REVISÃO
O impacto do isolamento
social na qualidade de vida dos idosos durante a pandemia por COVID-19
Marcos Vinicius Sousa
Silva*, Jessica de Almeida Rodrigues*, Mylena de
Souza Ribas*, Jessica Cristina Santana de Sousa*, Thiálita
Rebeca Oliveira de Castro*, Beatriz Andrade dos Santos*, Julliane
Messias Cordeiro Sampaio, D.Sc.**, Vanessa Alvarenga Pegoraro, M.Sc.***
*Estudante de graduação
Enfermagem do UNICEUB, **Professora Titular do Curso de Enfermagem
FACES/UNICEUB, ***Professora Assistente do Curso de Enfermagem FACES/UNICEUB
Recebido em 13 de
agosto de 2020; aceito em 30 de agosto de 2020.
Correspondência: Vanessa Alvarenga Pegoraro, Curso de Enfermagem FACES/UNICEUB, salas 707/907
Campus Universitário, SEPN Asa Norte, 70790-075 Brasília DF
Marcos Vinicius Sousa
Silva: marcosxt21@gmail.com
Jessica de Almeida
Rodrigues: jessica.almeida@sempreceub.com
Mylena de Souza Ribas:
mylena.ribass@gmail.com
Jessica Cristina Santana
de Sousa: jessika_santana08@hotmail.com
Thiálita Rebeca Oliveira de
Castro: thialitacastro@gmail.com
Beatriz Andrade dos
Santos: beatrizandrade280197@gmail.com
Julliane Messias Cordeiro
Sampaio: julliane.sampaio@ceub.edu.br
Vanessa Alvarenga Pegoraro: vanessa.pegoraro@ceub.edu.br
Resumo
Introdução: Na atualidade
vivenciamos a pandemia de uma doença respiratória detectada na cidade de Wuhan,
na China, intitulada COVID-19. Os grupos de risco consistem principalmente em
idosos, pessoas com patologias crônicas e imunocomprometidos. Como uma das
medidas profiláticas, recomenda-se o isolamento social, em especial o grupo de
risco. Objetivo: O presente estudo objetivou apresentar o impacto do
isolamento social na vida da pessoa idosa na atual pandemia por COVID-19. Métodos:
Trata-se de uma revisão narrativa da literatura na base de dados Scielo, Lilacs e Sistema de
Publicação Eletrônica de Teses e Dissertações. Resultados: As discussões
foram baseadas nos tópicos sobre a qualidade de vida e a senescência,
isolamento social dos idosos em tempos de pandemia e as consequências do
isolamento social para o idoso. O envelhecimento saudável se faz necessário no
atual momento, já que essa população corresponde a maior parcela vulnerável às
consequências da contaminação pelo coronavírus. Conclusão:
Portanto, são necessárias intervenções quanto a saúde do idoso no período
pandêmico, fornecendo opções da continuidade da qualidade de vida.
Palavras-chave: isolamento social,
qualidade de vida, idoso, pandemia, impacto social.
Abstract
The impact of social isolation on the quality of life of the elderly
during the COVID-19 pandemic
Introduction: Currently we are experiencing the pandemic of a respiratory disease
detected in the city of Wuhan, China, entitled COVID-19. The risk groups
consist mainly of the elderly, people with chronic pathologies and
immunocompromised. As one of the prophylactic measures, social isolation is
recommended, especially the risk group. Objective: The present study
aimed to present the impact of social isolation on the life of the elderly in
the current pandemic by COVID-19. Methods: This is a narrative review of
the literature in the database Scielo, Lilacs and the
Electronic Publication System of Theses and Dissertations. Results: The
discussions were based on topics on quality of life and senescence, social
isolation of the elderly in times of pandemic and the consequences of social
isolation for the elderly. Healthy aging is necessary at the present time, as
this population corresponds to the largest portion vulnerable to the
consequences of contamination by the coronavirus. Conclusion: Therefore,
interventions regarding the health of the elderly in the pandemic period are
necessary, providing options for the continuity of quality of life.
Keywords: social isolation, quality of life, elderly, pandemics, social impact.
