Enferm
Bras 2021;20(3);429-47
REVISÃO
Síndrome
da fragilidade em idosos: prevalência, critérios para identificação e fatores
associados
Jessica
Cristina Santana de Sousa*, Thiálita Rebeca Oliveira
de Castro*, Jéssica de Almeida Rodrigues*, Mylena de
Souza Ribas*, Marcos Vinicius da Silva*, Beatriz Andrade dos Santos*, Julliane Messias Cordeiro Sampaio, D.Sc.**,
Vanessa Alvarenga Pegoraro, M.Sc.***
*Estudante
de graduação Enfermagem do UNICEUB, **Professora Titular do Curso de Enfermagem
FACES/UNICEUB, ***Professora Assistente do Curso de Enfermagem FACES/UNICEUB
Recebido
em 13 de agosto de 2020; aceito em 17 de maio de 2021.
Correspondência: Vanessa Alvarenga Pegoraro,
FACES/UNICEUB, Campus Universitário, SEPN Asa Norte, 707/907, 70790-075
Brasília DF
Jessica Cristina Santana de Sousa:
jessika_santana08@hotmail.com
Thiálita Rebeca Oliveira de
Castro: thialitacastro@gmail.com
Jéssica de Almeida Rodrigues:
jessica.almeida@sempreceub.com
Mylena de Souza Ribas:
mylena.ribass@gmail.com
Marcos Vinicius da Silva: marcosxt21@gmail.com
Beatriz Andrade dos Santos: beatrizandrade280197@gmail.com
Julliane Messias Cordeiro
Sampaio: julliane.sampaio@ceub.edu.br
Vanessa Alvarenga Pegoraro:
vanessa.pegoraro@ceub.edu.br
Resumo
Introdução: Fragilidade pode ser considerada como
conjunto de fatores que desfavorecem o idoso no decorrer de sua vida e podem
provocar dependência. Objetivo: Identificar na literatura a prevalência
e fatores associados, assim como critérios utilizados para classificar idosos
quanto a fragilidade. Métodos: A busca bibliográfica deu-se por meio das
bases de dados eletrônicas: Medline, Scielo, Lilacs e BDEnf, de fevereiro a
abril de 2020. Resultados: Conforme a congruência dos dados, foram
criadas duas categorias: A prevalência da síndrome da fragilidade no sexo
feminino e Fatores associados à fragilidade e critérios de avaliação da
síndrome da fragilidade. Conclusão: Verificou-se predomínio do sexo
feminino relacionado à diminuição da força muscular e alterações hormonais, bem
como o aumento do risco ao desenvolvimento da síndrome devido a vulnerabilidade
causada por doenças crônicas e seus acometimentos, fazendo-se necessário
utilizar os critérios adequados para fragilidade, melhor intervenção para
prevenir e postergar futuras comorbidades decorrentes do processo de
envelhecimento.
Palavras-chave: fragilidade; idosos; idoso
fragilizado; Enfermagem.
Abstract
Frailty syndrome in the elderly:
prevalence, criteria for identification and associated factors
Introduction: Frailty can be
considered as a set of factors that affects the elderly over the course of
their life and can cause dependence. Objective: To identify in the
literature the prevalence and associated factors, as well as the criterions
used to classify the elderly regarding the fragility. Methods: The
bibliographic search took place through the electronic databases: Medline, Scielo, Lilacs e BDEnf, from
February to April 2020. Results: According to the congruence of the data, two
categories were created: The prevalence of frailty syndrome in females and
Factors associated with the fragility and criterions of evaluation of the
frailty syndrome. Conclusion: It was observed predominance of female gender
related to the decrease in muscle strength and hormonal modifications, as well
as the increased risk to the development of the syndrome due to the
vulnerability caused by chronic diseases and their involvement, making it
necessary to use appropriate criterions for fragility, better intervention for
prevent and postpone future co-morbidities resulted from the aging process.
