Enferm
Bras 2021;20(6):823-37
REVISÃO
Estratégias metodológicas no ensino de
primeiros socorros para escolares: scoping review
Kauanny Vitoria Gurgel dos Santos*, Virna Maria
Santiago da Silva de Andrade**, Gabriel Zambiaze
Farias***, Hurana Ketile da
Cunha***, Francisco Ivis Duarte***, Isabelle Leite
Alves***, Daniele Vieira Dantas****, Rodrigo Assis Neves Dantas*****
*Mestranda em Enfermagem pelo Programa
de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
**Residente em Unidade de Terapia Intensiva pelo Hospital Universitário Onofre
Lopes, ***Estudante de Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, ****Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, *****Professor Adjunto do Departamento de
Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Recebido em 13 de maio de 2021; Aceito
em 17 de dezembro de 2021.
Correspondência: Rodrigo Assis Neves Dantas, Rua Petra
Kelly, 61, Condomínio Geraldo Galvão, casa 48 Nova Parnamirim 59152-330
Parnamirim RN
Kauanny Vitoria Gurgel dos
Santos: kauannygurgel@hotmail.com
Virna Maria Santiago da
Silva de Andrade: virna.silva17@gmail.com
Gabriel Zambiaze Farias: gabrielzambiaze55@hotmail.com
Hurana Ketile
da Cunha: hurana@ufrn.edu.br
Francisco Ivis Duarte: ivis.duarte.100@ufrn.edu.br
Isabelle Leite Alves: isabelle--leite@hotmail.com
Daniele Vieira Dantas:
daniele00@hotmail.com
Rodrigo Assis Neves
Dantas: rodrigoenf@yahoo.com.br
Resumo
Introdução: A estratégia educacional deve estar
ligada ao estágio de desenvolvimento da criança e as atividades lúdicas podem
ser utilizadas no processo ensino-aprendizagem. Objetivo: Identificar as
estratégias metodológicas utilizadas no ensino de primeiros socorros para
escolares. Métodos: Revisão de escopo realizada em março de 2020, em
oito fontes de dados nacionais e internacionais. Seguiram-se as recomendações
do Instituto Joanna Briggs. Resultados: Incluíram-se 13 estudos de 2013
a 2018. As estratégias metodológicas mais observadas foram: treinamento teórico
associado às habilidades práticas, uso do PowerPoint, vídeos, fotos, manequins,
desfibrilador externo automático, objetos lúdicos como gaze, ataduras e
curativos, roda de conversa interativa, elaboração de situações problemas
fictícias, simulação de feridas e queimaduras com xarope e maquiagem, entrega
de panfletos informativos, pintura de desenhos, kits de autoinstrução, jogos
digitais, de tabuleiro e show de dramatização com marionetes. Quem mais
utilizou essas metodologias foram profissionais da saúde, professores e
instrutores. Conclusão: Principais estratégias encontradas: elaboração
de situações problemas, utilização de jogos e manequins.
Palavras-chave: primeiros socorros; educação; criança;
aprendizagem.
Abstract
Methodological
strategies in teaching first aid to schoolchildren: scoping review
Introduction: The
educational strategy must be linked to the child's development stage and
playful activities can be used in the teaching-learning process. Objective:
To identify the methodological strategies used in teaching first aid to
schoolchildren. Methods: Scope review carried out in March 2020, on eight
national and international data sources. We followed the recommendations of the
Joanna Briggs Institute. Results: 13 studies from 2013 to 2018 were
included. The most observed methodological strategies were: theoretical
training associated with practical skills, use of PowerPoint, videos, photos,
mannequins, automatic external defibrillator, playful objects such as gauze,
bandages and dressings, wheel interactive conversation, elaboration of
fictional problem situations, simulation of wounds and burns with syrup and
makeup, delivery of informative pamphlets, painting of drawings,
self-instruction kits, digital games, board games and puppetry dramatization
shows. Those who used these methodologies the most were health professionals,
teachers and instructors. Conclusion: Main strategies found: elaboration
of problem situations, use of games and mannequins.
