Enferm Bras 2022;21(6):800-11

doi: 10.33233/eb.v21i6.5040

REVISÃO

Dificuldades no acompanhamento pré-natal em tempos de COVID-19

 

Elayne da Silva de Oliveira*, Juliete Lemos Ferreira*, Amanda Larissa Gomes Bonfim Oliveira*, Marília Gabriela Nascimento Souza*, Juliana Rique**, Fernanda da Mata Vasconcelos Silva***

 

*Discente da Graduação em Enfermagem da Faculdade Estácio, Recife, PE, **Enfermeira Sanitarista, Prefeitura da Cidade do Recife, Recife, PE, ***Enfermeira, Doutoranda em Enfermagem pela Universidade de Pernambuco, Recife, PE

 

Recebido em 17 de dezembro de 2021; Aceito em 15 de outubro de 2022.

Correspondência: Fernanda da Mata Vasconcelos Silva, Rua Vicente do Rego Monteiro,292, 50630-710 Recife PE

 

Elayne da Silva de Oliveira: elayne.sil09@hotmail.com

Juliete Lemos Ferreira: lemosjuliete@yahoo.com

Amanda Larissa Gomes Bonfim Oliveira: amandalarissa16@hotmail.com

Marília Gabriela Nascimento Souza: mariliagabriela774@hotmail.com

Juliana Rique: juliana@rique.com.br

Fernanda da Mata Vasconcelos Silva: nandadamata34@gmail.com

 

Resumo

Introdução: Em 2020, o Brasil registrou 560 óbitos de gestantes por COVID 19; em 2021, já são 1.156, mais do que o dobro do ano anterior. Objetivo: Elencar as principais dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na assistência pré-natal em tempos de COVID-19. Métodos: Revisão integrativa da literatura realizada nas bases da Directory of Open Access Journals (DOAJ), Banco de Dados em Enfermagem (BDEnf), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), Web of Science e SCOPUS através do cruzamento dos descritores “cuidado pré-natal”, “enfermagem obstétrica” e “infecção por coronavírus”. Resultados: O cruzamento dos descritores foi realizado e 181 artigos foram encontrados. Após aplicação dos critérios de inclusão e leitura crítica dos artigos, cinco respondiam a pergunta de pesquisa e foram selecionados para amostra. Analisando a situação mundial depois da COVID-19, as pessoas já não são mais as mesmas do ponto de vista psíquico, e com as gestantes não seria diferente, a angústia, a ansiedade e a depressão se tornaram mais comuns em todos os ambientes sociais. Nesse ambiente, ter uma assistencia pré-natal é imprescindível na redução de danos. Conclusão: Portanto, sente-se a necessidade de mais contribuições científicas com este foco, para que haja argumentos em que todos os profissionais estejam envolvidos, incluindo um ponto de vista único visando amenizar as dificuldades dos enfermeiros na assistência pré-natal.

Palavras-chave: cuidado pré-natal; enfermagem obstétrica; COVID-19.

 

Abstract

Difficulties in prenatal monitoring in times of COVID-19

Introduction: In 2020, Brazil recorded 560 deaths of pregnant women by COVID19; in 2021, there are already 1,156, more than double the previous year. Objective: To list the main difficulties faced by nurses in prenatal care in times of COVID-19. Methods: Integrative literature review carried out in the databases of the Directory of Open Access Journals (DOAJ), Database on Nursing (BDENF), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), Web of Science and SCOPUS through the crossing of the descriptors "prenatal care”, “obstetric nursing” and “coronavirus infection”. Results: The crossing descriptors were performed and 181 articles were found. After applying the inclusion criteria and critically reading the articles, five studies answered were selected. Analyzing the world situation after COVID-19, people are no longer the same from a psychic point of view, and with pregnant women it would be no different, anguish, anxiety and depression have become more common in all social environments. In this environment, having prenatal care is essential in harm reduction. Conclusion: Therefore, there is a need for more scientific contributions with this focus, so that there are arguments in which all professionals are involved, including a single point of view aimed at alleviating the difficulties of nurses in prenatal care.

Keywords: prenatal care; obstetric nursing; COVID-19.

