ARTIGO
ORIGINAL
Assistência
de enfermagem frente ao paciente com acidente vascular encefálico no setor de
emergência
Rochelles Spader
Prudêncio*, Luciane Bisognin Ceretta, D.Sc.**, Maria
Tereza Soratto, M.Sc.**
*Enfermeira
Pós-Graduada em Assistência de Enfermagem em Urgência e Emergência na
Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina (UNESC), Criciúma SC, **Enfermeira,
UNESC
Recebido em 23 de
fevereiro de 2015; aceito em 25 de fevereiro de 2016.
Endereço
para correspondência:
Maria Tereza Soratto, Rua Dom Joaquim Domingos de Oliveira, 50/301, Ed Jatobá,
Centro 88801-230 Criciúma SC, E-mail: guiga@unesc.net,
rochelles_sp@hotmail.com, luk@unesc.net
Resumo
O Acidente Vascular
Encefálico (AVE) é uma das maiores causas de atendimentos no setor de
emergência hospitalar. Este estudo teve como objetivo identificar a assistência
de enfermagem frente ao paciente com AVE no setor de emergência. Pesquisa de
abordagem qualitativa, descritiva, exploratória e de campo. O estudo foi
desenvolvido em um hospital do Extremo Sul Catarinense. A população estudada
foi composta por 5 enfermeiros da emergência do
hospital pesquisado. A análise de dados foi realizada a partir da análise de
conteúdo. A assistência de enfermagem relacionada à avaliação e monitorização
das funções fisiológicas e administração de medicamentos precisa ser rápida,
eficaz e qualificada para prevenir complicações tardias e sequelas no paciente.
Sugere-se capacitação da equipe de enfermagem, além da organização de um
protocolo de acolhimento com classificação de risco e assistência de enfermagem
ao paciente com AVE atendido na emergência, de acordo com as diretrizes
propostas pelo Ministério da Saúde.
Palavras-chave: assistência de enfermagem,
administração dos cuidados ao paciente, acidente vascular encefálico,
tratamento de emergência.
Abstract
Nursing care to patients with stroke in the emergency department
Stroke is one of the major causes of attendances in hospital emergency
department. This study aimed to identify the nursing care to patients with
stroke in the emergency department. This is a qualitative, descriptive,
exploratory and field research. The study was conducted in a hospital in the
southern of Santa Catarina. The studied population was composed by 5 nurses
working in the researched hospital. Data analysis was carried out using content
analysis. Nursing care related to evaluation, follow-up of physiological
functions and drug administration should be rapid, efficient and qualified, in
order to prevent late complications and sequelae to the patient. We suggest
nursing staff qualification, in addition to an organization of a hosting
protocol with risk classification and nursing care to the patient with stroke
attending emergency department, in accordance with the guidelines proposed by
the Health Ministery.
Key-words: nursing
care, patient care management, stroke, emergency treatment.
Resumen
Atención de enfermería a pacientes con
accidente cerebrovascular en el departamento de
emergencia
El accidente
cerebrovascular (ACV) es una de las mayores causas de
atención en los servicio de urgencias hospitalario. Este estudio tiene como
objetivo identificar los cuidados a pacientes con ACV en el
departamento de emergencia. Se trata de una
investigación cualitativa, descriptiva, exploratoria y de campo. El estudio se
llevó a cabo en un hospital en sur de Santa Catarina. La población estudiada
fueron 5 enfermeros que trabajaban en el hospital del
estudio. Los datos de análisis se recolectaron a partir del
análisis de contenido. La atención de enfermería al
paciente referente a la evaluación, al seguimiento de funciones fisiológicas y
a la administración de medicamentos debe ser rápida, eficaz y de calidad, para
prevenir complicaciones tardías y secuelas al paciente. Se sugiere capacitación
del personal de enfermería, además de organización de
un protocolo de clasificación de riesgo y atención de enfermería al paciente
con ACV en la sala de emergencia, de conformidad con las directrices propuestas
por el Ministerio de la Salud.
