Enferm Bras 2021;20(5);627-38
ARTIGO
ORIGINAL
Caracterização
das infecções relacionadas à assistência à saúde em hospital localizado no
baixo Amazonas, Brasil
Irineia
de Oliveira Bacelar Simplicio, M.Sc.*,
Zaline de Nazare Oliveira
de Oliveira**,
Jociléia
da Silva Bezerra***, Antonia Irisley
da Silva Blandes****, Monica Karla Vojta Miranda*****, Mariane Santos Ferreira******, Sheila
Mara Bezerra de Oliveira*******, Karine Leão Marinho********, Everaldo de Souza
Otoni Neto********, Letícia Gomes de Oliveira**********
*Enfermeira,
Docente da Universidade do Estado do Pará, **Enfermeira, Residente em Saúde da
Mulher e da Criança, Universidade Federal do Pará, ***Enfermeira, Escola
Superior de Teologia, ****Enfermeira, Mestrado em Biociências Universidade
Federal do Oeste do Pará, *****Enfermeira, Mestre em Promoção da Saúde,
******Enfermeira, Doutoranda Engenharia Biomédica, Instituição Anhembi Morumbi,
*******Enfermeira, Mestre em Ensino e Saúde na Amazônia, Hospital Regional do
Baixo Amazonas do Pará, ********Discente de Medicina, Universidade do Estado do
Pará, *********Enfermeira, Mestranda em Epidemiologia e Vigilância em Saúde
Instituto Evandro Chagas
Recebido
em 16 de abril de 2021; aceito em 30 de setembro de 2021.
Correspondência: Letícia Gomes de Oliveira, Conj. Saint
Clair Passarinho, 22 Quarenta Horas 67125-570 Ananindeua PA
Irineia de Oliveira Bacelar Simplicio: irineiabacelar12@hotmail.com
Zaline de Nazare
Oliveira de Oliveira: zalinenooliveira@hotmail.com
Jociléia da Silva Bezerra:
jocileiabezerra02@gmail.com
Antonia Irisley
da Silva Blandes: antonia.blandes@gmail.com
Monica Karla Vojta Miranda:
monicavojta@hotmail.com
Mariane Santos Ferreira: mariane.lopess@hotmail.com
Sheila Mara Bezerra de Oliveira: sheilamboliveira@gmail.com
Karine Leão Marinho: karine.marinho@hotmail.com
Everaldo de Souza Otoni Neto: otonnineto@gmail.com
Letícia Gomes de Oliveira: gomes_15_letici@hotmail.com
Resumo
Objetivo: Identificar o perfil epidemiológico de
pacientes que adquiriram infecções relacionadas à assistência à saúde na
Unidade de Clínica Médica de um hospital público, localizado no município de
Santarém, Estado do Pará, no período de 2017 a 2018. Métodos: Pesquisa
exploratório-descritiva de abordagem quantitativa. Foram coletados dados dos
prontuários de pacientes da clínica médica que adquiriram infecção relacionada
à assistência à saúde, por meio de um questionário. Resultados: Dos 33
prontuários, 51,5% eram de pacientes do sexo masculino, com média de idade de
46,7 anos. O principal motivo de internação foi a doença renal crônica (15,1%)
e o sítio de infecção com maior frequência foi o trato respiratório (42,4%). As
principais culturas encontradas foram Escherichia coli, P. mirabilis e Klebsiella
pneumoniae com o mesmo percentual cada (12,15%).
Com relação ao perfil de sensibilidade e resistência à Escherichia coli,
apresentou perfil de resistência de 40% à ceftazidima
e à cefepima, Klebsiella
pneumoniae, em 80% carbapenêmicos.
Conclusão: Os principais meios de prevenção das Infecções Relacionadas à
Assistência à Saúde incluem a lavagem de mãos e o enfermeiro é personagem ativo
realizando e incentivando a higienização das mãos de toda a equipe, colaboradores
e dos próprios acompanhantes dos pacientes.
Palavras-chave: infecção hospitalar; programa de
controle de infecção hospitalar; epidemiologia; cuidados
de enfermagem; assistência à saúde.
