Enferm Bras 2022;21(2):110-25
ARTIGO ORIGINAL
Perfil de acadêmicos de
enfermagem e de medicina de uma universidade pública
Sérgio Alves Dias Júnior, M.Sc.*, Evelise Aline Soares, D.Sc.*, Zélia Marilda Rodrigues Resck,
D.Sc.*, Denismar Alves
Nogueira, D.Sc.*, Cristiane Aparecida Silveira
Monteiro, D.Sc.*, Fábio de Souza Terra, D.Sc.*
*Universidade Federal de
Alfenas (UNIFAL-MG)
Recebido em 1 de outubro de
2021; Aceito em 2 de março de 2022.
Correspondência: Sérgio Alves Dias Júnior, Rua Gabriel
Monteiro da Silva, 700 Centro 37130-001 Alfenas MG
Sérgio
Alves Dias Júnior: sergio.dias@unifal-mg.edu.br
Evelise Aline Soares:
evelise.soares@unifal-mg.edu.br
Zélia
Marilda Rodrigues Resck: zelia.resk@unifal-mg.edu.br
Denismar Alves Nogueira:
denismar.nogueira@unifal-mg.edu.br
Cristiane
Aparecida Silveira Monteiro: cristiane.monteiro@unifal-mg.edu.br
Fábio de
Souza Terra: fabio.terra@unifal-mg.edu.br
Resumo
Introdução: A conquista de uma vaga em um curso
superior é um momento de grande realização, porém várias mudanças e
dificuldades permeiam a trajetória acadêmica. Objetivo: Conhecer o
perfil sociodemográfico, hábitos de vida, doença crônica e dados acadêmicos dos
acadêmicos dos cursos de enfermagem e de medicina de uma universidade pública. Métodos:
Estudo transversal, descritivo e quantitativo, desenvolvido de outubro a
dezembro de 2020, com 272 acadêmicos. Após aprovação no Comitê de Ética em
Pesquisa, foi realizada a coleta de dados com aplicação de questionário com 34
questões pelo Google Forms. Foi utilizada análise
descritiva das variáveis, por meio de frequência absoluta, relativa, medidas de
tendência central e dispersão. Resultados: A maioria era do sexo
feminino, até 22 anos de idade, solteiros(as), cor/etnia branca, católicos(as),
não fumantes e não possuía doença crônica. Além disso, a maior parte dos
participantes se identificavam e estavam satisfeitos com o curso, não possuíam
dependência em disciplinas, mantinham-se financeiramente com ajuda da família e
desenvolviam atividades extracurriculares. Conclusão: É importante
o conhecimento do perfil dos acadêmicos dos cursos de enfermagem e de medicina
para a elaboração de estratégias que beneficiem o aprendizado, o bem-estar e a
sua manutenção na instituição de ensino superior.
Palavras-chave: Enfermagem; Medicina; estudantes;
universidades.
Abstract
Profile of nursing and medicine students from a public university
Introduction: Winning a place in a higher education course is a
time of great achievement, but several changes and difficulties permeate the
academic trajectory. Objective: To know the sociodemographic profile,
lifestyle, chronic disease and academic data of students from nursing and
medicine courses at a public university. Methods: Cross-sectional,
descriptive and quantitative study, developed from October to December 2020,
with 272 students. After approval by the Research Ethics Committee, data
collection was performed using a questionnaire with 34 questions using Google
Forms. Descriptive analysis of variables was used, through absolute and
relative frequency, measures of central tendency and dispersion. Results:
The majority were female, up to 22 years of age, single, white color/ethnicity,
Catholic, non-smokers and does not have a chronic disease. In addition, most
participants identified themselves and were satisfied with the course, did not
have dependence on subjects, supported themselves financially with the help of
their family and developed extracurricular activities. Conclusion: It is
important to know the profile of students in nursing and medicine courses for
the development of strategies that benefit learning, well-being and maintenance
in the higher education institution.
Keywords: Nursing; Medicine; students; universities.
