Enferm Bras.
2023;22(3):277-91
ARTIGO
ORIGINAL
Sexualidade
do idoso: conhecimento e atitude de acadêmicos de enfermagem
Alexandra
de Souza Paiva1, Rose de Fátima da Costa Miranda1, Dayara de Nazaré Rosa de Carvalho2, Fernando
Conceição de Lima2, Letícia Gomes de Oliveira3, Viviane
Ferraz Ferreira de Aguiar4
1Centro Universitário Metropolitano da
Amazônia, Bélem, PA, Brasil
2Universidade do Estado do Pará, Bélem, PA, Brasil
3Instituto Evandro Chagas, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde, Belém, PA, Brasil
4Universidade Federal do Pará, Bélem, PA, Brasil
Recebido
em: 15 de março de 2022; Aceito em: 14 de abril de 2023.
Correspondência: Leticia Gomes de Oliveira, gomes_15_letici@hotmail.com
Como citar
Paiva AS, Miranda RFC, Carvalho DNR, Lima
FC, Oliveira LG, Aguiar VFF. Sexualidade do idoso: conhecimento e atitude de acadêmicos
de enfermagem. Enferm Bras. 2023;22(3):277-91. doi: 10.33233/eb.v22i3.5132
Resumo
Objetivo: Avaliar o conhecimento e atitude dos
acadêmicos de enfermagem em relação à sexualidade do idoso. Métodos:
Estudo descritivo e quantitativo. Utilizou-se um formulário sobre a
caracterização social e acadêmica do estudante e a escala ASKAS (Aging Sexual Attitudes and Knowledge Scale).
Resultados: A média de idade é de 32 ± 8 anos, maioria do sexo feminino
87 (83,7%) e solteiro 60 (57,7%). A maioria dos estudantes desenvolveu
atividades com os idosos sobre a sexualidade, atuou na área da gerontologia e
acha que a temática deveria ser mais discutida. Avaliação do ASKAS Conhecimento
e Atitude conforme o sexo não apresentou reais diferença, conhecimento por
semestres mostraram maiores diferenças entre o 3º (mediana = 65 pontos) e 10º
semestre (mediana = 75 pontos), e atitude conforme os semestres identificaram
desempenho igual entre os estudantes. Conclusão: Espera-se que os
resultados permitam identificar as fragilidades nas grades curriculares dos
cursos em relação a sexualidade idoso.
Palavras-chave: idoso; sexualidade; estudantes de
enfermagem.
Abstract
Sexuality of the elderly: knowledge and attitude of
nursing students
Objective: To evaluate the knowledge and
attitude of nursing students in relation to the sexuality of the elderly. Methods:
Descriptive and quantitative study. A form was used on the social and academic
characterization of the student and the ASKAS (Aging Sexual Attitudes and
Knowledge Scale) scale. Results: The mean age is 32 ± 8 years, majority
female 87 (83.7%) and single 60 (57.7%). Most students developed activities with
the elderly about sexuality, worked in the area of gerontology and think that
the theme should be further discussed. Evaluation of ASKAS Knowledge and
Attitude according to gender showed no real difference, knowledge per semester
showed greater differences between the 3rd (median = 65 points) and 10th
Semester (median = 75 points) and Attitude according to semesters identified
equal performance among students. Conclusion: It is expected that the
results will allow identifying the weaknesses in the curriculum of the courses
in relation to elderly sexuality.
Keywords: elderly; sexuality; students,
nursing.
Resumen
Sexualidad de adultos mayores: conocimiento y actitud de los estudiantes de enfermería
Objetivo: Evaluar el conocimiento y la actitud de los estudiantes de enfermería en relación
con la sexualidad de los adultos
mayores. Métodos: Estudio descriptivo y cuantitativo. Se utilizó un formulario en la caracterización social y académica
del estudiante y en la escala ASKAS (Aging Sexual Attitudes and Knowledge Scale).
