Enferm Bras 2022;21(5):649-62
REVISÃO
Desinfecção do aparelho
oscilométrico de medida indireta da pressão arterial
Victoria Garibalde
Hilario*, Bárbara Caroliny Pereira Costa, D.Sc.*, Ana Carolina Queiroz Godoy Daniel, D.Sc.*, Mayara Rocha Siqueira Sudré**,
Eugenia Velludo Veiga***
*Enfermeira, Membro do
Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Hipertensão Arterial (GIPHA),
**Enfermeira, doutoranda em Ciências pelo Programa de Enfermagem
Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (USP), Membro do Grupo
Interdisciplinar de Pesquisa em Hipertensão Arterial (GIPHA), ***Enfermeira,
Professora Titular na Universidade de São Paulo, junto ao Departamento de
Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
Líder do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Hipertensão Arterial (GIPHA)
Recebido em 28 de outubro de
2021; Aceito em 27 de julho de 2022.
Correspondência: Eugenia Velludo
Veiga, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo,
Avenida Bandeirantes 3900 Vila Monte Alegre 14040-902 Ribeirão Preto SP
Victoria Garibalde Hilario: victoria.garibalde@gmail.com
Bárbara Caroliny Pereira Costa: barbaracarolinypereira@gmail.com
Ana
Carolina Queiroz Godoy Daniel: carol.enf.usp@hotmail.com
Mayara
Rocha Siqueira Sudré: maysrocha@usp.br
Eugenia Velludo Veiga: evveiga@eerp.usp.br
Resumo
Introdução: A desinfecção é um processo físico ou
químico aplicado em superfícies fixas, como materiais e equipamentos, que
aniquila microrganismos patogênicos. Objetivo: Descrever a importância
da desinfecção da superfície do manguito e do aparelho oscilométrico automático
de medida indireta da pressão arterial. Métodos: Revisão integrativa
realizada durante o mês de agosto de 2020 que incluiu artigos publicados na
íntegra, no período de 2015 a 2020, publicados em português, inglês e espanhol,
nas bases Lilacs, PubMed, Cinahl, Web of Science, Scopus, BDEnf e EMBASE, a qual buscou responder a seguinte pergunta
“qual a importância da desinfecção da superfície do manguito e do aparelho
oscilométrico automático de medida indireta da pressão arterial?” Resultados:
Sete artigos selecionados, publicados em cinco países diferentes que ressaltam
a importância de desinfecção de superfícies, principalmente de uso comum.
Salienta-se a necessidade de feedbacks aos profissionais de saúde quanto às
condições de desinfecção e transmissões de infecções. Conclusão: As
evidências identificaram falhas no processo de desinfecção de superfícies tanto
dos manguitos quanto do aparelho, incluindo os esfigmomanômetros, e riscos de
transmissão de patógenos infecciosos, destacando a desinfecção com detergentes
e desinfetantes de fácil acesso.
Palavras-chave: desinfecção; esfigmomanômetro; pressão
arterial; higiene; limpeza.
Abstract
Disinfection of the oscillometric device for
indirect blood pressure measurement
Introduction: Disinfection is a physical or chemical process
applied to fixed surfaces, such as materials and equipment, which kills
pathogenic microorganisms. Objective: To describe the importance of cuff
surface disinfection and automatic oscillometric
device for indirect blood pressure measurement. Methods: Integrative
review carried out during the month of August 2020, which included articles
published in full, from 2015 to 2020, published in Portuguese, English and
Spanish, in Lilacs, PubMed, Cinahl, Web of Science,
Scopus, BDEnf and EMBASE. It aims to answer the
following question "what is the importance of disinfection of the cuff
surface and of the automatic oscillometric device for
indirect blood pressure measurement?" Results: Seven selected
articles, published in five different countries, highlighting the importance of
surface disinfection, mainly in common use. The need for feedback to health
professionals regarding the conditions of disinfection and transmission of
infections is highlighted. Conclusion: Evidence identified flaws in the
process of disinfecting surfaces of both the cuffs and the device, including
sphygmomanometers, and risks of transmission of infectious pathogens,
highlighting disinfection with easily accessible detergents and disinfectants.