Keywords: fragility; elderly; frail
elderly; Nursing.
Resumen
Síndrome
de fragilidad en ancianos: prevalencia, criterios de identificación y factores asociados
Introducción: La fragilidad puede considerarse como un conjunto de factores que desfavorecen a las personas mayores a lo largo de su vida y pueden causar dependencia. Objetivo: Identificar en la literatura la prevalencia y los factores asociados,
así como los criterios utilizados para clasificar
a los mayores con respecto a la fragilidad. Métodos: La
búsqueda bibliográfica se llevó
a cabo a través de las bases de datos
electrónicas: Medline, Scielo, Lilacs
e BDEnf, de febrero a abril
de 2020. Resultados: Según la
congruencia de los datos, se crearon dos categorías: La prevalencia del síndrome de fragilidad en las mujeres
y Factores asociados con la fragilidad
y los criterios para evaluar el síndrome de fragilidad. Conclusión: Se
observó predominio de las mujeres relativo a la disminución de la fuerza muscular y los cambios hormonales,
así como el mayor riesgo de desarrollar el síndrome debido a la vulnerabilidad
causada por las enfermedades
crónicas y su acometimiento,
por lo que es necesario
utilizar los criterios adecuados para fragilidad, y mejor intervención para prevenir
y posponer futuras comorbilidades resultantes del proceso de envejecimiento.
Palabras-clave: fragilidad; ancianos; anciano frágil; Enfermería.
A velhice é o estado no qual acredita-se ser a última etapa
da vida e que merece um cuidado especial. Segundo o Parecer de nº 1301 de 2003,
Art. 1º, caracteriza-se como idoso a pessoa com 60 anos ou mais, que dispõe de
atribuições comuns a qualquer outro cidadão, independentemente de sua faixa
etária. Sendo assim, é de extrema importância que o idoso conheça seus direitos
e deveres perante a sociedade e que recorra a eles sempre que se fizer
necessário, a fim de cobrar em âmbito social e político aquilo que deve ser
feito [1].
Nos dias atuais, verifica-se o aumento da expectativa de
vida da população brasileira que, segundo os dados do IBGE 2017, chega, em
média, aos 76 anos de idade. Esse crescimento foi ressaltado nos últimos anos.
Sendo assim, é notório a preocupação que sociedade e governo enfrentam para
lidar com as novas características e adotar métodos que sejam importantes e
auxiliem no aumento dessa longevidade [2].
Somente no ano de 1994, surgiu, por meio da Lei 8842/1994
da Política Nacional do Idoso que reconheceu como quesito prioritário a
necessidade de investimentos governamentais que permitam a garantia dos
direitos aos idosos, o reconhecimento da inevitabilidade de participações
ativas perante os acontecimentos da sociedade e a necessidade de propor uma
maior autonomia aos mesmos [3,4].
Uma série de processos acometem as pessoas ao longo de suas
vidas. Ao envelhecer, percebe-se maiores alterações não somente relacionadas à
idade e aos aspectos físicos, mas também relacionadas aos sistemas biológicos.
Para o ancião, é comum queixar-se de fadiga e falta de ar ao realizar
atividades físicas consideradas rotineiras. Verifica-se uma maior desidratação,
pele fina, seca e enrugada; possui maior risco de quedas e lesões; relações
sexuais com maior nível de dificuldade; aumento na frequência de urinar,
principalmente durante o período noturno; maior lentidão para reagir e
responder; dificuldade no aprendizado; piora da visão e esforço maior para
ouvir [5].
Segundo a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa
(PNSPI), a fragilidade no idoso é caracterizada como um suposto estado clínico
que detém de múltiplas causas e fatores que contribuem de forma direta no
retardo da força, resistência, e consequentemente regressão de suas funções
fisiológicas. Essas questões provocam maior dependência do idoso aos demais
familiares e pessoas que o cercam. Além disso, a PNSPI explicita que os idosos
estão entre as pessoas mais frágeis e são prioridade no grupo populacional com
maior vulnerabilidade. Sendo assim, após reconhecimento da situação, é de suma
importância que se utilizem variados recursos para impedir que este fator se
agrave [6].