Abstract
Characterization of
healthcare-related infections in a hospital located in the lower Amazon, Brazil
Objective: To identify the epidemiological
profile of patients who acquired health care-related infections in the Medical
Clinic Unit of a public hospital, located in the municipality of Santarém, Pará, from 2017 to 2018. Methods:
Exploratory-descriptive research of quantitative approach. Data were collected
from 33 medical records of patients of the medical clinic who acquired
infection related to health care, through a questionnaire. Results:
51.5% were male patients, mean age 46.7 years. The main reason for
hospitalization was chronic kidney disease (15.1%) and the most frequent
infection site was the respiratory tract (42.4%). The main cultures found were Escherichia
coli, P. mirabilis and Klebsiella pneumoniae with the same
percentage each (12.15%). Regarding the sensitivity and resistance profile to
Escherichia coli, the resistance profile of 40% to ceftazidime and cefepima, Klebsiella pneumoniae, in 80% carbapenems.
Conclusion: The main means of prevention of health care-associated
infections include hand washing. The nurse is an active character, performing
and encouraging the hygiene of the hands of the team, collaborators, and
patients' own companions.
Keywords: cross infection; hospital infection
control program; epidemiology, nursing care; delivery of health care.
Resumen
Caracterización de infecciones relacionadas con la salud
en un hospital ubicado en la
Amazonía baja, Brasil
Objetivo: Identificar el
perfil epidemiológico de los pacientes que adquirieron infecciones relacionadas con
la atención médica en la Unidad
Clínica Médica de un hospital público, ubicado en el
municipio de Santarém, estado de Pará, de 2017 a
2018. Métodos: Investigación exploratoria-descriptiva de enfoque cuantitativo.
Los datos fueron recogidos de los registros
médicos de los pacientes de la
clínica médica que adquirieron infecciones
relacionadas con la atención médica, a través de un cuestionario. Resultados: De los
33 registros médicos, el 51,5% eran
pacientes varones, con una edad media
de 46,7 años. La razón
principal de la hospitalización
fue la enfermedad
renal crónica (15,1%) y el sitio
de infección más frecuente fue las vías
respiratorias (42,4%). Los principales
cultivos encontrados fueron Escherichia coli, P. mirabilis y Klebsiella
pneumoniae con el mismo porcentaje
cada uno (12,15%). En cuanto
al perfil de sensibilidad y resistencia
a Escherichia coli, el perfil de resistencia
del 40% al ceftazidime y Cefepima, Klebsiella pneumoniae, en el 80% de los carbapenems.
Conclusión: Los principales
medios de prevención de
infecciones asociadas a la atención en salud
incluyen el lavado de manos
y la enfermera es un personaje activo
que realiza y fomenta la
higiene de las manos de todo el
equipo, colaboradores y compañeros propios de los pacientes.
Palabras-clave: infección
hospitalaria; programa de control de infecciones
hospitalarias; epidemiología; atención
de enfermería; prestación
de atención de salud.
Desde a antiguidade, a humanidade foi afetada por diversas
infecções. Por pouco conhecimento científico de como ocorria a transmissão,
associada à falta de higiene e ao saneamento básico inadequado, o meio ficou
favorável para que os microrganismos disseminassem doenças rapidamente para a
população, aumentando a morbidade e a mortalidade entre os pacientes [1].
As primeiras organizações de controle de infecção
hospitalar, atualmente denominadas “Infecções Relacionadas à Assistência à
Saúde (IRAS)”, surgiram, no Brasil, a partir de 1960 e, com o aumento dos
índices de microrganismos multirresistentes, considerados um problema de saúde
pública, no ano de 1988 foi implantado o Programa Nacional de Controle de
Infecção Hospitalar através da portaria nº 232/98. Na última década, a
seriedade dos dados epidemiológicos relacionados a microrganismos
multirresistentes vem gerando preocupação nos profissionais e gestores de
saúde, pois traz como umas das consequências a diminuição de possibilidades
terapêuticas e o aumento do tempo e custo das internações [2].
Acerca disso, as IRAS são responsáveis por elevados índices
de morbimortalidade no ambiente hospitalar, no qual as bactérias compõem o
grupo mais evidenciado pela causa das infecções e, em segundo lugar, os fungos.
Aponta-se que o principal meio de transmissão ocorre por meio das mãos não
higienizadas ou da higienização não procedida de forma correta estando
associada à contaminação cruzada entre profissionais, objetos e paciente [3].