 

Resumen

Dificultades en el control prenatal en tiempos de COVID-19

Introducción: En 2020, Brasil registró 560 muertes de gestantes por COVID19; en 2021 ya son 1.156, más del doble que el año anterior. Objetivo: Enumerar las principales dificultades que enfrentan las enfermeras en la atención prenatal en tiempos de COVID-19. Métodos: Revisión integrativa de la literatura realizada en las bases de datos del Directory of Open Access Journals (DOAJ), Database on Nursing (BDENF), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), Web of Science y SCOPUS mediante el cruce de los descriptoresatención prenatal”, “enfermería obstétrica” e “infección por coronavirus”. Resultados: Los descriptores fueron cruzados y se encontraron 181 artículos. Después de aplicar los criterios de inclusión y leer críticamente los artículos, cinco respondieron la pregunta de investigación y fueron seleccionados para la muestra. Analizando la situación mundial posterior al COVID-19, las personas ya no son las mismas desde el punto de vista psíquico, y con las mujeres embarazadas no sería diferente, la angustia, la ansiedad y la depresión se han vuelto más comunes en todos los entornos sociales. En este ambiente, tener cuidado prenatal es fundamental en la reducción de daños. Conclusión: Por lo tanto, existe la necesidad de más contribuciones científicas con este enfoque, para que existan argumentos en los que todos los profesionales estén involucrados, incluyendo un punto de vista único para aliviar las dificultades de los enfermeros en la atención prenatal.

Palabras-clave: atención prenatal; enfermería obstétrica; COVID-19.

 

Introdução

 

No início de dezembro de 2019, foram identificados os primeiros casos de infecção causado pelo novo Coronavírus na cidade de Wuhan, capital de Hubei província da China, todos os casos de contágio estão ligados a um mercado de frutos do mar também em Wuhan [1]. A doença rapidamente se espalhou por toda província chinesa e já alcançava 185 outros países em 1º de março de 2020. Mesmo com as medidas de contenção do governo chinês a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, no dia 30 de janeiro de 2020, estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) e logo em seguida no dia 11 de março de 2020 se caracterizou como pandemia [2]. Dados divulgados por Johns Hopkins Coronavirus Resource Center contabilizam 253.442.315 de casos confirmados e um total de 5.103.223 de mortes no Mundo. Na data de 15 novembro de 2021 o Brasil registra 21.957.967 de pessoas que testaram positivo para doença e 611.283 mortes por COVID-19 [3].

O coronavírus tem um grande poder de contágio podendo ser transmitido de pessoa a pessoa por gotículas respiratórias. Para diminuir as consequências que o coronavírus vem trazendo, medidas restritivas foram impostas à população como: uso de máscaras, distanciamento social, lavagem das mãos, uso do álcool 70%, entre outras, para que se possa evitar a contaminação generalizada dos indivíduos, superlotando os sistemas de saúde, e sobrecarregando os profissionais da área de tal forma que falte atendimento adequado aos pacientes [4,5]. Foram selecionados grupos de risco para uma atenção direcionada, incluindo: idosos, pneumopatas, portadores de doenças crônicas, obesidade, e as gestantes no grupo de risco para COVID-19 devido ao grande risco de morbimortalidade [5].

Alguns estudos feitos no início da pandemia não classificaram gestantes como grupo de risco para complicações e morte, esta ação deve ter ocorrido pelo fato da baixa frequência de gestantes na China, país de origem do vírus, e nos países asiáticos como Japão, Coreia do Sul e Singapura que foi onde o vírus se estendeu. Espanha e Itália foram os países europeus inicialmente mais acometidos, são países com poucas gestantes. Por este motivo, séries e revisões publicadas nos primeiros meses da pandemia não tinham dados suficiente para relatar complicações graves da doença em gestantes [6].

Em 2020, o Brasil registrou 560 óbitos de gestantes por COVID19, em 2021, já são 1.156, mais do que o dobro do ano anterior [7]. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) divulgou um estudo que constatou um aumento nas mortes de gestantes e puérperas em 12 países desde o início da pandemia. Este cenário está relacionado às alterações morfológicas da gestante. A orientação em saúde para esse público deve ser realizada de acordo com cada estágio do ciclo gravídico-puerperal, pois a cada mês gestacional ocorrem mudanças que variam de semana a semana. Por se tratar de uma doença recente, ainda não há evidências cientificas comprovadas para adotar condutas ou protocolos definitivos [8].

