos: Trata-se de um estudo
bibliográfico, descritivo do tipo de revisão integrativa e abordagem
qualitativa. Foram selecionados 10 artigos, nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs e Pubmed. Resultados:
Conforme semelhança dos dados,
foram criadas duas categorias: “Suscetibilidade do gênero
feminino na
associação entre depressão e
desnutrição” e “A relação entre
depressão e
desnutrição”. A prevalência da
depressão em mulheres é duas vezes mais que em
homens, considerando fatores fisiológicos, hormonais, aspectos
socioculturais. Conclusão:
A depressão pode levar ao dentrimento do estado
nutricional e a desnutrição pode ocasionar a depressão.
Palavras-chave: desnutrição; depressão; idoso.
Abstract
Relationship between depression and
malnutrition in the elderly
Introduction: As survival
rates are high, chronic degenerative diseases are the diseases that most affect
the elderly and malnutrition is closely related to the various pathologies,
leading to a poor quality of life. Aim: Therefore, the aim of this
article was to identify in the literature the relationship between depression
and malnutrition in the elderly. Methods: This is a descriptive,
integrative review with qualitative approach. Ten articles were selected from
the Medline, Scielo, Lilacs and Pubmed
databases. Results: According to the similarity of the data, two
categories were created: “Female susceptibility in the association between
depression and malnutrition” and “The relationship between depression and
malnutrition”. The prevalence of depression in women is twice as high as in
men, considering physiological, hormonal and socio-cultural
factors. Conclusion: Depression can lead to a deterioration in
nutritional status and malnutrition can cause depression.
Keywords: malnutrition;
depression; aged.
Resumen
Relación entre depresión
y malnutrición en personas mayores
Introducción: Como las tasas
de supervivencia son altas,
las enfermedades
degenerativas crónicas son las
enfermedades que más afectan
a los ancianos y la desnutrición está estrechamente relacionada con las diversas patologías, lo que conduce a una mala calidad de vida. Objetivo: Por lo
tanto, el objetivo de este artículo fue identificar en la literatura la relación entre la depresión y la desnutrición en los mayores. Métodos: Este
es un estudio
bibliográfico, descriptivo del
tipo de revisión integradora y enfoque cualitativo. Se seleccionaron 10
artículos de las bases de datos
Medline, Scielo, Lilacs y Pubmed. Resultados: De acuerdo
con la similitud
de los datos, se crearon dos categorías: la susceptibilidad femenina en la
asociación entre depresión
y desnutrición y la relación entre depresión y desnutrición. La prevalencia de la depresión en
las mujeres es el doble que en hombres, considerando aspectos fisiológicos, hormonales y socioculturales. Conclusión: La depresión puede conducir a un deterioro en el estado nutricional y la desnutrición puede causar depresión.
Palabras-clave: desnutrición;
depresión; anciano.
O envelhecimento populacional crescente ocorre devido a
mudanças nos indicadores da saúde, como a redução da taxa de mortalidade,
redução da fecundidade e aumento da expectativa de vida [1].
Esse fenômeno começou a ser melhor
observado no Brasil, principalmente na década de 1970, quando os levantamentos
demográficos mostraram a proporção da população idosa em detrimento das
crianças, surgindo assim a transição demográfica. No século passado, a
população falecia com doenças infectocontagiosas, pela deficiência dos recursos
necessários para os cuidados com a saúde. A partir de vários estudos e
sobretudo do surgimento de tecnologias para a saúde, atualmente são as doenças
crônicas degenerativas que acometem a população idosa [2].
Com a evolução do envelhecimento, a organização das
políticas públicas voltadas para as necessidades da saúde da população idosa se
mostra despreparada, o que aumenta a probabilidade de obterem limitações
funcionais e cognitivas [3]. Dessa forma, é fundamental proporcionar à
população uma senescência saudável e com melhora na qualidade de vida para não
viverem com aflição com as possíveis limitações, dependências e incapacidades
[4].
