EDITORIAL
“Ser Enfermagem” e vir
a “Ser enfermeira(o)” em tempos de COVID-19: memórias e percepção de acadêmicos
de enfermagem do quarto ano
Zaida Aurora Sperli Geraldes Soler, D.Sc.*,
Amanda Rigoli Paganini**,
Ana Flávia Cardial Andrade dos Santos**, Carolina Kiyomi
Shiraisi Higuchi**, Dafne Raquel Silva**, Jéssica
Gabriela Figueiredo da Mata**, Leonardo Henrique de Oliveira**, Maria Beatriz
Ismael Coutinho**
*Obstetriz,
enfermeira, livre-docente em enfermagem obstétrica, docente e orientadora de
graduação e pós-graduação lato sensu e stricto sensu, **Alunos do Quarto Ano de
Curso de Graduação em Enfermagem de uma autarquia estadual, no interior de São
Paulo
Zaida Aurora Sperli Geraldes Soler: zaidaaurora@gmail.com
Amanda Rigoli Paganini:
paganinirigoli@gmail.com
Ana Flávia Cardial
Andrade dos Santos: anaacardial@gmail.com
Carolina
Kiyomi Shiraisi Higuchi: kiyo21@hotmail.com
Dafne
Raquel Silva: dafne.silva@edu.famerp.br
Jéssica Gabriela
Figueiredo da Mata: jessicagfig@gmail.com
Leonardo Henrique de
Oliveira: leonardo.henroliveira@gmail.com
Maria Beatriz Ismael
Coutinho: maria.coutinho@edu.famerp.br
Não sei se me falha a
memória e me desculpo se cometo uma injustiça, equívoco ou “fake”, mas assim
como “gente que cuida de gente” e considerando o vasto acervo de obras
da Dra. Wanda Horta, acredito que tem muito dela nesta frase “Ser Enfermagem
e Ser Enfermeiro”. Ingressei na EEUSP em 1971, para cursar, com mais 19
alunas, o curso de Obstetrícia e fiz complementação em Enfermagem em 1975. Tive
a honra e privilégio de ser aluna da Dra. Wanda na graduação, no mestrado por
pouco tempo e sempre que a procurávamos. A prontidão, a delicadeza, a
solicitude com que nos recebia, nos ensinava e nos estimulava a melhorar.
Lembro que nos ensinou observação direta e na sua correção, com muitos
vermelhos, suas frases começavam assim: está bom, mas mude
aqui...aqui...aqui...e lá íamos nós, confiantes, mudar.
Acho impossível ter
sido aluna da Dra Wanda e não amar, respeitar e
divulgar para sempre esse ser humano iluminado, sua sabedoria e competências
(conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e emoções). Entre muitos modelos
de Gente que tive, foi o meu maior exemplo de gente que cuida e forma gente
para cuidar. Sua vida nesse plano foi curta, seu legado é para sempre e para
mim serve até hoje, após quase 40 anos de docência, como a maior e melhor
referência para facilitar a aproximação, ser enfermagem (com)paixão e assim
desenvolver ações de ensino, exercício, extensão e pesquisa, na graduação e
pós-graduação lato sensu e stricto sensu.
Neste ano de 2020, que
muitos referem que é para esquecer, mas que sempre será lembrado, depois de
quase 46 anos de profissão, tenho pensado muito, tanto na minha finitude
profissional, quanto nas pessoas e etapas de aprendizado na Enfermagem. Cada um
de nós, a seu modo, acredito, tem refletido sobre as questões epidemiológicas,
sanitárias, científicas, econômicas, políticas e ideológicas que se relacionam
à pandemia causada pelo novo coronavírus, a proporção que adquiriu e parece não acabar. Ficamos seres
digitais, infiltrados, por vezes egoístas, mas também não podemos esquecer que
somos enfermeiros, que a enfermagem se mostra principalmente em situações de
calamidades, de catástrofes, de guerras, buscando alternativas para unir
ciência, (com)paixão e arte em intervenções que a tornem visível e respeitada
como gente que cuida de gente. Não há como ignorar os que estudam para serem
enfermeiros, que também devem enfrentar as adversidades ligadas à profissão,
claro, dentro de suas escolhas. Não há como fugir disso, não há como vacinar ou
ungir os profissionais de saúde contra novas adversidades, pandemias, doenças,
que certamente virão. Há sim como pesquisar e usar evidências científicas para
diminuir ou evitar agravos, destacar as investigações científicas que tragam
soluções igualitárias, lutar por melhores condições de trabalho e minimizar
consequências.