A assistência pré-natal apresenta inúmeros benefícios que vão desde êxito no processo de parto e nascimento até melhoras nos índices de morbimortalidade materna e perinatal. Segundo Buheji e Buhaid [9], o enfermeiro ocupa um lugar de destaque na atenção ao pré-natal, pois possui conhecimentos sobre prevenção e promoção a saúde, podendo auxiliar na área educativa colocando em prática suas habilidades como profissional da área. O atendimento na Atenção Primária à Saúde (APS) sofre constantes alterações e os profissionais enfrentam desafios cada vez maiores, por isso é importante planejar novas estratégias de atendimento diante do novo coronavírus [7].

Diante disso, este trabalho tem como objetivo principal elencar as principais dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na assistência pré-natal em tempos de COVID-19, e como objetivos secundários avaliar a atuação do enfermeiro frente a assistência prestada no atendimento pré-natal; desvelar as dificuldades encontradas na assistência pré-natal diante da pandemia do Novo Coronavírus Humano; analisar o impacto da qualidade de atendimento do enfermeiro e descrever os impactos causados pela dificuldade na assistência.

 

Métodos

 

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura desenvolvida a partir de critérios metodológicos que percorreram as seguintes etapas: elaboração da questão norteadora e objetivo do estudo; definição de critérios de inclusão e exclusão das produções científicas; busca de estudos científicos nas bases de dados e bibliotecas virtuais; análise e categorização das produções encontradas; resultados e discussão dos achados [10].

Para o levantamento da questão norteadora, utilizou-se a Estratégia PICO [11], como definido no quadro 1.

 

Quadro 1 - PICO

 

Desta forma, definiu-se a seguinte questão norteadora da pesquisa: “Quais as dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na assistência pré-natal em tempos de COVID-19?”. O levantamento de dados foi realizado nas seguintes bases: Directory of Open Access Journals (DOAJ), Banco de Dados em Enfermagem (BDEnf), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), Web of Science e SCOPUS. A escolha destas bases se deu por atingirem referências técnico-científicas nacionais e internacionais em periódicos conceituados da área da saúde.

Para seleção dos artigos, foram utilizados como critérios de inclusão: ser artigo científico original, disponíveis na íntegra, com delimitação atemporal, publicado em português, inglês ou espanhol que respondessem à pergunta condutora do estudo. Justifica-se o estudo atemporal uma vez que a identificação do vírus é recente (2019).

Como critérios de exclusão foram consideradas as literaturas cinzas, editoriais, monografias, dissertações, teses estudos de reflexão, artigos de revisão bem como publicações repetidas em mais de uma base de dados, além dos artigos que não respondem à questão condutora do estudo.

A seleção dos estudos seguiu as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyse (PRISMA) nas quais os artigos encontrados nas bases de dados foram avaliados quanto aos critérios de Identificação, Seleção, Elegibilidade e Inclusão [12].

Os artigos foram selecionados através do cruzamento dos Medical Subject Headings (MeSH): “Coronavirus Infections”, “Prenatal Care” e “Obstetric Nursing” e seus respectivos termos nos Descritores em Ciências da Saúde (DECs) e Espanhol. Os termos foram combinados de forma conjunta e individual com os operadores boleanos AND e OR, para que possíveis diferenças fossem corrigidas.

 

 

Figura I - Fluxograma da seleção dos estudos segundo o Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA 2015) [12]. Recife (PE), Brasil, 2021 

 

A coleta de dados foi realizada em setembro de 2021, utilizando uma busca por pares, ou seja, dois pesquisadores realizaram a busca de forma separada para validar a seleção final dos estudos selecionados para amostra. Inicialmente foram eliminados, através da leitura de títulos e resumos, as pesquisas que apresentavam duplicidade. Destas pesquisas que foram pré-selecionadas, realizou-se a leitura na íntegra, com o objetivo de verificar quais pesquisas atenderiam a questão norteadora e aos critérios de inclusão/exclusão. Construiu-se então a amostra final com estudos pertinentes aos critérios pré-estabelecidos (Figura 1).