Keywords: disinfection; sphygmomanometer; artery pressure,
hygiene; cleaning.
Resumen
Desinfección del dispositivo
oscilométrico para medición indirecta
de la presión arterial
Introducción: La desinfección
es un proceso físico o
químico aplicado a superficies fijas,
como materiales y equipos, que mata los microorganismos patógenos. Objetivo:
Describir la importancia de la desinfección de la superficie del manguito y del dispositivo oscilométrico automático para la medición indirecta
de la presión arterial. Métodos:
Revisión integrativa realizada durante el mes de agosto de 2020, que incluyó artículos publicados íntegramente,
de 2015 a 2020, publicados en portugués,
inglés y español, en Lilacs, PubMed,
Cinahl, Web of Science,
Scopus, BDEnf y EMBASE, la cual buscaba responder a la siguiente pregunta "¿cuál es la importancia
de la desinfección de la superficie del
manguito y del dispositivo oscilométrico automático
para la medición indirecta de la presión arterial?" Resultados: Siete artículos seleccionados,
publicados en cinco países diferentes, destacando la importancia de la desinfección de superficies, principalmente de uso común.
Se destaca la necesidad de retroalimentación a los profesionales de la salud sobre las condiciones de desinfección y transmisión de
infecciones. Conclusión: La evidencia identificó fallas en el proceso
de desinfección de superficies
tanto de los manguitos como del
dispositivo, incluidos esfigmomanómetros,
y riesgos de transmisión de
patógenos infecciosos, destacando la desinfección con detergentes y desinfectantes de fácil acceso.
Palabras-clave: desinfección; esfigmomanómetro; presión arterial;
higiene; limpieza.
Introdução
A
desinfecção é um processo físico ou químico aplicado em superfícies fixas, como
materiais e equipamentos, que aniquila microrganismos patogênicos [1]. Os
equipamentos e instrumentos de atendimento ao paciente são divididos de acordo
com o grau de sua contaminação, sendo categorizados como críticos, semicríticos
e não-críticos. Os críticos são considerados aqueles que entram em contato com
tecidos estéreis ou sistema vascular; os semicríticos entram em contato com
membrana mucosa ou pele não intacta e ambos exigem desinfecção de alto nível
[2].
Para
desinfecção de alto nível é necessário o processo inicial de limpeza da
superfície ou objeto, que compete a remoção de sujidades visíveis de objetos e
superfícies. Desinfetantes intermediários são comumente utilizados para
deterioração de microbactérias, bactérias vegetativas e a maioria dos fungos e
vírus [2].
Itens não
críticos são aqueles que entram em contato com a pele intacta, que funciona
como uma barreira contra a maioria dos microrganismos; para a desinfecção de
baixo nível utilizam-se desinfetantes que podem matar a maioria das bactérias
vegetativas, fungos e vírus [2].
O
aparelho oscilométrico da medida indireta da pressão arterial é um equipamento
não- crítico, já que geralmente entra em contato apenas com a pele íntegra, bem
como tecidos, superfícies inanimadas (móveis), etc. Portanto, sua desinfecção é
um processo que necessita do uso de desinfetantes de baixo nível, como o álcool
etílico ou isopropílico, que são bactericidas rápidos, e soluções detergentes.
Não sendo recomendada a utilização de solventes de petróleo ou outros compostos
orgânicos voláteis, que podem causar deterioração do equipamento [3].
A
desinfecção de equipamentos não-críticos foi, por muito tempo, pouco abordada e
interrogada, pois itens críticos e semicríticos tendem a concentrar maiores
atenções no processo de desinfecção. Contudo, dispositivos não-críticos foram
apontados como responsáveis por epidemias intrahospitalares,
representando vetores potenciais de contaminação quando não higienizados
corretamente [4].
