Enferm Bras 2021;20(4):535-48
REVISÃO
COVID-19
na assistência ao parto e nascimento
Liniker
Scolfild Rodrigues da Silva*, Tarcísia
Domingos de Araújo, M.Sc.**, Jadson Rodrigo de
Freitas***, Cinthia Ferreira Regis****, Joana D'Arc Vila Nova Jatobá*****,
Fernanda da Mata Vasconcelos Silva******
*Enfermeiro,
Especialista em Enfermagem Obstétrica na modalidade Residência pela Faculdade
de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (FENSG)/Universidade de Pernambuco
(UPE), Recife, PE, **Enfermeira, Mestre em Enfermagem pela Universidade de
Pernambuco/UPE, Recife, PE, ***Enfermeiro pelo Centro Universitário Maurício de
Nassau (UNINASSAU), Caruaru, PE, ****Enfermeira Mestre em Educação em Saúde
pela Faculdade Pernambucana de Saúde/FPS, Recife, PE, *****Enfermeira,
Doutoranda em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC, Recife, PE,
******Enfermeira, Doutoranda em Enfermagem pela Universidade de Pernambuco/UPE,
Recife, PE
Recebido
em 18 de fevereiro de 2021; Aceito em 20 de junho de
2021.
Correspondência: Fernanda da Mata Vasconcelos Silva,
Rua Vicente do Rego Monteiro,292 Cordeiro 50630-710 Recife PE
Liniker Scolfild
Rodrigues da Silva: liniker_14@hotmail.com
Tarcísia Domingos de Araújo:
tarcisiadsouza@gmail.com
Jadson Rodrigo de Freitas: jadson.caruaru@hotmail.com
Cinthia Ferreira Regis: cinthiaregis@outlook.com
Joana D'Arc Vila Nova Jatobá: jdvnj@hotmail.com
Fernanda da Mata Vasconcelos Silva: nandadamata34@gmail.com
Resumo
Introdução: Gestantes e recém-nascidos são
considerados pela Organização Mundial da Saúde como vulneráveis para infecção
pelo novo coronavírus. Evidências indicam atenção prioritária a esses grupos
uma vez que não existe definição científica sobre as formas de contágio,
mecanismo de ação viral e potencial patogênico, incluindo nesse contexto as
dúvidas sobre a transmissão vertical e amamentação. Objetivo: Sintetizar
as evidências disponíveis na literatura científica acerca dos impactos causados
pela pandemia da COVID-19 frente a assistência ao parto e nascimento. Métodos:
Revisão integrativa da literatura realizada nas bases da Medline/Pubmed, PMC, DOAJ, Medline/BVS, BDEnf,
Scielo e Web of Science.
Resultados: Dos 54 estudos encontrados, 18 estavam disponíveis na Medline/Pubmed; 16 na PMC; 11 na DOAJ; 7 na Medline/BVS, 2 na BDEnf, 11 na SCOPUS. Após a leitura criteriosa dos artigos,
10 artigos compuseram a amostra. Conclusão: Os artigos explicitaram
desenvolvimento de conselhos internacionais para parteiras, outros
profissionais de saúde e gerentes de serviços de saúde sobre o cuidado de
mulheres e seus bebês durante o parto; adoção de um sistema paternalista de
abordagem ao parto somado ao medo das gestantes; esclarecimento às suposições
acerca do risco da COVID-19 no terceiro trimestre da gravidez; e estabeleceram
um comparativo entre o número de gestantes e não gestantes que testaram
positivo identificando de forma precoce de qualquer impacto psicológico que
ocorra na gestação.
Palavras-chave: infecções por coronavirus;
saúde da mulher; parto.
Abstract
COVID-19 pandemic in delivery and
birth assistance
Introduction: Pregnant women
and newborns are considered by the World Health Organization to be vulnerable
to infection with the new coronavirus. Evidence indicates priority attention to
these groups since there is no scientific definition on the forms of contagion,
mechanism of viral action and pathogenic potential, including in this context
doubts about vertical transmission and breastfeeding. Objective: To
synthesize the evidence available in the scientific literature about the
impacts caused by the pandemic of COVID-19 in relation to childbirth and birth
assistance. Methods: Integrative literature review carried out on the
database of Medline/Pubmed, PMC, DOAJ, Medline/BVS, BDEnf, Scielo and Web of Science.
