ARTIGO
ORIGINAL
Identificação
de risco da pessoa idosa em uma instituição de longa permanência para idosos
Waldere Fabri Pereira
Ribeiro, D.Sc.*, Sara Maria Campos**, Mirilene de
Moraes Tunice***
*Enfermeira,
docente da Escola de Enfermagem Wenceslau Braz – Itajubá/MG, **Enfermeira do
Lar da Providência, Especialista em Urgência e Emergência e Terapia Intensiva,
enfermeira do Lar da Providência de Itajubá/MG, ***Enfermeira, Especialista em
Urgência e Emergência e Terapia Intensiva, enfermeira do
Santos Dumont Hospital, São José dos Campos/SP
Recebido em 20 de
junho de 2015; aceito em 12 de fevereiro de 2016.
Endereço
de correspondência:
Waldere Fabri Pereira Ribeiro, Rua Olavo Bilac, 31, 37500-184 Itajubá MG,
E-mail: walfabri@gmail.com
Resumo
Este artigo propôs-se
a realizar um estudo descritivo, documental e retrospectivo com a finalidade de
caracterizar as pessoas idosas quanto ao sexo e idade em uma Instituição de
Longa Permanência para Idosos, além de identificar o risco dessas pessoas.
Aplicando uma abordagem quantitativa, foram utilizadas 57 fichas de cadastro
dos idosos internados durante o mês de janeiro de 2015. A coleta de dados foi
realizada em fevereiro de 2015 e apresentou os seguintes resultados: 54,38% dos
idosos eram do sexo masculino e 45,62% do sexo feminino. Desses, 26,31% tinham
de 75 a 79 anos. Quanto à classificação de risco, 40,35% possuíam mais de 80
anos e 59,65% mais de 60 anos. Sobre os itens que classificam o idoso como frágil,
os resultados foram: 71,92% eram portadores de incontinência urinária; 64,91%
incontinência fecal e 57,89% apresentaram dependência para atividades do dia a
dia. Quanto às incapacidades dos idosos, 22,80% possuíam incapacidade em vários
itens acima citados. Em relação às doenças, 82,45% possuíam osteoporose; 70,17%
hipertensão arterial; 54,38% diabetes mellitus; 56,17% infecção urinária;
38,59% algum tipo de doença mental e 28,07% alterações endocrinológicas. Quanto
aos medicamentos, 92,98% dos idosos faziam uso de hipotensor; 78,94% de
protetor gástrico e 70,17% de antipsicótico. Portanto, conclui-se que é
importante orientar familiares e equipe de enfermagem para uma assistência
adequada e direcionada à pessoa idosa, oferecendo qualidade no atendimento e
cuidados específicos que previnam acidentes e ofereçam possibilidade de
manutenção da independência funcional existente que permita ao idoso a
realização das atividades da vida diária, consciente da exposição aos riscos de
trauma que ele pode vir a sofrer.
Palavras-chave: idoso, enfermagem,
risco, instituição de longa permanência para idosos.
Abstract
Risk identification in elderly people in a long stay institution for the
elderly
This descriptive, documental and retrospective study aimed at characterizing
older people according to their age and sex in a long stay institution for the
elderly, in addition to identify these people’s risk. Applying a quantitative
approach, 57 registration forms of elderly admitted during January 2015 were
used. Data collection were carried out in February
2015 with the following result: 54.38% older men and 45.62% women. Out of
these, 26.31% were 75 to 79 years old. As regard to risk rate, 40.35% were over
80 years old and 59.65% over 60 years old. Concerning items which classify the
elderly as fragile, the results were: 71.92% had urinary incontinence; 64.91%
fecal incontinence and 57.89% showed dependence in personal activities of daily
living. 22.80% had disabilities on various items mentioned above. In relation
to the diseases, 82.45% had osteoporosis; 70.17% high blood pressure; 54.38%
diabetes mellitus; 56.17% urinary infection; 38.59% any mental disease and
28.07% endocrine changes. With reference to medicines, 92.98% related to use
hypotensive; 78.94% gastric protection and 70.17 antipsychotic treatment. We concluded that family and nursing staff should
receive orientation related to an appropriate and directed assistance to older
people, offering quality on attendance and specific cares to prevent accidents,
and the possibility of maintaining functional independence to perform
activities of daily living, conscious that they are at risk of trauma.
Key-words: older
people, nursing, risk, homes for the aged.
Resumen
Identificación de riesgo de mayores en una
institución de larga permanencia
Estudio descriptivo,
documental y retrospectivo que tuvo por finalidad caracterizar las personas
mayores cuanto a la edad y sexo en una Institución de
Larga Estancia para Mayores, además de identificar el riesgo de esas personas.