A pandemia de COVID-19
talvez seja um desafio sem precedentes para a sociedade, para a atenção em
saúde, para a saúde do trabalhador e para o ensino. As respostas devem ser
rápidas, possibilitando a reorganização dos sistemas de saúde, desenvolvimento
de políticas, atos normativos e recomendações, para enfrentamentos em todos os
seus componentes, cada qual com suas especificidades [1-3]. Muitos estudos e
pesquisas estão sendo feitos em todo o mundo, inclusive no Brasil, sobre o
ensino em tempos de COVID-19, em diferentes níveis educacionais. Instituições
buscaram, nas estratégias de atividades educacionais remotas, uma alternativa
para manter seus alunos em atividade, minimizando as consequências que as
políticas de isolamento social poderiam acarretar nas
atividades acadêmicas [4-8].
A aprendizagem mediada
por tecnologia, que já existia em diferentes escalas, ganhou ênfase e abriu
espaço para interações humanas diferenciadas, apontando para a necessidade de
implementação de políticas de inclusão digital, para diminuir as desigualdades
regionais de acesso à internet e propiciar o êxito de várias estratégias de ensino
remoto [9]. As soluções devem ser criativas, muitas exigirão
multidisciplinariedade, interprofissionalidade,
conciliação de competências técnicas e científicas com a tecnologia e boas
estratégias de comunicação. Construir e reforçar pontes, para viver a crise
decorrente do novo coronavírus e alicerçar a ciência
e a herança positiva para novas gerações [10].
Voltando ao tema que
deu razão a este Editorial, escrito com sete acadêmicos concluintes de
graduação em enfermagem, esclareço que ministro uma disciplina que sugeri
denominada “Ensino e Exercício Ético-Legal em Enfermagem”, para alunos do
último ano da graduação. Nela busco discutir temas relacionados a Ser
Enfermagem e Ser Enfermeiro no Brasil, como forma de orientação profissional,
abordando a evolução da legislação de ensino, de exercício, os códigos de Ética
e as infrações e penalidades a que ficam sujeitos. Infelizmente os alunos não
gostam, acham chato, cansativo etc. e tal, mas neste fatídico ano de 2020 foi
diferente. Foi tão bonito, tão envolvente ouvir e ser ouvida, mesmo que
remotamente, modificando a forma de apresentar os conteúdos, chamando outras
gentes para participar das aulas online, buscar alternativas para melhor
aproveitamento e, sim, estimular os alunos a enfrentarem a pandemia e terminar
de aprender a Ser Enfermagem e a Serem enfermeiros em 2021.
Alguns alunos, no
decorrer da disciplina, me solicitaram como poderiam “contar” seus sentimentos
e necessidades no contexto da pandemia, pelas mudanças que ocorreriam quanto ao
desenvolvimento do curso, prejuízos no aprendizado, sem festividades de
formatura, dúvidas sobre a inserção profissional, entre muitos aspectos. Fazer
um Editorial com eles, colocando minhas memórias e histórias de ser enfermagem
e ser enfermeiro e a percepção de cada um, de concluir a enfermagem e tornar-se
enfermeiro, foi o que vislumbrei e apresento a seguir, em ordem alfabética de
autoria.