Resultados: La edad
media es de 32 ± 8 años, mayoritariamente
mujeres 87 (83,7%) y solteras
60 (57,7%). La mayoría de los
estudiantes desarrollaron actividades con los mayores sobre sexualidad, trabajaron en el área de gerontología
y piensan que el tema debería discutirse más a fondo. La evaluación de ASKAS Conocimiento y Actitud según género no mostró diferencia
real, el conocimiento por
semestre mostró mayores
diferencias entre el 3er (mediana = 65 puntos) y 10º semestre (mediana = 75 puntos)
y la Actitud según semestres identificó igual rendimiento entre los estudiantes. Conclusión:
Se espera que los resultados permitan
identificar las debilidades en
el currículo de los cursos en relación a la
sexualidad del adulto mayor.
Palabras-clave: anciano; sexualidad;
estudiantes de enfermería.
A
sexualidade é considerada uma Necessidade Humana Básica inerente ao seu humano
que deve ser considerada como forma de manter o bem-estar em todo o ciclo da
vida, inclusive na velhice. Esse tema ainda é pouco abordado quando se trata
dessa prática na terceira idade, sendo excluída, tratada de forma negativa e estereotipada
[1].
O
exercício da sexualidade é realizado de forma abrangente e compõe o ser humano
de forma integral, podendo ser compreendida pelo desenvolvido do ato sexual,
estabelecimento de papéis de gênero e identidade sexual, erotismo, sentimento
de prazer, intimidade, vaidade e reprodução, cada item experimentado e
desenvolvido de forma diferente, por meio do pensamento, atitudes,
comportamentos e relacionamentos pessoais e sociais [2].
Por
este motivo, entende-se que apesar de o declínio sexual ser uma vertente que
acompanha o avançar da idade, não condiz com os pressupostos de imoralidade, e
ações preconceituosas atribuídas à vivência da sexualidade nessa fase da vida,
ainda que infelizmente o senso comum demonstre pensamentos errôneos e velados
sobre essa temática tabu, segregando os idosos ainda mais do exercício da
cidadania e os expondo a doenças psicológicas e físicas, como infecções
sexualmente transmissíveis e depressão [3].
Além
disso, é valido ressaltar que o processo de envelhecer não deve ser considerado
uma barreira para que idosos parem de exercer sua sexualidade, ainda que se
tenha criado a ideia social de que essas pessoas sejam vistas como assexuadas, com
a prática sexual alheia à sua rotina, sendo pouco vista e abordada pelos
profissionais de saúde, por isso ultrapassar essas barreiras são importantes
para a vivência de uma sexualidade satisfatória com uma assistência acolhedora,
integral e resolutiva por parte dos profissionais de saúde [4].
Nesse
sentido, a Enfermagem precisa superar essas limitações e contribuir para o
aumento da qualidade de vida das pessoas idosas, por este motivo, abordar a
temática de sexualidade na terceira idade ainda na graduação é importante,
tendo em vista a futura atuação que graduandos terão frente a esse público,
sendo necessário a construção de competências e habilidades para a atuar de
modo a promover qualidade na assistência e satisfação do usuário [5].
Assim,
justifica-se o presente estudo por ainda haver lacunas no processo de formação
de acadêmicos de enfermagem quanto à temática sexualidade na terceira idade,
implicando no cuidado em saúde de forma que deixa de compreender o ser humano
em todo o seu aspecto biopsicossocial, agindo contra as novas demandas e
exigências do mercado que visa profissionais capazes de lidar com a nova
realidade mundial que é o envelhecimento populacional e todas as suas
interfaces [5].
Sendo
assim, este estudo tem como objetivo geral avaliar o conhecimento e atitude dos
acadêmicos de enfermagem em relação à sexualidade do idoso de uma Instituição
Privada de Ensino Superior na cidade de Belém, Pará e objetivos específicos
traçar um perfil socioeconômico e acadêmico dos estudantes de enfermagem e
identificar o conhecimento e atitude do acadêmico de enfermagem sobre a
sexualidade do idoso.
Trata-se
de um estudo de natureza descritiva, de cunho quantitativo.