Aplicando un enfoque cuantitativo, fueron utilizados 57 registros de ancianos
internados durante el mes de enero del 2015. Los datos
fueron recolectados en febrero del 2015 y presentó los
siguientes resultados: 54,38% de los ancianos eran del sexo masculino y 45,68%
del sexo femenino. De los cuales 26,31% tenían entre 75 y 79 años. A respecto
de la clasificación de riesgo, 40,35% poseía más de 80
años y 59,65% más de 60. Sobre los puntos que clasifican a los ancianos como
personas frágiles, los resultados fueron: 71,92% eran portadores de
incontinencia urinaria, 64,91% incontinencia fecal y 57,89% necesitan ayuda
para realizar actividades del día a día. A respecto de
la incapacidad de los ancianos, 22,80% poseían
incapacidad en varios puntos citados anteriormente. En relación a las
enfermedades, 82,45% poseían osteoporosis; 70,17% hipertensión arterial; 54,38%
diabetes mellitus; 56,17% infección urinaria; 38,59% algún tipo de enfermedad
mental y 28,07% alteraciones endocrinas. A respecto de los medicamentos, 92,98%
de los ancianos hacían uso del hipotensor, 78,94% de
protector gástrico y 70,17% de antipsicótico. Por lo tanto, se concluye que es importante orientar a familiares y equipos de enfermería
para una asistencia adecuada y direccionada a la persona de la tercera edad,
ofreciendo calidad en la atención y cuidados específicos para la prevención a
accidentes y que ofrezcan la posibilidad de independencia funcional que permita
al anciano la realización de actividades de la vida diaria, consciente de la
exposición al riesgo de traumas que él podrá sufrir.
Palabras-clave: anciano,
enfermería, riesgo, hogares para ancianos.
Preliminarmente é
importante ressaltar que, no Brasil, é considerada idosa a pessoa com 60 anos
ou mais, enquanto que nos países desenvolvidos, idosos são aqueles que têm 65
anos ou mais [1]. O termo envelhecimento é empregado para descrever as mudanças
morfofuncionais que ocorrem ao longo da vida após a maturação sexual e que,
progressivamente, comprometem a capacidade de resposta dos indivíduos ao
estresse ambiental e a manutenção da homeostasia [2].
Atualmente, o
envelhecimento é um grande desafio para o mundo atual, tanto dos países ricos
quanto para os países pobres. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) a
população considerada idosa, isto é, com mais de 60 anos, já corresponde a mais
de 12% da população mundial e até a metade deste século, este percentual tende
a subir atingindo a marca dos 20%. Em 2050, prevê-se que o número de pessoas
com 100 anos e em pleno vigor físico e mental será
surpreendente [3].
Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), em 2025, o grupo de idosos no Brasil deverá ter
aumentado 15 vezes, enquanto a estimativa para a população total é de aumentar
apenas cinco vezes com relação à atual. Ainda no mesmo ano, o país contará com
um contingente de aproximadamente 32 milhões de pessoas na chamada terceira
idade, e a proporção de pessoas com mais de 80 anos continuará em ascensão
[4,5].
Um fator característico da população que
envelhece no Brasil é a pobreza, já que aposentadorias e pensões são suas
únicas fontes de rendimento e seus baixos valores são insuficientes para o
provimento de todas as necessidades do idoso que reside numa comunidade. A
situação agrava-se quando o idoso é acometido de uma ou mais doenças crônicas
que provocam o comprometimento de sua independência. Além disso, é nesta fase
da vida – acima dos 60 anos – que as pessoas mais utilizam serviços de
investigação diagnóstica e consomem mais serviços hospitalares e ambulatoriais
[6,7].
Antes do adoecimento
orgânico, a pessoa idosa apresenta alguns sinais de risco. Deste modo, é função
do profissional de saúde identificá-los para que as ações de enfermagem possam
ser adotadas de maneira precoce, contribuindo, assim, não apenas para a
melhoria da qualidade de vida individual, mas também para uma saúde pública
mais consciente e eficaz.
Identificar os
fatores de risco e os problemas de saúde que levam um idoso à síndrome de
fragilidade – síndrome multidimensional constituída por fatores biológicos,
psicológicos e sociais em uma interação complexa no curso de vida individual –
é de fundamental importância, uma vez que a partir deste conhecimento pode-se
traçar um plano de cuidado para o idoso. Deste modo, são elaboradas estratégias
eficazes para a promoção da saúde e bem-estar desta faixa etária por meio de
ações educativas, grupos de convivência, tratamento adequado das doenças e
encaminhamento para centros de referência quando se fizer necessário [8].