O Ministério da Saúde mediu a amplitude de IRAS em 99
hospitais terceirizados localizados em capitais brasileiras e vinculados ao
Sistema Único de Saúde (SUS), no qual identificou a taxa de 13% de IRAS entre
os pacientes internados. Entretanto, esse valor está diminuído em comparação
com a estimativa real, pois as IRAS são subnotificadas, em sua maioria,
consequente de um monitoramento insuficiente das Comissões de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH) [4,5]. Desse modo, fica evidente a importância da
implementação de programas de prevenção bem como da presença efetiva das CCIHs nos hospitais a fim de reduzir os casos existentes
[6].
Apesar de muitos esforços, ainda se presencia uma realidade
de múltiplas carências pelas quais passam as instituições de saúde,
principalmente as públicas, com falta de recursos humanos e materiais que
tornam extremamente difícil a implementação de medidas eficientes no controle
das IRAS [7].
No ambiente hospitalar, há diversos sítios favoráveis para
expansão de IRAS, dentre estes está a unidade de Clínica Médica, a qual atende
pacientes de diversas patologias e manifestações clínicas, necessitando de
monitoramento e assistência constante. Assim, objetivou-se identificar o perfil
epidemiológico de pacientes que adquiriram infecções relacionadas à assistência
à saúde na Unidade de Clínica Médica de um hospital público, localizado no
município de Santarém, Estado do Pará, no período de 2017 a 2018.
Caracteriza-se como uma pesquisa exploratório-descritiva de
abordagem quantitativa realizada com 33 pacientes de um hospital regional
público, referência em todo o Município de Santarém, Oeste do Pará, Baixo
Amazonas. A pesquisa ocorreu no período de novembro a dezembro de 2018.
Foram incluídos no referido estudo, pacientes internados na
clínica médica que adquiriram IRAS.
A coleta de dados ocorreu por meio de um questionário
estruturado, já que se destinava apenas ao preenchimento de informações que
constavam nos prontuários. As variáveis analisadas foram: Identificação
numérica; Data de nascimento; Sexo; Clínica; Motivo da internação; Sítio de
infecção; Agente infecioso; Sensível; Resistente; Tratamento; Tempo de
internação e Motivo da alta.
A análise de dados foi descritiva e utilizaram-se planilhas
do Microsoft Office Excel, realizaram-se os cruzamentos das variáveis de
interesse ao objeto do estudo, bem como os cálculos estatísticos.
O estudo obedeceu às normas do Conselho Nacional de Saúde
presentes na resolução 466/2012, sendo submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e aprovado com o seguinte número de
parecer 3.148.072.
No período de 2017 e 2018, foram analisados 33 prontuários
de pacientes que estiveram internados na unidade de Clínica Médica de um
hospital, no município de Santarém, Pará, 51,5% (17/33) eram do sexo masculino.
A média de idade da população foi de 46,75 anos, com variação de 14 a 81 anos e
a mediana de 42 anos.
Na população examinada a maior frequência estava na faixa
etária maior de 60 anos, o que correspondeu a 36,3% (12/33) e a menor
frequência foi encontrada entre 51 e 60 anos, 9,1% (3/33) (Tabela I).
Tabela
I – Distribuição dos
pacientes internados na unidade de Clínica Médica do Hospital Regional do Baixo
Amazonas nos anos de 2017 e 2018 por faixa etária e sexo
*Fonte: Dados da pesquisa
Estudos realizados com 90 pacientes no Hospital Getúlio
Vargas em Teresina/PI, a faixa etária que se destacou foi a de adultos-jovens
de 13 a 23 anos que equivale a 23,3% do total, frequência próxima ao visto
nesta pesquisa [8]. Outro dado importante quanto à idade foi o acúmulo
percentual em pacientes idosos (60 anos ou mais) encontrado nesse estudo,
registrando 36,4% do total de pacientes. Estes resultados estão relacionados
com o perfil de cuidado dos pacientes internados na clínica médica. Um dos
motivos dessa oscilação é o aumento do processo de envelhecimento da população
e o desenvolvimento de problemas crônicos de saúde, como doenças renais,
cardiovasculares, dentre outras [9].
A hospitalização é considerada um risco para as pessoas
idosas, por serem mais suscetíveis a infecções hospitalares devido à presença
de comorbidades, neoplasias, neutropenia, a utilização prévia de antimicrobianos,
que, somados, levam a uma internação hospitalar prolongada. A idade por si só
consta como um fator de risco para IRAS, tendo em vista que os extremos
etários, as crianças e os idosos, são os mais acometidos e apresentam maiores
chances de complicações [10].
