Enferm Bras 2021;20(2);280-94

doi: 10.33233/eb.v20i2.4589

REVISÃO
Assistência à saúde gestacional em tempos de COVID-19: uma revisão de literatura

 

Liniker Scolfild Rodrigues da Silva*, Jadson Rodrigo de Freitas**, Cinthia Ferreira Regis***, Joana D'Arc Vila Nova Jatobá, M.Sc.****, Fernanda da Mata Vasconcelos Silva***** Emanuela Batista Ferreira e Pereira, D.Sc.******

 

*Enfermeiro, Especialista em Enfermagem Obstétrica na modalidade Residência pela Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (FENSG)/Universidade de Pernambuco (UPE), Recife/PE, Brasil. **Enfermeiro pela Universidade Maurício de Nassau, Caruaru/PE, Brasil, ***Enfermeira, Mestre em Educação em Saúde pela Faculdade Pernambucana de Saúde/FPS, Recife/PE, Brasil, ****Enfermeira, Doutoranda em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC, São Paulo/SP, Brasil, *****Enfermeira, Doutoranda em Enfermagem pela Universidade de Pernambuco/UPE, Recife/PE, Brasil, ******Enfermeira, Doutora em cirurgia pela Universidade Federal de Pernambuco/UFPE, Recife/PE, Brasil

 

Recebido em 18 de fevereiro de 2021; aceito em 30 de abril de 2021.

Correspondência: Fernanda da Mata Vasconcelos Silva, Rua Vicente do Rego Monteiro, 292, Cordeiro, 50630-710 Recife PE, E-mail: nandadamata34@gmail.com

 

Fernanda da Mata Vasconcelos Silva: nandadamata34@gmail.com

Liniker Scolfild Rodrigues da Silva: liniker_14@hotmail.com

Jadson Rodrigo de Freitas: jadson.caruaru@hotmail.com

Cinthia Ferreira Regis: cinthiaregis@outlook.com

Joana D’Arc Vila Nova Jatobá: jdvnj@hotmail.com

Emanuela Batista Ferreira e Pereira: emanuela.pereira@upe.br

 

 

Resumo

Introdução: A COVID-19 é uma emergência de saúde pública de importância mundial, cuja apresentação clínica é variável de acordo com o perfil do paciente apresentando sintomatologia leves à síndrome respiratória aguda grave. As gestantes estão inseridas em um grupo com maior vulnerabilidade para a síndrome. Objetivo: Revisar as estratégias assistenciais em saúde voltadas a gestante em tempos de COVID-19. Métodos: Revisão integrativa da literatura realizada através do cruzamento dos descritores padronizados pelo MESH e seus análogos em português (DeCS) e em espanhol nas Bases de dados da Medline, PubMed Central, DOAJ, Web of Science e BDEnf. O processo de seleção dos artigos considerou as recomendações PRISMA e os artigos foram classificados quanto ao nível de evidências através do referencial americano AHRQ. Resultados: Foram encontrados 1430 estudos, contudo, após aplicabilidade dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 7 artigos para amostra. Conclusão: As principais estratégias assistenciais em saúde voltadas a gestante em tempos de COVID-19 foram aconselhamento e apoio social através da implementação de um processo facilitador entre gestante e profissionais de saúde, realização de tomografia pulmonar na admissão de pacientes com sintomas graves, contraindicação de cesarianas, estratégias de redução de danos à saúde mental e a utilização das redes sociais como estratégia educativa em saúde voltadas ao público-alvo.

Palavras-chave: atenção à saúde, gestantes, infecções por coronavirus.

 

Abstract

Health care for pregnant women in times of COVID-19: a literature review

Introduction: COVID-19 is a public health emergency of worldwide importance, whose clinical presentation varies according to the patient's profile, presenting mild symptoms to severe acute respiratory syndrome. Pregnant women are part of a group with greater vulnerability to the syndrome. Objective: To review health care strategies for pregnant women in times of COVID-19. Methods: Integrative literature review carried out by crossing the descriptors standardized by MESH and their analogues in Portuguese (DeCS) and in Spanish in the Medline, Pubmed Central, DOAJ, Web of Science and BDEnf databases. The selection process of the articles considered the PRISMA recommendations and the articles were classified according to the level of evidence using the American reference AHRQ. Results: 1430 studies were found, however, after applying the inclusion and exclusion criteria, 7 articles were selected for the sample. Conclusion: The main health care strategies aimed at pregnant women in times of COVID-19 were counseling and social support through the implementation of a facilitating process between pregnant women and health professionals, carrying out pulmonary tomography in the admission of patients with severe symptoms, contraindication for cesarean sections, harm reduction strategies to mental health and the use of social networks as an educational health strategy aimed at the target audience.