Palabras-clave: atención, gestión
de atención al paciente, accidente cerebrovascular,
tratamiento de emergencia de enfermería.
O Acidente Vascular Encefálico (AVE)
é considerado uma doença silenciosa do século que tem maior impacto de
mortalidade e morbidade de doenças vasculares, constituindo a primeira causa de
incapacitação funcional no mundo e a primeira causa de morte no Brasil [1].
As doenças cerebrovasculares estão
no segundo lugar no topo de doenças que mais acometem vítimas com óbitos no
mundo, perdendo a posição apenas para as doenças cardiovasculares [2].
No
AVE
ocorre uma perda súbita do suprimento sanguíneo a uma parte do cérebro. Suas
complicações vão além de uma alta taxa de mortalidade, até um grande impacto
psicoemocional devido a sequelas neurológicas provocadas no paciente. Desta
forma, considera-se de suma importância a capacitação dos enfermeiros e da
equipe de enfermagem no processo de atendimento ao paciente com AVE no setor de
emergência [3].
O enfermeiro da
emergência destaca-se através da escuta da queixa e expectativas dos usuários;
identificando as vulnerabilidades e os riscos. Diante disso, percebe-se que a
equipe de enfermagem precisa ser amparada por um enfermeiro qualificado, para
realizar todos os procedimentos necessários diante da situação presenciada [4].
Estar na emergência
significa estar no ambiente de atendimento de urgência e emergência e nos
colocarmos em um dos mais difíceis e diversificados momentos de situações
opostas de saúde e doença com situações de ambiguidades de sentimentos emoções.
O trabalho do enfermeiro passa a envolver todos os aspectos no seu cotidiano,
observando cada paciente através de sua convivência, afetividade, integralidade
da assistência, proporcionando um clima de confiança, a fim de expressarem
muitas vezes suas apreensões e inquietudes, fazendo com que a situação
encontrada se torne menos traumática [5].
As doenças
cardiovasculares são frequentemente atendidas no setor de emergência, sendo o AVE considerado a primeira causa de incapacitação
funcional e morte no Brasil [1,6].
Diante deste panorama
surgiram inquietações referentes à assistência de enfermagem ao paciente com
AVE, pois o mesmo pode gerar complicações e sequelas no paciente, o que demanda
um atendimento eficaz e diferenciado dos enfermeiros. A partir desta realidade
resolveu-se conhecer os desafios enfrentados pelos enfermeiros frente a esses
pacientes acometidos por AVE no setor de emergência.
O artigo teve como
objetivo identificar de que forma ocorre à assistência de enfermagem frente ao
paciente com AVE no setor de emergência de um hospital do Extremo Sul
Catarinense.
Pesquisa de abordagem
qualitativa, descritiva, exploratória e de campo. O estudo foi desenvolvido em
um Hospital do Extremo Sul Catarinense. A população estudada foi composta de 5 enfermeiros da emergência do Hospital pesquisado. A
análise de dados foi realizada a partir da análise de conteúdo, através da
categorização dos dados [7].
Para preservar o
sigilo decorrente da aplicação das entrevistas realizadas com os enfermeiros,
de acordo com as diretrizes e normas regulamentadoras da Res. 466/12 [8] que
envolvem pesquisa com Seres Humanos, utilizou-se indicador alfanumérico (E1 a
E5). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNESC pelo
Projeto nº 780.068/2014.
Perfil
dos enfermeiros que atuam na emergência hospitalar
Dos enfermeiros
entrevistados quatro (04) são do sexo feminino, e um (01) do sexo masculino,
com idade entre 25 e 48 anos. O tempo de trabalho na profissão variou de 1 a 27
anos e no setor de emergência de 1 a 14 anos.
