REVISÃO
Segurança
do paciente nas Unidades de Urgência Emergência
Aline Karen Nunes dos
Santos, Esp*, Maria Tereza Soratto,
M.Sc.**
*Enfermeira,
Especialista em Assistência de Enfermagem em Urgência e Emergência,
Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina (UNESC), Criciúma/SC,
**Enfermeira, UNESC, Criciúma/SC
Recebido em 19 de
novembro de 2017; aceito em 26 de abril de 2017.
Endereço
para correspondência:
Maria Tereza Soratto, UNESC, Curso de Enfermagem, Av.
Universitária, 1105, Bloco S, Bairro Universitário, 88806-000 Criciúma SC,
E-mail: guiga@unesc.net, Aline Karen Nunes dos Santos: aline.nunes@live.com
Artigo baseado na
Monografia de Pós-graduação Especialização em Assistência de Enfermagem em
Urgência e Emergência.
Resumo
O setor da emergência
apresenta maior probabilidade de eventos adversos que comprometem a segurança
do paciente. Estudo com objetivo de realizar uma revisão integrativa sobre a
segurança do paciente no setor da urgência e emergência. Para a obtenção dos
artigos, foi realizado um levantamento em bancos de dados eletrônicos da
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) – Bireme e Scientific Electronic
Library Online (Scielo), além de lista de
referências dos artigos identificados. A busca foi realizada a partir dos
descritores: Segurança do Paciente; Assistência urgência e emergência; Equipe
de enfermagem, entre o período de 2009 a 2016. Foram identificados 208 artigos,
dos quais 20 foram selecionados, de acordo com os critérios de inclusão.
Constatou-se o déficit de trabalhos que abordem o tema da segurança do paciente
na urgência. A classificação de risco é um instrumento utilizado que busca a
minimização dos agravos à saúde. Os artigos analisados indicam que a
classificação de risco melhora o fluxo dos pacientes atendidos na emergência e
proporciona maior resolutividade nas respostas ao usuário. A padronização na
aplicação do protocolo de risco oferece respaldo legal e institui menor
interferência pessoal na conduta e direciona a tomada de decisão mais acurada,
possibilitando, assim, a minimização de riscos e proporcionando a segurança do
paciente nas unidades de urgência e emergência.
Palavras-chave: segurança do
paciente, Enfermagem em emergência, Enfermagem.
Abstract
Patient safety in Emergency Units
The emergency sector presents higher probability of adverse events which
compromise patient safety. This study is an integrative review about patient
safety in the sector of urgent and emergency. We conducted a survey on
electronic databases the Virtual Health Library (VHL) - Bireme and Scientific
Electronic Library Online (Scielo), in addition to
the references list of the articles identified. The search was conducted from
the descriptors: patient safety; urgent and emergency assistance; nursing
staff, between the period of 2009 to 2016. 208
articles were identified, of which 20 were selected according to the inclusion
criteria. It was noted the shortage of works that address the issue of patient
safety in emergency. The risk rating is an instrument that seeks to minimize
the harms to health. The analyzed articles indicate that risk rating improves
the flow of patients in emergency and provides greater resolution in the responses
to the user. Standardization in the application of risk protocol provides legal
support and imposes less interference in personal conduct and directs more
accurate decision making, thus enabling, minimizing risks and providing patient
safety in emergency and emergency units.
Key-words: patient
safety, Emergency nursing, Nursing.
Resumen
Seguridad del paciente en unidades de
emergencia
El sector de emergencia presenta mayor probabilidad de eventos adversos que comprometen
la seguridad
del paciente. Estudio con el
objetivo de realizar una revisión integradora sobre seguridad del paciente en el sector de urgencia y emergencia. Para obtener artículos, hemos
realizado una encuesta sobre bases de datos electrónicas la
salud Biblioteca Virtual (BVS) - Bireme
y Scientific Electronic
Library Online (Scielo), además
de la lista de referencias de los
artículos identificados. La búsqueda se realizó a partir de los descriptores: seguridad del paciente; asistencia
urgente y de emergencia; personal
de enfermería, entre el
período de 2009 a 2016. Se identificaron 208
artículos, de los cuales 20
fueron seleccionados según los criterios
de inclusión. Se observó la escasez
de trabajos que abordan el tema de la seguridad
del paciente en emergencia. La calificación de riesgo es un
instrumento que trata de minimizar los daños a la salud.