Observa-se atualmente a utilização frequente da expressão
fragilidade relacionada ao envelhecimento e suas comorbidades como perda de
peso e diminuição da força muscular, a fim de designar atributos inerentes a
uma grande parte da população de idosos, elevando o risco de quedas,
hospitalizações e outros eventos adversos. Não se pode afirmar que a
fragilidade está relacionada tão somente ao processo de senescência, já que
alguns anciãos ainda possuem pleno vigor físico. Sendo assim, acredita-se que a
fragilidade pode ser alusiva as doenças crônicas e morbidezas
que surgem durante períodos da vida [7,8].
É notório que idosos fragilizados possuem riscos elevados
para desenvolvimento de comorbidades, além de suscitar durante eventos
adversos, lesões, doenças agudas e outros, desenvolvendo uma maior tendência
para episódios de maior gravidade e por conseguinte, mortalidade. Faz-se
necessário reconhecer o subgrupo da população idosa que compreende tal contexto
para que sejam designadas medidas para conduzir, dirigir e gerenciar as
necessidades da saúde do idoso [9,10].
Profissionais da área da saúde precisam estar atentos a
sinais e sintomas, assim como o perfil dos idosos acometidos pela síndrome da
fragilidade, além de conseguir reconhecer possíveis intercorrências na saúde de
idosos, principalmente sinais de comprometimento na saúde mental ou física já
que eles tendem a recorrer com menor frequência a hospitais e unidades de saúde
em busca de suporte e tratamento. É necessário compreender quais sãos os
sintomas decorrentes da idade e aqueles que podem ser evitados, preservando ao
máximo a saúde e qualidade de vida do paciente [11].
Dessa forma, faz-se de suma importância a utilização de
critérios para designação e reconhecimento do porte de debilidade,
classificando o idoso segundo seus níveis de fragilidade. Apesar da importância
do conhecimento sobre a classificação quanto a fragilidade do idoso, durante as
buscas na literatura, percebeu-se a escassez de estudos sobre a atuação do
profissional de enfermagem mediante a avaliação do quadro de fragilidade dos
idosos para a oferta de cuidados adequados [12].
A classificação conforme os critérios, atua da
seguinte forma: para aqueles que não apresentaram nenhum comprometimento nas
atividades, atribuiu-se o termo “não frágil”; para casos com uma ou duas
funções implicadas, marca-se o termo “pré-frágil”; já
aqueles idosos que obtiveram de três a cinco critérios, foram identificados
como idosos “frágeis” [13,14].
Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi
identificar na literatura a prevalência da síndrome da fragilidade em idosos,
os fatores a ela associados, assim como os critérios utilizados para
classificar os idosos quanto a fragilidade.
Trata-se de um estudo bibliográfico, descritivo, do tipo
revisão integrativa. Realizou-se o estudo a partir das seguintes etapas: 1)
Identificação do tema e seleção da questão de pesquisa; 2) Estabelecimento de
critérios para inclusão e exclusão de estudos na literatura; 3) Definição das
informações a serem extraídas dos estudos selecionados; 4) Avaliação dos
estudos incluídos; 5) Interpretação dos resultados e 6) Apresentação da
revisão/síntese do conhecimento.
Estabeleceu-se como quesito primordial que contribui para o
desenvolvimento da pesquisa, as seguintes questões: Qual a prevalência e os
fatores associados ao processo de fragilização? Quais os critérios usados para
a classificação dos idosos quanto a fragilidade? Realizou-se uma busca bibliográfica
nas bases de dados eletrônicas: Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (Medline), Scientific
Electronic Library Online (Scielo),
Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (Lilacs), Banco de Dados Enfermagem (BDEnf),
durante os meses de fevereiro a abril de 2020.