Quanto à
especialização, duas (02) enfermeiras realizaram pós-graduação em UTI, urgência
e emergência e uma delas apresenta também em Obstetrícia, um (01) enfermeiro
apresentou pós-graduação em saúde pública e metodologia da pesquisa, e duas
(02) não realizaram especialização até o momento.
Quadro
1 – Perfil dos enfermeiros que atuam na
emergência hospitalar.
Fonte - Dados da
pesquisa, 2014.
Capacitação
para atender pacientes com AVE no setor de emergência
O estudo apresentou
ponto negativo referente à capacitação dos enfermeiros, pois todos os
entrevistados responderam que não receberam capacitação para atender pacientes
que apresentam AVE no setor de emergência, sobretudo afirmaram que o
conhecimento que possuem se dá somente mediante suas práticas diárias e seus
embasamentos teóricos adquiridos na graduação.
Os profissionais de
enfermagem, sobretudo os enfermeiros, que atuam nos setores de emergência são
essenciais no processo de cuidar. É necessário que tenham competência,
destreza, cuidado holístico, criatividade e sensibilidade [9].
Considera-se
imprescindível a qualificação e atualização, específica e continuada, do
Enfermeiro para atuar no processo de classificação de risco e priorização da
assistência à saúde [10].
Portanto é de suma
importância que o enfermeiro tenha capacitação e qualificação específica para
atender pacientes que apresentam AVE, para que os mesmos possam desenvolver com
habilidade todas as situações encontradas, proporcionando ao paciente uma
possível diminuição das sequelas e o risco eminente de morte.
Os
tipos de AVE mais atendidos no setor de emergência
Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), “o AVE é uma síndrome clínica que consiste no
desenvolvimento rápido de distúrbios clínicos focais da função cerebral que
duram mais de 24 horas ou conduzem à morte sem outra causa aparente que não uma
de origem vascular” [6].
Dentre as principais
manifestações clínicas, os sinais neurológicos variam conforme a localização e
o tamanho da lesão cerebral. Na maioria dos casos os pacientes apresentam
dormência ou fraqueza da face, braço ou perna, principalmente em um lado do
corpo, apresentam também confusão ou alteração no estado mental, problema ao
proferir ou compreender a fala, distúrbios visuais, dificuldade em deambular,
perda do equilíbrio e cefaleia intensa [1].
Os acidentes
vasculares encefálicos podem ser divididos em duas categorias, como isquêmicos,
quando ocorre uma oclusão vascular e uma hipoperfusão significativa, e os
hemorrágicos, quando ocorre extravasamento de sangue para o cérebro ou para o
espaço subaracnóide [3].
De acordo com a
vivência dos entrevistados, todos relataram que o AVE
isquêmico ocorre com mais frequência no setor de emergência, confirmado com a
literatura, cujas pesquisas mostram que aproximadamente 80% dos AVCs são
causados por um baixo fluxo sanguíneo cerebral (isquemia) e outros 20% por
hemorragias intraparenquimatosas ou subaracnóideas [6,11].
No
AVE
isquêmico ocorre interrupção do fluxo sanguíneo, causado por estenose
carotídea, pelo estreitamento da carótida ou pela presença de coágulos
deslocados para o cérebro. Já, por sua vez, o AVE
hemorrágico ocorre quando há o extravasamento do sangue e subdivide-se em
Hemorrágico Intracerebral (sangramento de uma das artérias do cérebro para o
tecido cerebral) ou Hemorrágico Subaracnóideo (no qual a hemorragia se desloca
entre as meninges Pia-máter e a Aracnóide)[3].
Essa classificação se
torna de extrema importância, pois, segundo OMS, o risco de morte depende do
tipo de AVE. Em ambos, o atendimento adequado pode depender da extensão e do
local das lesões, determinante na reversibilidade do AVE
[3].