Quanto à variável etnia, a maioria dos pesquisados se
autodeclaram pardos em 87,9% (29/33) e o estado civil, 42,4% declararam-se
solteiros (Tabela II). A maioria era proveniente de bairros de Santarém
(66,6%). Importante colocar esses dados demográficos na tabela
Tabela
II - Perfil dos
participantes do estudo, segundo etnia, estado civil e zona de residência da
Clínica Médica do Hospital Regional do Baixo Amazonas nos anos de 2017 e 2018
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se um predomínio de pacientes do sexo masculino e
solteiros, que divergente de outro estudo que encontrou um perfil de pacientes
do sexo feminino e casados [8]. Uma hipótese para essa variação está
relacionada com o tipo de assistência oferecida pelos hospitais, que faz a
seleção natural dos pacientes independente do sexo dos indivíduos ou estado
civil [11].
Quanto ao tempo de internação, 72,7% não possuíam um
período determinado ou não receberam alta hospitalar até o momento do
levantamento de dados, a média do tempo de internação foi de 49,2 dias. Quanto
ao motivo de alta dos pacientes da clínica médica, 15,2% tiveram alta melhorada
e 12,1% faleceram, os demais permaneceram internados (tabela III).
Tabela
III – Período de
internação e motivo de alta dos participantes da pesquisa realizada em um
hospital público no interior da Amazônia
Fonte: Dados da pesquisa
Ao todo, houve 25 motivos de internação, incluindo doença
renal, cardiopatia, fratura, câncer, queimadura, doenças infecciosas e outras,
havendo predomínio da Doença Renal Crônica (15,1%), como a causa-base de
internação.
Vale ressaltar que, no acervo literário, observa-se grande
relação entre o tempo de internação e o aumento das taxas de infecções
relacionadas à assistência à saúde (IRAS), pois quanto mais tempo de
internação, maior a utilização de procedimentos invasivos. Sabe-se que
procedimentos hospitalares são essenciais para prolongar a vida, no entanto, eles
são frequentemente relacionados com risco de complicações como infecções e
morte [12].
Dados semelhantes foram encontrados no trabalho realizado
em um hospital público universitário em Fortaleza, Ceará, onde o tempo médio de
internação dos pacientes foi de 36 dias, configurando como importante fator
predisponente para contração de infecções hospitalares [13].
Em relação ao sítio de infecção dos participantes da
pesquisa, foi possível observar que a maior frequência foi o trato respiratório
em 42,4% e a menor frequência foi no sítio tegumentar e cirúrgico com 9,1%,
cada.
Fonte: Dados da pesquisa
Gráfico
1 - Distribuição do
sítio de infecção dos participantes da Clínica Médica do Hospital Regional do
Baixo Amazonas nos anos de 2017 e 2018
Este achado é semelhante com a pesquisa realizada no
Hospital Getúlio Vargas ao qual houve predomínio da infecção de trato
respiratório com o enorme percentual de 66,7% do total das IRAS [8].
Acredita-se que isto ocorre devido à infecção respiratória ser ocasionada pela
imunossupressão, inoculação do patógeno no trato respiratório do paciente,
anulando a defesa, ou à alta virulência do micro-organismo.
Além disso, as unidades de internação são fontes de surtos
bacterianos, por necessitar rotineiramente de técnicas invasivas, consumo de
antimicrobianos e presença de doenças graves. No que tange aos procedimentos
invasivos, estes são ligados diretamente a sistemas do organismo e todos os
pacientes utilizam pelo menos um procedimento. Temos, como exemplo, a sonda
vesical ligada ao sítio urinário que, em pesquisas semelhantes, foi vista como
fonte de infecção, assim como o tubo orotraqueal, ligado ao sistema
respiratório, e o acesso venoso [14,15].
Quanto à presença dos agentes infecciosos, destacaram-se Escherichia
coli, Proteus mirabilis
e Klebsiella pneumoniae,
com 12,15%, respectivamente, o de menor frequência foram Candida
albicans, K. oxytoca, K. pneumoniae, ambos com 3%. Ressalta-se que 12,1% dos
resultados deram negativo, conforme a tabela IV.