Foram utilizados os seguintes descritores indexados no DeCS: “fragilidade”, “idosos”, “idoso fragilizado”,
“síndrome da fragilidade” e “enfermagem”. Possibilitou-se com esses descritores,
a realização de três cruzamentos, inseridos nas bases de dados selecionadas: 1)
Fragilidade AND idosos AND enfermagem; 2) Idoso fragilizado AND enfermagem; 3)
Enfermagem AND síndrome da fragilidade.
A leitura dos títulos, resumos e textos completos, foi
realizada por duas pessoas, de forma independente, os resultados foram
comparados com intuito de certificar os critérios de elegibilidade.
Captaram-se, no que diz respeito ao recorte temporal, todas
as publicações disponíveis em cada base de dados no período de 2009 até 2020.
Elencaram-se como critérios para a inclusão das publicações nesta revisão
integrativa: artigos completos, disponíveis gratuitamente nas bases de dados
selecionadas, que abordam a Síndrome da fragilidade no idoso, os critérios para
elencá-los à síndrome e quais são os fatores associados, escritos em português.
Aplicaram-se os seguintes critérios de exclusão: publicações que não abordassem
sobre a Síndrome da Fragilidade em idosos, artigos de revisão, artigos pagos e
com delimitação temporal maior que doze anos em formato de editoriais, resumos,
teses e cartas de opinião.
Coletaram-se os dados por meio das informações contidas no
instrumento elaborado pelos autores, que continham questionamentos sobre:
identificação do estudo (título do artigo, título do periódico, autores, país,
idioma e ano de publicação) tipo de publicação características metodológicas do
estudo (objetivo, abordagem da pesquisa, amostra, resultados, análise,
implicações e nível de evidência) [15].
Avaliaram-se os títulos dos artigos encontrados,
selecionaram-se aqueles que possuíam vinculação com o objetivo desta pesquisa,
em seguida foi realizada uma análise crítica e compreensiva dos resumos,
atentando para os critérios de inclusão. Logo após leram-se completamente todos
os textos selecionados que demonstrou resposta à pergunta norteadora.
A seleção dos artigos pode ser representada através de
fluxograma com as recomendações do PRISMA [16] na figura 1.
Fonte: Próprias autoras, 2020. Adaptação do PRISMA [16]
Figura
1 - Fluxograma de
seleção dos estudos
Foram encontradas 146 referências, sendo 60 artigos na base
de dados da Scielo, 19 artigos na Medline, porém
nenhum se enquadrou quanto aos critérios determinados, 57 artigos no Lilacs e 10 artigos no BDEnf.
Após a leitura criteriosa do título e resumo, foram excluídos aqueles que não
estavam de acordo com o objetivo proposto, fugiam da pergunta norteadora e os
artigos duplicados [17].
No total foram selecionados para o desenvolvimento do
trabalho apenas 10 artigos que foram apresentados os títulos, tipo de estudos,
periódico, bases de dados encontradas e principais achados no Quadro 1.
Quadro
1 - Descrição dos
artigos selecionados para revisão integrativa (ver PDF anexo)
Ao analisar criteriosamente os 10 artigos, foram listados
os principais achados. Ao longo das buscas dos estudos nas bases de dados,
observou-se o interesse dos autores sobre a temática, que ocorreu nos anos de
2009 a 2020. Verifica-se em 2009 uma única publicação, 2011 uma publicação;
2012 uma publicação; 2014 uma única publicação; 2015 duas publicações; 2016 uma
publicação e 2017 três publicações. Desta forma observamos que em 2017 (n = 3)
houve um maior registro de publicações. Utilizando o Quadro 1 como base, também
fora elaborado o Quadro 2, no qual há a distribuição dos estudos por nível de
hierarquia.
Quadro
2 - Distribuição dos
estudos selecionados por nível de hierarquia
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2020.