Protocolo
de acolhimento com classificação de risco
No Brasil os serviços
hospitalares, especialmente os setores de emergência têm se caracterizado cada
vez mais por longas filas de espera. De acordo com essa realidade, o Ministério
da Saúde tem reafirmado a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão
do SUS (Humaniza SUS), no qual faz parte o acolhimento com classificação de
risco, com o objetivo de melhorar a qualidade e agilidade de atendimento do
Sistema Único de Saúde [12].
Os enfermeiros
entrevistados citaram que não existe protocolo de acolhimento com classificação
de risco na urgência e emergência; no entanto, segundo os enfermeiros E1 e E2,
existe projeto para implantação do protocolo.
E1
A E2: “Não existe, mas já possui projeto para implantação”.
E3
a E5: “Não”.
Um desafio citado
pelo estudo é a implantação do acolhimento com classificação de risco cujo
projeto já foi realizado, aguardando aprovação. Devido ao aumento da demanda
dos atendimentos, muitos pacientes não sabem como se dirigir até a sala de
emergência ou, muitas vezes, são encaminhados sem ter necessidade de
atendimento imediato.
O
acolhimento com classificação de risco na emergência
Ao questionar os
enfermeiros de que forma é realizado o acolhimento com classificação de risco
E1, E2 e E5 relataram que são as recepcionistas que encaminham os pacientes
determinando o grau de complexidade de cada indivíduo, e os demais entrevistados
E3 e E4 referiram que estes pacientes quando dão entrada na emergência vêm
acompanhados dos bombeiros ou de serviço de atendimento móvel de urgência
(SAMU).
E1:
“A recepcionista encaminha direto para a sala de emergência de acordo com a
apresentação dos sintomas emergenciais”.
E2:
“Existem duas portas na recepção, uma entrada para a recepcionista, outra para
a emergência. Alguns pacientes vão até a recepcionista
referindo o problema, outros se dirigem a sala de emergência”.
E5:
“A recepcionista encaminha até a sala de emergência”.
E3:
“Geralmente os pacientes com AVE vêm acompanhados dos bombeiros ou SAMU, daí
encaminhados diretamente à sala de emergência”.
E4:
“Bombeiros e SAMU transportam até a sala de emergência”.
A classificação de
risco e correspondente priorização do atendimento em Serviços de Urgência
caracterizam-se como um processo complexo, que demanda competência técnica e
científica em sua execução. O processo de acolhimento e classificação de risco
é considerado como parte do sistema de humanização da assistência, objeto de
padronização do Ministério da Saúde [10].
A metodologia
internacionalmente reconhecida para classificação de risco (Protocolo de
Manchester) prevê que o usuário seja acolhido por uma equipe que definirá o seu
nível de gravidade e o encaminhará ao atendimento específico de que necessita
[10].
O acolhimento no
setor de emergência deve ser realizado pelo enfermeiro, através da humanização,
garantindo acesso a todas as pessoas. Diz respeito ainda à escuta qualificada
de problemas de saúde do usuário, visando fornecer sempre uma resposta positiva.
Já a classificação de risco implica a agilidade do atendimento mediante a
aplicação de um protocolo que determina o grau da necessidade do usuário,
conforme a complexidade e não a ordem de chegada [12].
Segundo a Resolução
COFEN nº 423/2012 [10], no âmbito da equipe de Enfermagem, a classificação de
risco e priorização da assistência em Serviços de Urgência é privativa do
Enfermeiro, observada as disposições legais da profissão. Para executar a
classificação de risco e priorização da assistência, o enfermeiro deverá estar
dotado dos conhecimentos, competências e habilidades que garantam rigor
técnico-científico ao procedimento [10].
Assistência
de enfermagem frente ao paciente com AVE
Foram citados por
todos os profissionais que a assistência de enfermagem ao paciente que dá
entrada na emergência está relacionada inicialmente aos aspectos biológicos dos
pacientes, como avaliação e monitorização das funções fisiológicas e
administração de medicamentos.