Frente ao
atual cenário de grandes infecções recorrentes de contaminação, viu-se a
necessidade da difusão do conhecimento, para garantir o uso seguro de
equipamentos que envolvem o cuidado [4,5,6]. Sempre oferecendo informações de
forma clara e de fácil entendimento, o que se tornou essencial para envolver o
usuário às práticas de cuidado [7], incluindo a importância da adequada
desinfecção de equipamentos não-críticos, contando que também podem ser uma
forma de transmissão, como o esfigmomanômetro [4,8]. O objetivo do estudo foi
descrever, a partir da literatura, a importância da desinfecção da superfície
do manguito e do aparelho oscilométrico automático de medida indireta da
pressão arterial.
Métodos
Trata-se
de uma revisão integrativa, que averigua evidências científicas sobre o
conhecimento do tema pesquisado, permitindo a síntese de múltiplos estudos e
conclusões gerais de uma área de conhecimento. Foram percorridas seis etapas
interrelacionadas distribuídas sequencialmente: estabelecimento da questão
norteadora; busca na literatura; categorização do estudo; avaliação dos estudos
incluídos na revisão; interpretação dos resultados; apresentação da revisão
[9].
Para a
elaboração da pergunta da pesquisa, foi utilizada a estratégia PICO, que agrega
elementos essenciais na fase inicial da pesquisa, sendo uma ferramenta
científica baseada em evidências. Suas siglas são provenientes dos termos em
inglês “Patient”, “Intervention”, “Comparion” e "Outcomes",
que traduzidos para o português significam: População; Intervenção (ou
Exposição); Comparação; e Desfecho [10,11]. O Quadro 1 descreve os termos
utilizados na estratégia PICO.
Quadro 1 - Descrição da questão de pesquisa
com a utilização da estratégia Pico. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 2020
Fonte:
Adaptado de Considine et al. (2017) [11]
Tendo em
vista o exposto, a questão do presente estudo foi: qual a importância da
desinfecção da superfície do manguito e do aparelho oscilométrico automático de
medida indireta da pressão arterial?
Para
responder a questão do estudo foi realizada uma busca
bibliográfica durante o mês de agosto de 2020 que incluiu artigos publicados na
íntegra, no período de 2015 a 2020, redigidos em português, inglês e espanhol.
Sendo excluídos os artigos duplicados, tese, dissertações, ou artigos que não
atendem a temática proposta.
As bases
de dados eletrônicas acessadas foram: National
Library of Medicine - National
Institutes of Health (PubMed); Literatura Latino-americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (Lilacs) e Base de Dados de
Enfermagem (BDENF) no Banco de Dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS); Web of Science; EMBASE; Academic
Search Premier no Banco de Dados Cumulative Index Nursing and Allied
Health (Cinahl); Scopus.
As
referidas bases de dados permitiram a utilização e combinação de descritores
controlados e não controlados (palavras-chave), a partir dos operadores
booleano AND e OR, além disso, foram utilizados os Descritores em Ciências da
Saúde (DeCS) na língua portuguesa e em língua inglesa
Medical Subject Headings (MeSH) conforme descrição no Quadro 2.
Quadro 2 - Combinações realizadas nas bases
de dados: Pubmed, Lilacs, BDEnf, BVS, Web of Science, Embase,
Academic Search Premier (Cinahl),
Scopus. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 2020
Fonte:
Elaborado pela autora, 2020
A escolha
do programa Rayyan [12] para a extração de dados dos
artigos duplicados e triagem dos mesmos foi feita porque a plataforma permite,
de maneira simplificada, observar título, resumo e data de publicação dos
artigos anexados, além do autor ter a opção de selecionar opções de inclusão,
exclusão e “talvez” para cada artigo, eliminando os artigos duplicados. O
programa se mostrou único dentro das bases de conhecimento e eficiente na
organização e filtragem dos artigos otimizando as revisões.
Após a
triagem feita através do programa Rayyan, para a
descrição do processo de busca, utilizou-se o fluxograma Preferred
Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses (PRISMA), que tem como objetivo auxiliar na
melhora do relato de revisões. A estratégia consiste em um checklist de 27
itens e um fluxograma de 4 etapas, como o apresentado na Figura 1.