Amanda Rigoli Paganini
O início de 2020 já foi
de grande expectativa devido ao fato de saber que me formaria e me tornaria
enfermeira, título esse de grande honra e gratidão. Eu estava ansiosa para dar
início aos estágios e colocar em prática tudo que eu havia aprendido no
decorrer dos anos anteriores da graduação. Iniciaram-se os estágios, as
informações a respeito do novo vírus não estavam em destaque, era algo muito
longe da nossa realidade a primeiro momento, ou nem tão longe assim. As
notícias começaram a correr nas mídias sociais, a preocupação começou a ficar
evidente, as dúvidas só aumentavam, a indecisão de afastar todos os estudantes
dos ambientes de maior risco ou continuar os estágios só cresciam.
A ordem de paralização
chegou, o vírus estava cada vez mais próximo de nós. Os sentimentos de medo,
dúvida se faziam presentes a todo o momento. A pandemia nos trouxe uma forma
adaptada de se viver, os cursos, congressos e as aulas passaram a ser online, o
seu aprendizado dependia mais do que nunca de você mesmo, para mim. Aluna do
último ano que esperava poder praticar e realizar inúmeros procedimentos, prestar
assistência ao paciente e desenvolver habilidades foi um momento muito difícil,
as expectativas do tão grandioso 2020 foram totalmente quebradas. O sentimento
de medo, a ansiedade, a dúvida, os questionamentos só cresciam. Formatura
adiada? O título de enfermeira estaria mais distante? O 4º e último ano
perderia sua essência?
Momentos difíceis que
precisavam do desenvolvimento contínuo da resiliência. A quarentena
proporcionou momentos de união, tanto familiar quanto de classes profissionais,
a enfermagem foi reconhecida como há tempos não havia sido, desenvolveu no
outro a empatia. Desde a paralisação se passaram 75 dias até que pudéssemos
voltar a faculdade seguindo todas as medidas de segurança. Não está sendo
fácil, mas estou buscando dar o meu melhor a cada dia. Os estágios estão
agregando muito conhecimento e experiências, as aulas online estão
proporcionando entrarmos em contato com convidados que estão agregando muito
com suas experiências para a minha formação profissional. O medo ainda existe,
mas deixou de ser barreira. A formatura virá, o tão sonhado título de
enfermeira também, as realizações vão acontecer, só não será no momento exato
que esperava. Tudo que aconteceu me ensinou a desacelerar e absorver os
ensinamentos que a vida tem a me passar.
Ana Flávia Cardial
Andrade dos Santos
Em março de 2020, com o
novo Coronavírus (COVID-19) iniciou-se ansiedade
devido à falta de informação sobre o novo vírus e sobre as questões acadêmicas.
Neste momento, o medo foi instalado não só devido à nova doença emergindo, mas
também como os estágios, aulas, provas e vida pessoal iriam prosseguir a partir
desse momento. Lembro-me das conversas com outros graduandos de enfermagem e
relatos sobre manter ou não as nossas atividades. Incluindo as docentes que,
como todos na instituição, não estavam preparadas para uma pandemia e dependiam
de uma resposta dos diretores para dar continuidade com a vida acadêmica
normalmente ou não. Assim, recebemos informações que entraríamos em quarentena.
A princípio, minha reação foi retornar para a casa dos meus pais, que moram em
outra cidade, e esperar. Porém, não imaginávamos que a situação se agravaria de
uma forma que ficaríamos tantos meses afastados de nossas atividades. A partir
do momento que os casos aumentaram no Brasil, comecei a me preocupar com a formatura,
estágios e quando retornaríamos. Então, resolvi criar uma rotina de estudos
para a residência de enfermagem e, com o passar das semanas, notei que isso
deixava-me ainda mais ansiosa.
