REVISÃO
Atuação da enfermagem
no cuidado às pessoas em hemodiálise frente à pandemia do vírus SARS-CoV-2
Naiane Pereira de Oliveira*, Eda Schwartz, D.Sc.**, Lilian
Moura de Lima Spagnolo, D.Sc.***,
Tuany Nunes da Cunha****, Josiele
de Lima Neves, M.Sc.*****, Fernanda Lise, D.Sc.
*Graduanda em
enfermagem pela UFPEL, Pelotas/RS, Bolsista de Iniciação Científica PBIP-AF
UFPEL, **Enfermeira, Docente da Faculdade de Enfermagem (FEn)
e do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem e do Programa de
Mestrado Profissional em Saúde da Família da UFPEL, Pesquisadora do NUCCRIN,
Bolsista CNPq. Pelotas/RS, ***Enfermeira, Doutora em Enfermagem. Professora da
Faculdade de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de
Enfermagem da UFPEL, Pelotas/RS, ****Enfermeira, Mestranda em Enfermagem pelo
Programa de Pós Graduação da UFPE, Pelotas/RS, Bolsista CAPES, *****Enfermeira,
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPEL, Pelotas/RS,
Bolsista CAPES, ******Enfermeira, Membro do comitê de práticas com famílias da International Family Nursing Association (IFNA) e do Núcleo de Condições Crônicas e suas
Interfaces (NUCCRIN) da Faculdade de Enfermagem da UFPel
Recebido em 11 de
agosto de 2020; aceito em 18 de agosto de 2020.
Correspondência: Naiane
Pereira de Oliveira, Rua Marcílio Dias, 255/203, bloco 10, 96020-480 Pelotas RS
Naiane Pereira de Oliveira: nah3m@hotmail.com
Eda
Schwartz: edaschwa@gmail.com
Lilian
Moura de Lima Spagnolo: lima.lilian@gmail.com
Tuany Nunes da Cunha: tuanynunes@hotmail.com
Josiele de Lima Neves:
josiele_neves@hotmail.com
Fernanda Lise:
fernandalise@gmail.com
Resumo
Objetivo: Conhecer as
recomendações para guiar a atuação da Enfermagem às pessoas com doença renal
crônica na prevenção e manejos de casos suspeitos e confirmados de COVID-19. Métodos:
Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, em que foram consultados os
websites de organizações não governamentais internacionais para levantar,
sintetizar e analisar as diretrizes propostas pelas entidades de nefrologia na
abordagem às pessoas em hemodiálise. Resultados: A partir da síntese das
recomendações de cinco organizações percebe-se a preocupação dos serviços de
hemodiálise em fornecerem informações esclarecedoras e atualizadas aos usuários
quanto à prevenção do contágio, ao manejo adequado para os casos suspeitos, e
aos cuidados de Enfermagem as pessoas acometidas pelo coronavírus.
Conclusão: Essas diretivas poderão ser utilizadas no planejamento dos
cuidados pela Enfermagem nos serviços de diálise durante a pandemia.
Palavras-chave: insuficiência renal
crônica, diálise renal, cuidados de enfermagem, infecções por coronavírus, pandemias.
Abstract
Nursing performance in hemodialysis patient care in the face of the
SARS-CoV-2 virus pandemic
Objective: To know the recommendations for guiding the performance of Nursing to
people with chronic kidney disease in the prevention and management of
suspected and confirmed cases of COVID-19. Methods: This is a narrative
review of the literature, in which the websites of international
non-governmental organizations were consulted to survey, synthesize and analyze
the guidelines proposed by the nephrology entities when approaching people on
hemodialysis. Results: Based on the synthesis of the recommendations of five
organizations, the hemodialysis services are concerned with providing
enlightening and updated information to users regarding the prevention of
contagion, the proper handling of suspected cases, and the nursing care of
those affected by the coronavirus. Conclusion: These guidelines can be
used in nursing care planning in dialysis services during the pandemic.
Keywords: chronic renal insufficiency, renal dialysis, nursing care, coronavirus
infections, pandemics.