Los artículos analizados indican
que la calificación
de riesgo mejora el flujo de pacientes en emergencia y proporciona una mayor resolución en las respuestas
al usuario. La estandarización
en la
aplicación del protocolo de
riesgo proporciona apoyo
legal e impone menos interferencia
en la conducta
personal y orienta para una toma de decisión más apurada, así,
minimizando los riesgos y
proporcionando seguridad al paciente en unidades de emergencia y emergencia.
Palabras-clave: seguridad
del paciente, Enfermería de Urgencia, Enfermería.
Os cuidados
assistenciais prestados de maneira insegura aos pacientes resultam em
expressiva morbimortalidade evitável, gastos adicionais com a manutenção dos
sistemas de saúde além de, atualmente, representarem uma grande preocupação. No
âmbito global, a preocupação com a segurança do paciente é um tema de crescente
relevância; dados da literatura indicam que um em cada seis pacientes internados
em hospitais é vítima de algum tipo de erro ou evento que, na maioria das
circunstâncias, é passível de medidas de prevenção. Nessa perspectiva, a
segurança do paciente é uma importante dimensão da qualidade, pois se refere ao
direito das pessoas de não sofrerem riscos de um dano desnecessário associado
ao cuidado de saúde [1].
Nos últimos anos a
preocupação com a segurança do paciente e a redução dos erros, decorrentes da
assistência em saúde, têm se intensificado e adquirido abrangência mundial. Os
incidentes advindos do cuidado refletem na melhoria da qualidade e segurança
desta assistência [2]. Na enfermagem as questões relacionadas à segurança do
paciente tiveram início com a precursora da profissão, Florence Nightingale, que adotava condutas eficazes para a época,
prevenindo infecções e agravos dos pacientes. Florence tinha a preocupação de
manter o ambiente de internação limpo e arejado e, por volta de 1859, com olhar
muito à frente do seu tempo e com vistas à assistência de qualidade, já promovia
ações para o controle de doenças relacionadas com a falta de higiene no
ambiente de internação [3].
Um marco mais recente
relacionado à temática foi a publicação do livro “To err is human: building
a safer health system”
(Errar é humano: construindo um sistema de saúde mais seguro) em 1999 nos
Estados Unidos, o qual expôs o tema no âmbito político e no âmbito do debate
público em todo o mundo. O referido livro apresentou dados alarmantes de
eventos adversos no sistema de saúde norte-americano: tinham aproximadamente 1 milhão de pacientes sofrendo dano e quase 100.000 morrendo
por ano em decorrência de assistência inadequada [4].
Um marco
significativo para reverter os danos provocados nos pacientes em serviços de
saúde, são os três atuais desafios globais para a segurança do paciente,
lançados pela OMS: o primeiro desafio denominado “Programa Cuidado Limpo é
Cuidado Seguro”, o segundo desafio global com o objetivo de elevar os padrões
de qualidade em serviços de assistência à saúde em qualquer lugar do mundo, por
meio do estabelecimento de práticas seguras para a realização de cirurgias, as
quais estão descritas no Programa Cirurgias Seguras Salvam Vidas (PCSSV) e o
terceiro desafio denominado “Enfrentando a Resistência Microbiana, para
incentivo do uso racional de antimicrobianos” [2].
Com este mesmo
propósito, a Joint Commission
International Center for Patient
Safety (JCAHO) foi designada pela OMS, em 2005,
como primeiro centro colaborador dedicado à segurança do paciente e propôs
metas internacionais com o objetivo de promover melhorias em áreas
problemáticas específicas. Este centro enumera pontos importantes, também
priorizados nesta pesquisa, tais como a identificação correta dos pacientes,
adequada e efetiva comunicação entre a equipe de saúde, além de ações para
assegurar que o paciente, o local de intervenção e o procedimento estejam
verificados e corretos. Na continuidade, em 2012, a JCAHO apresentou novas
metas para segurança do paciente cirúrgico, tais como a utilização de
indicadores; rotulagem de todos os medicamentos, embalagens e soluções dentro e
fora do campo estéril no intraoperatório; cumprimento
das orientações recomendadas de higienização de mãos; uso de práticas para
prevenção de infecções de sítios cirúrgicos para garantir o procedimento
correto, para o paciente correto, no local correto [2].