Dentre os artigos previamente selecionados seguindo os
critérios de inclusão e exclusão definidos para a revisão deste estudo,
identificou-se duas categorias para discussão: A prevalência da síndrome da
fragilidade no sexo feminino e Fatores associados à fragilidade e critérios de
avaliação da Síndrome.
A
prevalência da síndrome da fragilidade no sexo feminino
A síndrome da fragilidade deve ser identificada
precocemente, através da utilização dos critérios elaborados por Fried [18], visando a melhoria da qualidade de vida dos
idosos no que diz respeito as possíveis modificações, como, por exemplo, a
elevada prevalência desta síndrome no sexo feminino. É de conhecimento amplo
que as mulheres costumam ser mais longevas que os homens, sendo, portanto, alvo
de maior predisposição às mais variadas doenças e corroborando para aquisição
da síndrome [13].
Estudo sobre o perfil de fragilidade e fatores associados
em idosos cadastrados em uma Unidade de Saúde da Família demonstra determinados
fatores que validam e norteiam o motivo pelo qual as idosas são mais acometidas
ao se falar de fragilidade. Descrevendo os fatores intrínsecos, isso se dá,
pois, possuem força muscular reduzida e menor quantidade de massa magra, quando
comparadas aos homens. Já os fatores extrínsecos podem estar relacionados à
maior disposição e vulnerabilidade de desenvolver alterações musculoesqueléticas,
como a sarcopenia [13].
Corroborando o estudo supracitado, fora citado em outra
pesquisa que o número de mulheres acometidas pela síndrome da fragilidade e que
se encontravam em níveis de pré-fragilidade e
fragilidade chega a ser quase três vezes maior do que no sexo masculino. Essa
afirmação está elencada ao artigo devido, principalmente, aos episódios de
diminuição brusca e repentina dos níveis hormonais, em consequência da
menopausa, gerando principalmente a diminuição da massa e ocasionando uma força
muscular reduzida [19].
A maior incidência de casos associados a síndrome da
fragilidade no sexo feminino está diretamente associada a questões clínicas
adversas como depressão e situações de maior vulnerabilidade, além de dar
importância e destaque na redução em escala dos níveis hormonais de
testosterona e pontuando o apoucamento do GH, comumente conhecido como hormônio
do crescimento, produzido pela hipófise [20].
Observa-se o acometimento de cerca de duas vezes mais em
mulheres longevas, ao se tratar da síndrome. Apesar de não serem encontrados
acontecimentos ou ações significativas que pudessem explicitar e dar um
diagnóstico ou solução fatídica para que houvesse associação da síndrome ao
sexo feminino. Mesmo assim, pode-se destacar situações que poderiam contribuir
para que as mulheres ocupassem a maior parte dos casos de acometidos. São eles,
características fisiológicas como a diminuição da massa e força muscular,
condições sociais ou psicológicas desfavoráveis e elementos estressores do
cotidiano [21].
O número expressivo de mulheres idosas que estão imersas na
síndrome da fragilidade pode ser justificado devido a atuação de cuidadora que
assume, ao longo de sua vida. Além disso, possuem maior tendência a buscar os
variados níveis de atenção à saúde a fim de obterem respostas para suas
demandas e realização efetiva dos tratamentos, seguindo, na maioria das vezes,
rigorosamente as prescrições indicadas por profissionais da saúde, quando
comparada aos homens [22].
Outro estudo realizado através da seleção de 31 artigos
científicos, pertinentes ao tema, demonstram, além de questões intrínsecas
abordadas pelos autores como a diminuição de força e massa muscular, e a
redução dos níveis hormonais, alguns fatores como desigualdade de gênero, falta
de independência de cunho social e econômico, além de uma vida social
totalmente comedida, são fontes diretas que corroboram para o elevado índice de
longevas que se encontram em estado de fragilidade [23].