Resumen
Desempeño de enfermería
en la atención
de pacientes en hemodiálisis
frente a la pandemia del virus SARS-CoV-2
Objetivo: Conocer
las recomendaciones para
guiar el desempeño de la Enfermería a las personas con enfermedad renal crónica en la prevención y manejo de casos sospechosos y confirmados de COVID-19. Métodos: Esta
es una revisión narrativa de la
literatura, en la que se consultó a los sitios web de organizaciones internacionales no gubernamentales
para encuestar, sintetizar y analizar
las pautas propuestas por las entidades de nefrología al acercarse a las personas en hemodiálisis. Resultados:
Con base en la síntesis de las recomendaciones de cinco organizaciones, los servicios de hemodiálisis se preocupan por proporcionar información
clara y actualizada a los usuarios sobre la prevención del contagio,
el manejo adecuado de casos
sospechosos y la atención de enfermería para los afectados por la enfermedad coronavirus.
Conclusión: Estas pautas se pueden utilizar en la planificación del cuidado de enfermería en los servicios
de diálisis durante la
pandemia.
Palabras-clave: insuficiencia
renal crónica, diálisis renal, atención
de enfermería, infecciones por coronavirus,
pandemias.
A COVID-19 foi
anunciada pelas autoridades chinesas quando, após pesquisas, identificaram a
ocorrência de casos de pneumonia, de origem desconhecida em Wuhan, província de
Hubei, em 2019. Assim, associaram a um novo tipo de coronavírus, mais tarde nomeado de SARS-Cov-2 [1]. Em
janeiro de 2020 foram relatados os primeiros casos da doença fora da China,
rastreados na Tailândia, Japão e República da Coréia, respectivamente. Visto o
aumento dos casos no continente asiático, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
convocou um fórum de pesquisa e inovação, a nível global, para o estudo de um
controle da doença, que, pelo alto fator de transmissão e severidade, é
declarada em março, como uma pandemia, por estar presente em todos os
continentes [2-4].
A nível mundial, no dia
07 de agosto de 2020 haviam 18.902.735 casos confirmados
de COVID-19, com 709.511 óbitos [5]. No Brasil, até a mesma data, haviam 2.912.212 casos confirmados, com 42.720 óbitos
relacionados à doença [6] e no que diz respeito aos profissionais de enfermagem
estavam reportados 32.648 casos de infecção e 334 óbitos [7].
A doença se manifesta
de forma respiratória, sendo transmitida por contato direto com indivíduos e
objetos contaminados, ou por via respiratória com a inalação de gotículas
emitidas durante a fala, tosse ou espirros. Nesse contexto, foram estabelecidas
medidas de prevenção e controle, como o distanciamento social, etiqueta
respiratória e o uso das precauções padrão e específicas [8]. Sabe-se que
idosos com mais de 60 anos e pessoas com doenças crônicas como Diabetes
Mellitus (DM), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Doença Renal Crônica
(DRC), integram o grupo de risco [9], sendo necessário que medidas de prevenção
sejam empregadas pelos pacientes e em ambientes considerados essenciais, como é
o caso da unidade de hemodiálise.
A DRC afeta a
homeostase corporal e altera principalmente os metabolismos hídricos,
eletrolíticos, ácido base e de macronutrientes, levando a propensão de reações
pró-inflamatórias, pró-oxidativas e hipercatabólicas
[10]. Tais distúrbios criam um processo inflamatório em cadeia, que auxiliam na
desnutrição energético-protéica, inibição do apetite
e surgimento de anemia. Ainda, prejudicam o sistema cardiovascular e o sistema
ósseo com distúrbios no metabolismo mineral e calcificações em vasos e artérias
sistêmicas; exacerbação do estresse oxidativo e; alterações do sistema músculo
esquelético, causando miopatias urêmicas e
influenciando negativamente o sistema respiratório, diminuindo a força e
elasticidade de músculos como diafragma e intercostais [11-15].
No Brasil, a Enfermagem
apresenta papel essencial no serviço de hemodiálise, uma vez que atua no
planejamento e execução de cuidados individualizados, elencados com base nas
necessidades do paciente, os quais influenciam na adesão e na qualidade do tratamento
[16].
Assim, justifica-se a
importância deste estudo, tendo em vista a vulnerabilidade do paciente com DRC
e que o coloca em real possibilidade de agravamento do caso diante a infecção
pela COVID-19. Assim, a atuação da enfermagem na abordagem preventiva e no
manejo seguro após o contágio deve ser amparada em diretrizes específicas.
Nesse contexto, o
presente estudo objetivou conhecer as recomendações para guiar a atuação da
Enfermagem na abordagem às pessoas com doença renal crônica na prevenção,
manejo de casos suspeitos e confirmados da COVID-19.