Resumen
Perfil de los académicos de enfermería y
medicina de una universidad pública
Introducción: Ganar un lugar en un
curso de educación superior es una época de grandes logros,
pero varios cambios y dificultades impregnan la trayectoria académica. Objetivo:
Conocer el perfil
sociodemográfico, estilo de vida, enfermedad crónica
y datos académicos de estudiantes
de cursos de enfermería y medicina de una universidad pública. Métodos: Estudio
transversal, descriptivo y cuantitativo,
desarrollado de octubre a diciembre de 2020, con 272 alumnos. Después de la aprobación del Comité de Ética en Investigación, la recolección de datos se realizó mediante un cuestionario con 34 preguntas utilizando Google Forms.
Se utilizó análisis descriptivo de variables,
mediante frecuencia absoluta y relativa, medidas de
tendencia central y dispersión. Resultados: La
mayoría eran mujeres, hasta los 22 años de edad, solteras,
de color/etnia blanca, católicas, no fumadoras y no padecían una enfermedad crónica. Además, la mayoría
de los participantes se identificaron
y quedaron satisfechos con el curso, no tuvieron dependencia de las asignaturas, se sostuvieron económicamente con la ayuda
de su familia y desarrollaron actividades
extraescolares. Conclusión: Es importante conocer el perfil de los estudiantes de los cursos de enfermería y
medicina para el desarrollo
de estrategias que beneficien
el aprendizaje, el bienestar y el mantenimiento en la institución
de educación superior.
Palabras-clave: Enfermería; Medicina; estudiantes; universidades.
A
universidade é qualificada como sendo uma instituição na qual existe a
indissociabilidade de três pilares: o ensino, a pesquisa e a extensão.
Proporciona a formação de profissionais das mais distintas áreas de atuação por
meio de sua pluridisciplinaridade [1].
A busca
pela formação superior vem aumentando substancialmente, e a heterogeneidade
entre os ingressantes tornou-se presente no âmbito da classe social, gênero,
faixa etária, objetivos, dentre outros. Mediante a isso, as universidades vêm
se aperfeiçoando para proporcionar não somente uma formação de qualidade, mas
também aprimorar o processo complexo de ensino [2,3].
A
concorrência por uma vaga em universidades vem se elevando em número de
candidatos devido principalmente ao aumento da disponibilidade de vagas nas
instituições. Este fato faz com que jovens almejem a formação superior para a
qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho [4].
Em meio à
tamanha disputa pela inserção no meio acadêmico, a conquista de uma vaga
torna-se o início da realização de um sonho e a expectativa de novas
experiências. Porém, concomitantemente a isso, dificuldades podem surgir no
percurso, como o desconhecimento da rotina acadêmica e expectativas que não
condizem com a realidade [5].
Assim, as
vivências acadêmicas experienciadas pelos universitários tornam-se preditores
que podem influenciar de forma direta no aproveitamento acadêmico, na
permanência ou não dos discentes no curso ou até mesmo na instituição de ensino
superior [5].
Diante do
exposto, justifica-se a necessidade de realizar estudos para identificar o
perfil dos acadêmicos de enfermagem e de medicina, visto que é de suma
importância conhecer o contexto social e acadêmico, para um melhor planejamento
de ações que beneficiem a população estudada. Além disso, os resultados
encontrados nesta investigação podem trazer contribuições para o conhecimento
científico e social, auxiliando a elaboração de estratégias que possam intervir
no âmbito biopsicossocial dos acadêmicos.
Este
estudo teve como objetivo conhecer o perfil sociodemográfico, hábitos de vida,
doença crônica e dados acadêmicos dos acadêmicos dos cursos de enfermagem e de
medicina.
Estudo
descritivo e transversal, com abordagem quantitativa, desenvolvido com
acadêmicos dos cursos de enfermagem e de medicina de uma universidade pública
do Sul de Minas Gerais.
Foram
adotados os critérios de inclusão: possuir idade igual ou superior a 18 anos e
estar cursando, independente do período, graduação em enfermagem ou em
medicina, na respectiva universidade.
Realizou-se
cálculo amostral, levando em consideração uma população finita de 174
acadêmicos dos cursos de enfermagem e 321 de medicina. Utilizou-se o pior
cenário (prevalência de 50%), foi estipulado erro absoluto de 5% e coeficiente
de confiança de 95%. Posteriormente à obtenção da amostra mínima necessária
(217 participantes), foi realizada a estratificação, por curso e por ano do
curso, para que a amostra pudesse ser representativa com relação à população.
