OPINIÃO
COVID-19 no idoso: qual
seria o momento ideal para iniciar atividade física no âmbito hospitalar?
Marco Antônio Orsini Neves1, Mauricio de Sant Anna Jr2,
Marco Antônio Alves Azizi3, Renata Rodrigues Teixeira Castro4,
Janie Kelly Fernandes do Nascimento5,
Nicolle dos Santos Moraes Nunes5, Jacqueline Stephanie Fernandes do
Nascimento5
1Médico, Professor
Titular da Universidade Iguaçu - UNIG-RJ, Nova Iguaçu/RJ, Brasil, Professor
Titular da Universidade de Vassouras – USS-RJ, Vassouras/RJ, Brasil, 2Fisioterapeuta,
Professor Adjunto do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), 3Médico,
Professor Titular da Universidade Iguaçu UNIG-RJ, Nova Iguaçu/RJ, 4Médica,
Professor Titular da Universidade Iguaçu - UNIG-RJ, Nova Iguaçu/RJ, 5Graduanda
da escola de medicina da Universidade Iguaçu, Universidade Iguaçu- UNIG-RJ,
Nova Iguaçu/RJ, Brasil
Recebido 15 de julho de
2020; aceito 15 de agosto de 2020.
Correspondência: Mauricio de Sant Anna
Jr, Rua Prof. Carlos Wenceslau, 343 Realengo 21715-000 Rio de Janeiro RJ.
Marco Antônio Orsini Neves: orsinimarco@hotmail.com
Mauricio
de Sant Anna Jr: mauricio.junior@ifrj.edu.br
Marco Antônio Alves Azizi: marcoazizimed@gmail.com
Renata Rodrigues
Teixeira de Castro: castrorrt@gmail.com
Janie Kelly Fernandes do
Nascimento: janiekelly@hotmail.com
Nicolle dos Santos
Moraes Nunes: nicolle.nunes_@hotmail.com
Jacqueline Stephanie
Fernandes do Nascimento: jac.fn@hotmail.com
Adatar do ínicio
da pandemia da COVID-19, muito se dedicou a conter a transmissão viral. No
entanto, já ocorre uma tendência também em se preocupar com os pacientes
sobreviventes à infecção da SARS-CoV-2. Isso se dá pelo fato de que a moléstia
desenvolve um forte embate na saúde física, mental e psicossocial,
independentemente da gravidade pela qual o paciente foi submetido, podendo
manifestar, cronicamente, fraqueza muscular, dor, disfunção pulmonar,
ansiedade, depressão e redução da qualidade de vida. Para resolução dessa
temática, a reabilitação pulmonar se mostrou como o meio terapêutico mais
benéfico ao qual tais pacientes possam ser submetidos [1,2].
As manifestações
clínicas da COVID-19 são muito variáveis, porém, é sabido que os infectados
possuem uma grande probabilidade de desenvolver distúrbios respiratórios, como
a síndrome do desconforto respiratório agudo e a hipoxemia, que podem
desencadear a falência múltipla de órgãos.
Dependendo do curso clínico da doença, deve-se lançar mão de
oxigenioterapia, ventilação mecânica não invasiva, cateter de alto fluxo,
quando necessário em casos mais graves e refratários, intubação orotraqueal e
internação em unidade de terapia intensiva [3].
Pacientes portadores de
síndrome coronária, insuficiência cardíaca e que possuem revascularização
miocárdica prévia são candidatos à reabilitação cardíaca. Para tanto, alguns
critérios devem ser seguidos, conforme a Associação de Prevenção e Reabilitação
Cardiovascular impõem: mudança no estilo de vida, práticas desportivas, terapia
para transtornos mentais e psicológicos, visando melhorias na qualidade de
vida, redução da morbimortalidade e possibilidade de retorno a atividades
laborais [4].