O
estudo foi realizado com 104 estudantes selecionados a partir da aplicação dos
critérios de inclusão: discentes do curso de enfermagem matriculados em uma IES
(Instituto de Ensino Superior) situada na Região Metropolitana de Belém, Pará,
no mês de abril no ano de 2017, no terceiro, sexto e décimo semestre vespertino
e noturno, que não forem advindos de outra IES e os que aceitaram participar da
pesquisa. Os critérios de exclusão foram: os alunos dos demais cursos, os
acadêmicos de enfermagem que não estavam no terceiro, sexto e décimo período,
os discentes do horário matutino por não possuir todos os períodos do curso de
enfermagem, os que não estavam devidamente matriculados ou que vieram
transferidos de outras IES e os que não aceitaram participar da pesquisa.
Para
a coleta de dados foi utilizado um formulário sobre a caracterização sociale acadêmico do estudante de enfermagem e a utilização
da escala ASKAS (Aging Sexual Attitudes and Knowledge
Scale), elaborada por White (1998), da
Universidade de Trinity.
Para
analisar o conhecimento e atitude de n = 104 acadêmicos de enfermagem sobre a
sexualidade na 3ª idade foram aplicados métodos estatísticos descritivos e
inferenciais. As variáveis quantitativas foram apresentadas por medidas de
tendência central e de variação. As variáveis qualitativas foram apresentadas
por distribuições de frequências absolutas e relativas.
Para
atribuir a pontuação aos estudantes de enfermagem os itens da Escala ASKAS
foram divididos em dois aspectos: Conhecimento (de 0 a 100 pontos) e Atitude
(de 0 a 100 pontos). A interpretação dessa escala de pontuação indica que os
piores resultados têm pontuação mais próxima de Zero (pontuação mínima).
Os
resultados considerados intermediários têm pontuação em torno de 50 pontos e os
melhores resultados com pontuação mais próxima de 100 pontos (pontuação
máxima). A comparação entre as variáveis qualitativas foi realizada pelo teste
do Qui-Quadrado e quando não foi possível aplicar o Qui-Quadrado, neste caso foi aplicado o Teste G de
independência. Para avaliar a normalidade das pontuações da escala ASKAS foi
aplicado o teste de D’Agostino- Pearson. A comparação das variáveis
quantitativas (ASKAS Conhecimento e ASKAS Atitude) conforme o sexo dos
estudantes foi realizado pelo teste U de Mann-Whitney [6]. A comparação das
variáveis quantitativas (ASKAS) conforme o semestre dos estudantes foi
realizada pelo teste de Kruskal-Wallis. Foi
previamente fixado o nível de significância alfa = 0.05 (margem de erro alfa de
5%) para rejeição da hipótese de nulidade.
O
processamento estatístico foi realizado nos softwares: SAM (Statistical
Analysis Model) e BioEstat versão 5.3.
O
estudo foi desenvolvido com respaldo no disposto na Resolução 466/2012 do
CNS/MS, e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre eEsclarecido (TCLE). O projeto de pesquisa foi aprovado
pelo Comitê de Ética do Centro Universitário do Maranhão-Uniceuma
com o número de Parecer: 2.042.551, CAAE: 67376517.9.0000.5084.
O
presente estudo avaliou o desempenho de n = 104 acadêmicos de enfermagem,
provenientes do 3º semestre (n = 28), 6º semestre (n = 39) e 10º semestre (n =
37). De acordo com a tabela I, os estudantes, de forma geral, têm média de
idade de 32 ± 8 anos. Os estudantes do 3º semestre são significativamente mais
jovens (27,5 ± 8,2 anos) quando comparados com os estudantes do 6º semestre que
apresenta em torno de 32,6 ± 9,2 anos e os estudantes do 10º semestre (34.9 ±
6,8 anos) (p-valor = 0,0362) (diferença estatisticamente significante).
Os
dados sobre a faixa etária mostram que houve significativa diferença (p-valor =
0,0008*) entre os semestres. No 3º semestre há 39.3% com idade entre 20 e 29
anos. Por outro lado, no 10º semestre, a maioria (51,4%) está na faixa de 30 a
39 anos. Os dados sobre sexo mostram que de forma geral há 17 (16,3%) masculino
e 87 (83,7%) feminino e não há real diferença entre os sexos, pois o p-valor =
0,1123 indica que a diferença não é significante. Em relação ao estado civil, a
maioria é solteira e está no 3º semestre com 20 (71,4%) e no 10º semestre com
22 (59,5%), enquanto que no 6º semestre 21 (53,8%) são casados.