E1:
“Primeiramente verifica-se os sinais vitais, punciona-se acesso venoso,
verifica-se se o paciente já apresenta alguma patologia, monitora-se, e após
atendimento médico agenda-se a tomografia”.
E2:
“Estabiliza-se o paciente com acesso venoso, monitorização cardíaca, após atendimento
médico seguir cuidados específicos para a patologia”.
E3:
“Acesso venoso periférico, administrar drogas CPM, fornecer materiais adequados
conforme solicitação”.
E4:
“Verifica-se sinais vitais, punciona-se acesso venoso de grosso calibre, realiza-se
glicemia capilar, e deve-se ficar atento a todos os sinais e sintomas
apresentados”.
E5:
“Verifica-se sinais vitais, acesso venoso periférico, sondagem (SN), comunicar
o laboratório se forem solicitados exames, acomodar paciente no leito”.
A avaliação inicial e
assistência de enfermagem ao paciente que apresenta AVE no setor emergência
deverão ser realizadas pelo enfermeiro e deve-se enfocar na avaliação das vias
aéreas, circulação, respiração, sinais vitais e exame neurológico [1,13].
Na maioria dos casos,
os indivíduos com AVE procuram a emergência para a realização de investigações
acerca da origem, gravidade e grau de comprometimento das funções corporais,
para posteriormente, realizarem o tratamento e prevenção das possíveis sequelas
[14]. Portanto, quanto mais cedo se inicia o processo de reabilitação, maiores
serão as chances de o indivíduo ter uma recuperação rápida e completa,
favorecendo seu prognóstico.
A reabilitação é uma
das inúmeras funções da enfermagem, que busca no indivíduo a independência para
a realização do autocuidado. A habilidade para realizá-lo é frequentemente a
chave para a independência, para o retorno ao lar e para sua vida comunitária
[14].
Considera-se
importante informar aos pacientes acometidos por AVE que poderá haver
recuperação total ou parcial, porém essa evolução dependerá de alguns fatores,
tais como, a extensão, o local da lesão cerebral, a idade, e o tempo que levou
para ser prestado o atendimento de emergência.
Além dos cuidados
emergenciais e aqueles durante o período de internação, alguns estudos revelam
que o adequado planejamento da alta hospitalar pode favorecer a melhoria da
qualidade, da continuidade do tratamento, devido à maioria dos pacientes
necessitarem de um cuidado domiciliar posteriormente [14].
A enfermagem tem se
destacado como uma profissão de importante proximidade com o paciente e, por
isso, é responsável por um olhar holístico no processo de cuidar. Sob esta
percepção é de suma importância que o enfermeiro ofereça todo o suporte e
assistência de enfermagem, desde a promoção de saúde até sua reabilitação [15].
Relacionado à
assistência de enfermagem diante de algumas alterações apresentadas devido a
sequelas do AVE, principalmente o controle muscular e
a sensibilidade corpórea, orienta-se o paciente que deve manter um
posicionamento anatômico correto, fazer uso de almofadas e travesseiros, pois o
posicionamento inadequado pode gerar desconforto e dor. Além disso, orienta-se
também que faça alongamentos, com a finalidade de manter a amplitude de
movimentação dos membros, porém estar atento quanto à prevenção de possíveis
quedas, se necessário inicialmente fazer uso de andador e bengala [14].
Portanto o enfermeiro
deve ser capaz de reconhecer os sintomas neurológicos que sugerem AVE e
rapidamente analisar o tempo inicial dos sintomas, até que se tenha um
atendimento e um diagnóstico médico.
Diante deste
panorama, o enfermeiro deve estar apto e atualizado para atender os pacientes
frente a esta situação [1].
Facilidades
e dificuldades encontradas no atendimento ao paciente com AVE
Os enfermeiros
citaram como facilidades a unidade de estabilização associado aos recursos
materiais e medicações. O enfermeiro E2 ainda citou a equipe de enfermagem como
facilidade para o atendimento ao paciente com AVE.