Portanto, minha decisão
foi organizar a rotina diária tanto com estudos, cursos, simpósios e
congressos, quanto com atividades pessoais, como: assistir filmes e séries,
tomar sol, fazer exercícios físicos em casa, cuidados com a pele e cabelo,
cozinhar, descansar, ou seja, incluir nas minhas ocupações diárias algumas ações
que me deixavam calma e me distraiam do fator acadêmico. Além disso, o apoio
familiar foi essencial e o fato de ficarmos mais próximos daqueles que amamos,
me acalmou um pouco. A notificação que os estágios retornariam em junho chegou.
Em um primeiro momento, fiquei contente que as atividades seriam retomadas, mas
com as notícias dos aumentos de caso na cidade, a sensação foi de insegurança.
Ao iniciar os estágios,
a maior preocupação é ficarmos afastados dos nossos familiares e não termos o
contato que tínhamos antes, pois há o medo de contrair o COVID-19 e contaminar
aqueles que amamos e nos importamos. O sentimento de saudade vai aumentar com o
passar das semanas, mas sempre mantenho contato online e peço apoio de amigos
para lidar com isso. Na primeira semana, a insegurança foi prevalente, pois no
andar que me encontro, na instituição, há casos suspeitos. Na segunda semana,
me adaptei melhor com a situação e me encontro mais calma e segura em relação a
assistência aos pacientes, pois sei que estou tomando os cuidados necessários
no hospital e dentro de casa. Por fim, há várias sensações e emoções que
envolvem viver em uma pandemia e estagiar em um hospital em meio ao aumento de
casos na cidade. Alguns sentimentos prevalecem, porém, tento me manter positiva
e respeitar as minhas emoções.
Carolina Kiyomi Shiraisi Higuchi
Durante a pandemia
fiquei muito agoniada, insegura e ansiosa devido à paralização das atividades
acadêmicas, pois ninguém tinha informação sobre como ia ser o retorno e sempre
os avisos dos docentes sobre a prorrogação da paralização era de última hora,
aumentando o sentimento de insegurança. Quando retornou o estágio fiquei muito
feliz, mas quando soube que não ia ter estágio no (PA) fiquei triste, pois
perdi a oportunidade de aprendizado e de experiência muito grande e acredito
que vai fazer falta na minha formação profissional. Em relação ao retorno ao
hospital estou calma e tranquila, é momento muito válido para adquirir
conhecimento e habilidade durante a pandemia e observar mudanças ocorridas na
instituição e a forma de organização dos profissionais. Considerando também a
minha futura atuação como enfermeira no mercado esta experiência será muito
importante, mesmo que afete certas aprendizagens como estágio no PA. Além
disso, o hospital oferece equipamento de proteção individual (EPIs) durante o
estágio, o que permite sentir segurança, mesmo com alguns pontos duvidosos,
pois através da mídia e redes sociais é possível ver que os outros hospitais
não estão conseguindo garantir esta condição nem mesmo para profissionais que
atendem os pacientes de COVID-19.
Outro motivo de me
manter mais tranquila é eu morar na república com outras meninas de 4o de
Enfermagem, que também estão no estágio e não com a minha família, não tendo
sentimento de medo por não ter risco de levar o vírus, infecção para a família.
Durante o estágio na internação, comecei a ficar mais estressada devido à
grande quantidade de trabalho a ser entregue em pouco tempo considerando a
complexidade destes trabalhos, necessitando de reorganização dos meus planos e
adaptação a nova rotina. Eu espero me formar este ano ou no máximo até janeiro,
pois não sabemos se o processo seletivo da residência multiprofissional será
adiado e eu gostaria de fazer parte da residência em saúde do idoso. Essa
situação gera sentimento de insegurança, pois não se encontra a informação
sobre isso na internet e em nenhuma instituição como ministério e COREMU de
qualquer universidade anunciou tal questão.