Reconhecendo a
relevância destas iniciativas internacionais e nacionais, o governo brasileiro
instituiu, em 2013, o Programa Nacional de Segurança do Paciente, com objetivo
de contribuir para a qualificação do cuidado em todos os estabelecimentos de
saúde do território nacional. A Portaria Ministerial nº 529 e a RDC nº 36
dispõem sobre objetivos, estratégias e ações para a segurança e melhoria da
qualidade nos serviços de saúde [4].
Em relação ao
profissional de enfermagem, o prestador de cuidado de urgência/emergência deve
ter destreza manual e rapidez na ação, autocontrole emocional e grande
facilidade de comunicação, para melhor assistência e otimização
dos cuidados. A comunicação e a integração com a equipe multiprofissional são
primordiais para facilitar a colaboração de todos e o atendimento humanizado. O
enfermeiro de urgência/emergência deve ter uma diversidade de conhecimento
(fisiopatológicos, tecnológicos e de tratamento), e ser capaz de avaliar,
intervir e tratar de forma rápida e ágil refletindo no risco e vida do doente.
O enfermeiro é o profissional que recepciona e faz a primeira avaliação, nos
serviços de urgência, determinando prioridade na assistência e tempo de espera
[5].
A
definição de
emergência é a ocorrência de situação
crítica com potencial risco à vida,
exigindo intervenção médica imediata a fim de
garantir a integridade das
funções vitais básicas. E urgência é
a ocorrência de agravo à saúde, com risco
iminente à vida que exige intervenção
rápida e efetiva através de procedimentos
que visem à proteção, manutenção e
recuperação das funções vitais acometidas
[6].
A partir desses
conceitos o processo de Classificação de Risco é dinâmico e visa à
identificação dos pacientes com potencial risco de vida, possibilitando a
ampliação da resolutividade ao incorporar critérios de avaliação de riscos, que
levam em conta toda a complexidade dos fenômenos saúde/doença, o grau de
sofrimento dos usuários e seus familiares, a priorização da atenção no tempo,
diminuindo o número de mortes evitáveis, sequelas e internações, proporcionando,
assim, a segurança do paciente [7].
O enfermeiro que atua
na triagem é um protagonista no acolhimento com classificação de risco e, por
isso, este profissional deve refletir sobre o desafio de novas tecnologias a
fim de mudar o cenário capaz de aprimorar, garantindo a eficácia e
resolutividade na assistência de maneira dinâmica e habilidosa [8]. A aplicação
de protocolos proporciona o melhor desempenho e segurança do enfermeiro na
classificação qualificada do usuário. É um apoio na tomada de decisões e na
avaliação dinâmica, tendo a experiência, a atitude e o conhecimento teórico e
prático como habilidades imprescindíveis deste profissional.
Nesse sentido, a
relevância do estudo se justifica no sentido de que o cuidar em saúde exige dos
profissionais de enfermagem a preocupação com a qualidade no atendimento, a fim
de garantir o máximo de satisfação da sua clientela, os pacientes e seus
familiares, e confiança nas suas ações. Espera-se que conhecer as medidas
utilizadas pela equipe de enfermagem, para garantir a segurança do paciente nas
unidades de urgência e emergência, possa contribuir para a melhoria na
prestação desse cuidado, oferecendo aos profissionais da área de saúde, bem
como aos familiares a aos pacientes, informações capazes de gerar reflexões e
ações transformadoras, tornando esse cuidado o mais livre possível de danos e
colaborando para a manutenção de uma assistência de qualidade, segura e
adequada.
Nesta perspectiva
este estudo teve por objetivo conhecer a partir de publicações atuais quais as
medidas utilizadas pela equipe de enfermagem para garantir a segurança do
paciente nas unidades de urgência e emergência.