O transtorno depressivo é a doença que mais afeta os
idosos. Acredita-se que em 2030 ocorrerá um aumento absoluto de brasileiros com
60 anos ou mais excedendo o de crianças de 0 a 14 anos, e espera-se que em 2050
atingirá 38 milhões de idosos com depressão [5]. A cada ano, a depressão é a
enfermidade mais frequente nessa população específica, e eleva a morbidade e a
mortalidade, requerendo mais atenção da saúde pública [6].
A depressão é determinada como uma patologia multifatorial
abordando áreas do humor e afeto, que efetua grande impacto funcional,
envolvendo aspectos biológicos, psicológicos e sociais [3]. O fator
desencadeante mais significativo para a depressão é a perda de algo muito
importante, dificuldades no diálogo, isolamento social e problemas financeiros.
O idoso está mais propenso a obter essa enfermidade, por frequentemente passar
por mudanças ou perdas [1,7].
A partir do supracitado, observa-se que os idosos com
condições econômicas baixas, que na vida passaram por estresse excessivo
marcante, idosos com baixa qualidade de vida, situações de saúde reduzidas e
que possuem limitações funcionais ou que já desenvolveram alguma doença crônica
são mais suscetíveis a desenvolverem a depressão [8].
Os idosos que vivem com limitações cognitivas e funcionais
possuem de forma reduzida a possibilidade de realizarem a sua própria autonomia
e, consequentemente, as suas necessidades básicas da vida diária ficam
comprometidas, como higiene e alimentação [9]. Eles podem apresentar diminuição
na habilidade de manuseio e conhecimento reduzido dos alimentos, dificuldades
na própria mastigação e deglutição, aumentando o risco de desnutrição [10].
A desnutrição pode estar diretamente relacionada com a
depressão, pois além de proporcionar uma má qualidade de vida do idoso,
predispondo-o a diversas manifestações negativas que interferem na sua vida,
como irritabilidade, ansiedade e até mesmo a depressão. Dessa maneira, a
desnutrição proteico-energético de acordo com alguns estudos está sendo
associada ao desenvolvimento da disfunção cognitiva [9].
A desnutrição ou má nutrição é caracterizada por um estado
nutricional no qual existe uma ingestão insuficiente de energia,
micronutrientes e proteínas que tem como resultado uma interação profunda entre
a sua alimentação, estado de saúde, aspectos econômicos e condições sociais.
Logo, percebe-se a necessidade de avaliação e conhecimento do estado
nutricional, das modificações psicológicas, corporais e até mesmo sociais. E
para a avaliação do estado nutricional dos idosos, deve-se aplicar a Miniavaliação
Nutricional (MNA), considerado um método
básico e fácil de utilização para
detecção da desnutrição. Além disso,
é
possível avaliar os aspectos físicos e mentais que
são fatores que interferem
na maioria das vezes o estado nutricional [11].
Dessa forma, percebe-se a importância em também realizar
uma identificação dos idosos desnutridos, pois obtém uma associação com
diversas complicações que afetam diretamente a vida do idoso, dentre elas a
redução da capacidade mental, o que ocasiona um aumento maior da assistência de
saúde, portanto, a desnutrição precisa ser compreendida na avaliação da depressão
[12].
Ao observar que ao longo dos anos o envelhecimento
populacional está aumentando de forma abrupta e a população sendo acometida por
doenças crônicas como a depressão, existe uma enorme necessidade de identificar
precocemente e discutir sobre a sua importância por possuir grande prevalência
em várias idades, principalmente em idosos [13]. Deve-se ter um olhar holístico
para fazer a identificação adequada do estado nutricional por ser um importante
fator para o funcionamento adequado do organismo, visando o tratamento para
melhorar a qualidade de vida do idoso e observar como interfere no estado
cognitivo dessa população [14].
Assim, o presente estudo teve como objetivo identificar na
literatura a relação entre a depressão e a desnutrição em idosos.
Trata-se de um estudo bibliográfico, descritivo do tipo de
revisão integrativa e abordagem qualitativa. Realizou-se o estudo a partir das
seguintes etapas: 1) Identificação do tema e seleção da questão de pesquisa; 2)
Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos na literatura;
3) Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; 4)
Avaliação dos estudos incluídos; 5) Interpretação dos resultados e 6)
Apresentação da revisão/síntese do conhecimento [15].