Diante de tais fatos
e cientes de que a saúde da pessoa idosa e o envelhecimento são preocupações
relevantes do Ministério da Saúde (MS), além de ser uma das áreas estratégicas
do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas (DAPES) do MS, é possível
perceber que classificar os idosos quanto à sua fragilidade é uma forma de
conhecer a realidade com a qual se trabalha. Há, diante disso, a possibilidade
de propor estratégias de intervenção que terão melhor impacto sobre a qualidade
de saúde destes idosos.
Para a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), as Instituições de Longa Permanência
para Idosos (ILPIs) são governamentais ou não governamentais, de caráter
residencial, destinadas a domicílio coletivo de pessoas
com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição
de liberdade, dignidade e cidadania [9].
Por este motivo,
caracterizar as pessoas idosas quanto ao sexo e idade em uma ILPI de Itajubá/MG
e identificar o risco de tais pessoas, justifica a realização deste estudo.
Afinal, ao utilizar o instrumento para cadastro e identificação de risco da
pessoa idosa proposta pela Coordenação Estadual de Atenção ao Idoso da
Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), é possível avaliar, de maneira
padronizada, o grau de fragilidade dos idosos assistidos pela equipe de
enfermagem da ILPI em questão [10].
Material
e métodos
Este estudo
caracteriza-se como quantitativo, descritivo e
retrospectivo, fundamentado na análise de um documento denominado Ficha de Cadastro e Identificação de Risco
da Pessoa Idosa que compõe o prontuário dos pacientes internos no Lar da
Providência de Itajubá, Minas Gerais. Tal documento encontrava-se arquivado,
completo, organizado e constava de três partes, sendo elas: dados de identificação
do idoso; classificação de risco e outras doenças.
Para a realização da
pesquisa, foram utilizadas 57 fichas de cadastro e identificação de risco da
pessoa idosa que faziam parte do prontuário dos internos no mês de janeiro de
2015 na referida instituição. A partir desse documento, a coleta de dados foi
realizada durante o mês de fevereiro de 2015, quando foram agendados
antecipadamente os dias e horários em que as pesquisadoras realizaram a coleta
dos dados. Os dados coletados foram tabulados e analisados através do programa
Microsoft Office Excel.
Foi solicitada uma
autorização para a coleta de dados e desenvolvimento da pesquisa para a
Diretora da instituição. Após a autorização, o projeto foi encaminhado ao
Comitê de Ética e Pesquisa, sendo aprovado conforme Parecer Consubstanciado
número 754.059. A pesquisa seguiu os preceitos da Resolução 466/12 do
Ministério da Saúde no que diz respeito à autonomia, não-maleficência,
beneficência, justiça e asseguração aos direitos e deveres que dizem respeito à
comunidade, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado [11].
Resultados
e discussão
A apresentação dos
resultados e discussão foi dividida em três partes apresentadas em tabelas. A
tabela I demonstra as características pessoais dos idosos, a tabela II revela a
classificação de risco e as tabelas III e IV indicam as doenças apresentadas
pelos idosos.
As características
referentes aos aspectos pessoais dos idosos em uma ILPI encontram-se na tabela
I, a seguir.
Tabela
I – Características pessoais dos idosos em
relação ao sexo e idade em uma ILPI. Itajubá/MG (N = 57).
Fonte: Elaborada pelos
autores; Nota: Informações extraídas do Instrumento de Pesquisa.
A tabela acima faz
referência a uma amostra de 57 fichas de cadastro e identificação de risco da
pessoa idosa. Os idosos participantes do estudo foram 31 do sexo masculino e 26
do sexo feminino.
Quanto à idade
observou-se que a prevalência é de 75 a 79 anos, totalizando 15 (26,31%)
idosos. Porém, é notável que a faixa de idade entre 80 a 84 anos possui um
número significativo de 14 (24,56%) idosos da ILPI. Desta forma, é possível
concluir que mais da metade dos idosos possuem idade acima de 75 anos.
A Classificação de
Risco dos idosos em uma ILPI encontram-se na tabela II.
Tabela
II –
Classificação de Risco dos idosos em uma
ILPI. Itajubá/MG (N = 57).
Fonte: Elaborada pelos
autores; Nota: Informações extraídas do Instrumento de Pesquisa.