Keywords: health care (public health), pregnant women, coronavirus infections.

 

Resumen

Atención médica para mujeres embarazadas en tiempos de COVID-19: una revisión de la literatura

Introducción: El COVID-19 es una emergencia de salud pública de importancia mundial, cuya presentación clínica varía según el perfil del paciente, presentando síntomas leves a síndrome respiratorio agudo severo. Las mujeres embarazadas forman parte de un grupo con mayor vulnerabilidad al síndrome. Objetivo: Revisar las estrategias de atención a la salud de la gestante en tiempos de COVID-19. Métodos: Revisión integrativa de la literatura realizada cruzando los descriptores estandarizados por MESH y sus análogos en portugués (DeCS) y en español en las bases de datos Medline, Pubmed Central, DOAJ, Web of Science y BDENF. El proceso de selección de los artículos consideró las recomendaciones PRISMA y los artículos se clasificaron según el nivel de evidencia utilizando la referencia americana AHRQ. Resultados: Se encontraron 1430 estudios, sin embargo, luego de aplicar los criterios de inclusión y exclusión, se seleccionaron 7 artículos para la muestra. Conclusión: Las principales estrategias asistenciales en salud dirigidas a gestantes en tiempos de COVID-19 fueron el asesoramiento y apoyo social mediante la implementación de un proceso facilitador entre gestantes y profesionales de la salud, realizando tomografía pulmonar al ingreso de pacientes con síntomas severos, contraindicación para cesáreas, estrategias de reducción de daños a la salud mental y uso de las redes sociales como estrategia educativa en salud dirigida al público objetivo.

Palabras-clave: atención a la salud, mujeres embarazadas, infecciones por coronavirus.

 

Introdução

 

O novo coronavírus é uma emergência de saúde pública de importância mundial, cuja apresentação clínica é variável de acordo com o perfil do paciente apresentando sintomatologia leves à síndrome respiratória aguda grave [1]. Foi identificado no final do ano de 2019, na Cidade de Wuhan, como causa de uma sequência de casos de pneumonia na China. O novo coronavírus foi nomeado de SARS-CoV-2, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus, designado COVID-19 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) [2]. Em março de 2020, a OMS declarou o surto da doença como pandemia [1,2].

As observações clínicas realizadas sobre a patologia apontam que a principal forma de contágio é através do contato direto entre indivíduos, através das gotículas e aerossóis produzidos através de espirros, tosse e até mesmo fala da pessoa contaminada que entram em contato com a mucosa da boca, nariz ou olhos de pessoas saudáveis próximas, menos de 1,80 m de distância [3]. O contágio por contato indireto aparece como outra forma importante de transmissão, e acontece quando um indivíduo saudável se encosta a uma superfície contaminada e conduz a mão aos olhos, nariz ou boca [3]. A elevada virulência da COVID-19 funciona também como fator da rápida disseminação do vírus. O período médio de incubação da infecção é de cinco dias e a transmissibilidade em média, de 7 a 14 dias após o início dos sintomas [1,2,3].

Dados divulgados pelo centro de referência internacional Johns Hopkins Coronavirus Resource Center (CRC) contabilizam até 06 de maio de 2021 um total global de 155.224.227 casos notificados da doença com um total de mais de 3.242.572 mortes por COVID-19 no mundo. O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de acometimento pela patologia, com 14.930.183 casos notificados e 414.399 mortes no país, ficando atrás apenas dos Estados Unidos da América e da India [4].

Dados divulgados em junho de 2020 pela revista médica International Journal of Gynecology and Obstetrics revelaram que no mundo, de março a junho, 160 grávidas ou puérperas morreram pelas complicações secundárias à COVID-19 e destas 124 eram brasileiras. Neste contexto, o Brasil é responsável por 77% das mortes de gestantes por coronavírus dentro do cenário mundial [5].