Cabe destacar que, este estudo obteve 272 participantes, ultrapassando a
quantidade mínima estipulada pelo cálculo amostral, desta forma, a população
foi representada fidedignamente.
Para
coletar os dados, utilizou-se um questionário semiestruturado composto por 34
questões, desenvolvido pelos pesquisadores e fundamentado em literaturas
nacionais e internacionais, para avaliar dados de caracterização
sociodemográfica, hábitos de vida, doença crônica e dados acadêmicos.
Esse
instrumento passou por um processo de refinamento, com avaliação de cinco
juízes, visando a melhoria e/ou inclusão de novas questões. Em seguida, foi
realizado um teste piloto, para verificar sua efetividade e aplicabilidade.
A coleta
de dados foi realizada entre outubro e dezembro de 2020, por meio da utilização
da plataforma Google Forms, na qual foram inseridas
todas as questões que compunham o questionário. O convite para participação
voluntária e o link de acesso foi enviado para todos os acadêmicos dos cursos
de enfermagem e de medicina.
Ao
acessar o formulário online, os participantes puderam ler na íntegra o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e lhes foi solicitada a concordância
em participar voluntariamente do referido estudo. Posteriormente, foram
apresentadas as questões do instrumento e, ao final do processo de
preenchimento, as respostas foram enviadas ao pesquisador e ao e-mail do
participante, juntamente com uma cópia do TCLE.
Os dados
coletados foram digitados em planilha do MS-Excel, versão 2019, para a
elaboração do banco de dados. Depois, foram transportados para o software
IBM Statistical Package for the Social Science, versão 20.0, para a análise
descritiva das variáveis, por meio de frequência absoluta e relativa das
variáveis.
Com base
na Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012, que trata de pesquisa
envolvendo seres humanos, esta pesquisa foi avaliada e aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa, conforme parecer nº 4.204.395 (CAAE Nº
31520920.8.0000.5142).
Ao
analisar o perfil sociodemográfico dos acadêmicos, verificou-se a predominância
do sexo feminino (72,1%) e da identidade de gênero mulher cis (72,1%),
orientação sexual heterossexual (79,4%), faixa etária de até 22 anos (48,9%)
(média de 23,2; mediana de 23,0; desvio padrão de 3,758; mínimo de 18 e máximo
de 47), estado civil solteiro(a) (93,4%), cor/etnia branca (71,0%), e crença
religiosa católica (56,3%).
Além
disso, 92,6% dos participantes eram originários de municípios distintos ao da
localidade da universidade, 94,9% residiam no município de estudo durante as
atividades letivas presenciais, 64,7% possuem residência própria na cidade de
origem, 53,7% coabitam com amigo(s), 97,8% não possuem filhos, 53,3% possuíam
renda familiar mensal de até R$ 4.000,00, e 96,0% não possuíam trabalho
remunerado.
Com
relação aos hábitos de vida, observou-se que a maioria não era tabagista. Houve
o predomínio de participantes que consomem bebida alcoólica, sendo o maior
percentual composto por usuários leves. A minoria dos participantes relatou
utilizar drogas ilícitas, sendo a maconha a mais frequente. Obteve-se
predominância de participantes que praticam atividade física e que dormem 8 ou
mais horas por dia (Tabela I).
Tabela I - Distribuição dos acadêmicos de
enfermagem e de medicina de acordo com as variáveis relacionadas aos hábitos de
vida. Sul de Minas Gerais (n = 272)
Fonte: Do
autor; *Somente acadêmicos que consumiam bebida alcoólica; **Somente acadêmicos
que usavam drogas ilícitas. Houve mais de uma resposta por participante
Pouco
mais de um quarto dos participantes possuíam doença crônica, sendo a asma e a
ansiedade/depressão as mais frequentes. A maioria não utiliza medicamentos de
uso diário, porém, os antidepressivos foram os mais frequentes dentre os
acadêmicos que utilizam medicamentos (Tabela II).