Figura 1 - Fluxograma Prisma Adaptado de
Galvão et al. [13]. Ribeirão Preto, 2020
Para
extrair os dados dos artigos selecionados, foi utilizado um instrumento
elaborado para garantir a extração de informações relevantes, minimizando o
risco de erros. Este instrumento contempla os seguintes itens: identificação do
artigo; tipo de publicação; características metodológicas do objetivo, amostra,
dados, intervenções e resultados; avaliação do rigor metodológico [14].
Para
análise dos trabalhos incluídos neste estudo, foram avaliados Níveis de
Evidência (NE), sendo classificados em sete níveis: no nível I são incluídas
revisões sistemáticas ou metanálise de ensaios
clínicos randomizados; nível II ensaios clínicos randomizados; nível III
ensaios clínicos não randomizados; nível IV coorte e caso- controle; nível V
revisões sistemáticas de estudos descritivos; nível VI evidências de um único
estudo descritivo; nível VII evidências de opiniões de especialistas e/ou
relatórios. De acordo com essa classificação, são consideradas evidências
fortes os estudos classificados em nível I e II; evidência moderada nível III e
IV; e evidência fraca níveis de V a VII [15].
Um total
de sete artigos foram selecionados para esta revisão, e no que se refere a
abordagem metodológica três (42,8%) transversal, três (42,8%) coorte e um
(14,2%) qualitativo.
Todos os
estudos incluídos na revisão foram realizados em ambiente intra-hospitalar.
Quanto ao país de origem, três foram realizados nos Estados Unidos (42,8%), um
na Escócia (14,2%), um na Austrália (14,2%), um na França (14,2%) e um na
Etiópia (14,2%).
Na
classificação dos NE, um estudo foi classificado como Nível I (14,2%), dois
como Nível II (28,5%), um como Nível III (14,2%) e três como Nível IV (42,8%).
Sendo assim, três estudos apresentaram NE forte e quatro estudos foram
classificados com NE moderado [15].
Na Tabela
I estão apresentados dados sobre os estudos selecionados, destacando objetivo,
tipo de estudo e resultados.
Tabela I - Estudos selecionados para compor a
revisão, conforme autores, ano, objetivo, tipo de estudo e resultados. Ribeirão
Preto, São Paulo, Brasil, 2020
Fonte:
Elaborado pela autora, 2020
A
desinfecção de superfícies constitui-se como uma das principais medidas de
prevenção e controle de microrganismos para oferecer um cuidado seguro [16,23].
Estudos apontam que superfícies de uso comum, que são frequentemente tocadas e
contaminadas, são consideradas um risco para a transmissão de patógenos, sendo
a limpeza realizada com desinfetantes, álcool etílico e isopropílico a 70 %,
detergentes e antissépticos, e a desinfecção maneiras eficazes de reduzir a
incidência de infecções [1,17,18,23]. O esfigmomanômetro é um dos itens mais
utilizados na prática clínica, sendo classificado como o nono item mais tocado
pelos profissionais de saúde, tendo elevado potencial de contaminação em suas
superfícies [20].
O
contágio de manguitos dos esfigmomanômetros ocorre frequentemente por se tratar
de um objeto de uso comum em unidades de saúde e até mesmo em domicílios, sendo
consideradas variações epidemiológicas, locais e prevalência de doenças
[16,20,24]. Em um estudo que fez o levantamento da cultura de manguitos em uma
unidade hospitalar, foi mostrado que todas as amostras coletadas da superfície
interna de manguitos apresentavam alguma carga microbiana [25]. A desinfecção
desses itens deve ser feita de acordo com as recomendações de cada fabricante,
mas sempre respeitando os princípios de limpeza e desinfecção de superfícies e
sendo realizada sempre ao final de cada medida, independente da patologia do
paciente [16,18,20,21,23].