Sobre
os aspectos voltados ao perfil acadêmico, a maioria dos estudantes do 3º
semestre 21 (75,0%), 6º semestre 35 (89,7%) e 10º semestre 32 (86,5%) desenvolveriam
atividades com os idosos sobre a sexualidade. O resultado indica que não há
real diferença entre os semestres, o p- valor = 0,1357 evidencia que a
diferença não é significante. Sobre atuar na área da gerontologia tanto o 3º
semestre 23 (82,1%), 6º semestre 32 (82,1%) e 10º semestre 33 (89,2%) afirmaram
essa possibilidade. No que diz respeito à necessidade de se discutir sobre a
sexualidade com os idosos, todos os semestres concordam, o 3º semestre
apresentou 27 (96,4%), 6º semestre 38 (97,4%) e 10º semestre 37 (100,0%).
Avaliação ASKAS (Aging Sexual Attitudes and Knowledge
Scale): Conhecimento e Atitude sobre a
sexualidade do idoso
Tabela
I - Caracterização
de n = 104 estudantes de enfermagem, do 6º semestre (n = 28), do 6º semestre (n
= 39) e do 10º semestre (n = 37). Belém/PA, 2017
Fonte:
Próprio autores, 2007
Avaliação
ASKAS (Aging Sexual Attitudes
and Knowledge Scale): Conhecimento e Atitude sobre a sexualidade do idoso
A
avaliação do ASKAS Conhecimento, descrita no gráfico 1, conforme o sexo do
estudante não apresentou real diferença (p-valor = 0,9577), pois os estudantes
do sexo masculino tiveram mediana = 70 pontos e no sexo feminino a mediana foi
70 pontos.
Fonte:
Próprio autores, 2007.
Gráfico
1 - Avaliação do
ASKAS conhecimento de n = 104 estudantes de enfermagem, sexo masculino (n = 17)
e feminino (n = 87). Belém, PA, ano 2017
A
avaliação do ASKAS Atitude, evidenciado no gráfico 2, conforme o sexo do
estudante, também não apresentou real diferença p-valor = 0,7163 (não
significante), pois os estudantes do sexo masculino tiveram mediana = 75
(variando de 68,8 a 87,5) pontos e no sexo feminino a mediana foi 81,3
(variando de 62,5 a 93,8) pontos.
Fonte:
Próprio autores, 2007.
Gráfico
2 - Avaliação do
ASKAS atitude de n = 104 estudantes de enfermagem, sexo masculino (n = 17) e
feminino (n = 87). Belém, PA, ano 2017
A
avaliação do ASKAS Conhecimento conforme os semestres resultaram no p-valor =
0.0346* (diferença estatisticamente significante). Essa diferença foi real
somente entre o 3º semestre (mediana = 65 pontos) e 10 º semestre (mediana = 75
pontos). As medianas permitem classificar o resultado como Bom. A avaliação do
ASKAS Atitude conforme os semestres resultaram no p-valor = 0,4390 (diferença
não significante). Visto que essa diferença não foi real, podemos afirmar que
no aspecto prático o desempenho dos estudantes foi igual: 3º semestre (59,4 a
91,4 pontos), 6º semestre (71,9 a 90,6 pontos) e 10º semestre (59,4 a 93,8 pontos).
Tal resultado é delineado no gráfico 3.
Fonte:
Próprio autores, 2007.
Gráfico
3 - Avaliação do
ASKAS de n = 104 estudantes de enfermagem, conforme o semestre que o estudante
cursa: semestre 3 (n = 28), semestre 6 (n = 39) e semestre 10 (n = 37).