Tabela II - Distribuição dos acadêmicos de
enfermagem e de medicina de acordo com as variáveis relacionadas aos hábitos de
vida. Sul de Minas Gerais (n = 272)
Fonte: Do
autor; *Somente acadêmicos que possuíam doença crônica. Houve mais de uma
resposta por participante; **Somente acadêmicos que faziam uso de medicamentos
contínuos e/ou de uso diário. Houve mais de uma resposta por participante
Evidenciou-se
também que a maioria dos participantes eram do curso de medicina, cursavam o
segundo ano, ingressaram na universidade por meio do Sistema de Seleção
Unificada – SISU (Ampla concorrência), se identificavam e estavam satisfeitos
com o curso, e não possuíam outra graduação concluída (Tabela III).
Tabela III - Distribuição dos acadêmicos de
enfermagem e de medicina de acordo com as variáveis relacionadas aos dados
acadêmicos. Sul de Minas Gerais (n = 272)
Fonte: Do
autor
Ainda com
relação aos dados acadêmicos, obteve-se que a maioria dos participantes não
cursava disciplina(s) com outra turma/curso, não possuíam dependência em
disciplina(s), percorriam o trajeto entre residência e universidade caminhando,
não recebiam assistência/auxílio da PRACE, mantinham-se financeiramente com
ajuda da família, e realizavam atividades extracurriculares (Tabela IV).
Tabela IV - Distribuição dos acadêmicos de
enfermagem e de medicina de acordo com as variáveis relacionadas aos dados
acadêmicos. Sul de Minas Gerais (n = 272)
Fonte: Do
autor; * Houve mais de uma resposta por participante
No
presente estudo, verificou-se a predominância do sexo feminino, identidade de
gênero mulher cis, orientação sexual heterossexual, faixa etária de até 22
anos, estado civil solteiro(a), cor/etnia branca e crença religiosa católica.
Corroborando
os dados obtidos, pesquisa realizada com acadêmicos em enfermagem de Portugal,
identificou que 83,0% da amostra era composta por mulheres [6]. Em investigação
realizada em Sergipe, foi encontrada predominância de participantes que
declararam possuir identidade de gênero cis (98,1%) [7].
No que se
refere à orientação sexual, estudo realizado com acadêmicos na cidade de
Balneário Camboriú, encontrou que a maioria dos participantes se autodeclararam
heterossexuais (82,7%), e alguns se afirmaram homossexuais (12,1%) [8]. Tais
resultados se assemelham aos obtidos pelo presente estudo.
Com
relação à variável faixa etária, pesquisa realizada no Irã, com acadêmicos da
área da saúde, também identificou a predominância de idades entre 18 e 22 anos
(72,2%) [9].
Na
abordagem relacionada ao estado civil, a mesma pesquisa citada anteriormente,
identificou que 92,3% dos acadêmicos eram solteiros [9]. E, corroborando esses
dados, um inquérito desenvolvido com acadêmicos do Brasil e de Portugal,
constatou que 94,1% possuíam o estado civil solteiro [10]. Estes resultados
confirmam os dados obtidos neste estudo.
No âmbito
da cor/raça, o Censo da Educação Superior identificou que o maior percentual de
acadêmicos era de cor/raça branca (42,6%), e em seguida a parda (31,1%) [11].
No que se
refere à crença religiosa, um estudo realizado em Belo Horizonte, obteve que
49,2% eram católicos e 41,9% evangélicos [12]. Contrapondo-se aos resultados do
estudo apresentado anteriormente, pesquisa desenvolvida com acadêmicos do
município de Uberlândia apontou elevado percentual de indivíduos sem religião
(61,4%) [13].
Em
investigação realizada com acadêmicos portugueses, verificou-se que em relação
à mobilidade dos participantes, 72,0% tiveram que mudar de sua cidade de origem
ao ingressarem na universidade. Além disso, constaram que a maioria dos
participantes passou a coabitar com colegas/amigos [14]. Fatos que condizem com
os resultados obtidos nesta pesquisa.
Quanto ao
município de residência dos acadêmicos durante as atividades letivas
presenciais, o inquérito, realizado na Universidade Federal de Sergipe, apontou
que aproximadamente 38,0% dos acadêmicos residiam em munícipio fora do que
estava localizada a instituição [15]. Tal resultado difere do baixo percentual
identificado neste estudo (5,1%).
Referindo-se
à variável número de filhos, uma pesquisa realizada com universitários do
centro-oeste paulista identificou que 89,5% não possuíam filhos [16]. Esse
estudo reafirma os dados encontrados nesta pesquisa.