Keywords:
first aid; education; kid; learning.
Resumen
Estrategias metodológicas en
la enseñanza de primeros auxilios a escolares: revisión de alcance
Introducción: La estrategia
educativa debe estar vinculada a
la etapa de desarrollo del niño y las
actividades lúdicas pueden utilizarse en el
proceso de enseñanza-aprendizaje.
Objetivo: Identificar las estrategias
metodológicas utilizadas en la
enseñanza de primeros auxilios a escolares. Métodos: Revisión
de alcance realizada en marzo
de 2020, sobre ocho fuentes
de datos nacionales e internacionales. Se siguieron las recomendaciones del Instituto Joanna Briggs. Resultados: Se incluyeron 13 estudios de 2013 a
2018. Las estrategias
metodológicas más observadas fueron: entrenamiento teórico asociado a
habilidades prácticas, uso de PowerPoint, videos, fotos, maniquíes,
desfibrilador externo automático, objetos lúdicos como gasas,
vendajes y apósitos, rueda conversación interactiva, elaboración de situaciones problemáticas de ficción,
simulación de heridas y quemaduras con almíbar y maquillaje, entrega de folletos informativos, pintura de dibujos,
kits de autoaprendizaje, juegos
digitales, juegos de mesa y
espectáculos de teatro de marionetas.
Quienes más utilizaron
estas metodologías fueron los profesionales de la salud, profesores
e instructores. Conclusión:
Principales estrategias
encontradas: elaboración de situaciones
problemáticas, uso de juegos y maniquíes.
Palabras-clave: primeros auxilios;
educación; niño; aprendiendo.
Os acidentes na infância correspondem a
problemas de saúde pública sendo considerados eventos evitáveis, os quais podem
gerar danos emocionais ou físicos como as queimaduras, intoxicações, acidentes
com arma de fogo ou arma branca, quedas, choques elétricos e afogamentos [1].
Segundo dados do Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil [2], houve 92.186
hospitalizações no Brasil, sendo 271 óbitos por envenenamento e outras causas
externas, na faixa etária de 5 a 14 anos de idade, no período de fevereiro de
2019 a fevereiro de 2020, em atendimentos de urgência. A maior causa de
hospitalização foi fratura óssea de membros, com 48.764 internações
hospitalares, e a maior causa de óbito foi traumatismo intracraniano, com 115
óbitos.
Primeiros socorros são os procedimentos
iniciais a serem realizados no local do evento até que seja viabilizada uma
assistência mais complexa pelos serviços de saúde. Deve ser feita uma avaliação
inicial do risco de vida e posterior ação com agilidade e segurança [3].
O
ambiente escolar possibilita a
realização de intervenções de
promoção à saúde, as quais podem ser
reforçadas
no decorrer da vida da criança, possibilitando o desenvolvimento
de atitudes e
habilidades permanentes. Portanto, o enfermeiro torna-se um
profissional
adequado para o desenvolvimento dessas ações ao
considerar a escola saudável
como parte de uma organização interdisciplinar que
facilita o conhecimento e
exercício da cidadania [4].
A estratégia educacional deve estar
ligada ao estágio de desenvolvimento da criança e as atividades lúdicas podem
ser utilizadas no processo ensino-aprendizagem para auxiliar a criança a adotar
práticas de autocuidado em seu dia a dia, pois o uso da brincadeira em um
ambiente seguro, nas discussões de práticas de autocuidado, auxilia na mudança
de comportamento [5]. As metodologias ativas objetivam facilitar o aprendizado
e o desenvolvimento de competências, atitudes e habilidades. Inserem o aluno no
processo ensino-aprendizagem ao estimular sua criatividade, a resolução de
situações problemas, ao unir a teoria com o meio o qual está inserido e ao
ensiná-lo a aprender por estimular sua autonomia [6].