Ao que se concerne às
alterações musculo-esqueléticas, sabe-se que os
pacientes que necessitaram de suporte ventilatório em UTI obtiveram maior
chance de desenvolver fraqueza, hipotrofias e polineuropatia associada a
doenças críticas. Dentre esses, a mais temida é osteonecrose
induzida por altas doses de corticosteroides. Alguns estudos comprovaram que
pacientes submetidos a internação em unidade de terapia intensiva por tempo
prolongado, podem manifestar um conjunto de distúrbios físicos, psicológicos e
cognitivos, caracterizados pela Síndrome pós-cuidados intensivos (PICS) [4,5].
Dentro desse contexto,
a reabilitação pulmonar é amplamente difundida, sendo entendida como uma
ingerência multidisciplinar que objetiva um tratamento individualizado,
atendendo às necessidades impostas pelo paciente, a fim de se obter êxito na
condição física, psíquica e social dos pacientes que sofreram afecções
respiratórias. Os objetivos propostos pelas diretrizes que advogam a
reabilitação pulmonar visam, a curto prazo, aliviar os sintomas de dispneia,
como também a ansiedade e a depressão. Já nos objetivos a longo prazo, o foco
se dirige a preservação da função pulmonar, otimização da qualidade de vida e
reintrodução do paciente em seu meio de convívio [4,6].
Pesquisas com nível de
alta propriedade descreveram que a reabilitação pulmonar é favorável para
pacientes que se encontram hospitalizados, ambulatoriais e em domicílio. Ainda
assim, é válido ressaltar que a transição entre a fase de hospitalar e a
transferência para um serviço voltado para a reabilitação deve ser paulatina.
Além disso, não se deve iniciar precocemente a reabilitação, na fase aguda, que
deve ser bem conduzida quanto a sua intensidade, frequência e duração para que
possa ser bem tolerada [7,8].
Segundo recomendações
impostas pela Itália e China, não se deve iniciar precocemente a conduta de
reabilitação respiratória, pois, paradoxalmente, é possível que haja
deterioração respiratória e dispersação viral. Logo,
na fase aguda, é importante que se tenha atenção quanto a utilização de
técnicas que promovam aerossol em especial higiene brônquica, além de se evidar o aumento do consumo de oxigênio [9,10].
Assim que se atingir a
fase pós-aguda, a reabilitação respiratória deve ser instituída, com
monitorização adequada a fim de se evitar sobrecargas ao sistema respiratório
ou desencadear uma angústia respiratória aguda. A partir do começo da conduta
de reabilitação, estes pacientes devem ser monitorados após a fase aguda da
moléstia, mesmo quando se trata de pacientes mais jovens, é possível que
desenvolvam alguns distúrbios respiratórios, como a SARS e a hipoxemia, gerando
repercussões hemodinâmica com curso clínico bastante duvidoso [9,11,12].
Para a realização do
procedimento seguro, deve-se levar em consideração a condição física do
indivíduo, como doenças de base, sinais vitais e contraindicações, associado a
questões psíquicas e nutricionais. Dessa maneira, ao introduzir a reabilitação,
também deve ser levado em conta a proteção que este procedimento confere ao
paciente, devendo ser imediatamente interrompida se o paciente apresentar
sinais de descompensação, sudorese, angina ou dispneia. Se a condição clínica
do paciente for leve a moderada, o procedimento de reabilitação deve ser
prontamente administrado, porém, em casos graves, este só pode ser implementado
quando o paciente se encontrar estável hemodinamicamente [7,13].
A reabilitação pulmonar
em pacientes que sofreram com SARS, segundo evidências, é extremamente
importante. Isso porque foi comprovado que muitos doentes que obtiveram alta
médica após tratamento para COVID-19 ainda podem manifestar sintomas
pulmonares, como distúrbios restritivos, e dispneia ao realizarem esforços,
afetando negativamente suas atividades laborais, além da qualidade de vida.
Admite-se que esta problemática advenha de um longo
repouso, efeitos colaterais do tratamento medicamento e possível resíduo da
moléstia, como alveolite persistente, fibrose,
atelectasia e níveis variáveis de disfunção, gerando uma cronicidade a
incapacidade funcional pulmonar após 1 ano de alta hospitalar. A partir disso,
fica claro o benefício da implementação da reabilitação pulmonar como meio de
se minizar tais efeitos tão adversos [14,15].