Dafne Raquel Silva
Tenho me sentindo muito
insegura. Sempre morei com minha família, mas devido à pandemia quando voltamos
aos estágios fomos orientados a não ter contato com nossos familiares devido ao
risco de contaminação, dessa forma fui obrigada a ir para São José do Rio Preto
e mudar complementarmente a minha vida. A tristeza por estar longe da família é
constante. Quando voltamos para os estágios assinamos um termo de
responsabilidade, havendo também a opção de trancar e retomar em 2021.
A incerteza sobre o
futuro e muitas vezes a falta de resolutividade da faculdade tem me trazido
muitas preocupações. Grande parte dos planos que eu fiz neste ano foram
frustrados devido à pandemia. O protocolo da faculdade está fechado, sem data
para reabrir e muitos certificados de atividades extracurricular, que são
importantes para atualizarmos o currículo, não sabemos quando serão feitos
(...), a falta de resposta e as incertezas é uma realidade constante. Pior, na
questão do aprendizado estamos perdendo muito. Devido à pandemia, os alunos não
terão as mesmas oportunidades de práticas, como no caso de PA. São muitas as
questões a serem respondidas e talvez a principal seja a data da formatura.
Jéssica Gabriela
Figueiredo da Mata
Passei a graduação toda
fazendo planos, traçando metas e objetivos e me organizando para que, no 4º e
último ano, eu pudesse ter tempo suficiente para estudar para a residência,
finalizar meu TCC e cumprir os ensinos clínicos, que são mais pesados que os
demais já realizados. São muitas preocupações e pressões que atingem os
graduandos neste último ano de faculdade. Não precisávamos de mais uma
preocupação. Com o início da pandemia no Brasil, uma série de preocupações
foram adicionadas à lista: Quando voltaríamos aos ensinos clínicos? Nossas
horas de prática iriam ser reduzidas? Com a redução das horas, sairíamos bem
formados da graduação? Será que eu serei contaminada pelo vírus caso eu volte
para os ensinos clínicos? E se eu me infectar e passar para outras pessoas? E
minha mãe? Minha família? Caso eu não enfrente o COVID-19
agora como aluna, como irei lidar com ele quando me tornar enfermeira? E a
residência, será adiada? Será mesmo que os programas de residência irão abrir
processo seletivo para 2021? E a nossa festa de formatura, já pagamos, está
tudo pronto, como iremos lidar com isso?
A ansiedade tomou conta
de mim a partir do momento que comecei a perceber que o período de quarentena
iria se estender por muitos mais dias, além de 14, 20 ou 30 dias ... A partir
disso, minha maior preocupação foi: será que vou conseguir me formar no tempo
certo? Até então, minhas aulas e ensino clínico estavam suspensas e, ainda, não
havíamos iniciado a passagem de conteúdo online, fato que me deixava apreensiva
sobre o fato de acumular conteúdos para o segundo semestre. Como o número de
casos só aumentava, a decisão de suspensão dos ensinos clínicos foi mantida. A
princípio não sabia se era uma decisão boa ou ruim. Mas sabia que tinha muito
medo de voltar para o hospital naquele momento e que ainda não estava
preparada. Após um tempo, as aulas online começaram; com isso, minha
produtividade voltou ao normal e me senti extremamente contente, ao relembrar e
aprender conteúdos novos. Acredito que isso tenha me incentivado e me dado
força para lidar com tudo o que estava sentindo. Esse foi o primeiro passo para
a aceitação e compreensão de que eu realmente me tornaria uma profissional de
saúde em poucos meses e que eu era peça fundamental no combate ao novo vírus;
dessa forma, teria que passar por isso fazendo o que gosto: aprendendo e aplicando
os conteúdos assimilados até então ao meu cuidado como enfermeira. Conforme as
articulações iam ocorrendo na faculdade, fui trabalhando meu medo e ansiedade,
pois sabia que em algum momento os ensinos clínicos iriam ser retomados. Após
alguns dias, o momento chegou..... e foi melhor que eu
esperava! Hoje, sinto que a escolha de voltar aos ensinos clínicos (por sermos
internato) foi uma decisão correta. Não perdi o medo, ele ainda existe dentro
de mim, porém, vejo e sinto que há algo mais importante no momento: lutar pelo
que eu acredito e pelo que construí ao longo desses 4 anos de graduação! A
esperança de logo me tornar enfermeira me faz lutar a cada dia! E é assim que
eu sigo, um dia de cada vez.