As infecções causadas pelos vírus SARS-CoV, influenza H1N1 e MERS-CoV ocorridas nos anos 2002, 2009 e 2012, respectivamente, causaram em gestantes sintomas como febre, tosse e dispneia [6,7,8]. Porém não houve relato de transmissão vertical oriunda da contaminação de mães infectadas e não havia consenso que contraindicasse a amamentação [9,10].

Dentre as principais medidas de prevenção está a lavagem rigorosa das mãos com água e sabão, além da utilização de álcool gel ou líquido como solução sanitizante para desinfectar mãos e superfícies [3]. Para conter a disseminação do vírus, medidas de isolamento social foram adotadas de forma rígida pelas autoridades governamentais, em detrimento da elevação dos números de casos graves da doença e sobrecarga dos serviços de saúde, principalmente das Unidades de Terapias Intensivas. No campo da saúde, as ações estratégicas ganharam dois enfoques: o macropolítico, que assegura a assistência à saúde através da disponibilização de leitos, UTIs, suprimentos hospitalares e farmacológicos; e a estratégia educativa em saúde, com o uso de tecnologias leves, como ferramenta de interação entre as pessoas em tempos de isolamento social [11].

As gestantes e puérperas estão inseridas em um grupo com maior vulnerabilidade para a síndrome. As orientações disponibilizadas nas redes sociais quanto às intercorrências gestacionais, direcionamento de como agir na hora do parto, orientações sobre aleitamento materno e alimentação da nutriz, dentre outros, diminuem a frequência de exposição até a unidade de saúde e servem como aliadas no processo de conscientização e prevenção da COVID-19 [12,13].

Diante das complicações para a gestação impostas pela infecção pelo novo coronavírus, este estudo objetivou revisar as estratégias assistenciais em saúde voltadas a gestante em tempos de COVID-19.

 

Métodos

 

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura desenvolvida a partir de critérios metodológicos que percorreram as seguintes etapas: elaboração da questão norteadora e objetivo do estudo; definição de critérios de inclusão e exclusão das produções científicas; busca de estudos científicos nas bases de dados e bibliotecas virtuais; análise e categorização das produções encontradas; resultados e discussão dos achados [14].

Para o levantamento da questão norteadora, utilizou-se a Estratégia PICo adaptada do Joanna Briggs Institute (P: Gestantes; I: Impacto da pandemia da COVID-19 na saúde; Co: Assistência de qualidade) [15]. Desta forma, definiu-se a seguinte questão norteadora da pesquisa: “Quais as estratégias assistenciais em saúde voltadas a gestante em tempos de COVID-19?”.

Para a seleção dos artigos, utilizaram-se como critérios de inclusão: ser artigo original, disponíveis na integra, com delimitação atemporal, publicado em português, inglês ou espanhol que respondessem ao objetivo do estudo e que possibilitasse o acesso pelo Virtual Private Network (VPN) da Universidade de São Paulo (USP). Foram excluídas as literaturas cinzas, bem como publicações repetidas de estudos em mais de uma base de dados e artigos que não responderam à questão norteadora do estudo. Justifica-se o estudo atemporal, uma vez que a identificação do vírus é recente (2019).

O levantamento dos dados ocorreu durante o mês de dezembro de 2020 e janeiro 2021 no Banco de Dados em Enfermagem (BDENF), na PubMed Central (PMC), na Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), no Directory of Open Access Journals (DOAJ) e na base Web of Science. Estas bases foram eleitas por entender que atingem a literatura publicada, como também abranger referências técnico-científicas brasileiras em saúde pública e coletiva.

O processo de seleção dos artigos considerou as recomendações Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses (PRISMA) (Figura 1) [16]. Foram realizados cruzamentos dos descritores padronizados pelo Medical Subject Heading (MESH) “Coronavirus Infections”, “Health Care (Public Health)” e “Pregnant Women” e seus análogos em português (DeCS) e em espanhol. Foi utilizado o operador booleano AND e OR, efetuando a busca pareada e individual para que possíveis diferenças fossem corrigidas.