Estabeleceu-se como quesito primordial que contribuiu para
o desenvolvimento da pesquisa a seguinte questão: Qual a relação da desnutrição
e depressão nos idosos? Realizou-se uma busca bibliográfica nas bases de dados
eletrônicas: Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online), Scientific Electronic
Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana
e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (Lilacs),
Pubmed, nos meses de março a abril de 2020.
Utilizaram-se os seguintes descritores indexados no DeCS: “Desnutrição”, “depressão”, “idoso”. Possibilitou-se
com esses descritores, a realização de três cruzamentos, inseridos nas bases de
dados selecionadas: 1) Idoso AND Desnutrição AND Depressão; 2) Idoso AND
Desnutrição; 3) Desnutrição AND Depressão.
A leitura dos títulos, resumos e textos completos foi
realizada por duas pessoas, de forma independente e os resultados foram
comparados com intuito de certificar os critérios de elegibilidade. Captaram-se,
no que diz respeito ao recorte temporal, todas as publicações disponíveis em
cada base de dados no período dos últimos dez anos. Elencaram-se como critérios
de inclusão: artigos completos, disponíveis gratuitamente nas bases de dados
selecionadas, que abordam as associações entre desnutrição e depressão no
idoso, escritos em inglês, espanhol e português. E critérios de exclusão:
publicações que não abordassem sobre desnutrição e depressão em idosos, artigos
pagos e com delimitação temporal com mais de dez anos em formato editoriais,
resumos, teses, editoriais e carta de opinião.
Coletaram-se os dados por meio das informações contidas no
instrumento elaborado pelos autores, que continham questionamentos sobre:
identificação do estudo (título do artigo, título do periódico, autores, país,
idioma e ano de publicação) tipo de publicação características metodológicas do
estudo (objetivo, abordagem da pesquisa, amostra, resultados, análise,
implicações e nível de evidência) [16].
Avaliaram-se os títulos dos artigos encontrados,
selecionaram-se aqueles que possuíam vinculação com o objetivo desta pesquisa,
em seguida foi realizada uma análise crítica e compreensiva dos resumos,
atentando para os critérios de inclusão. Logo após leram-se completamente todos
os textos selecionados que demonstraram resposta à pergunta norteadora.
A seleção dos artigos pode ser representada através de
fluxograma com as recomendações do PRISMA na figura 1 [17].
Fonte: autoras, 2020.
Figura
1 - Fluxograma de
seleção dos estudos. Adaptação do PRISMA (2015), Brasília (DF), Brasil, 2020
Foram encontradas 512 referências, sendo 134 artigos na
base de dados da Medline utilizando três descritores: idoso AND desnutrição AND
depressão, 15 artigos Lilacs utilizando três
descritores: idoso AND desnutrição AND depressão, 41 na Scielo
com dois descritores: idoso AND desnutrição e 130 no Pubmed,
com dois descritores: idoso AND desnutrição e 192 artigos com dois descritores:
desnutrição AND depressão. No Banco de Dados Enfermagem (BDEnf),
após colocação de todos os descritores utilizados para a pesquisa, não foi
encontrado nenhum resultado.
Após a leitura criteriosa do título e resumo, foram
excluídos aqueles que não estavam de acordo com o objetivo proposto, que fugiam
da pergunta norteadora e os artigos duplicados.
No total foram selecionados para o desenvolvimento do
trabalho apenas 10 artigos que foram apresentados os títulos, tipo de estudos,
periódico, bases de dados encontradas e principais achados no (quadro 1).
Quadro
1 - Descrição dos
artigos selecionados para revisão integrativa (ver PDF anexo)
Ao analisar criteriosamente os 10 artigos, foram listados
os principais achados. Ao longo das buscas dos estudos nas bases de dados,
observou-se o interesse dos autores sobre a temática, que ocorreu nos anos de
2013 a 2018. Verifica-se em 2013 apenas uma publicação; 2014 uma publicação;
2015 cinco publicações e 2018 três publicações. Desta forma observou-se que em
2015 (n = 5) e 2018 (n = 3) houve um maior registro de publicações.