Este estudo justifica-se por sua
contribuição com as instituições de ensino e docentes através de evidências
científicas acerca das principais estratégias metodológicas que estão sendo
utilizadas no ensino de primeiros socorros aos escolares para auxiliar o
aprendizado do aluno ao estimular sua autonomia, criatividade e unir a teoria
com o meio o qual ele está inserido. Além disso, fornece dados para a
comunidade científica, possibilitando a identificação de lacunas existentes no
conhecimento, permitindo o desenvolvimento de novos estudos relacionados à
temática proposta.
O presente estudo também fornece
sugestões de metodologias a serem utilizadas na prática assistencial de
enfermagem, na educação em saúde, para tornar a assistência mais humanizada, o
aprendizado mais prazeroso, influenciando na mudança de comportamento, adoção
de práticas seguras no cotidiano da vida infantil além de auxiliar os serviços
de emergência, pois as crianças podem ser os únicos presentes em situações
emergenciais.
Para a elucidação desta problemática,
elaborou-se o seguinte objetivo: identificar as estratégias metodológicas
utilizadas no ensino de primeiros socorros para escolares.
Trata-se de uma scoping
review, a qual objetiva mapear os principais conceitos acerca de uma
determinada área, avaliar a natureza e extensão do conhecimento, sintetizar e
divulgar os dados, possibilitando a identificação das lacunas do conhecimento
[7]. Este estudo foi registrado na plataforma Open Science Framework e seguiu o
checklist do Preferred Reporting
Items for Systematic
reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews
(PRISMA-ScR) [8].
Para a elaboração da questão de
pesquisa, adotou-se o método Population, Concept and Context
(PCC), conforme orientações do Instituto Joanna Briggs [7]. Dessa forma, o
mnemônico delineou-se da seguinte maneira: população (P) - criança em idade
escolar; conceito (C) - estratégias metodológicas no ensino de primeiros
socorros; contexto (C) - ambiente escolar. Sendo assim, a questão de pesquisa
estruturou-se da seguinte forma: quais estratégias metodológicas estão sendo
utilizadas para o ensino de primeiros socorros aos escolares?
Visando verificar as scoping
reviews ou protocolos semelhantes ao objetivo deste estudo realizou-se, em
março de 2020, uma busca nas fontes de dados: Database
of Abstracts of Reviews of Effects (DARE), International Prospective Register of Ongoing
Systematic Reviews (PROSPERO), JBI Clinical Online Network of Evidence for Care and Therapeutics (COnNECT+), Open Science Framework (OSF) e The Cochrane
Library. Os resultados revelam a inexistência de estudos com o objetivo de
identificar estratégias metodológicas no ensino de primeiros socorros para
escolares.
A pesquisa foi desenvolvida em março de
2020 nas seguintes fontes de dados: Cumulative Index of Nursing and
Allied Health (Cinahl),
Cochrane Library, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(Lilacs), Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (Medline), Scientific
Electronic Library Online (Scielo),
Scopus, Web of Science e no Catálogo de Teses e
Dissertações (Capes).
De acordo com os Descritores de Ciências
da Saúde (DeCS), foram selecionados os descritores Primeiros
Socorros, Educação e Criança, na língua portuguesa. Na língua inglesa, de
acordo com o Medical Subject Headings
(MESH), foram selecionados os descritores First aid, Education e Child. Utilizaram-se os operadores booleanos AND e OR para
o cruzamento dos descritores.
Foram incluídos artigos, diretrizes,
dissertações e teses disponíveis em texto completo de forma gratuita online,
sem restrição temporal ou de idioma. Excluíram-se estudos que não responderam à
questão de pesquisa proposta.