E1:
“Facilidades: Possuem quase todos os recursos, como aparelhos, medicações”.
E2:
“Facilidades: Possui uma unidade de estabilização ampla, com ventiladores
mecânicos, bombas de infusão, monitor cardíaco, equipe de enfermagem (técnico e
enfermeiro)”.
E3:
“Facilidades: Boas referências para transferência, disponibilização de todas as
medicações necessárias para o atendimento”.
E4:
“Facilidades: Oferta de aparelhos, como oxigênio, oxímetro, e medicações”.
E5:
“Facilidades: Unidade de estabilização, como monitores, respiradores,
medicações”.
A maioria dos
enfermeiros considera como dificuldades a transferência do paciente para o
hospital de referência, a exceção do enfermeiro 3 que
destaca a inexperiência médica:
E1:
“Dificuldades: Transportar paciente para hospital de referência
(disponibilização de funcionários do hospital para acompanhamento +
transporte)”.
E2:
“Dificuldades: Transferência quando necessário (vagas no hospital de referência
+ funcionários para acompanhar paciente e transporte que irá transportar)”.
E3:
”Dificuldades: Inexperiência médica em alguns atendimentos”
E4:
”Dificuldades: Transferência de paciente quando necessário”.
E5:
“Dificuldades: Transferência dos pacientes para hospital de referência”.
O tratamento adequado
e inicial para o paciente com AVE seria salvar o máximo possível da área
isquêmica atingida, se possível deverá ser iniciado dentro da janela
terapêutica até três horas do início dos sinais e sintomas apresentados. Já o
objetivo do tratamento do AVE hemorrágico é permitir
que o cérebro recupere sua lesão inicial para prevenir um novo sangramento [6].
O tratamento
recomendado consiste na utilização das novas tecnologias na fase aguda,
seguindo rigorosos protocolos de segurança, que devem ser seguidas por equipe
multidisciplinar coordenada e treinada. Essas unidades devem dispor de
equipamentos como a tomografia computadorizada, ressonância magnética,
ecodoppler, suporte de transporte, exames laboratoriais, além de ações
educativas contínuas para profissionais de saúde e população [6].
Orientações
prestadas aos pacientes e familiares durante o atendimento e após alta
hospitalar
De acordo com o grau
de comprometimento da lesão, o paciente poderá desenvolver diversas
complicações, como alterações comportamentais cognitivas, disfasia, constipação
intestinal, epilepsia vascular, depressão e outras implicações decorrentes da
imobilidade e acometimento muscular [6].
Diante das
orientações prestadas aos pacientes e familiares, durante o atendimento e após
a alta hospitalar, percebeu-se que os profissionais em estudo realizaram suas
orientações sobre a conduta adequada, expondo de que maneira o atendimento deve
ser seguido conforme o estado em que o paciente se encontra.
E1:
“Sobre os cuidados de saúde e de reabilitação que o paciente irá necessitar de
acordo com a situação, como a importância da realização de fisioterapia.
Orientar também sobre o apoio da secretaria de saúde do município de referência
no cuidado domiciliar”.
E2:
“Sobre os cuidados que deverá seguir como higiene, locomoção, mudança de
decúbito e fisioterapia”.
E3:
“Orientar para manter repouso no leito, procurar serviços de fisioterapia,
nutrição e também orientar a procurar se necessário a
secretaria de saúde para acompanhamento do caso ’’.
E4:
’’Orientar sobre a higiene e conforto / higiene oral, cuidados com sonda
nasogástrica ou nasoenteral (SN), cuidados com área de pressão, realizar
mudança de decúbito ’’.
E5:
“Orientações conforme o estado em que o paciente se encontra como deglutição,
higiene, locomoção, fisioterapia, mudança de decúbito”.