A princípio eliminaram-se por meio da leitura de títulos e resumos, estudos duplicados. Destes pré-selecionados, realizou-se leitura na íntegra, a fim de verificar os que atendessem à questão norteadora e aos critérios de inclusão/exclusão. Construiu-se então a amostra final com estudos pertinentes aos critérios pré-estabelecidos (Figura 1).

 

 

Figura I - Fluxograma da seleção dos estudos segundo o Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA, 2015). Recife/PE, Brasil, 2021 

 

O nível de evidência dos estudos selecionados foi determinado de acordo com a Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) [17]. Nível I - Metanálise de múltiplos estudos controlados; Nível II- Estudos individuais com delineamento experimental; Nível III- Estudo com delineamento quase-experimental como estudo sem randomização com grupo único pré e pós-teste, séries temporais ou caso-controle; Nível IV- Estudo com delineamento não-experimental como pesquisa descritiva correlacional e qualitativa ou estudos de caso; Nível V- Relatório de casos ou dado obtido de forma sistemática, de qualidade verificável ou dados de avaliação de programas; e por fim o Nível VI- Opiniões de autoridades respeitáveis baseada na competência clínica ou opinião de comitês de especialistas, incluindo interpretações de informações não baseadas em pesquisas. 

Visando um melhor entendimento das publicações selecionadas nesta revisão, organizaram-se os dados apresentando-os em figuras e tabelas, expostos de forma descritiva.

 

Resultados e discussão

 

Dos artigos encontrados, após a leitura, permaneceram os que atendiam aos critérios estabelecidos para inclusão e exclusão descritos no método.

Na tabela I, os estudos levantados estão dispostos, evidenciando seus títulos, autores, anos de publicação, delineamento, local e idioma. A maioria dos estudos (86%) era internacional (n = 6), publicados em inglês, majoritariamente em 2020. Um artigo (14%) era nacional e publicado em português. A Medline e a Web of Science foram as bases que abrangeram mais artigos (56,2%), dois em cada base, seguidos da DOAJ, PubMed Central e BDENF (43,8%), com um artigo selecionado em cada.

 

Tabela I - Resultados encontrados nos estudos de acordo com título, base de dados, autores, ano de publicação, delineamento, local e idioma. Recife/PE, Brasil, 2021

 

Fonte: Dados da pesquisa, 2021.

 

Após a leitura dos artigos selecionados manualmente, os estudos foram categorizados em recortes temáticos, classificando o conhecimento produzido sobre o tema, em níveis de evidência [17], majoritariamente nível IV- Estudo com delineamento não-experimental como pesquisa descritiva correlacional e qualitativa ou estudos de caso.

Os principais achados, dispostos nos objetivos e conclusões, estão diretamente associados as dificuldades de acesso aos serviços de saúde causados pela pandemia do COVID-19 para as gestantes, como exposto na tabela II.

 

Tabela II - Resultados encontrados nos estudos de acordo com os níveis de evidências, objetivos e conclusões. Recife/PE, Brasil, 2021

 

Fonte: Dados da pesquisa, 2021.

 

A COVID -19 acarretaram impactos físicos e emocionais à saúde das gestantes. Secundário as inúmeras alterações fisiológicas que acontecem no período da gestação, principalmente no sistema imunológico e respiratório, as grávidas estão inclusas no grupo de risco da patologia, junto com as puérperas, idosos e portadores de doenças crônicas. O isolamento social, ditado pelas autoridades governamentais e de saúde influenciaram negativamente o curso gestacional através do sedentarismo, inúmeras comorbidades, sobrepeso, aumento da pressão arterial, intolerância à glicose, como também transtornos psicossociais, como depressão e ansiedade [25].

A rede de apoio social é fundamental na redução de danos associada a esse processo. Geralmente é composta pelo companheiro, filhos e outros familiares, além de vizinhos e amigos que auxiliam no suporte material, auxílio nas tarefas domésticas, orientações e apoio emocional. Porém, em decorrência das medidas de prevenção à COVID, foi necessário o afastamento entre amigos e familiares e as relações sociais passaram a ser desenvolvidas de forma virtual, através das redes sociais. Trata-se, portanto, de um momento repleto de medos e incertezas, causado pela pandemia [18,19,20,21,22,23,24].