Trata-se de uma revisão
narrativa da literatura, desenvolvida a partir da necessidade de reunir
diretivas imediatas, para uma síntese das orientações e conhecimento da Enfermagem
sobre a abordagem aos pacientes nos serviços de hemodiálise [17]. Tal
metodologia foi utilizada em virtude do conhecimento ora disponível acerca da
temática envolvendo a pandemia do vírus SARS-CoV-2. O desenvolvimento envolveu
quatro etapas: primeiro, a contextualização da experiência; segundo, a busca
por literatura relevante; terceiro, a análise das fontes documentais finais; e
quarto, a síntese dos resultados [17].
A contextualização da
experiência está relacionada à necessidade de conhecer as recomendações
internacionais relacionadas à atuação da Enfermagem, baseada em evidências
científicas, no desenvolvimento de estratégias de cuidados das pessoas com DRC
em serviços de hemodiálise, decorrente do estado de pandemia pelo vírus
SARS-CoV-2.
Coleta dos dados
Os dados foram
coletados por dois revisores, a partir da consulta em websites de entidades não
governamentais, nacionais e internacionais, que reúnem especialistas em
Nefrologia em nível global, selecionados pelo reconhecimento internacional na
apresentação de diretrizes na atenção à saúde das pessoas com DRC. Os cinco
websites das entidades consultadas foram: a Sociedade Brasileira de Nefrologia
(Brasil); Kidney Care
(Reino Unido); National Kidney
Fundation (Estados Unidos da América); Leading European Nephrology (Reino Unido) e International
Society of Nephrology
(Estados Unidos da América e Bélgica).
As buscas foram
realizadas entre março e abril de 2020, utilizando materiais disponíveis pelos
órgãos desde janeiro de 2020, proporcionais ao início da pandemia. Ressalta-se
que foi dada prioridade às atualizações concomitantes as novas descobertas
sobre a doença, visto sua singularidade e contemporaneidade.
Análise dos dados
As recomendações foram
coletadas em formulário próprio para identificação e organização. A partir da
leitura, os dados foram sintetizados para apresentação das diretrizes das
fontes para serem utilizadas pela Enfermagem na abordagem as pessoas com DRC em
hemodiálise.
A síntese das
recomendações de cinco organizações internacionais sobre a abordagem aos
pacientes em serviços de hemodiálise na prevenção ao contágio, manejo dos casos
suspeitos e confirmados de COVID19, foram abordadas sob dois ângulos, sendo, as
recomendações para o serviço nas unidades e as recomendações para as abordagens
aos pacientes.
Por se tratar de um
serviço essencial, a Sociedade Brasileira de Nefrologia elaborou um documento
com orientações que devem ser seguidas pelas Unidades de Diálise, sintetizadas
no quadro 1 [18].
Quadro 1 - Recomendações às
unidades de diálise na abordagem dos usuários
Por ser um tema atual e
de conhecimento escasso, a elaboração das recomendações pela Sociedade
Brasileira de Nefrologia leva em consideração as recomendações dos órgãos
mundiais de saúde, bem como, as especificações e legislações para o
funcionamento de tais unidades no Brasil. Além disso, as adoções destas
recomendações devem se adequar ao fluxo e espaço físico do serviço, como a presença
de quartos privativos e disposição de dialisadores, deixando a cargo dos
coordenadores a melhor forma de implementação.
No quadro 2, foram
apresentadas as recomendações das organizações internacionais para a abordagem
à saúde das pessoas com DRC, em tratamento hemodialítico,
a fim de evitar a contaminação e manter a continuidade do tratamento, em casos
de infecção pela COVID-19 [19-24].
Quadro 2 - Diretivas para a
abordagem aos pacientes em diálise.
Em observação dos
aspectos comuns, todas as organizações mantêm o consenso da necessidade de
adoção de medidas de distanciamento social, etiquetas de higiene e precauções
respiratórias, como o uso universal de máscaras e a continuação de tratamentos
e medicamentos essenciais para a manutenção da vida.
A Sociedade Brasileira
de Nefrologia aconselha os pacientes sintomáticos a não faltarem as sessões,
devendo a unidade de hemodiálise criar um fluxograma para evitar o contato com
os demais pacientes, considerando as condições de saúde. Já a National Kidney Fundation e a Leading
European Nephrology indicam,
para estes pacientes e os que tiveram contato com indivíduos contaminados, o
contato prévio com o local de diálise para informações sobre manejos ou
possíveis dúvidas.