Leonardo Henrique de
Oliveira
No decorrer da graduação
da enfermagem, indo para o último ano do curso e já pensando na minha carreira
profissional, achava distante a ocorrência de uma pandemia de magnitude próxima
as que estudamos e foram abordadas no início do curso, quando tal condição
tornou-se uma realidade e evidenciando na prática a importância de aspectos
discutidos no curso como as relações humanas na sociedade atual.
Como estudante, foi
necessário me adaptar diante de tal condição e buscar com que sentimentos de
medo, insegurança quanto às incertezas da conclusão do curso e SER enfermeiro
não me tomasse. Então junto aos demais alunos do 4º ano e professores decidimos
retornar às atividades acadêmicas e a dúvida se essa decisão foi algo bom
também se tornou presente, porém o que me ajudou muito para que tais
sentimentos deixassem de ser barreiras para minha atuação foram os
treinamentos, orientações de professores e profissionais que estão atuando no
campo de estágio, uns dos maiores hospitais escola no Brasil e referência no
atendimento de COVID-19. Atualmente, pouco mais de 1 semana em que retornei ao
ensino clínico no hospital, percebo as mudanças decorrentes da situação de
pandemia e vislumbro que isso pode ser benéfico e ímpar como estudante, para
adquirir uma experiência de atuação em uma situação emergencial mundialmente.
Assim, como futuro enfermeiro, saiba lidar e atuar de forma mais efetiva e com
maiores condições de supervisionar e capacitar equipes, em contextos
semelhantes.
Maria Beatriz Ismael
Coutinho
Estar terminando a
graduação em tempos de COVID-19 é um tanto diferente do que imaginei que seria
este ano. Além da angústia que tenho todo dia por estar muito próxima da doença
no hospital, quero me formar este ano para conseguir trabalhar logo. Por mais
que a situação seja preocupante, acho que devido à profissão que escolhemos
temos que enfrentar as dificuldades que vão surgir. Acho que apesar de tudo, é
importante passarmos por isto e ver como é lidar com novas situações. Sinto às
vezes que estamos perdendo um pouco de conhecimento do que ganharíamos se não
fosse a pandemia. Deixamos de ir em alguns setores que seria essencial para
nosso conhecimento e deixamos de fazer alguns procedimentos que podem ser de
risco para a contaminação. As professoras, apesar de se esforçarem muito para que
os estágios deem certo, se percebe que também estão com alguns receios e
inseguranças, pois é algo que nunca havia acontecido. Estou longe da minha
família e amigos agora e me fazem muita falta, porém sei que é necessário para
protegê-los. Esperava que este ano fosse de despedidas, iria ficar mais junta
dos meus amigos da faculdade pois provavelmente ano que vem irá cada um para um
lado e vamos sentir muita falta dos anos que passamos juntos, porém nos
separamos antes do esperado.
Apesar do lado
negativo, vejo a pandemia como algo que fez as pessoas refletirem mais sobre a
importância da ajuda de todos por um bem comum. Acho que as pessoas,
principalmente da área da saúde, criaram mais consciência e mais cuidado para a
infecção, mas também me preocupa ver pessoas negligenciando medidas de
precaução. Fico ansiosa ao ver que países já saíram da pandemia e o Brasil está
aumentando os casos. Este fato me desmotiva. Espero que no próximo ano os casos
diminuam ou tenha a vacina e a vida possa volta ao
normal. Gostaria de me formar até janeiro e conseguir um emprego.