Vale ressaltar que,
na maioria das vezes, para que o paciente possa ter uma melhor recuperação e
qualidade de vida, é fundamental que ele seja analisado e acompanhado por uma
equipe multidisciplinar de profissionais da saúde, além dos cuidados de enfermagem,
com médico neurologista, fisioterapeuta, nutricionista, terapeuta ocupacional e
psicólogo. Por isso, reforçou-se a necessidade de orientação quanto aos
serviços de atenção básica encontrados na secretaria de saúde do município para
acompanhamento domiciliar.
Sugestão
sobre o tema – Assistência de enfermagem frente ao paciente com AVE
As sugestões
ressaltadas pela maioria dos entrevistados foram relacionadas à necessidade de
capacitações para os profissionais atuantes na emergência, já que o estudo
referiu déficit de uma educação continuada.
E2:
“Cursos de extensão para qualificar melhor os profissionais de enfermagem”.
E3:
“Capacitação para equipe de enfermagem”.
E4:
“Capacitação para os profissionais de enfermagem”.
E5:
“Capacitação para os enfermeiros”.
Somente um enfermeiro
(E1), citou como importância, uma política de prevenção aos acidentes
vasculares encefálicos: E1: “Sobre uma política de prevenção relacionada à
patologia”.
A Linha do Cuidado do
AVC, instituída pela Portaria MS/GM nº 665, de 12 de abril de 2012, e parte
integrante da Rede de Atenção às Urgências e Emergências, propõe uma
redefinição de estratégias que deem conta das necessidades específicas do
cuidado ao AVC [2].
Os serviços de saúde
autorizados a prestar assistência aos pacientes acometidos por AVC no âmbito do
SUS deverão observar a Linha de Cuidados em AVC e o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Acidente Vascular Cerebral
Isquêmico Agudo, instituído por meio da Portaria nº 664/GM/MS, de 12 de abril de
2012 [16]. Ainda recomenda-se ao serviço de emergência basear-se no
protocolo descrito no Manual de Rotinas para atenção ao AVC [17].
O
AVE
é uma das maiores causas de atendimentos no setor de emergência hospitalar,
destacando-se o AVE isquêmico como o de maior frequência.
A assistência de
enfermagem rápida, eficaz e qualificada previne complicações tardias e sequelas
no paciente. A orientação ao paciente e seus familiares é essencial para o
processo de recuperação e diminuição da ansiedade dos mesmos, objetivando
diminuição das complicações e sequelas.
Os enfermeiros
citaram como facilidades a unidade de estabilização associada aos recursos
materiais, medicações e a equipe de enfermagem. Já como dificuldades ressaltaram
a transferência do paciente para o hospital de referência e a inexperiência
médica em alguns atendimentos.
As sugestões
ressaltadas pela maioria dos entrevistados foram relacionadas à necessidade de
capacitações para os profissionais atuantes na emergência e a necessidade de
uma política de prevenção aos acidentes vasculares encefálicos.
Os enfermeiros não
receberam capacitação para atender pacientes que apresentam AVE no setor de
emergência, desta forma, sugere-se capacitação da equipe de enfermagem sobre as
temáticas:
A partir da
capacitação da equipe de enfermagem, o enfermeiro deve realizar o acolhimento
com classificação de risco aos pacientes com AVE na emergência segundo
diretrizes estabelecidas pelo Conselho Federal de Enfermagem.
Sugere-se um
aprofundamento da pesquisa com a organização e de um protocolo de acolhimento
com classificação de risco e assistência de enfermagem ao paciente com AVE
atendido na emergência, de acordo com as diretrizes fundamentadas pelo
Ministério da Saúde.
Faz-se necessário que
o enfermeiro juntamente com a equipe de enfermagem devem orientar o paciente e
seus familiares e cuidadores acerca de informações fundamentais que culminam na
realização de uma assistência integral, promovendo uma melhor qualidade de vida
aos pacientes que tiveram comprometimento neurológico.