Results: Of the 54 studies found, 18 were available at Medline/Pubmed; 16 at PMC; 11 at DOAJ; 7 at Medline/BVS, 2 at BDEnf, 11 at SCOPUS. After careful reading of the articles,
10 articles made up the sample. Conclusion: The articles made explicit
the development of international advice for midwives, other health
professionals and health service managers on the care of women and their babies
during childbirth; adoption of a paternalistic system of approach to childbirth
added to the fear of pregnant women; clarification of assumptions about
COVID-19 risk in the third trimester of pregnancy; and established a comparison
between the number of pregnant women and non-pregnant women who tested
positive, identifying early any psychological impact that occurs during
pregnancy.
Keywords: coronavirus infections; women's
health; parturition.
Resumen
COVID-19
en la asistencia
al parto y nacimiento
Introducción: La Organización Mundial de la Salud considera que las mujeres embarazadas
y los recién nacidos son vulnerables
a la infección por el nuevo coronavirus.
La evidencia indica una atención prioritaria
a estos grupos ya que no existe una definición
científica sobre las formas de contagio,
mecanismo de acción viral y potencial patogénico, incluyendo en este contexto dudas sobre la transmisión vertical y la lactancia materna. Objetivo: Sintetizar la evidencia disponible
en la literatura científica
sobre los impactos provocados por la
pandemia de COVID-19 en relación
con el parto y la asistencia al parto. Métodos:
Revisión integrativa de la
literatura realizada sobre las bases de Medline/PubMed, PMC, DOAJ, Medline/BVS, BDEnf,
Scielo y Web of Science. Resultados: De los 54
estudios encontrados, 18 estaban disponibles en Medline/PubMed; 16 en PMC; 11
en DOAJ; 7 en Medline/BVS, 2 en BDEnf, 11 en SCOPUS. Después de leer
atentamente los artículos, 10 artículos conformaron la muestra. Conclusión: Los
artículos explicitaron el desarrollo de asesoramiento
internacional para parteras, otros
profesionales de la salud y administradores de servicios
de salud sobre el cuidado
de las mujeres y sus bebés
durante el parto; la adopción de un sistema
paternalista de abordaje del
parto, sumado al miedo de las mujeres embarazadas;
aclaración de las suposiciones sobre el riesgo de COVID-19 en el tercer trimestre del embarazo; y estableció una comparación entre el número de mujeres embarazadas y no embarazadas que dieron positivo, identificando temprano
cualquier impacto psicológico que ocurra
durante el embarazo.
Palabras-clave: infecciones por coronavirus;
salud de la mujer; parto.
A infecção pelo vírus COVID-19, que teve início na cidade
de Wuhan, na China, se alastrou rapidamente por todos os países do mundo,
ganhando proporção de pandemia [1]. Desde então, as autoridades sanitárias e
sociedades científicas nacionais e internacionais têm divulgado informações e
realizando campanha de conscientização para orientar a comunidade e os
profissionais de saúde sobre as medidas e ações estratégicas voltadas à
prevenção da COVID-19, que atualmente é considerada uma doença de notificação
compulsória [2].
Idosos, profissionais da saúde, pessoas imunossuprimidas,
com doenças crônicas, gestantes e recém-nascidos são considerados, pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), como vulneráveis para infecção pelo novo
coronavírus [1]. Evidências disponíveis indicam atenção prioritária a esses
grupos, uma vez que não existe definição científica sobre as formas de
contágio, mecanismo de ação viral e potencial patogênico, incluindo nesse contexto
as dúvidas sobre a transmissão vertical e amamentação [4].
No caso das gestantes, a orientação em saúde deve ser
realizada de acordo com cada estágio do ciclo gravídico-puerperal [5,6]. A
gestação é um momento da vida da mulher influenciado por inúmeras mudanças
fisiológicas e comportamentais. As alterações se acentuam mediante as
incertezas advindas das variantes clínicas que as mesmas
apresentam ao serem infectadas pelo coronavírus. Tal perspectiva gera nessas
mulheres um sentimento de medo e insegurança que impacta no processo
gestacional e pós-parto [5].