Quanto à
classificação de risco da pessoa idosa, foi possível observar que todos os
idosos são considerados frágeis, visto que 23 (40,35%) possuem mais de 80 anos
e os outros idosos 34 (59,65%) apresentam mais de 60 anos e dispõem de um ou
mais dos itens descritos acima, sendo, portanto, classificados como “idosos
frágeis”.
Destes itens, é necessário observar que 41
(71,92%) idosos possuem incontinência urinária, 37 (64,91%) incontinência fecal
e 33 (57,89%) possuem dependência para atividades do dia-a-dia.
A queda é um dos
principais eventos que acomete a pessoa idosa e pode indicar o início de
fragilidade ou mesmo apontar doenças agudas que levam a custos sociais,
econômicos e psicológicos que não passam despercebidos. Dessa maneira, há
significativo aumento da dependência que já havia e muitas vezes à
institucionalização. Ainda, segundo o Ministério da Saúde, os riscos dependem
da frequência de exposição do idoso ao ambiente inseguro e do estado funcional
do idoso [4].
A
incontinência
urinária e fecal aparece em cerca de 30% das pessoas idosas
institucionalizadas
ou não. Muitas das causas são reversíveis visto
que podem originar-se em
períodos de delírio, restrição de
mobilidade, retenção urinária,
infecção se
ocasionada por efeito de medicamentos e devem ser investigadas. Em
muitos
casos, tais incontinências estão relacionadas às
repercussões emocionais e
sociais [10]. Além disso, as incapacidades funcionais para as
atividades
básicas de vida diária referem-se à
deambulação, alimentação, higiene,
mudanças,
vestuário e continência.
A incapacidade de
autocuidado dificulta a tomada de decisões sobre o futuro, resultando na
renúncia de sua própria responsabilidade. Alguns idosos delegam tal
responsabilidade de maneira absoluta aos profissionais de saúde ou para os seus
familiares [12].
As mudanças e perdas
fazem parte do envelhecimento da pessoa humana e modificações corporais e
mentais ocorrem ao longo do envelhecimento, um
processo caracterizado por perdas [13].
O demonstrativo de
doenças e outras doenças que não estão listadas na ficha de cadastro e
identificação de risco da pessoa idosa em uma ILPI, encontram-se nas tabelas
III e IV.
Tabela
III
– Doenças apresentadas pelos idosos em
uma ILPI. Itajubá/MG. (N= 57).
Fonte: Elaborada pelos
autores; Nota: Informações extraídas do Instrumento de Pesquisa.
Sobre as doenças
listadas na ficha de cadastro e identificação de risco da pessoa idosa, a
tabela acima demonstra que 47 (82,45%) idosos possuem osteoporoses, 40 (70,17%)
idosos possuem hipertensão arterial sistêmica e 31 (54,38%) idosos possuem
diabetes mellitus.
Sabe-se que não
existem doenças próprias da pessoa idosa. Porém, há situações em que apelidos
pejorativos são utilizados para caracterizar as pessoas dessa idade, tal como “velho
gagá”, mais empregado para denominar a pessoa idosa portadora de demência.
Uma evidente
deterioração da qualidade de vida da pessoa com osteoporose pode ser detectada,
não excluindo a possibilidade de estar associada à mortalidade, especialmente
por complicações como infecções e problemas cardiovasculares. Desta forma,
trata-se de um crescente problema de saúde pública [14].
A deterioração de
órgãos e de sistemas ocorre de maneira progressiva no processo de
envelhecimento, além de ser acompanhado de perdas no âmbito social como a
aposentadoria, o isolamento e também perdas econômicas e familiares, ou seja,
falecimentos e doenças de pessoas próximas [12].
A peculiaridade das
doenças geriátricas é justificada pela deterioração que é acarretada sobre
aspecto funcional, mental e social do idoso [12].
Tabela
IV –
Outras doenças confirmadas nos idosos em
uma ILPI. Itajubá/MG (N = 57).
Fonte: Elaborada pelos
autores; Nota: Informações extraídas do Instrumento de Pesquisa.
A tabela acima
informa outras doenças que os idosos do estudo possuem: 32 (56,17%) idosos
possuem infecção urinária, 22 (38,59%) têm algum tipo de doença mental e 16
(28,07%) idosos são portadores de alterações endocrinológicas.
A tabela também
aponta que os idosos apresentam patologias com uma frequência muito elevada
(algumas estatísticas chegam até 80%). As doenças mais comuns em geriatria são
as cardiovasculares, respiratórias, digestivas, urinárias, metabólicas e
endócrinas, psiquiátricas dentre outras [12,15]. Frequentemente coexiste mais
de uma doença, o que pode ser denominado de pluripatologia.