Na
abordagem relacionada ao tipo de moradia da residência de origem, as
informações obtidas, por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua, mostraram que 66,4% dos domicílios brasileiros são próprios de algum
dos moradores da residência [17].
Quanto a
variável renda familiar mensal, estudo realizado em acadêmicos brasileiros e
portugueses identificou que ocorria maior frequência de famílias que possuíam
renda mensal entre quatro e dez salários mínimos [10]. Tal fato contrapõe-se
aos dados obtidos na presente investigação, na qual a maioria dos participantes
possuem renda de até quatro salários mínimos.
Quanto ao
trabalho remunerado, uma pequena parcela dos acadêmicos conciliava estudo e
trabalho (4,8%) em uma pesquisa realizada em São Paulo [18]. Esta informação
coincide com as obtidas nesta investigação.
De acordo
com um estudo realizado com estudantes universitários de Jequié na Bahia, foi
apontado que o uso de bebidas alcoólicas era frequente nos integrantes da
amostra (78,1%), além disso, também pode ser observado que 9,1% eram tabagistas
[19].
Corroborando
o alto índice de usuários de álcool demonstrado na presente pesquisa e no
estudo citado anteriormente, uma investigação, com acadêmicos de cursos da área
da saúde do município de Aracajú, descreveu em seus resultados que a frequência
do consumo de bebida alcoólica foi de 80,7% [20].
Ainda na
temática do uso de drogas ilícitas, um inquérito realizado no México
identificou em sua amostra composta por acadêmicos de graduação, que 36,4% as
utilizavam, sendo a maconha a mais utilizada (36,2%) [21], confirmando os dados
deste estudo.
No âmbito da prática de atividade física,
estudo realizado com estudantes de ensino superior de Portugal, constatou que
52,5% realizavam atividades físicas. Além disso, apontaram que deste
percentual, 46,3% realizavam tais atividades de duas a três vezes por semana
[22]. Estes dados condizem com o que foi obtido na presente pesquisa.
Contrapondo-se
aos resultados apresentados anteriormente, outra pesquisa realizada com
estudantes de ensino superior do Piauí observou que a maioria dos participantes
foi classificado como sedentário (71,6%) [23].
Em
relação ao número de horas dormidas por dia, uma investigação realizada com
acadêmicos de Portugal apontou que o maior índice de participantes relatou
dormir de 6 a 7 horas por dia (41,1%), seguido pelos que dormem de 7 a 8 horas
(36,6%) [22].
Na
temática relacionada às doenças crônicas, estudo desenvolvido com universitários
do Ceará, constatou que a minoria era possuidora de alguma doença crônica
(13,7%). Os dados também indicaram que houve maior frequência de patologias
relacionadas ao trato respiratório [24].
Em
relação ao uso de medicamentos, um estudo realizado com acadêmicos da área da
saúde de Montes Claros observou que 15,5% dos participantes faziam uso de
antidepressivos de maneira contínua [25]. Tais resultados se assemelham aos
obtidos neste estudo.
No que se
refere à forma de ingresso na universidade, um inquérito realizado na
Universidade Federal da Bahia identificou que 40,0% dos participantes
ingressaram na referida instituição utilizando políticas de cotas [26]. Tais
dados são contrários aos obtidos no presente estudo, os quais descrevem maior
quantitativo de acadêmicos que ingressaram em vagas disponíveis pelo Sistema de
Seleção Unificada na modalidade de ampla concorrência.
Em se
tratando da identificação com o curso, um estudo realizado pela Universidade
Federal Rural de Pernambuco apontou que o principal motivo que leva os
acadêmicos a permanecerem no curso é se identificarem com a área em questão
[27]. E a presente pesquisa observou que a maioria dos participantes se
identificam com o curso no qual estão inseridos.
E no
âmbito da satisfação com o curso, um estudo bibliográfico encontrou bons
índices de satisfação dos acadêmicos com os cursos. Destaca-se que o interesse
do acadêmico e o envolvimento dos professores refletem de forma positiva para a
elevação do índice de satisfação [28].