Inúmeras incertezas permeiam a história natural e o manejo
clínico da COVID-19 durante a gestação e os primeiros meses de vida. Estudos
estão sendo realizados para identificar vacinas e tratamentos específicos. No
entanto, o ciclo da vida permanece contínuo e com ele os nascimentos durante
esse período, o que aumenta ainda mais as dúvidas relacionadas aos cuidados a
serem adotados na vigência da pandemia [1,2]. A grande preocupação em saúde é
com o desenvolvimento das formas graves da doença e da necessidade de suporte
assistencial em unidades de terapia semi-intensiva ou intensiva, visto que
estes setores estão operando além de suas capacidades [7].
Os
serviços de atenção obstétrica e neonatal
são
considerados essenciais e, portanto, a infecção pela
COVID-19 tem direcionado a
atenção de pesquisadores para a criação de
estratégias de prevenção e gestão
clínica da infecção COVID-19 em gestantes e
recém-nascidos. Torna-se indispensável,
para tanto, que profissionais que atuam no cuidado estejam atualizados
e
treinados para tomada de decisões daqueles com suspeita ou
infecção confirmada
por SARS-CoV-2 [8].
Diante do exposto, o estudo tem por objetivo sintetizar as
evidências disponíveis na literatura científica acerca dos impactos causados
pela pandemia do COVID-19 frente a assistência ao parto e nascimento.
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura
desenvolvida a partir de critérios metodológicos que percorreram as seguintes
etapas: elaboração da questão norteadora e objetivo do estudo; definição de
critérios de inclusão e exclusão das produções científicas; busca de estudos
científicos nas bases de dados e bibliotecas virtuais; análise e categorização
das produções encontradas; resultados e discussão dos achados [9].
Para o levantamento da questão norteadora, utilizou-se PICo (P: Gestantes; I: Impacto da pandemia do COVID-19 na
saúde; Co: Assistência de qualidade ao parto e nascimento [10]. Desta forma,
definiu-se a seguinte questão norteadora [7] da pesquisa: “Quais os impactos
causados pela pandemia da COVID-19 frente a assistência ao parto e
nascimento?”.
Para seleção dos artigos, utilizaram-se como critérios de
inclusão: ser artigo científico disponível na íntegra, com delimitação
atemporal, publicado em português, inglês ou espanhol que respondessem ao
objetivo do estudo e que possibilitasse o acesso pelo Virtual Private Network
(VPN) da Universidade de São Paulo (USP). Foram excluídas as literaturas
cinzas, estudos de reflexão, bem como publicações repetidas de estudos em mais
de uma base de dados ou biblioteca virtual e os artigos que não responderam à
questão norteadora do estudo. Justifica-se o estudo atemporal uma vez que a identificação
do vírus é recente (2019).
O levantamento dos dados ocorreu durante o mês de janeiro
de 2021 nas seguintes bases de dados e bibliotecas virtuais: Banco de Dados em
Enfermagem (BDEnf), Pubmed
Central (PMC), Medical Literature Analysis
and Retrieval System Online
(Medline)/PubMed, Directory
of Open Access Journals
(DOAJ), Medline/Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific
Electronic Library Online (Scielo),
Web of Science e SCOPUS. Elegendo estas bases de
dados e bibliotecas por entender que atingem a literatura publicada, como
também referências técnico-científicas brasileiras em saúde pública e coletiva.
Buscaram-se os artigos a partir dos Descritores em Ciências
da Saúde (DeCS): “Infecções por Coronavirus”,
“Saúde da Mulher”, “Parto”. Utilizaram-se os respectivos termos provenientes do
Medical Subject Headings
(MeSH): “Coronavirus Infections”, “Women's Health”, “Parturition”. Combinados com operador booleano AND e OR,
efetuando a busca conjunta e individualmente para que possíveis diferenças
fossem corrigidas.