Resumen
El impacto del aislamiento social en la calidad
de vida de los ancianos
durante la pandemia por COVID-19
Introducción: Actualmente
estamos viviendo la
pandemia de una enfermedad respiratoria
detectada en la ciudad de Wuhan, China, titulada COVID-19. Los grupos de riesgo están formados
principalmente por adultos mayores, personas con patologías crónicas e inmunodeprimidos. Como una de las
medidas profilácticas, se recomienda el aislamiento social,
especialmente el grupo de riesgo.
Objetivo: El presente estudio tuvo como objetivo presentar el
impacto del aislamiento
social en la vida de los adultos mayores en la actual
pandemia por COVID-19. Métodos: Se trata de una revisión
narrativa de la literatura en
la base de datos Scielo, Lilacs y el Sistema de Publicación
Electrónica de Tesis y Disertaciones.
Resultados: Las discusiones
se basaron en temas sobre calidad de vida y senescencia, aislamiento social de los mayores en tiempos
de pandemia y las consecuencias
del aislamiento social para
los mayores. El envejecimiento saludable es necesario en la
actualidad, ya que esta población corresponde a la mayor
porción vulnerable a las consecuencias de la contaminación por el coronavirus. Conclusión: Por lo tanto, son necesarias intervenciones
sobre la salud de los adultos mayores en el período pandémico, con el fin
de brindar opciones para la
continuidad de la calidad de vida.
Palabras-clave: aislamiento
social, calidad de vida, anciano,
pandemia, impacto social.
No final do ano de
2019, houve um surto de uma nova doença respiratória detectada na cidade de
Wuhan, na China, provocado pelo novo coronavírus
intitulado COVID-19. Em aproximadamente dois meses foram detectados milhares de
casos, resultando em inúmeros óbitos. Anteriormente, aconteceram outras duas
epidemias de coronavírus chamadas de Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SARS) e Síndrome Respiratória do Oriente Médio
(MERS), mas a COVID-19 se destaca pela rapidez de disseminação e pelas
dificuldades para contenção. Portanto, em março de 2020 a Organização Mundial
da Saúde (OMS) declarou a ocorrência de uma pandemia pelo novo coronavírus [1].
Muito se é discutido no
atual contexto social, medidas que promovem maior segurança quando se fala de
saúde pública e qualidade de vida. Segundo o Ministério da Saúde (MS), durante
a presente pandemia, é necessária responsabilidade, tendo em vista que seu
contágio é facilitado pelo contato próximo. Assim, faz-se necessário evitar
aglomerações, preservando a população de modo geral e a de maior risco [2].
Neste contexto, pode-se
abordar o distanciamento social, que consiste em evitar o contato próximo entre
as pessoas e sendo recomendado o distanciamento físico de no mínimo um metro e
meio. Já o isolamento social ocorre quando o número de contágios de determinada
patologia ultrapassa os valores previstos em determinado local e tempo. Durante
o período de quarentena, a população é orientada a evitar sair de casa, e caso
tenham suspeitas, é necessário o isolamento físico por no mínimo quatorze dias,
por ser o período de incubação do atual agente infeccioso [3].
A história mostra que
esta não é a primeira vez que a sociedade recorre a uma conduta de isolamento.
No estado de São Paulo, em dezembro de 1923, medidas similares foram aplicadas
para controle do surto de hanseníase, porém de forma mais incisiva e
segregativa. Com o intuito profilático, os sintomáticos eram alocados em
asilos, sanatórios e colônias agrícolas que eram vulgarmente nomeadas de “vilas
de leprosos”, podendo ter anexos como orfanatos, creches, asilos e hospitais
[4].
Partindo do mesmo
princípio profilático, porém com uma abordagem humanizada e com embasamento
científico, a restrição social apresentada na atualidade devido à disseminação
do coronavírus (SARS CoV-2) funciona de forma a
proteger a população, tanto de forma singular como coletivamente, informando
sobre riscos e conscientizando quanto às abordagens preventivas. Evita-se,
assim, aglomerações e reduz-se a propagação do vírus [5].
O grupo de risco no
presente momento consiste principalmente nos idosos, pessoas com patologias
crônicas e imunocomprometidos, não deixando de lado os grupos que são restritos
a ambientes fixos, como a população privada de liberdade, imigrantes que
transitam pela alfândega e residentes de Instituições de Longa Permanência (ILPs) [6].