Estudos
epidemiológicos mostram que superfícies contaminadas contribuem para a
transmissão de infecções respiratórias e gastrointestinais, sendo a limpeza e
desinfecção a maneira mais eficaz na diminuição do risco de transmissão [25]. A
contaminação presente em manguitos é evidenciada em um estudo que fez a comparação
antes e após o processo de desinfecção, sendo significativamente maior a
contaminação antes da desinfecção [20]. De acordo com sistema de classificação
de Spaulding, os esfigmomanômetros são equipamentos
não-críticos, sendo sua desinfecção realizada com o uso de detergentes ou
outros agentes com propriedades semelhantes [2,19].
O não
cumprimento do processo de desinfecção de esfigmomanômetros ocorre também em
aparelhos próprios, não somente dentro de unidades hospitalares. Isso é exposto
em um estudo que avalia a potencial fonte de infecção por meio equipamentos
não-críticos, realizando uma investigação bacteriana através de coleta de
esfregaços de esfigmomanômetros, estetoscópios e outros. O estudo apresentou
como resultado 60% de prevalência de contaminação em esfigmomanômetros, com
mais de 130 cepas bacterianas, porém não descreveu qual material foi utilizado
no processo de desinfecção quando realizada [21].
Outro
estudo procurou determinar se profissionais de saúde realizam a desinfecção de
seus estetoscópios e esfigmomanômetros para prevenir infecções, e obteve como
resultado a não desinfecção entre o uso de um paciente e outro. Ainda, os
resultados do estudo mostraram que 70,9% dos sujeitos incluídos no estudo
relataram nunca realizar a desinfecção das braçadeiras de seus manguitos. Os
outros 29,1% realizavam a desinfecção ao menos uma vez ao mês com toalhas com
álcool ou desinfetantes [19].
Os
resultados também indicaram a necessidade urgente de alertar e educar sobre os
riscos de contágio de uma variedade de cepas bacterianas, como o Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Pseudomonas
aeruginosa, Salmonella, Klebsiella pneumoniae, através de manguitos [16,17,19]. Em um estudo
realizado com um marcador fluorescente para analisar a qualidade da desinfecção
de manguitos, glicosímetros e equipamento do setor
administrativo, foi apresentado que quando alertados e policiados os
profissionais de saúde realizavam com mais precisão a desinfecção dos manguitos
[22].
O
processo de desinfecção é realizado com o uso de detergentes, desinfetantes,
antissépticos e álcool 70% (etanol ou 2-propanol) que são constituídos por
substâncias químicas. Porém quando seu uso ocorre de forma inadequada quanto à
validade, armazenamento e concentração a ação poderá ser ineficiente [1,23]. A
desinfecção com álcool 70%, aplicado diretamente em superfícies contaminadas
apresenta resultados positivos quando comparado a limpeza previamente realizada
seguida da aplicação do álcool a 70%, podendo então ser recomendado somente o
uso de álcool a 70% [1].
Em uma
comparação da eficácia de um desinfetante para as mãos a base de etanol e
detergentes no processo de desinfecção de manguitos, foram obtidos resultados
parecidos e satisfatórios na diminuição de bactérias potencialmente
patogênicas. Porém, o uso de detergentes para mãos se mostra mais seguro em
relação a preservar a pele do profissional que executa rotineiramente essa
desinfecção, evitando irritações [18].
Existem
outros meios, por vezes mais onerosos e de difícil acesso, que funcionam como
desinfetantes para superfícies irregulares como o velcro de manguitos. Assim
como os lenços de peróxido de hidrogênio a 5% que se mostrou eficaz para a
desinfecção de manguitos de pressão arterial, se tornando mais uma opção no
processo de desinfecção de equipamentos não críticos. A eficácia da desinfecção
foi medida por indicador Ultravioleta (UV) e cultura microbiana de amostras das
superfícies testadas [16].
Em
amostras coletadas dos manguitos são encontradas bactérias potencialmente
patogênicas a variar dos protocolos de limpeza/ desinfecção de cada unidade.