A seleção dos estudos baseou-se no Preferred
Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyse (PRISMA) [11]. A princípio eliminaram-se por
meio da leitura de títulos e resumos, estudos duplicados. Destes pré-selecionados,
realizou-se leitura na íntegra, a fim de verificar os que respondessem à
questão norteadora/ de pesquisa. Construiu-se então a amostra final com estudos
pertinentes aos critérios pré-estabelecidos (Figura 1).
Figura
1 - Fluxograma da
seleção dos estudos segundo o Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA, 2015), Recife, PE, Brasil, 2021
O nível de evidência dos estudos selecionados foi
determinado de acordo com a Agency for
Healthcare Research and Quality (AHRQ) [12]. Nível I - Metanálise
de múltiplos estudos controlados; Nível II - Estudos individuais com
delineamento experimental; Nível III - Estudo com delineamento
quase-experimental como estudo sem randomização com grupo único pré e pós-teste, séries temporais ou caso-controle; Nível
IV- Estudo com delineamento não-experimental como pesquisa descritiva
correlacional e qualitativa ou estudos de caso; Nível V - Relatório de casos ou
dado obtido de forma sistemática, de qualidade verificável ou dados de avaliação
de programas; e por fim o Nível VI - Opiniões de autoridades respeitáveis
baseada na competência clínica ou opinião de comitês de especialistas,
incluindo interpretações de informações não baseadas em pesquisas.
Visando um melhor entendimento das publicações selecionadas
nesta revisão, organizaram-se os dados apresentando-os em figuras e tabelas,
expostos de forma descritiva.
Dos artigos encontrados, após a leitura permaneceram os que
atendiam aos critérios estabelecidos para inclusão e exclusão descritos em
material e métodos.
Na tabela I, os estudos estão dispostos evidenciando seus
títulos, autores, anos de publicação, delineamento, local e idioma. A maioria
dos artigos eram internacionais (n = 8), publicados em inglês, no ano 2020. Um
artigo era nacional e publicado em português.
Tabela
I - Resultados
encontrados nos estudos de acordo com título, base de dados, autores, ano de
publicação, delineamento, local e idioma, Recife, PE, Brasil, 2021
Dados da pesquisa, 2021.
Após a leitura dos artigos selecionados manualmente, os
estudos foram categorizados em recortes temáticos, classificando o conhecimento
produzido sobre o tema, em níveis de evidência, majoritariamente nível IV-
Estudo com delineamento não-experimental como pesquisa descritiva correlacional
e qualitativa ou estudos de caso [9].
Os principais achados, dispostos nos objetivos e
conclusões, estão diretamente associados ao impacto da pandemia da COVID-19
frente a assistência ao parto e nascimento, como exposto na tabela II.
Tabela
II - Resultados
encontrados nos estudos de acordo com os níveis de evidências, objetivos e
conclusões, Recife, PE, Brasil, 2021 (ver PDF anexo)
Não há evidências científicas que confirmem maior
acometimento de infecção pela COVID-19 em gestantes, comparado à população no
geral, diferente do comportamento clínico apresentado pelo grupo em outras
infecções virais respiratórias como H1N1, MERS-CoV e SARS-CoV. Os artigos encontrados levantaram evidências dos
impactos causados pela pandemia frente a assistência ao parto e nascimento, nas
dimensões físicas, emocionais e psicológicas [22,23].
Diversos estudos realizados por enfermeiros averiguaram
acerca dos impactos gerados nos cuidados realizados a gestantes e puérperas que
testaram positivo para COVID-19. Segundo um consenso emitido pela Associação
Médica Chinesa, a infecção por COVID-19 nem sempre indica necessidade de
interrupção da gravidez nem antecipação do parto, a variação ocorre
considerando, especialmente, o andamento da doença materna, idade gestacional e
situação intrauterina do feto. Na maioria das vezes, a transmissão
transplacentária é menos provável, visto que o vírus ainda não foi identificado
no líquido amniótico, placenta e leite materno das mães ou nas secreções nasais
dos seus neonatos, porém, ainda se faz necessário manter um alto nível de
vigilância do recém-nascido durante os 14-21 dias após o nascimento [24,25].