De acordo com a OMS, a
população idosa tem maior suscetibilidade para contrair a COVID-19, pois os
quadros se agravam em uma maior velocidade, por consequência, geram taxas mais
elevadas de mortalidade [7]. Segundo o MS, o maior quantitativo de óbitos
notificados até junho de 2020 no Brasil corresponde à população com faixa
etária acima dos 60 anos, com 53.223 óbitos, equivalente a 70%, sendo em sua
maioria do sexo masculino e de cor parda [1].
Para o enfrentamento da
pandemia pelo novo coronavírus, uma das estratégias é
o isolamento de pessoas doentes pela COVID-19 por representarem risco de
contágio a outras pessoas; dessa forma, é crucial afastá-las do convívio
social. Tal prática envolve medidas de distanciamento social também entre as
pessoas aparentemente sadias, para garantir a saúde da população e impedir o
colapso do sistema de saúde [8].
O isolamento social tem
sido adotado por vários países durante a pandemia na tentativa de achatar a
curva de contágio da doença, mas não se pode esquecer que a população idosa,
mais especificamente portadores de doenças crônicas, têm maior suscetibilidade
ao contágio do vírus e maior vulnerabilidade [9,10].
Durante o período de
quarentena, o direito de equidade dos idosos deve ser reforçado. Deve-se zelar
por estes indivíduos conforme suas necessidades, para que seja mantida mesmo em
momentos de crise. Pensando nisto, durante o isolamento social diversas
experiências podem reduzir a qualidade de vida dessa população, sendo
necessária maior abordagem sobre o tema do presente trabalho [11].
O presente estudo
objetivou apresentar o impacto do isolamento social na vida da pessoa idosa na
atual pandemia por COVID-19.
Trata-se de uma revisão
de literatura narrativa. O acervo bibliográfico acessado foi obtido através das
seguintes bases de dados eletrônicos: Scientific
Electronic Library Online (Scielo),
Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (Lilacs) e Sistema de Publicação Eletrônica de Teses e
Dissertações (TEDE). Obtém-se, por meio destas bases, artigos e revistas
científicas publicados em português e inglês. A busca ocorreu em junho de 2020
com utilização das palavras-chave “isolamento social”, “distanciamento social”,
“idosos”, “qualidade de vida” e “pandemia”.
A pesquisa narrativa
permite ao leitor entender a experiência do pesquisador; trata-se de um estudo
que evidencia pontos que outros autores já abordaram e práticas de campo já
realizadas. Quando se é falado sobre este tipo de estudo, o pesquisador necessita
interpretar artigos e materiais científicos para assim transcrever uma
perspectiva acadêmica e profissional. Os dados da pesquisa são então coletados
de forma qualitativa e, posteriormente, o pesquisador decide o perfil que mais
se adequa ao seu estudo [12,13].
Foram utilizados os
seguintes descritores, adquiridos na plataforma “Descritores em Ciência da
Saúde (DeCS)”: isolamento social; qualidade de vida;
idoso; pandemia; impacto social.
O recorte temporal
utilizado para a seleção dos conteúdos deste trabalho foi entre 2000 e 2020,
com o intuito de captar conteúdos para maior obtenção de dados relevantes sobre
o propósito do estudo.
É fundamental ressaltar
que ser idoso não está associado a perder qualidade de vida, muito pelo
contrário. O “envelhecer” é exemplificado através de duas vertentes, uma com
baixa qualidade de vida e outra de alta qualidade de vida, já que muitos
fatores podem tanto afastar quanto aproximar esses dois extremos [14]. A
longevidade da população é o produto do desenvolvimento da sociedade, visto que
o idoso do século 21 é mais propenso a doenças crônicas; mas por outro lado,
também possui melhor e maior acesso à informação, advinda de familiares,
conhecidos, ou mesmo oriunda do Sistema Único de Saúde (SUS) [15].