Belém, PA, ano 2017
O
resultado de um estudo do tipo transversal, realizado em uma universidade
pública em São Paulo com 100 estudantes de enfermagem, corrobora os achados
deste estudo, haja vista que o público da pesquisa era composto
majoritariamente por adultos jovens com média de 22,93 anos e 91% eram do sexo
feminino e solteiros [7]. Essa pesquisa confirma o mesmo perfil encontrado no
presente estudo e mostra uma nova realidade dos cursos de graduação em
enfermagem, em que as mulheres estão se relacionando e constituindo família
depois da estabilidade financeira e pessoas jovens têm se interessado mais pela
enfermagem [8].
Quanto
à questão em desenvolver atividades com os idosos sobre a
sexualidade,
observa-se o interesse predominante dos estudantes do sexto
período pela
temática, podendo ser devido à disciplina
‘’enfermagem na atenção à saúde
do
idoso’’ que é abordada nesta fase do curso na IES em
que ocorreu a pesquisa.
Abordar
sobre a saúde do idoso na grade curricular do curso de graduação em enfermagem
propicia o desenvolvimento de atitudes e conhecimentos nos graduandos em múltiplas
questões, como as peculiaridades fisiopatológicas na velhice, resolutividade,
criticidade e sensibilidade frente as demandas impostas por esse público, o que
é reforçado também pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) que
reorienta os currículos no processo de formação para a aquisição do
conhecimento e interesse pela saúde da pessoa idosa [9].
Além
disso, a vivência experimentada pelo contato com a disciplina saúde do idoso e
a possibilidade de aproximação dos estudantes com os idosos por meio da
prática, em espaços diferentes do habitual, contribuem para o interesse e para
o processo de ensino-aprendizagem do estudante que vivencia essa possibilidade,
somando as experiências em sala de aula com a prática estudantil, contribuindo
para novas atitudes e conhecimentos dos estudantes [10].
Observou-se
na análise dos resultados que os estudantes referiram reais interesse em
discutir mais profundamente sobre a sexualidade na velhice e que desenvolveriam,
a partir disso, atividades voltadas para esse público sobre tal temática. Em
uma revisão integrativa realizada sobre a atuação do enfermeiro frente à
sexualidade na terceira idade demonstrou que discutir sobre a sexualidade na
terceira idade, ainda na graduação, é uma ação importante, pois pode surtir um
impacto positivo na vida dessa população, preparando o futuro profissional para
atuar frente a realidade social e ofertar uma atenção integral à saúde da
pessoa idosa [11].
Pela
presente pesquisa, pode-se identificar que mais da metade dos estudantes de
cada semestre desenvolveriam suas atividades, quando graduados, voltadas para a
área de gerontologia. Os resultados de um estudo realizado na cidade de São
Paulo com quinze alunos de pós-graduação em Gerontologia, pode-se observar que
60% dos participantes consideram a possibilidade de atuar na área de
gerontologia visando se aprimorar e se qualificar na área, além de contribuir
para a promoção de um cuidado com qualidade aos idosos [12].
Adverte-se
para a necessidade de se incentivar modificações pertinentes em modelos
educacionais, haja vista que profissionais da saúde que demandam assistência à
pessoa idosa devem contemplar uma formação interprofissional que demonstre e
compreenda o cuidado de forma integral e resolutivo como base para o
envelhecimento ativo e saudável [13].
As
Diretrizes curriculares, segundo o Ministério da Educação (MEC), do curso de
enfermagem, dizem que o enfermeiro tem que atuar nos programas de assistência
integral à saúde da criança, adolescente, mulher, adulto
e idoso, tendo uma visão holística do seu cliente, sendo capaz de diagnosticar
e solucionar agravos de saúde dentro das suas competências [14].
Demonstra-se
com os achados da pesquisa que com o passar dos semestres há um aumento do
número de estudantes que se mostram interessados em atuar na área da
gerontologia. Para tentar atender as necessidades dos idosos, houve um
crescimento da enfermagem gerontológica como forma de
colocar profissionais capacitados para lidar com as especificidades dos idosos
[15]. Infere-se ainda que são necessárias mudanças nas políticas públicas
voltadas aos idosos com o intuito de propiciar uma atenção que percorra uma
linha de cuidado integral e resolutiva [16].