Ressalta-se que, quanto ao método adotado nos estudos
selecionados, o mais encontrado foi o método transversal, visto em nove artigos
(Quadro 2 e figura 2). Tais dados nos demonstram que há uma escassez de
publicações que abordem a associação da desnutrição com a depressão em idosos.
Algo que pode ter influenciado o aumento no quantitativo
sobre a temática em 2015, foi que a OMS (Organização Mundial de Saúde) em 2015,
realizou a publicação do Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde, que visa
abordar estratégias que possam ser traçadas para a ação pública frente a
longevidade que cresce cada vez mais e para que isso se fortaleça há uma
necessidade de cuidar melhor da saúde da população.
Quadro
2 - Distribuição dos
estudos selecionados por nível de evidência [16]
Elaborada pelas autoras, 2020.
Dentre
os artigos previamente selecionados, seguindo os
critérios de inclusão e exclusão definidos para a
revisão deste estudo,
identificaram-se duas categorias para discussão:
“Suscetibilidade do gênero
feminino na associação entre depressão e
desnutrição” e “A relação entre
depressão e desnutrição”.
Suscetibilidade do gênero feminino na
associação entre depressão e desnutrição
As condições de depressão e desnutrição são mais favoráveis
em ocorrer em mulheres, porque a depressão pode ser ocasionada por imagem
corporal incorreta e dieta inadequada para perda de peso e/ou distúrbios
alimentares frequentes entres mulheres [18].
As idosas desnutridas são mais vulneráveis a manifestar a
depressão. Existe uma associação entre a desnutrição e sexo feminino, através
do baixo grau de escolaridade, nível socioeconômico reduzido, viúvas, mulheres
que moram sozinhas e que são dependentes de familiares [19]. Porém, não se
encontraram aspectos demográficos que confirmassem a relação com a desnutrição,
mas acredita-se que idosas são mais propensas a desenvolver risco de
desnutrição, por considerar que o envelhecimento desenvolve mudanças nas
composições corporais, elevando a desnutrição no avançar da idade [20].
As mulheres podem
apresentar manifestações depressivas decorrentes de experiências passadas, que
são fatores que podem influenciar a depressão, como violência doméstica,
estresse, ansiedade, obrigações de funções, sentimento à
experiências traumáticas vividas seja na infância e adolescência, perda de
entes queridos e viuvez [21].
Conforme a pesquisa realizada no ambulatório de um hospital
público de referência de alta especialidade na cidade do México, com 114
pessoas avaliadas, a desnutrição e depressão ocorreu em uma porcentagem maior
no sexo feminino, porém o sexo masculino ao ser calculado, percebeu-se nestes
um maior risco para desenvolver desnutrição. De acordo com os autores, vários
estudos apontam que mulheres possuem prevalência maior de risco para desnutrição
e depressão [22].
Relação
entre desnutrição e depressão
De acordo com os autores, existem diversos fatores
específicos condicionantes para a perda de peso pela ingestão insuficiente de
nutrientes, proveniente de aspectos psicólogicos
incluindo a depressão e demência, situações sociais e médicas [19,23].
A problematização na qual esses fatores estão envolvidos é
que na maioria das vezes estão associados ao consumo alimentar reduzido,
tornando os idosos mais vulneráveis nutricionalmente, bem como as condições
neuropsicológicas, que são designadas como um dos fatores importantes para
desenvolver a desnutrição na população idosa [23].
Ainda existe uma incerteza na relação entre depressão e
desnutrição, porém houve uma observância que nos idosos deprimidos tem
percebido deficiências de vitaminas, como ácido fólico ou piridoxina, e alguns mineirais. Neste sentido, realizaram um estudo a fim de
observar se há a diminuição dos sintomas depressivos com suplementos
vitamínicos variados, utilizando ácido fólico e vitamina B12, entre outros, mas
ainda assim os resultados se mostraram contraditórios [19,23].
Há uma importância significativa nos estudos dos
micronutrientes em clientes depressivos porque acredita-se que esses micronutrientes em quantidades menores, como, selênio,
zinco, ferro, magnésio, vitamina B12 e ácido fólico estão vinculados à
fisiopatologia da depressão, visto que são essenciais para o funcionamento
adequado do sistema nervoso e demais sistemas [24].