Qualidade de vida e a
senescência
Muito se é discutido
quando o assunto é qualidade de vida do idoso. Assim sendo, para que esse tema
seja abordado é necessário ter entendimento a respeito do envelhecimento, que
não deve ser visto como uma experiência homogênea. Partindo do ponto que cada
pessoa possui um ponto de vista diferente, variando de acordo com seus
costumes, crenças, princípios e vivências. Sabendo-se que cada idoso tem uma
vivência única, a qualidade de vida requer um limiar mínimo aceitável para que
exista uma classificação, sendo alguns desses elementos o direito à saúde, ao
saneamento básico, à moradia e à mobilidade; acesso ao lazer, à boa alimentação
e à água tratada e, principalmente, o direito à dignidade e ao respeito,
exercendo assim sua cidadania [11-15].
A prática de exercício
físico é o maior fator protetor para os agravos do envelhecimento. Essa prática
de forma regular reduz as taxas de morbimortalidade, assim como uma maior
expectativa de vida quando comparados a pessoas que não praticam. Em sequência,
é evidenciado que a medida não farmacológica de primeira escolha para a
prevenção e tratamento de diversas patologias é a atividade física constante,
principalmente para a qualidade de vida de pacientes crônicos, como os
hipertensos, diabéticos, obesos entre outros [16].
Para o idoso, a
alimentação saudável está entre os principais cuidados a serem realizados. Com
o passar das décadas, o metabolismo humano tende a reduzir sua atividade de
forma gradual. Devido à redução das atividades realizadas, o corpo passa a
necessitar de menos energia [17]. Como consequência dessa redução metabólica, é
indispensável que o idoso se alimente de forma mais consciente, trocando
quantidade por qualidade, ingerindo alimentos ricos em micronutrientes
(minerais e vitaminas) presentes em frutas, legumes e verduras em meio a suas
refeições. Essa adesão é necessária para manter-se saudável e reduzir os
déficits nutricionais esperados do processo de envelhecimento [18].
As consequências de uma
alimentação desbalanceada com consumo de alimentos ultraprocessados
pode reduzir a expectativa de vida da terceira idade, levando em consideração
que hipertensos tendem a possuir uma dieta rica em sódio e diabéticos tendem a
preferir consumir alimentos com elevado teor de açúcar. Esses fatores reforçam
a necessidade do acompanhamento nutricional para o público geriátrico, visando
o desenvolvimento da qualidade de vida, prevenindo e controlando os agravos
provenientes das patologias crônicas [19-20].
Relacionado à
cidadania, é indispensável para a saúde do idoso conviver em sociedade. Nesta
perspectiva mulheres e idosos mais velhos têm maior suscetibilidade para
sensação de solidão, assim como pensamentos depressivos. Desta forma, tornam-se
necessárias tomadas de decisão por parte dos profissionais e familiares
responsáveis, proporcionando os devidos estímulos ao idoso, como, por exemplo,
interação com os jovens e com outros idosos de forma segura, entre outras
experiências que favoreçam a autonomia desse indivíduo [15].
Para que os jovens
idosos possuam “um envelhecimento bem-sucedido”, vê-se necessário um
investimento em saúde, tanto física quanto mental, reduzindo as chances de
contrair ou agravar determinadas patologias, assim como retardar as
complicações provenientes do envelhecimento [21].
Isolamento social dos
idosos em tempos de pandemia
Considerando as
dificuldades enfrentadas pela população idosa, durante esse período de
transição etária, diversas alterações sociais ocorrem. Dentre elas, destaca-se
o evento da aposentadoria, que deveria ser o momento de descanso e
reconhecimento por sua longa jornada, mas que, por vezes, torna-se o período no
qual o indivíduo deixa de exercer um papel claro na sociedade [14].
Deve-se considerar
também que ocasionalmente esses idosos vivem o luto por seus companheiros,
parentes e conhecidos. Como resultado essa população acaba desenvolvendo uma
rotina menos ativa e aos poucos mais dependentes de seus familiares, perdendo a
tão necessária autonomia. Esses fatores físicos e emocionais presentes no
cotidiano tendem a reduzir a qualidade de vida desse grupo de risco [22].