Alguns estudos evidenciaram que a influência da mídia causou um impacto significativo na maneira como as mulheres veem os cuidados hospitalares à luz do COVID-19 e, para algumas, isso determinou se elas buscariam ajuda. É neste momento, que o profissional de enfermagem desenvolve imprescindivelmente o papel de orientar toda a população, especialmente as gestantes, que faz parte do grupo de risco e ainda estão frequentando a unidade com certa periodicidade devido a sua condição [20,24].

Sendo importante recordar que, ainda que vivenciando esta pandemia, os profissionais da saúde têm o dever de assegurar, à mulher, o direito da atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, assim como à criança o direito ao nascimento seguro, ao crescimento e ao desenvolvimento saudável. Sendo esses direitos garantidos pela Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil, conhecida como Rede Cegonha, e instituídos por meio da Portaria nº 1459/2011 no Brasil [26].

Artigos refletem a sensação de incapacidade relatada por alguns profissionais de saúde diante da incipiência de informações oficiais a repassar para suas pacientes ainda que deem o seu melhor na assistência à saúde destas. Foram citadas a busca por procedimentos o menos invasivos possível para preservar mãe-filho, o impacto causado pelas mídias na tomada de decisões pelas gestantes, o impacto causado pela falta do aconselhamento profissional e o apoio social no momento de isolamento, a falta de evidencias clínicas a respeito do futuro da gestação diante do COVID-19, o risco de doenças psicológicas como a depressão somada ao período de isolamento e aos medos e incertezas e o quão é importante o papel do profissional de enfermagem na saúde das gestantes, que por meio de aconselhamento pode promover a saúde e o bem-estar [18,19,20,21,22,23,24].

Para as gestantes que testaram positivo, ainda não existe um protocolo consensual e oficial. Portanto, os medicamentos e as condutas se modificam segundo a realidade cultural e assistencial, porém os principais eixos de atenção recomendam promover o isolamento da gestante; estratificá-la de acordo ao risco e as necessidades indicadas pelo quadro clínico; orientar sobre a conciliação do sono e repouso; providenciar uma nutrição adequada; fornece um suporte de oxigênio suplementar, se necessário; monitorar a ingestão de líquidos e eletrólitos. É imprescindível o monitoramento rigoroso dos sinais vitais e dos níveis de saturação de oxigênio, ainda a evolução da gestação por meio do monitoramento da frequência de batimentos cardio fetais, realizar um planejamento de parto individualizado e realizar uma abordagem através da equipe multiprofissional [27].

O impacto causado pelos principais eventos de saúde pública com risco de vida, como o surto da doença da corona vírus em 2019, foi descrito como preditor de aumento de vulnerabilidade de doença mental entre mulheres grávidas, incluindo pensamentos de automutilação. Sob esse cenário, a educação em saúde em tempos de pandemia vem ganhando visibilidade ao focar medidas de prevenção contra a COVID-19 [23].

 

Conclusão

 

O artigo possibilitou detectar os impactos causados pela pandemia do COVID-19 à saúde da gestante. Estes são considerados fatores extremamente preocupantes, visto que interferem de forma negativa no bem-estar físico e mental, durante um período em que a mulher se encontra mais vulnerável. Nesta perspectiva, faz-se necessário a tomada de medidas que visem promover atenção à saúde da mulher e a redução do impacto do isolamento social na saúde gestacional, além da diminuição dos índices de morbidade e mortalidade.

As principais estratégias assistenciais em saúde voltadas a gestante em tempos de COVID-19 foram aconselhamento e apoio social através da implementação de um processo facilitador entre gestante e profissionais de saúde, realização de tomografia pulmonar na admissão de pacientes com sintomas graves, contraindicação de cesarianas, estratégias de redução de danos à saúde mental e a utilização das redes sociais como estratégia educativa em saúde voltadas ao público-alvo.

No entanto, há escassez de estudos que dão a verdadeira importância à saúde da mulher, principalmente gestante, nos tempos da pandemia. Os estudos selecionados para amostra apresentam limitações como: unicêntricos, diferentes sistemas de comparação, tamanho amostral pequeno e falta de randomização. A partir disso, sente-se a necessidade de mais estudos e contribuições científicas com este foco, para que haja discussão envolvendo todos os profissionais, abarcando uma perspectiva integral da atenção à saúde, visando o bem-estar completo das gestantes.

 

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