A deterioração e o surgimento dos sintomas depressivos em
idosos estão associados a diminuição da ingestão alimentar no decorrer do
envelhecimento. Pode-se ter distúrbios na absorção, transporte e até mesmo do
metabolismo de nutrientes, caracterizando fatores que podem levar a déficit nutricional, em especial o folato e vitamina B12.
Dessa forma, os sintomas depressivos estão associados aos níveis baixos de
folato e vitamina B12 [25].
Diferente do autor supracitado, pesquisas indicam que a
depressão é considerada um fator que colabora com a perda de peso em idosos.
Porém, a relação entre desnutrição e depressão ainda não está clara. No
entanto, na terceira idade, a desnutrição, como condição física, pode levar a
depressão baseada na sua fragilidade psicológica. E da mesma forma, a depressão
pode ocasionar a desnutrição, que pode levar a várias doenças físicas. Um
exemplo das causas de depressão que induz a desnutrição e problemas
psicológicos em idosos, está baseada na quebra de ligações sociais e
experiência de perda [26].
A depressão é uma patologia que influencia de forma direta
o apetite e leva a redução do peso e de acordo com outras pesquisas citadas
descreve que essa diminuição do peso corporal é um preditor de elevação dos
sintomas da depressão na terceira idade [22].
A desnutrição pode estar relacionada com a redução do
apetite, diminuição da habilidade de reconhecer os alimentos e manipulação,
dificuldades de mastigação e deglutição, considerando o comprometimento
cognitivo como um fator de risco para a desnutrição. A redução da mobilidade e
abandono social são fatores que podem ocasionar a desnutrição também, alterando
seu prognóstico e elevando a mortalidade [21,22].
A relação entre a desnutrição e depressão é biologicamente
possível, porque diversas vias como inflamação, estresse oxidativo e níveis
reduzidos de antioxidantes, mantém o papel subjacente de vários nutrientes na
explicação do mecanismo de depressão. Ainda não se sabe se realmente a
depressão pode levar à redução do apetite e consequentemente à desnutrição. Em
contrapartida, a má nutrição pode piorar a condição da depressão [18,27].
No presente artigo é possível observar que a longevidade
está cada vez maior e como vem sendo acompanhada por doenças incapacitantes que
interferem diretamente na qualidade de vida da população idosa. É o caso da
depressão, que ao longo dos anos é vista como uma patologia que é esperada nos
idosos, sendo na verdade uma enfermidade que precisa ser avaliada,
diagnosticada e tratada. Um aspecto importante observado é que as limitações
cognitivas e funcionais levam à perda da autonomia e independência dos idosos e
dessa forma muitas habilidades aprendidas ao longo da vida são interferidas.
Através da realização da presente pesquisa, o objetivo
proposto foi alcançado ao evidenciar que existe relação entre a desnutrição e
depressão, já que diversas patologias possuem a etiologia decorrente do
estresse oxidativo por níveis reduzidos de micronutrientes, explicando o papel
de vários nutrientes na manutenção do mecanismo de depressão.
Em vista dos argumentos apresentados, é necessário
investigar se existe ou não a depressão nos idosos, a fim de avaliar o estado
nutricional. Além disso, a desnutrição foi apontada como um dos fatores que
acarretam a depressão, por deficiência de nutrientes e vitaminas.
Outro achado importante evidenciado na literatura foi a
prevalência de mulheres com depressão e desnutrição em relação aos homens,
podendo ser explicada por fatores fisiológicos, hormonais e aspectos
socioculturais.
Vale salientar que, apesar da importância do tema, há
escassez de artigos que abordem sobre a relação entre a depressão e a
desnutrição, sendo poucas as explicações entre os dois aspectos. Dessa maneira,
é importante avaliarmos a significância desses dois assuntos correlacionados e
como podem interferir na vida da população da terceira idade. Dessa forma,
faz-se necessário realizar mais pesquisas e aprimorar o conhecimento sobre o
tema, a fim de amenizar os fatores desencadeantes e proporcionar uma longevidade
com qualidade.