Durante o período
pandêmico de 2020, ao grupo de risco acima de 65 anos é recomendado um
isolamento social mais rigoroso, realizado não por escolha, mas como método
preventivo a exposição e contágio do vírus. O distanciamento do convívio com a
comunidade é tolerado de forma diferente pelos grupos de idosos que possuem
companhia, seja ela de familiares, cônjuges ou amigos, lidando com as consequências
desse isolamento de forma mais branda. No entanto, idosos que vivem sozinhos ou
em ILPs, que têm seu contato reduzido com familiares
ou mesmo com a sociedade, sofrem as consequências do distanciamento social de
forma mais intensa [23-24].
Após a aposentadoria há
a comum sensação de não pertencimento ao local, já que exerceu em algum momento
um forte papel de trabalhador dentro da sociedade e suas experiências eram
relevantes nesse contexto. Todavia, no ambiente doméstico, essas vivências não
são significativas para manter a diálogo constante, reduzindo assim a
comunicação entre o grupo familiar [25].
A comunicação é sem
dúvida o aspecto mais abordado dentre as discussões relativas à melhoria da
qualidade de vida no isolamento social. Por conseguinte, durante a pandemia, o
fator digital tem ganhado espaço, pois jovens e idosos tendem a passar mais
tempo ociosos, preservando por meio online a integridade desse grupo de risco.
Idosos que têm acesso ao ensino digital apresentaram maior progresso em
controle de movimentos finos, performance cognitiva, linguística e redução dos
sintomas de depressão, quando contraposto ao grupo controle [26,27].
Ao observar o
confinamento das pessoas no contexto atual, deve-se também ser considerada a
influência e a toxicidade das mídias digitais acerca da população idosa, de
forma que esses indivíduos que passam grande parte do dia diante da televisão,
ou de celulares, vivenciam o assunto coronavírus ser
saturado ao longo do dia [28].
Há dois posicionamentos
extremos prevalentes que são observados, sendo o primeiro relacionado ao
otimismo irreal que é norteado por “no fim vai dar tudo certo independente das
suas ações”, subestimando assim as consequências, e podendo esse indivíduo se
expor de forma imprudente, quebrando o distanciamento social. Já o segundo
consiste em observar de forma distorcida e negativa, bem como adotar medidas de
preocupação intensa e por vezes associadas ao medo, à angústia e à tristeza.
Enquanto o primeiro grupo tem mínimas precauções, o segundo ultrapassa os
limites comprando de forma exacerbada recursos de proteção e higiene, afetando
assim o mercado e o ambiente profissional, que por vezes não possuem recursos
mínimos para atendimento do público que necessita [29].
Neste contexto,
observa-se a importância do grupo de apoio a esses idosos nos momentos de
dificuldade decorrentes do isolamento social profilático, sendo estes tanto
profissionais quanto familiares. Devem ser elaboradas estratégias para inclusão
do indivíduo dentro do ambiente doméstico, tornando-o parte da rotina e assim
melhorando sua qualidade de vida [30,31].
As consequências do
isolamento social para o idoso
Ao longo do trabalho
foi apresentado o perfil heterogêneo da população idosa perante o atual
contexto social. Nessa perspectiva, o envelhecimento traz diversas alterações
fisiológicas que por vezes se mostram nítidas em sua rotina, nas alterações de
humor, no sedentarismo e na alimentação, influenciando diretamente na qualidade
de vida desses indivíduos, que passam a sentir de forma mais intensa as
alterações em seu cotidiano, tanto de forma social quanto pessoal [11].
Após o fim do surto
causado pela COVID-19, será possível visualizar os danos psicológicos causados
na população como consequência do atual cenário, mostrando que esse desgaste
mental pode ser comparado aos mesmos sentimentos provenientes de catástrofes
naturais e cenários de guerra pelos quais a sociedade passa por estresse,
tensão, ansiedade, frustração, insegurança relacionada ao futuro e pelo medo da
morte [32].
Em razão do
desenvolvimento dessas emoções negativas, houve um aumento importante de novos
casos de transtornos psicológicos, tornando a população que não possui uma rede
de apoio presente, durante e após o isolamento social, mais suscetíveis a estes
transtornos. Dentre esses, merecem atenção os associados ao trauma, como o
transtorno de estresse pós-traumático e os transtornos depressivos,
provenientes do longo período de isolamento, associado à grande quantidade de
informações negativas acompanhadas por essa população, durante o período de
quarentena, tornando a rotina opressiva e frustrante, causando cansaço tanto
físico quanto emocional [28].