A busca para a seleção dos estudos foi
realizada por dois revisores independentes, ao mesmo tempo, a partir da leitura
inicial dos títulos e resumos. Em caso de dúvidas, um terceiro revisor era
consultado para obter a decisão final. Os artigos selecionados por ambos
revisores foram submetidos a uma avaliação mais criteriosa através da leitura
do texto na íntegra. A amostragem final foi comparada pelos dois revisores,
sendo incluídos nos resultados apenas aqueles que respondessem à questão de
pesquisa.
Após as buscas, mediante os critérios de
inclusão e exclusão previamente estabelecidos e após a análise de títulos,
resumos e remoção das duplicatas, obtiveram-se 24 estudos selecionados para
leitura na íntegra, dos quais apenas 13 foram selecionados para inclusão nos
resultados, de acordo com a Figura 1.
Fonte: adaptado do
PRISMA-ScR, 2020 [8]
Figura 1 - Diagrama de fluxo da busca na
literatura, seleção e inclusão de artigos. Natal, RN, Brasil, 2020
Não foram utilizados softwares para
gerenciar as referências. Depois da seleção dos estudos, estes foram dispostos
em um formulário estruturado previamente elaborado pelos autores para a
extração das informações dos estudos contendo dados de: ano de publicação,
país, referência, estratégias metodológicas e profissionais que utilizaram
essas estratégias. A análise dos dados extraídos dos estudos ocorreu de forma
descritiva.
As 13 publicações incluídas no estudo
foram produzidas de 2013 a 2018. Cinco (38,46%) [9,12,16,19,20] foram publicadas
nos Estados Unidos da América, quatro (30,76%) [11,14,17,21] no Reino Unido,
três (23,07%) [13,15,18] no Brasil e um (7,69%) [10] na República Tcheca. O
Quadro 1 apresenta a descrição dos estudos incluídos na revisão segundo ano de
publicação, país, referência, estratégias metodológicas e profissionais que
utilizaram essas estratégias.
Quadro 1 - Descrição dos artigos incluídos na
revisão segundo os dados de referência, ano de publicação, país, estratégias
metodológicas e profissionais que utilizaram essas estratégias. Natal, Rio
Grande do Norte, Brasil, 2020 (ver PDF anexo)
A maioria dos estudos foi publicada nos
Estados Unidos da América e Reino Unido. Isto se justifica, possivelmente, pela
quantidade de campanhas internacionais que vêm sendo desenvolvidas nos Estados
Unidos e Europa como a "Medical Emergency
Response Plan for Schools"
da American Heart Association e European Restart a
Heart Day do Conselho Europeu de Reanimação [22].
O treinamento em RCP é exigido por lei
em países como Bélgica, Dinamarca, França, Itália e Portugal. Embora não tenha
esta obrigatoriedade nos Estados Unidos, 35 de 52 estados possuem leis para
esse treinamento nas escolas. Além disso, desde 2015 a Organização Mundial em
Saúde apoia e recomenda a declaração "Kids save lives", que é um
treinamento anual de reanimação de duas horas para escolares [22].
As principais intervenções encontradas
nesta revisão foram: elaboração de situações problemas [9,10,13,14,18], uso de
jogos [10,11,12,16,17,19] e manequins [9,12,13,14,19,21], elaboração de exercícios e
discussão em grupo [13,14,16,18], uso do DEA [9,14,19] e da conversa interativa
[10,13,15]. Em consonância com os achados deste trabalho, um estudo
exploratório realizado em duas escolas do estado do Ceará, com 70 alunos do
ensino fundamental, utilizou aulas expositivas, manequins e vídeos no ensino de
primeiros socorros, evidenciando a melhoria no aprendizado após a aplicação da
intervenção por enfermeiras e graduandos de enfermagem treinados previamente
pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) [23].
Já em Astúrias, foi desenvolvido um
projeto de SBV com crianças na faixa etária de 3 a 12 anos de idade. Buscou-se
um ensino lúdico, breve e conciso, de acordo com a faixa etária das crianças.