Para a Sociedade
Brasileira de Nefrologia e Leading European Nephology, os
pacientes devem-se atentar para febre e sinais de desconforto respiratório,
como a dispnéia, mantendo o isolamento domiciliar
durante 14 dias, para a Kidney Care, após apresentar sintomas de febre acima de 37,8°
ou tosse contínua o paciente deve-se autoisolar por
sete dias caso resida sozinho ou 14 dias, se compartilhar a residência com
outras pessoas.
Ademais a Leading European Nephrology salienta a necessidade de lavagem de mãos
com água e sabão e a importância de realizar a antissepsia no local da fístula
e toda região proximal, antes da realização de procedimentos como a punção.
Diante das
recomendações nacionais e internacionais, evidenciam-se a necessidade dos profissionais oferecerem informações atualizadas sobre o
vírus, capazes de apoiar a promoção de cuidados seguros aos pacientes em
hemodiálise. Para tanto, é necessário conhecer a etiologia do vírus para, a
partir das informações disponíveis, planejarem os cuidados.
Sabe-se que o vírus
responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2) apresenta um
alto poder patogênico, infectando o trato respiratório inferior, causando
distúrbios pulmonares, associado a um alto índice de letalidade [25]. Estudo
realizado por uma Universidade de Hong Kong identificou a taxa de transmissão
de 83,0% em ambiente familiar [26]. No dia a dia, a contaminação pode ocorrer
pelo ato de levar a mão à boca, olhos e nariz após entrar em contato com o
vírus por apertos de mão, toque em maçanetas e ou outros objetos contaminados
ou pelo contato com gotículas salivares, espirro, tosse ou secreções [27], o
que impõem a necessidade de medidas preventivas.
Dentro do planejamento
da assistência, é fundamental o profissional, com um pensamento crítico e
conhecimentos prévios, criar um fluxograma de atendimento, tanto para pacientes
que não apresentam nenhuma sintomatologia do COVID-19, como para os pacientes
suspeitos e diagnosticados com a doença, visando a diminuição do contágio e
proteção à vida de todos. Todas as medidas tomadas devem respeitar as
características das unidades de hemodiálise, normas de padronização, capacidade
de atendimento, número de profissionais, características socioculturais do
ambiente em que está inserida, assim como o perfil dos pacientes e ter
referências das recomendações dos órgãos de competências, como Ministérios de
Saúde e Sociedades de Nefrologia [18,23,24].
As recomendações
preventivas incluem atenção às manifestações da doença. Os principais sintomas
da doença são classificados como leve a moderado e incluem tosse, coriza, dor
de garganta, febre e diarreia, porém, em pessoas com condições pré-existentes
pode levar a depressão do sistema respiratório, causando pneumonia ou
insuficiência respiratória aguda com potencial letal [28]. As medidas
preventivas para evitar o contágio e controlar infecções correspondem ao uso de
máscaras, medidas de etiqueta respiratória, distanciamento social, diminuir o
número de acompanhantes nos serviços, lavagem de mãos com água e sabão ou o uso
de álcool em gel 70% [18-24].
Destaca-se que as
pessoas em tratamento renal, em sua grande maioria, realizam a hemodiálise em
três sessões semanais. Havendo, no Brasil, a necessidade de deslocamento até
estes serviços com o uso de transporte intermunicipal, muitas vezes coletivo,
fornecido pelas Secretarias Municipais de Saúde, em razão de a localidade ser
em grandes centros urbanos. Este fato aumenta a exposição e eleva o risco de
contágio, visto que há impossibilidade de abandonar o tratamento, indispensável
para a manutenção de vida. Diante disso, cabe à Enfermagem fornecer orientações
preventivas mediante as recomendações de órgãos competentes, quanto às medidas
de higienização e proteção [18-24].