De acordo com os dados concentrados em outro estudo e
abrangendo as literaturas nacionais, encontra-se ampla e significativa
associação referente as mulheres e maior prevalência nos quesitos para
avaliação da síndrome da fragilidade. Além dos fatores supracitados, pode-se pormenorizar
as questões intrínsecas e extrínsecas como identificadores que legitimam
diretamente para exposição à fragilidade, sendo a principal a perda de massa
muscular (sarcopenia) e diminuição gradual dos níveis hormonais ao decorrer dos
anos, sentindo bruscamente a diminuição de testosterona, comparando-as com
homens da mesma idade [24].
A avaliação da síndrome da fragilidade pode ser realizada
também através da Escala de Fragilidade de Edmonton com significativos
resultados para revelar um índice alto na taxa de acometimento em idosas,
caracterizando este resultado devido aos atributos etários, condições escolares
e relações econômicas, desconsiderando outras teses que afirmam que devem ser
levados em consideração os resultados emblemáticos para tamanha relevância, a
diminuição de força, massa muscular e redução das taxas hormonais. Além disso,
para os autores, o resultado deve-se também ao desenvolvimento de processos
patológicos [25].
Fatores
associados à fragilidade e critérios de avaliação da síndrome
Não há uma associação determinada que possa elencar
fragilidade aos idosos acometidos por doenças crônicas. O fator da existência
de comorbidades pode ou não interferir no desenvolvimento desta síndrome.
Porém, sabe-se que as doenças podem aumentar o risco de se progredir para os
mais variados eventos adversos, fazendo com que o idoso esteja sempre em estado
de vulnerabilidade à aquisição da síndrome, quando portador de demasiadas doenças
[13].
A fragilidade em longevos pode agravar fatores como doenças
crônicas e vice-versa, sendo assim, um é fator importante para desencadear o
outro. Casos em que o idoso é comprometido por fragilidade física, o
desenvolvimento de doenças crônicas pode acelerar o processo de envelhecimento
e ocasionar um predomínio das demais doenças, além de gerar, em situações
extremas, fragilidade psicológica [19].
Estudos relatam a importância de avaliação dos idosos em
níveis diferentes da atenção à saúde, sugerindo que o profissional possa
reconhecer os variados estados de síndrome da fragilidade que pode acometer o
ancião. Sendo assim, reconhecer e saber lidar com doenças crônicas pode
auxiliar para a diminuição de maiores comprometimentos futuros e auxiliar na
melhoria da qualidade de vida [5].
Quando o idoso é portador de doenças crônicas, faz-se
necessário manter ou até mesmo redobrar o cuidado, visando a não piora do seu
quadro e, principalmente, que não se torne dependente física ou psicologicamente
de outros. Ter compreensão do momento devido para tomar iniciativas e intervir
de maneira efetiva evitando impactos negativos faz-se hoje o maior desafio.
Idosos que se encontram em situação de fragilidade necessitam ainda de muitos
cuidados diferenciados [26].
Para isso, a identificação da síndrome da fragilidade
ocorre utilizando os cinco critérios que avaliam: perda de peso não
intencional, baixo nível de atividade física, diminuição da velocidade de
caminhada, exaustão avaliada por autorrelato e fadiga e, por fim, diminuição da
força de preensão manual, através de escalas [20].
Um estudo [13] realizado com 139 idosos contou com o
auxílio de autorrelato de perda de peso e fadiga, testes para quantificar a
força de preensão manual, IMC, testes de avaliação da caminhada e da quantidade
de realização de atividades físicas, a fim de verificar quais anciões se
enquadravam nos quesitos de fragilidade. Obteve-se como resultado após a
classificação da fragilidade, o índice de 16,9% idosos fragilizados, 61,8% pré-fragilizados e 21,3% não fragilizados. Sendo assim, foi
possível observar a elevada prevalência em idosos pré-fragilizados
e fragilizados associados à síndrome.