Mas em sua maioria bactérias presentes na mucosa, e outras que podem causar
infecções potencialmente fatais, foram detectadas pré-desinfecção,
notadamente como Staphylococcus lugdunensis,
Enterococcus faecalis, Corynebacterium auri mucosa, Micrococcus
luteus, Bacillus sp e
Clostridium difficile, o que pode ser particularmente
severo em paciente imunocomprometidos, com doenças renais crônicas, doenças e
dispositivos cardíacos, cateteres e próteses [18].
A
frequente melhoria nas condições de desinfecção de superfícies e equipamentos
de contato com o paciente geram impacto positivo e diminuem a transmissão de
infecções [26].
Os
estudos em maioria evidenciam que o aparelho automático da medida indireta da
pressão arterial é um equipamento frequentemente tocado, sendo potencial fonte
de contaminação por vírus respiratórios e gastrointestinais, fazendo-se
coerente que sua desinfecção seja realizada de forma eficaz e ao fim de cada
medida realizada para reduzir a contaminação por esses vírus [1,16,17,18,19,20,21,22,23,25].
Ainda se torna notório a indispensabilidade de reeducar e reforçar as equipes
de saúde quanto a desinfecção dos aparelhos de uso comum e de seus próprios
equipamentos, tornando-se factual o uso de detergentes, desinfetantes,
antissépticos como álcool etílico e isopropílico a 70%, além de outros
reagentes como o peróxido de hidrogênio a 5 % [1,16,17,18,19,21,22,23] de forma a contribuir
para um cuidado mais direcionado à prevenção e controle de infecções.
As
limitações deste estudo estão relacionadas ao número insuficiente de evidências
disponíveis na literatura sobre o assunto abordado. Apesar disso, os resultados
colaboram para a construção do conhecimento científico e para a prática do
cuidado em saúde, trazendo subsídios para implementação de medidas seguras aos
pacientes. Observa-se que existe uma lacuna no conhecimento relacionada à
importância e desinfecção de superfícies em manguitos, esfigmomanômetros
aneroides e aparelhos oscilométricos automáticos, o que pode estar contribuindo
para a disseminação de patógenos no ambiente hospitalar.
Assim
sugere-se desenvolver estudos que possam contribuir com a construção de
evidências nesta área do conhecimento, o que poderá contribuir, em muito, com a
redução da disseminação de patógenos, quer no ambiente hospitalar, quer no
ambiente doméstico. E assim reforçar o controle de infecções e com a garantia
de segurança no cuidado ao paciente [21,23].
A
desinfecção das superfícies de manguitos e do aparelho oscilométrico automático
de medida indireta da pressão arterial se mostrou efetiva e importante contra a
transmissão de vírus e bactérias entre pacientes no contexto hospitalar e
doméstico.
A efetiva
desinfecção do esfigmomanômetro não necessita de recursos e tecnologias
onerosas, sendo acessível a diversas populações e regiões. É necessário motivar
e conscientizar a equipe de saúde sobre a importância e se realizar a
desinfecção das superfícies do manguito e dos aparelhos automáticos
oscilométricos de forma segura e eficaz toda vez que o aparelho for utilizado,
para a medida indireta da pressão arterial, quer no meio hospitalar quer no
ambiente doméstico.
O
desenvolvimento de estudos mais específicos quanto a desinfecção de superfícies
de manguitos e de aparelhos oscilométricos é fundamental, já que as evidências
da literatura apontaram desconhecimento dos profissionais sobre o assunto e
falhas nos processos de desinfecção.
Conflito de
interesses
Autores declaram não ter conflitos
de interesses.
Fontes de
financiamento
Não houve financiamento para o desenvolvimento
da pesquisa.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa: Hilario
VG, Costa BCP, Daniel ACQG, Sudré MRS, Veiga EV; Coleta de dados: Hilario
VG, Costa BCP; Análise e interpretação dos dados: Hilario VG, Costa BCP;
Redação do manuscrito: Hilario VG, Costa BCP, Daniel ACQG, Sudré MRS, Veiga
EV; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante:
Veiga EV