Quanto ao manejo de
casos suspeitos, o enfermeiro deve informar sobre os principais sinais e
sintomas da COVID-19, orientar sobre qual o procedimento deve ser tomado caso o
usuário os apresente; reforçar a importância do comparecimento às sessões de
tratamento; auxiliar na elaboração de estratégias para utilização de medicações
de uso regular e; reforçar a importância da manutenção do esquema vacinal em
dia, especialmente, contra a influenza [18-24]. A equipe de enfermagem pode ter
uma atuação diferencial neste papel de educador em saúde, pois permanece com o
paciente por todo o período em que está conectado a máquina e, em geral, possui
elevada credibilidade e confiança do paciente. Em relação aos casos
confirmados, adotar caso disponível o uso de único dialisador para este
paciente, em sala de isolamento ou em horário diferenciado dos demais [18].
A pessoa com DRC, na
maioria das vezes, precisa de auxílio do familiar devido à fragilidade de sua
saúde, portanto, tais cuidadores precisam considerar o cuidado com sua saúde,
principalmente, para aqueles que realizarem atividades laborais fora da
residência. É fundamental que o familiar se sinta acolhido pelo serviço de
saúde, pois também acumulam tensões e preocupações pelo caráter excepcional do
período da pandemia. Cabe a enfermagem orientá-los a, se possível, quando se
ausentarem do serviço evitar aglomerações; fornecertambém
as informações sobre higienização e
prevenção tanto no âmbito domiciliar
quanto fora dele, para evitar a exposição do paciente ao
vírus e; orientá-los
quanto ao fluxograma que devem percorrer para garantia de seus direitos
[23,24].
A Enfermagem enquanto
profissão que atua na linha de frente no combate da COVID-19, combinando o
conhecimento científico e o domínio de técnicas para proporcionar cuidado ao
paciente, enfrenta diversas dificuldades em seus campos de trabalho, que vão
desde a exacerbação da exaustão física, até a predisposição ao aparecimento de
condições referentes ao adoecimento mental, pois muitas vezes precisam
conciliar mais de um emprego devido ao baixo salário [29].
No setor de
hemodiálise, durante o período da pandemia, cabe ao enfermeiro assegurar, o bom
funcionamento da unidade, protegendo tanto a equipe de trabalhadores, quanto a
saúde dos pacientes. Para oferecer um atendimento de qualidade, deve-se investir
em capacitações para a equipe, frisando a importância do trabalho na linha de
frente do combate ao vírus e os desafios que serão encontrados [18-24]. Durante
uma pandemia, um cenário novo, várias dificuldades serão impostas a estes
profissionais, que mesmo com o aumento da exposição a riscos biológicos, o
prolongamento do tempo de uso de equipamentos de proteção e a adição de itens
para a proteção, terão que encontrar maneiras para acolher com eficácia todos
os pacientes e suas demandas.
É inegável a
importância destes profissionais para o funcionamento dos sistemas de saúde de
todo o mundo, ressaltados no atual contexto, portanto, a sua proteção deve ser
garantida, visando à melhoria dos aspectos assistenciais, seja pela articulação
das funcionalidades multiprofissionais ou assegurar a qualidade do atendimento
e a segurança do paciente.
Vale reforçar que essas
orientações têm caráter complementar às diretrizes apresentadas neste estudo,
visando o apoio das práticas essenciais da Enfermagem em Nefrologia, durante o
período excepcional, acarretado pela pandemia do vírus SARS-CoV-2.
As recomendações das
organizações internacionais, não governamentais, poderão ser utilizadas no
planejamento seguro dos cuidados pela Enfermagem na abordagem aos pacientes
durante a pandemia, nos serviços de Nefrologia. As diretrizes apontam para a
necessidade de uso de informações atualizadas e evidências científicas para
apoiar as abordagens dos profissionais de saúde, na prevenção da contaminação pelo
SARS-CoV-2, na equipe e pacientes, assim como, o manejo dos casos suspeitos e
confirmados.
A possível limitação
deste estudo pode estar relacionada às características da doença ainda estarem
em fase de estudo pelo meio científico, assim como o manejo dos infectados, que
podem sofrer alterações, mas que não diminuem a qualidade da informação
apresentada neste estudo.
Para a Enfermagem em
Nefrologia, o estudo traz recomendações para que seja possível a prática do
cuidado seguro durante a pandemia, possibilitando medidas para prevenir a
infecção pelo vírus e dar continuidade no tratamento da pessoa com DRC, visando
tanto o seu bem-estar e a sua saúde quanto do seu familiar e acompanhante, e a
proteção dos membros da equipe, amparados física e mentalmente, que estarão
mais do que nunca vulneráveis aos riscos incidentes da profissão.