Em outro estudo [19], a coleta de dados para posterior
classificação deu-se através da ministração de um questionário que objetivava
avaliar não somente questões sociodemográficas, mas inclusive áreas que
circundam a existência de idosos frágeis.
Há uma designação responsável acerca da fragilidade,
definindo-a como redução gradual e deterioração permanente de múltiplos
sistemas, corroborando para diminuição da força muscular, menor mobilidade e
equilíbrio, além de dificuldades na resistência muscular [24].
Vale salientar a existência de outro panorama com ferramentas
mais tecnológicas e bem ajustáveis [24]. Para isso, observou-se a Escala de
Fragilidade, que permite visualizar graficamente a palavra frail
(frail = frágil) [27]. Neste acróstico o literato
apresenta questões como fadiga, resistência, deambulação, doenças e perda de
peso a fim de auxiliar os profissionais de saúde na identificação de sinais e
sintomas que caracterizem os idosos dentro da síndrome da fragilidade. A
análise da escala foi realizada para uma posterior aplicação, buscando
compreender os sinais de fragilidade nos idosos.
Diante do exposto, nota-se a importância da utilização de
critérios e outras ferramentas para avaliação da síndrome da fragilidade,
levando em consideração o uso de escalas previamente elaboradas ou construção
de outras, e métodos convencionais para seleção e/ou exclusão de idosos,
reconhecendo suas características e sinais.
Sabe-se que o termo fragilidade pode ser caracterizado por
um conjunto de variadas condições, desde quesitos físicos e psíquicos até mesmo
socioeconômicos e que são desfavoráveis ao passar da idade, exigindo maior
cautela para realização de cuidados na população senil.
Os idosos de forma geral devem ter um olhar diferenciado do
governo, sociedade e profissionais da saúde, incluindo enfermeiros, sem que
haja distinção de raça, cor, gênero ou renda. Esses acabam por sofrer as
circunstâncias dos eventos adversos além de estarem imersos na população mais
acometida em questões de morbimortalidade no mundo. Sendo assim, é de suma importância
incentivar no dia a dia à prática de atividades físicas individuais ou em
grupo, a fim de favorecer uma melhoria na interação social, estimular uma
rotina saudável para formação de hábitos, valorizar as manifestações
espontâneas, favorecendo suas conquistas pessoais e dando oportunidades para
que pratiquem, pelo maior tempo possível, sua autonomia.
Ao perceber a elevada taxa de prevalência da síndrome da
fragilidade em idosos, os estudos demonstram as variáveis que podem ser
respostas para a questão norteadora, por exemplo, a diminuição da força
muscular e a diminuição abrupta dos níveis hormonais, quando comparadas ao sexo
masculino e de mesma idade. Além disso, os fatores associados à síndrome da
fragilidade são mais perceptíveis em anciões com maiores comorbidades e que
sofrem de processos crônicos, tais como a sarcopenia. Sendo assim, é de suma
importância a identificação precoce e a utilização dos critérios abordados no
estudo a fim de retardar os processos de fragilização, fazendo com que os
níveis de classificação da síndrome da fragilidade não sejam elevados,
prevenindo uma piora na qualidade de vida e dependência do idoso.
Desta forma, nota-se que o objetivo proposto de analisar e
perceber a relevância sobre o estudo, estimular a identificação, o grau da
fragilidade, e tratamentos efetivos para maximizar e postergar a independência
do idoso, foi alcançado. Sendo assim, leva-se em deferência a importância do
tratamento integral realizado por uma equipe multidisciplinar, sendo de cunho
fundamental, já que os indivíduos desenvolvem problemas complexos em variadas
áreas e necessitam de uma boa resolubilidade em todas. A equipe de enfermagem
deve proporcionar a estes indivíduos a melhoria de sua qualidade de vida,
sempre que possível, para evitar o desenvolvimento da síndrome do idoso frágil.