Para o ensino infantil, foi ensinado o número de emergência, a partir de
imagens para colorir, e uma música com um telefone para a discagem. Para o
ensino primário, realizou-se a sequência do SBV desde o reconhecimento do
estado de inconsciência até a realização de compressões, ventilações e
desobstrução de vias aéreas. Utilizaram-se aulas expositivas e manequim para
realização da RCP. Os professores também elaboraram uma sequência de fichas
para ordenar o atendimento emergencial [24].
Diante do contexto tecnológico no ensino
de primeiros socorros aos escolares, um aplicativo foi desenvolvido na
Indonésia para abordar esta temática com crianças de 11 a 14 anos. O aplicativo
aborda conteúdos como chamada de emergência, conceito e primeiros socorros
relacionados à asfixia, ferimentos, queimaduras e sangramentos. Houve
correspondência suficiente e boa adequação na avaliação entre os especialistas.
Além disso, a maioria dos alunos considerou a inscrição nesse aplicativo muito
viável [25].
Além
das estratégias já abordadas, a
literatura também menciona a utilização de aulas
expositivas, problematização,
simulação de situações,
dramatização, bonecos de simulação e
papelão para
abordar conteúdos de urgência e emergência para
promover a capacitação dos
escolares. Para a elaboração do material referente
às aulas, mencionam-se a
utilização da metodologia problematizadora e
simulações de situações de
emergência pelos discentes do curso de enfermagem para abordar
esses conteúdos
[26].
Um dos assuntos de urgência e emergência
mais abordados e ensinados é o SBV. Na China foi realizado um treinamento de
RCP com crianças do ensino fundamental e médio. Utilizaram-se recursos em
multimídia e tutorial em vídeo para a parte teórica, enquanto que os manequins
foram usados para o treinamento prático. Um cenário simulado de SBV foi
utilizado para a realização da avaliação. No período pós-treinamento houve uma
melhoria na avaliação da resposta e respiração da vítima, posicionamento e
postura correta das mãos, profundidade das compressões e relação entre
compressões e ventilação. Com relação às habilidades, 92,84% dos estudantes
conseguiram realizar a RCP de forma eficiente [27].
A literatura mostra que o uso de
metodologias ativas pode ser eficaz no ensino de primeiros socorros para
escolares. Um trabalho quase-experimental realizado com 67 alunos do ensino
fundamental, em Minas Gerais, adotou o ensino teórico-prático, simulação
realística e utilizou recursos como luvas, panos e papelão para ministrar
assuntos de urgência e emergência. Demonstrou-se efetividade na intervenção
através da melhoria nos pós-testes dos escolares [28].
De modo análogo aos achados do estudo
supracitado, em Cingapura foi implementado um programa com crianças de 11 a 17
anos o qual aborda tópicos como: ligar para uma ambulância, realizar
compressões torácicas, solicitação e uso do DEA. Como metodologias,
utilizaram-se um vídeo e a prática de RCP através do uso de manequim e DEA. No
pós-treinamento, 68,9% dos alunos responderam todas as perguntas corretamente
no quesito conhecimento, 71% provavelmente realizariam RCP em uma vítima e 78%
usariam o DEA. Esses dados mostraram-se superiores quando comparados ao período
do pré-treinamento devido ao aprendizado adquirido
[29].
Alguns estudos destacam apenas a
prevenção dos acidentes na infância, dentre eles, as queimaduras.
Desenvolveu-se um estudo com crianças de 3 a 4 anos, seus responsáveis e
professores. Abordaram-se temas como prevenção de queimaduras, acidentes de
trânsito, quedas e afogamentos. Utilizaram-se imagens para a discussão dos
tópicos de quedas, afogamentos e principais acidentes na infância, evidenciando
o conhecimento prévio dos alunos sobre queimaduras. A roda de conversa e
simulação de situações fictícias para abordar os acidentes de trânsito também
foram estratégias utilizadas [30].