Entende-se por conhecimento e atitude como
ações que envolve a dimensão do saber, as quais permitem que o indivíduo seja
capaz de entender informações que lhes são repassadas e o potencial de querer e
saber fazer. Sendo assim, conhecimento e atitude estão relacionados com a
teoria e prática [17].
Identificou-se,
com os resultados da pesquisa, que o ASKAS com base no conhecimento e atitude
conforme o sexo não apresentou diferenças significativas. Constata-se que as
diferenças no conhecimento entre gêneros não decorrem das características
biológicas, mas sim das condições históricas e estruturais da conformação
social de cada sociedade. Tradicionalmente, em quase todos os países do mundo
as mulheres sempre tiveram maiores dificuldades de acesso à escola e educação
[18].
Percebe-se
que ainda há uma limitada oferta de disciplinas, projetos de extensão e
pesquisa durante as graduações na área da saúde voltados para atender as
demandas advindas dos idosos, mas que esta realidade tem mudado, porém, ainda
apresenta fragilidades no desenvolvimento de sua aplicabilidade, a exemplo da
sexualidade na velhice, já que há uma produção ainda tímida mediante a atual
conjunta mundial em que os idosos estão cada vez mais presentes na
sociedade[19].
Nota-se
que apesar do interesse dos acadêmicos de enfermagem em aprender mais sobre a
sexualidade na velhice, as ações e serviços são mais voltados para orientação e
tratamento das doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, e parâmetros como
a sexualidade na terceira idade não recebem a mesma atenção [13]. Registra-se
que há uma inquietação por parte dos acadêmicos de enfermagem pela forma com
que os idosos são tratados e cuidados na prática cotidiana; os graduandos
entendem a importância de uma prática diferenciada no cuidado e a necessidade
da aquisição contínua de conhecimentos para que essa ação seja efetiva [20].
Com
base nos achados desta pesquisa, mostra-se que o conhecimento dos acadêmicos de
enfermagem sobre a sexualidade do idoso apresenta diferença entre os alunos do
terceiro e do décimo semestre de bacharelado em enfermagem, evidenciando que,
com o avançar do curso, o aluno se mostra mais interessado, esclarecido e busca
por novas informações. Avalia-se ainda que o ensino na enfermagem deve oferecer
oportunidade para que o estudante possa adquirir novos conhecimentos, de forma
diferenciada e significativa, e que o discente seja o autor na construção de
seu conhecimento [21]. As faculdades têm um importante papel social de prover
profissionais capazes de lidar e realizar estratégias que visem melhorar a
qualidade de vida dos idosos [22].
Salienta-se
que o conhecimento gerontológico pelos acadêmicos de
enfermagem é de extrema importância para a sociedade e para a saúde no
enfrentamento de desafios que acompanham o envelhecimento populacional [19].
É
válido ressaltar que o resultado Askas conhecimento
foi considerado bom, contudo, em razão da disciplina “Enfermagem na atenção à
saúde do idoso” ser ofertada somente no sexto período do curso, há a necessidade
de uma abordagem contínua sobre esse público para que os graduandos saiam da
academia mais confiantes e preparados para lidar com os idosos, principalmente
com a finalização do curso se aproximando. Outrossim, a sexualidade nesta faixa
etária precisa ser entendida como uma necessidade natural do ser humano e não
deve estar relacionada a estereótipos que culturalmente pesam sobre a pessoa
idosa [23].
A
pesquisa mostra que a avaliação do ASKAS Atitude, conforme os semestres,
tiveram o mesmo desempenho. Se levarmos em consideração, principalmente, o
sexto e o décimo período, identifica-se uma mediana igual a 84,4 pontos,
contudo, ressalta-se que no sexto semestre não há aula prática específica para
atender ao idoso, somente no décimo semestre, com o estágio supervisionado é
que se dá atenção a esse público. Questiona-se, porém, que já que há um contato
direto do acadêmico com a atenção à saúde do idoso no quinto ano do curso, o
motivo de a pontuação dos estudantes deste semestre não ser maior.