O resultado sobre as
doenças que mais acometem os idosos na ILPI, local de realização da pesquisa,
se assemelha ao de outro estudo realizado em uma ILPI no extremo sul do Rio
Grande do Sul, onde foram encontradas três patologias em grande escala,
apresentadas, neste artigo, em ordem decrescente: a hipertensão arterial
sistêmica, o diabetes mellitus e a depressão [16].
Em relação às
características pessoais dos 57 internos na referida ILPI, 54,38% eram do sexo
masculino e 45,62% do sexo feminino, estando 26,31% na faixa etária de 75 a 79
anos de idade.
Em relação à
classificação de risco da pessoa idosa, 40,35% possuíam mais de 80 anos e
59,65% possuíam mais de 60 anos. Sobre um ou mais itens que classificam o idoso
como frágil, resumem-se em: 71,92% possuem
incontinência urinária; 64,91% incontinência fecal e 57,89% apresentam
dependência para atividades do dia a dia.
Sobre os itens que se
referem às doenças listadas na ficha de cadastro e identificação de risco da
pessoa idosa: 82,45% possuíam osteoporose; 70,17% possuíam hipertensão arterial
sistêmica e 54,38% possuíam diabetes mellitus. Os números em relação às outras
doenças indicam que 56,17% possuíam infecção urinária; 38,59% possuíam algum
tipo de doença mental e 28,07% alterações endocrinológicas.
O processo de
envelhecimento, suas consequências naturais e as alterações biomorfológicas são
preocupações da humanidade desde o início da civilização. Naturalmente, os
seres vivos são regidos por um determinismo biológico: todos nascem, crescem,
amadurecem, envelhecem, declinam e morrem [17].
Estudos concluem que
um desempenho cognitivo não favorável nos idosos parece estar relacionado com a
institucionalização [18]. Portanto, a desconsideração do idoso
institucionalizado como morador da área de abrangência dos serviços de atenção
básica à saúde pode ser considerada o pano de fundo na comunicação entre as
ILPIs e o Sistema Único de Saúde. Geralmente, a responsabilidade pelo cuidado
com o idoso é repassada a estas instituições, havendo, como ressonância, a
exclusão do idoso das ações programáticas em saúde. Por outro lado, há
desconhecimento, por parte das ILPIs, sobre os serviços de atenção à saúde
direcionada ao idoso pelo Sistema Único de Saúde [19].
Porém, não é o que
ocorreu na ILPIs em questão, visto que no prontuário dos idosos internados a
ficha de cadastro e identificação de risco da pessoa idosa estava devidamente
preenchida. Desta forma, foi possível avaliar, de maneira padronizada, o grau
de fragilidade dos idosos assistidos pela equipe de enfermagem da ILPI em
questão. A partir deste conhecimento, é possível oferecer um atendimento
individualizado de melhor qualidade, com o objetivo de oferecer qualidade de
vida, além de prevenir acidentes com os idosos e ensinar práticas de
autocuidado. É necessário lembrar que a pessoa idosa requer diferentes níveis
de intervenção dos serviços de saúde, e que tais serviços devem ser adequados
às diferentes fases da enfermidade e ao grau de incapacidades. Desta forma os
cuidadores e os familiares dos idosos podem tornar-se multiplicadores dos seus
conhecimentos da área de saúde.
Conhecer sobre a
classificação de risco para a pessoa idosa pode dar condições de orientar
familiares e equipe de enfermagem para uma assistência adequada e direcionada à
pessoa idosa, proporcionando qualidade no atendimento e cuidados específicos
que previnam acidentes. Dessa maneira, é possível oferecer possibilidade de
manutenção da independência funcional existente que habilite o idoso a realizar
atividades da vida diária, consciente de que pode haver uma exposição aos
riscos de trauma. Também são necessárias atividades diárias de estimulação
cognitiva para os idosos institucionalizados com o objetivo de melhoria do
desempenho cognitivo.
Deste cenário emerge
a necessidade de maiores estudos considerando a importância de avaliação sobre
a saúde da pessoa idosa, pois ela inclui diversos fatores, tais como
ambientais, socioeconômicos, culturais e políticos, itens que vão além do fator
saúde, apenas. A pessoa idosa não pode ser considerada como sinônimo de doença.
Não se fica idoso aos 60 anos. O envelhecimento é um processo natural que se
desenvolve ao longo de toda a vida do ser humano, por meio de diversos fatores
decorrentes das escolhas e das circunstâncias da vida.