Apenas uma pesquisa [20], dentre as
incluídas, aborda o uso da dramatização para o ensino do AVE. Um estudo no
Japão, com crianças de 11 a 12 anos, concorda com a pesquisa anteriormente
citada ao utilizar metodologias ativas no ensino desta temática. Os alunos
receberam uma aula sobre sinais, sintomas e fatores de risco do AVE. Como
revisão, assistiram um mangá que abordava os sinais e chamado da ambulância
para instruírem seus responsáveis com esta ferramenta. Houve mudança no
conhecimento relacionada à identificação correta dos sinais de AVE, fatores de
risco e ação de chamar uma ambulância após as aulas [31].
Os profissionais que mais realizaram as
intervenções de ensino de primeiros socorros para escolares foram profissionais
da saúde, presentes em 30,8% dos estudos [9,12,13,19], professores (30,8%)
[12,16,18,19] e instrutores (23,1%) [10,14,21]. Uma pesquisa de ação concorda
com o exposto pelo presente estudo, pois foi realizada por enfermeiras que
utilizaram oficinas, simulações de situações de emergência, bonecos, bolsa
válvula máscara, luvas e garrote para o ensino de primeiros socorros para as
crianças [32].
Este estudo teve como limitações a
presença de poucos estudos atuais, poucos estudos desenvolvidos a nível
nacional e a seleção de oito fontes de dados.
As principais estratégias utilizadas no
ensino de primeiros socorros para escolares foram o treinamento teórico
associado às habilidades práticas, uso do PowerPoint, vídeos, fotos, manequins,
desfibrilador externo automático, objetos lúdicos como gaze, ataduras e
curativos. A roda de conversa interativa, elaboração de situações e problemas
fictícias, simulação de feridas e queimaduras com xarope e maquiagem, entrega
de panfletos informativos, pintura de desenhos e kits de autoinstrução também
foram citados. Os jogos também foram utilizados como estratégia além do show de
dramatização com marionetes.
Este estudo contribui com a comunidade
científica e academia ao fornecer dados, com evidências científicas
atualizadas, sobre as principais metodologias utilizadas no ensino de primeiros
socorros para escolares. Contribui com a assistência de enfermagem ao
evidenciar estratégias utilizadas na educação em saúde para facilitar o
processo ensino-aprendizagem, aumentar a retenção do conhecimento e auxiliar a
assistência dos serviços de urgência pela possibilidade de os escolares serem
os únicos presentes em situações emergenciais, atuando como primeiros
respondentes. Torna-se positivo para a comunidade ao possibilitar um
aprendizado mais humanizado, prazeroso e eficaz. Permite identificar lacunas
existentes no conhecimento relacionadas às metodologias ativas mais adequadas
para cada faixa etária e conteúdo de primeiros socorros e sugere a necessidade
de mais pesquisas nacionais que melhor descrevam o objeto de estudo.
Conflitos de interesse
Não há
Fonte de financiamento
Sem financiamento
Contribuição de cada
autor
Concepção e desenho da
pesquisa:
Santos KVG, Andrade VMSS, Dantas DV, Dantas RAN; Coleta de dados: Santos
KVG, Andrade VMSS; Análise e interpretação dos dados: Santos KVG,
Andrade VMSS, Farias GZ, Cunha HK, Duarte FI, Alves IL, Dantas DV, Dantas RAN; Redação
do manuscrito: Santos KVG, Andrade VMSS, Farias GZ, Cunha HK, Duarte FI,
Alves IL, Dantas DV, Dantas RAN; Revisão final: Santos KVG, Andrade
VMSS, Farias GZ, Cunha HK, Duarte FI, Alves IL, Dantas DV, Dantas RAN; Revisão
final: Santos KVG, Andrade VMSS, Farias GZ, Cunha HK, Duarte FI, Alves IL,
Dantas DV, Dantas RAN