Tabela
IV – Sítio de
infecção e agente infeccioso dos participantes da pesquisa realizada em um
hospital público no interior da Amazônia
Fonte: Dados da pesquisa
Esta ordem de prevalência do agente infeccioso está em
consonância com os estudos realizados em um hospital público de referência em
Minas Gerais, relacionado ao microrganismo mais frequentemente isolado: Escherichia
coli (16%). No entanto, difere quanto às demais bactérias encontradas: Enterococussp (11,6%) seguido de Pseudomonas
(10,7%) [6]. Observam-se, também, dados semelhantes em um hospital
universitário na Paraíba, onde a maioria dos germes identificados foi Klebsiella pneumoniae
(23,3%), além de Pseudomonas aeruginosa (16%), Escherichia coli
(13%) e Acinetobacter baumannii (8,9%)
[16]. O presente estudo concorda com as duas referências citadas quanto a maior
prevalência de bactérias gram-negativas, pertencentes à família das
Enterobactérias, o que sugere contaminação de origem fecal.
Dentre os microrganismos com menor prevalência, observou-se
Candida albicans
(3,0%) e Klebsiella oxytoca
(3,0%), o que contrapõe os achados presentes com outro estudo o qual apresentou
Streptococos agalactiae,
Proteus mirabilis e Staphylococus Saprophiticus
como os agentes de menor frequência [17]. No entanto, está em consonância com
outro estudo o qual também observou menor prevalência de Candida
albicans [18].
A resistência, por sua vez, ocorre quando os
micro-organismos sofrem mutações genéticas quando exposto a essa droga [19]. Ao
que se refere ao perfil de sensibilidade e resistência dos microrganismos
isolados neste estudo, a bactéria Escherichia coli apresentou perfil de
resistência de 40% à ceftazidima e à cefepima, antibióticos da classe de cefalosporina de 3ª e
4ª geração, respectivamente. Quanto ao germe Klebsiella
pneumoniae, o perfil de resistência foi de 80%
aos antibióticos das classes de carbapenêmicos,
dentre eles, imipenem e meropenem,
enquanto o perfil de sensibilidade foi de 60% às cefalosporinas.
Foram analisados 33 prontuários de pacientes que estiveram
internados na unidade de Clínica Médica de um hospital no munícipio de
Santarém, dos quais 51,5% eram do sexo masculino. A média de idade da população
foi de 46,7 anos. A principal razão da internação foi por Doença Renal Crônica.
Observou-se que o sítio de infecção de maior frequência foi o trato
respiratório. E as culturas apresentaram a Escherichia coli, Proteus mirabilis e Klebsiella pneumoniae,
como principal agente. Sendo que a bactéria Escherichia coli apresentou perfil
de resistência aos antibióticos da classe de cefalosporina de 3ª e 4ª geração e
a Klebsiella pneumoniae,
com perfil de resistência aos antibióticos das classes de carbapenêmicos.
Os dados analisados por este trabalho não apresentaram
divergências significativas quando comparados com outros estudos brasileiros.
No entanto, sugere-se que estudos futuros sejam realizados sobre esta temática
em hospitais de diversas especialidades, tanto da rede pública quanto da
privada, com a finalidade de avaliar a prevalência de IRAS, o perfil dos
pacientes acometidos e as possíveis soluções para que possam ser evitadas. Com
mais pesquisas nesta área, haverá valorização e fortalecimento da Central de
Controle de Infecções Hospitalares das instituições, para que possa atuar de
forma mais efetiva, evitando problemas relacionados às complicações
infecciosas.
Vale ressaltar que os principais meios de prevenção das
IRAS incluem a lavagem de mãos e o enfermeiro possui um grande papel nesse
processo, sendo os personagens ativos realizando e incentivando a higienização
das mãos correta de toda a equipe, colaboradores e dos próprios acompanhantes
dos pacientes.
É importante destacar, também, o uso racional de
antimicrobiano, a realização de bacterioscopia,
cuidado asséptico com cateteres intravenosos e dispositivos invasivos,
vigilância epidemiológica, medidas de isolamento, higienização ambiental,
treinamento da equipe multiprofissional e a implementação de medidas de
controle, além da orientação do cuidado e higienização do paciente.
Tendo isso em mente e colocando em prática, é necessário
avaliar em qual ponto está ocorrendo falha para o paciente evoluir com uma
IRAS. Nesse sentindo, é primordial ressaltar a importância da realização de
mais estudos que avaliem fatores de risco, bem como medidas de prevenção se
fazem necessárias.