Quanto a
variável graduação concluída, este estudo apontou que uma minoria de
participantes (3,3%) havia concluído uma graduação anteriormente. Neste
sentido, uma pesquisa qualitativa, observou que a segunda graduação foi
motivada por realização profissional, melhor remuneração e maior reconhecimento
[29].
Na
temática relacionada às disciplinas, a presente pesquisa identificou que 18,8%
realizavam uma ou mais com outra turma/curso. No decorrer da formação
acadêmica, o processo de aproveitamento cognitivo depende de vários fatores, um
dos principais é a competência social. Neste sentido, tal competência aprimora
a relação existente entre acadêmicos, professores e gestores, fato que propicia
a adaptação no ambiente de realização de disciplinas em outros cursos/turmas
[30].
Com
relação ao fato dos acadêmicos possuírem dependência
em disciplinas, uma pesquisa desenvolvida com graduandos em enfermagem de
Dourados identificou que 65,2% deles já tiveram alguma dependência em
disciplina [31]. Tal fato não condiz com o que foi observado na presente
pesquisa, na qual identificou que somente 17,3% possuíam alguma disciplina em
dependência.
No que se
refere ao trajeto realizado pelos acadêmicos entre a residência e a
universidade, uma pesquisa realizada em universidades do Brasil e de Portugal,
identificou que na análise da totalidade dos participantes, a maioria se
deslocava utilizando carro/ônibus (37,1%). Porém, na avaliação dos acadêmicos
somente da universidade brasileira identificou-se que o meio de locomoção mais
frequente foi a pé/caminhando [10]. Fato este que corrobora os nossos
resultados.
Este
mesmo estudo observou que a análise somente dos acadêmicos brasileiros, apontou
que atividades acadêmicas remuneradas ou bolsa de estudos (44,6%) era o
principal recurso utilizado para a manutenção financeira [10]. No tocante desta
variável, a presente pesquisa difere, pois identificou que a principal fonte
para a manutenção financeira dos participantes era por meio da ajuda de
familiares.
Na
abordagem relacionada ao recebimento de alguma assistência/auxilio por meio da Pró-Reitoria de Assuntos Acadêmicos e Estudantis, este
estudo apontou que a minoria dos participantes era contemplada. Nesta temática,
autores discorrem que as políticas de assistência estudantil são de fundamental
importância para a manutenção dos estudantes nas universidades [32].
E, por
fim, no tocante as atividades extracurriculares realizadas pelos acadêmicos, um
estudo realizado em uma universidade pública do Estado de Santa Catarina,
identificou que mais da metade dos acadêmicos participavam de atividades
extracurriculares (75,6%) [33]. Resultado que confirma o obtido nesta pesquisa.
O
conhecimento do perfil dos acadêmicos dos cursos de enfermagem e de medicina
proporciona às instituições de ensino superior e aos professores a capacidade
de desenvolver e de implementar estratégias voltadas aos acadêmicos. E, desta
forma, o grau de aprendizado poderá ser elevado, o índice de evasão reduzido,
e, até mesmo, novos apoios/auxílios financeiros ou não, poderão ser criados
para propiciar a manutenção desta população nos respectivos cursos.
Esta
pesquisa poderá trazer avanços no conhecimento científico voltado para a área
da enfermagem, da medicina e, também, da educação, pois servirá como conteúdo
para embasar o desenvolvimento de ações que proporcionem melhorias para os
acadêmicos de enfermagem, de medicina, e também de demais cursos que compõem as
instituições de ensino superior.
Conflitos
de interesse
Os autores
declaram que não houveram quaisquer conflitos de interesse neste artigo.
Fontes
de financiamento
O presente
trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Dias Júnior SA, Monteiro CAS, Terra FS; Coleta de dados: Dias
Júnior SA, Monteiro CAS, Terra FS; Análise e interpretação dos dados:
Dias Júnior SA, Soares EA, Resck ZMR, Nogueira DA,
Monteiro CAS, Terra FS; Análise estatística: Dias Júnior AS, Nogueira
DA, Monteiro CAS, Terra FS; Redação do manuscrito: Dias Júnior SA, Soares EA, Resck ZMR, Nogueira DA, Monteiro CAS, Terra FS; Revisão
crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Dias
Júnior SA, Soares EA, Resck ZMR, Nogueira DA,
Monteiro CAS, Terra FS.