Salienta-se
que é fundamental a realização de estágios e práticas acompanhados por
profissionais capacitados para introduzir o discente no cenário de atuação
profissional, a fim de promover uma aprendizagem significativa baseada no ato
de aprender fazendo [24]. Pontua-se a necessidade de desenvolvimento de
práticas efetivas junto aos idosos, que lhe despertem o interesse em vivenciar
a sexualidade como algo natural e normal, além de buscar estratégias para
minimizar as dificuldades, os preconceitos e conceitos erróneos sobre a prática
da atividade sexual na velhice [22]. Desta maneira, o estudante necessita
vivenciar esta aproximação com o idoso.
O
estudo traz importante contribuição para a área da Enfermagem por explicitar as
fragilidades nas grades curriculares das IES que formam um grande número de
profissionais ano a ano, bem como demonstrar as potencialidades e importância
de se abordar sobre a sexualidade do idoso ainda na graduação, como um processo
inerente à formação de estudantes nessa área. E, especialmente para as IES que
devem prover a formação necessária à adoção de atitudes e conhecimentos em
relação a temática abordada, prezando pela formação integral dos seus discentes
e implantar estratégias que promovam competências e habilidades para lidar com
as necessidades da população idosa que é uma vertente na atual conjuntura.
Os
resultados demonstraram que há predominância do sexo feminino, jovens e
solteiros. A maioria dos acadêmicos de enfermagem de todos os semestres pretende
desenvolver atividades, atuar na área e discutir sobre a sexualidade na
terceira idade o que se verifica que atualmente há uma preocupação sobre a
sexualidade o que é considerado um ponto positivo nesta pesquisa, pois a
formação destes não permitirá que haja a multiplicação de preconceitos, mitos e
tabus e possível vulnerabilidade do idoso a problemas psíquicos e físicos.
Quanto
à escala Askas Conhecimento e Atitude referente ao
sexo não houve diferença, o que mostra que independe de ser do sexo masculino
ou feminino. Entende-se, portanto, que o conhecimento está relacionado às
condições socioculturais.
Sobre
a escala Askas Conhecimento em relação aos semestres,
a pontuação somente teve uma diferença entre o terceiro e décimo semestre. Tal resultado
foi compatível com a ideia de que ao decorrer do curso o aluno tende a
oportunizar um melhor aprendizado. Contudo, a aproximação das medianas entre o
sexto e décimo semestre é preocupante já que são estudantes em processo de
término da formação acadêmica, mas que ainda possuem um conhecimento razoável
sobre a sexualidade do idoso.
A
avaliação do Askas Atitude, no que diz respeito aos
semestres, a pesquisa evidenciou que todos apresentam o mesmo desempenho.
Portanto, observa-se que as atividades práticas desenvolvidas com os discentes
precisam ser reformuladas, pois a atitude precisa do conhecimento e prática a
fim de estimular o acadêmico de enfermagem a refletir de como pode fazer ações
voltadas para o melhor desenvolvimento da sexualidade.
Baseado
nos resultados encontrados, podemos dizer que as pesquisadoras conseguiram
alcançar os objetivos da pesquisa. Espera-se que os resultados desta pesquisa
permitam identificar as fragilidades que se encontra na grade curricular do
curso que impedem ou minimizam o conhecimento e atitude adquirido em relação a
importância da sexualidade idoso.
Conflitos
de interesse
Os
autores declaram não haver conflitos de interesse
Fontes
de financiamento
Não
há
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Paiva AS, Miranda RFC, Aguiar VFF; Coleta de dados: Paiva AS, Miranda
RFC, Aguiar VFF; Análise e interpretação dos dados: Paiva AS, Miranda
RFC, Lima FCC, Oliveira LG, Aguiar VFF; Análise estatística: Oliveira
LG, Carvalho DNR; Redação do Manuscrito: Paiva AS, Miranda RFC, Lima
FCC, Oliveira LG, Aguiar VFF; Revisão crítica do manuscrito quanto ao
conteúdo intelectual importante: Lima FCC, Oliveira LG, Carvalho DNR,
Aguiar VFF