Uma clara alteração na
sociedade pós-pandemia poderá ser a diminuição do contato físico de forma
geral, características sociais já difundidas na sociedade oriental [33]. Os
idosos poderão sentir maior impacto com essas alterações sociais por estarem
mais próximos dos familiares e amigos [34].
Como consequência das
medidas de segurança através do isolamento social, a população idosa que antes
praticava atividades ao ar livre passa a sair cada vez menos de suas casas, por
vezes priorizando a segurança e por outras por medo do desconhecido. Portanto, esses
fatores estabelecem uma situação complexa, tanto psicologicamente quanto
fisicamente, pois os idosos precisam manter o corpo ativo [16].
Muito se discute sobre
os benefícios da vitamina D no organismo, ainda mais se tratando da população
idosa que, devido ao processo de alterações anatomofisiológicas,
encontra-se imunodeprimida. Porém, durante o isolamento social, esse grupo sai
cada vez menos de casa, deixando de lado a necessidade de exposição à luz
solar, que é a principal responsável pela síntese desse pró-hormônio que
associado ao paratormônio (PTH) atua como importante regulador do metabolismo
ósseo. Estudos atuais mostram sua eficácia em tratamentos de idosos com
depressão, assim como sua importância relacionada ao metabolismo e efeitos protetores
nos sistemas esquelético, muscular e imunológico [35].
Um dos principais
agravos causados pelo distanciamento social é a diminuição da procura por
suporte de saúde, retardando esse contato até o momento mais crítico, uma vez
que ambientes hospitalares e ambulatoriais são locais de grande movimentação de
pessoas enfermas e possivelmente contaminadas com o coronavírus.
Visando estes fatores, tanto para diminuir as demandas hospitalares, como para
garantir maior segurança da população de risco, as instituições de saúde estão
promovendo atendimentos on-line [36].
Outro fator existente
são as alterações associadas ao padrão de sono, que são comumente relacionadas
a disfunções psicogênicas. A qualidade do sono está diretamente ligada à qualidade
de vida, sendo compreensível que idosos que relatam distúrbios do sono tenham
maior vulnerabilidade, muitas vezes associada a problemas de saúde como
depressão, instabilidade emocional, distorcida percepção da saúde e presença de
doenças crônicas [37].
Conclui-se que o
envelhecimento saudável se faz necessário no atual momento, pois essa população
corresponde à maior parcela vulnerável às consequências da contaminação pelo coronavírus, e fatores que proporcionam a melhora na
qualidade de vida são considerados fatores protetores a saúde desses idosos.
Pode se observar que o
idoso é naturalmente suscetível ao isolamento social, mesmo em momentos de
homeostase social. Portanto, quando exposto a um fator estressante como a atual
pandemia, são necessários maiores investimentos em cuidados preventivos capazes
de garantir a segurança e reduzir os danos causados a esse grupo de risco.
Vê-se
necessária a
intervenção quanto às medidas de
atuação a respeito da saúde do idoso no
período
pandêmico, fornecendo opções da continuidade da
qualidade de vida e
possibilidades de comunicações seguras com a rede de
apoio à pessoa idosa,
tendo a tecnologia como seu maior aliado. Igualmente, nota-se a
necessidade de
tomadas de decisão por parte do governo, relacionadas à
melhora da qualidade de
vida de forma efetiva da população idosa no momento
pós-pandemia.
Fatores que envolvem a
desigualdade social não foram abordados no presente trabalho por serem
imprevisíveis as futuras alterações socioeconômicas, já que estamos em meio ao
processo pandêmico.
Frente ao exposto,
conclui-se que apesar do objetivo proposto quanto ao impacto do isolamento
social para os idosos ter sido alcançado. Por estar vigente o período de
pandemia, acredita-se que existe uma estreita relação entre os impactos
provenientes do isolamento social aos idosos com a atual situação de isolamento
social em virtude da COVID-19. São necessários mais estudos que tragam
estimativas conclusivas a respeito do impacto da pandemia sobre a população de
idosos. Considerando a escassez das informações, sugere-se que sejam realizadas
mais pesquisas a fim de trazer a completude necessária sobre a referida
temática.