Contudo, a infecção neonatal pode acontecer depois do parto
através da inalação do SARS-CoV-2 presentes nos aerossóis gerados pela tosse da
mãe, parentes ou profissionais de saúde. Portanto, no domicílio, recomenda-se
evitar o contato do bebê com pessoas de alto risco para contaminação, como as
que apresentam febre ou sintomas respiratórios; evitar sair e proibir a visita
de parentes e amigos, e quando estas acontecerem o visitante deve usar
equipamentos de proteção apropriados; limitar a quantidade de cuidadores;
prover boa ventilação, higiene frequente das mãos ao cuidar do bebê; e
desinfecção diária dos utensílios dos recém-nascidos [3,26].
Artigos explicitaram desenvolvimento de conselhos
internacionais para parteiras, outros profissionais de saúde e gerentes de
serviços de saúde sobre o cuidado de mulheres e seus bebês durante o parto;
adoção de um sistema paternalista de abordagem ao parto somado ao medo das
gestantes; esclarecimento às suposições acerca do risco da COVID-19 no terceiro
trimestre da gravidez; e estabeleceram um comparativo entre o número de
gestantes e não gestantes que testaram positivo identificando de forma precoce
de qualquer impacto psicológico que ocorra na gestação [7,13,14,15,16].
Nesse cenário, é de grande importância o papel dos
profissionais de enfermagem tanto na atenção Primária à Saúde, durante a
consulta do pré-natal ou puerperal, quanto na atenção hospitalar. Vale recordar
que, no espaço da atenção primaria, além do recomendado para o atendimento
pré-natal, ainda devem estar inclusos orientações acerca dos cuidados à saúde
da gestante, desmistificação de algumas ideias preconcebidas, visando a
promoção da saúde mental das pacientes que neste momento se encontram cheias de
medos e incertezas, e medidas preventivas contra a COVID-19 para promover sua
saúde física, como a higiene das mãos e das superfícies, o distanciamento
social e o uso e confecção de máscaras. Tais cuidados podem acontecer em
inúmeros ambientes, como em grupos de gestantes e na sala de espera [6].
A prestação de cuidados de maneira equivocada no período
neonatal pode acarretar serias consequências à saúde do recém-nascido,
atingindo sua sobrevivência e o desenvolvimento infantil saudável. Por isso, é
imprescindível que os enfermeiros se capacitem por meio de práticas assistenciais
e orientações atuais buscando a garantia de cuidados pós-natais seguros e de
qualidade, sempre mantendo a valorização do contexto da família e da comunidade
[25].
Contudo, as evidências cientificas que tratam sobre esse
assunto ainda apresentam algumas fragilidades e lacunas como: unicêntricos, diferentes sistemas de comparação, tamanho
pequeno da amostra e falta de randomização.
A presente revisão proporcionou a identificação de alguns
impactos causados pela pandemia da COVID-19 frente a assistência ao parto e ao
nascimento. Aspectos causadores de grande preocupação, uma vez que afetam
negativamente o bem-estar físico, mental e emocional, durante um período que
deveria ser só de felicidade, adicionando medos e incertezas. Neste ponto de
vista, necessita-se que sejam tomadas medidas que busquem a promoção da atenção
à saúde da mulher gestante, em sala de parto e pós-parto, e ao seu
recém-nascido, e ainda a redução do impacto negativo, além da diminuição dos
índices de morbidade e mortalidade. No entanto, há escassez de estudos que dão
a verdadeira importância a saúde da mulher, principalmente gestante, e ao seu
recém-nascido em meio a pandemia do COVID-19.
Apesar da literatura que foi investigada sugerir alguns
impactos, não há números exatos sobre morbimortalidade materno-infantil, e
existe informação de que o país que concentra maior número de mortes de
gestantes é o Brasil. Diante disso, percebe-se a necessidade de mais estudos e
contribuições científicas com este foco, para que ocorra discussão englobando
todos os profissionais, compreendendo uma visão integral da atenção à saúde,
buscando o bem-estar como um todo das gestantes e puérperas, e seus
recém-nascidos. Portanto, esta revisão tem a
finalidade de contribuir com informações para o desenvolvimento de outros
estudos, com qualidade metodológica, para que se produzam diretrizes que
orientem atividades de prática clínica.