Foi aplicado o nível de evidência de acordo com a Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ) nos trabalhos encontrados na coleta de dados, conforme é mostrado a seguir: Nível I - Metanálise de múltiplos estudos controlados; Nível II - Estudos individuais com delineamento experimental; Nível III - Estudo com delineamento quase-experimental como estudo sem randomização com grupo único pré e pós-teste, séries temporais ou caso-controle; Nível IV - Estudo com delineamento não-experimental como pesquisa descritiva correlacional e qualitativa ou estudos de caso; Nível V - Relatório de casos ou dados obtidos de forma sistemática, de qualidade verificável ou dados de avaliação de programas; Nível VI - Opiniões de autoridades respeitáveis baseada na competência clínica ou opinião de comitês de especialistas, incluindo interpretações de informações não baseadas em pesquisas [13]. 

Após a aplicação dos critérios mencionados, os trabalhos foram classificados quanto a sua qualidade e possibilidade de viés reduzida, e quanto mais próximo do primeiro nível melhor a sua classificação. A utilização desses critérios reflete maior rigor metodológico aos artigos de revisão [13].

Com o intuito de facilitar a visualização das publicações selecionadas nesta pesquisa foram criadas tabelas que contêm todos os dados obtidos de forma descritiva.

 

Resultados e discussão

 

Após a leitura dos artigos que foram encontrados, ficaram apenas os que atendiam aos critérios estabelecidos para inclusão e exclusão descritos no método.

Na tabela I, os estudos estão dispostos evidenciando, seus títulos, autores, anos de publicação, delineamento, local e idioma. Dos artigos, 40% eram internacionais (n = 2), publicados em inglês, no ano 2020 e 2021. Três artigos eram nacionais e publicados em português, no ano de 2020 e 2021.

 

Tabela I - Resultados encontrados nos estudos de acordo com título, base de dados, autores, ano de publicação, delineamento, local e idioma. Recife/PE, Brasil, 2021

 

Fonte: Autoral, 2021

 

Após a leitura dos artigos selecionados manualmente, os estudos foram distribuídos em recortes temáticos, classificando o conhecimento produzido sobre o tema, em níveis de evidência [13], predominantemente nível IV- Estudo com delineamento não-experimental como pesquisa descritiva correlacional e qualitativa ou estudos de caso. Os principais achados, dispostos nos objetivos e conclusões, estão diretamente associados às dificuldades do enfermeiro na assistência pré-natal, como descrito na Tabela II.

 

Tabela II - Resultados encontrados nos estudos de acordo com os níveis de evidências, objetivos e conclusões. Recife/PE, Brasil, 2021

 

Fonte: Autoral, 2021

 

Analisando a situação mundial depois da COVID-19, as pessoas já não são mais as mesmas do ponto de vista psíquico, e com as gestantes não seria diferente, a angústia, a ansiedade e a depressão se tornaram mais comuns em todos os ambientes sociais. Nesse ambiente, ter uma assistência pré-natal é imprescindível na redução de danos. E é nesse momento que o profissional de enfermagem se torna indispensável, pois o mesmo vai atuar orientando, acompanhando e cuidando das gestantes que estão frequentando a unidade básica de saúde por conta da sua condição [14].

Wu et al. [17] e Burgess et al. [19] realizaram uma coleta de dados de forma online com foco em mulheres do ciclo gravídico sobre os desafios durante o atendimento pré-natal durante o ano de 2020. Nessa pesquisa se constatou que cerca de 40% das mulheres tinham medo de ir às consultas de acompanhamento pré-natal, enquanto 20% temiam qualquer consulta hospitalar. Mais da metade desse público entrevistado decidiu cancelar todas as consultas de acompanhamento gestacional. Diante disso, percebe-se que as gestantes estavam cada vez mais ansiosas com o risco de infecção por coronavírus, diminuindo assim o número de consultas previstas para esta fase.

Para Fryer et al. [15] um dos grandes desafios enfrentados, durante a pandemia COVID-19, foi o aumento de casos em alta velocidade sobrecarregando as capacidades do sistema de saúde mundial em termos de instalações, equipe e suprimentos, devido a esse desafio os provedores foram forçados a considerar uma nova maneira de atendimento, a modalidade online.

Essa modalidade trouxe comodidade, pois a gestante pode ter acompanhamento em qualquer lugar que tenha acesso à internet, sendo sempre acompanhada por profissionais de saúde qualificados. Segundo Fryer et al. [15], a implementação da telessaúde, a oferta de serviços de atenção à saúde, em situações críticas geográficas, sociais e/ou locais, pode proporcionar mais segurança tanto a gestante quanto ao profissional de saúde e pode reduzir os custos relacionados à saúde e seu tempo já que não precisará se locomover até os consultórios de atendimento. Há uma necessidade enorme em disponibilizar modelos de atenção pré-natal adequados para que as gestantes possam ter acesso às consultas com facilidade e assim venham prevenir as complicações do atual cenário pandêmico.

Dulfe et al. [18] relatam que os protocolos, regras e logísticas de cada unidade de saúde não poderiam permanecer estáticos, durante o período de COVID-19, necessitando de adaptações e implementações de novas normas de atendimento, sendo necessária a capacitação dos profissionais de saúde. Apesar da extrema importância dessa ação, a utilização do tempo útil para essa capacitação repentina dificultou a atuação dos profissionais de saúde, pois eles tiveram que parar suas atividades de rotina para um momento de aprendizagem comprometendo assim as gestantes que necessitam da atenção dos profissionais da unidade [16]. Devido à demanda de pacientes contaminados e a quantidade de mortes por coronavírus, foram relatados vários afastamentos de enfermeiros e outros profissionais da área, obrigando as gestantes, que são do grupo de risco, a interromperem o atendimento pré-natal, cancelando suas consultas nas unidades de saúde.

Os enfermeiros têm um trabalho complicado e estressante, devido a falta de recursos, insumos, longas jornadas de trabalho e desvalorização salarial, tornando-os desmotivados a cumprir seu papel. Esse fato pode dificultar a busca por literaturas que os capacitem e abordem a autonomia do profissional de enfermagem. Em contrapartida é possível observar a escassez literária sobre o assunto, que pode estar relacionada com a falta de procura e a constante luta por valorização profissional consumindo tempo e desgastando o pesquisador da área [20].

 

Conclusão

 

Este estudo possibilitou identificar as consequências que a pandemia da COVID-19 trouxe para o atendimento pré-natal realizado pelos profissionais de enfermagem e para saúde das gestantes. Nessa visão, é necessário que medidas sejam tomadas para promover um atendimento pré-natal de qualidade e a redução do impacto da pandemia na saúde gestacional.

O atendimento à gestante realizado pelo enfermeiro é fundamental para promover educação em saúde e reduzir o índice de morbidade e mortalidade.

Porém, há exiguidade de pesquisas e estudos que venham dar importância as dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros no atendimento as gestantes em tempos de pandemia. Os estudos selecionados para amostra apresentam limitações como: tamanho amostral pequeno, unicêntricos, falta de randomização e diferentes sistemas de comparação. Portanto, sente-se a necessidade de mais contribuições cientificas com este foco, para que haja argumentos em que todos os profissionais estejam envolvidos, incluindo um ponto de vista único visando amenizar as dificuldades dos enfermeiros na assistência pré-natal.

 

Conflitos de interesse 

Não houve

 

Fontes de financiamento

Financiamento próprio

 

Contribuição dos autores

Concepção e desenho da pesquisa: Oliveira ES, Ferreira JL, Silva FMVS; Coleta de dados: Oliveira ES, Ferreira JL, Oliveira ALGB, Souza MGN, Rique J; Análise e interpretação dos dados: Oliveira ES, Ferreira JL, Oliveira ALGB, Souza MGN, Rique J; Redação do manuscrito: Oliveira ES, Ferreira JL, Oliveira ALGB, Souza MGN, Rique J, Silva FMVS; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Rique J, Silv, FMVS

 

Referências

 

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