Pesquisa qualitativa
e revisão integrativa com análise descritiva. A Revisão Integrativa (RI) é um
método de pesquisa utilizado na Prática Baseada em Evidências (PBE) que permite
a incorporação das evidências na prática clínica, com a finalidade de reunir e
sintetizar resultados de pesquisa sobre um delimitado tema ou questão de
maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do tema
investigado [9].
Whittemore e Knafl [10] relatam que este método tem potencial para
construir a ciência de Enfermagem, informando pesquisas, práticas e iniciativas
políticas. Quando bem delineada, apresenta o estado da ciência, contribui para
o desenvolvimento da teoria, e tem aplicabilidade direta. No entanto, com a
disseminação da PBE, busca por melhores evidências e a necessidade de constante
atualização. A Revisão Integrativa se tornou um método de pesquisa
bibliográfica com capacidade de evidenciar o tema, delinear aspectos relevantes
para pesquisas futuras, diretrizes clínicas, gerenciais e de ensino. Além de
subsidiar inteligência para tomada de decisão.
Para determinar quais
estudos seriam incluídos nesta pesquisa, os meios adotados para a identificação
de questões relevantes, bem como as informações a serem extraídas de cada
estudo selecionado, iniciou-se o processo na definição da pergunta norteadora,
que é considerada a fase mais importante da revisão. Dessa forma, seguiram-se
as fases para a elaboração de revisão integrativa da literatura, e foi iniciada
a primeira etapa do processo com a definição e seleção da hipótese para a
definição do tema. Nessa fase obteve-se a seguinte pergunta norteadora: Quais
as medidas utilizadas pela equipe de enfermagem para garantir a segurança do
paciente nas unidades de urgência e emergência?
Para a obtenção dos
artigos, foi realizado um levantamento em bancos de dados eletrônicos da Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS) – Bireme e Scientific Electronic Library Online (Scielo), além de lista de referências dos artigos
identificados. A busca foi realizada a partir dos descritores: segurança do
paciente; assistência urgência e emergência; equipe de enfermagem, entre o
período de 2009 a 2016, artigos na língua portuguesa e língua inglesa. A
seleção dos descritores utilizados no processo de revisão foi efetuada mediante
consulta ao DECs (descritores de assunto em ciências
da saúde da Bireme).
Para responder a
pergunta norteadora, foram adotados critérios de inclusão, sendo considerados
aqueles artigos cujo acesso ao periódico era livre aos textos completos,
artigos em idioma português e inglês, publicados e indexados nos últimos sete
anos (2009 a 2016), que foram localizados através da busca com os seguintes
descritores: segurança do paciente; assistência urgência e emergência e que
estavam relacionados à temática de medidas de utilizadas pela equipe de
enfermagem nas unidades de urgência e emergência com vistas à segurança do
paciente, assim como as ferramentas utilizadas pelo enfermeiro para que se
realize a melhoria na assistência e otimização dos
trabalhos por ele prestados.
Como critérios de
exclusão, estão artigos publicados em anos anteriores a 2008, em idiomas que
não o português e inglês, que não apresentam relação com o tema proposto e a
pergunta norteadora, além de que, optou-se por não incluir teses, dissertações
e monografias, visto que a realização de uma busca sistemática das mesmas é
inviável logisticamente.
Com os parâmetros
utilizados, foram encontrados 159 artigos no banco de dados da Bireme e 49 artigos no banco de dados da Scielo, totalizando 208 artigos. Para os resultados de cada
busca, a seleção inicial ocorreu pela simples leitura dos títulos encontrados,
sendo descartados aqueles evidentemente não relacionados ao tema; idiomas
selecionados; bem como o ano de publicação. Para os potencialmente elegíveis,
os resumos foram avaliados para uma segunda etapa de seleção quanto à
elegibilidade. Os artigos que aparentemente cumpriam com os critérios de
inclusão, neste caso, 32 artigos foram obtidos e analisados na íntegra. Após a
leitura criteriosa, apenas 20 artigos atenderam rigorosamente aos critérios de
inclusão.
Figura
1 – Fluxograma detalhado do método aplicado na
seleção dos artigos.
A figura 1 mostra o
fluxograma da estratégia adotada para busca e inclusão dos artigos e as razões
de exclusão de textos não inseridos.
Para extrair os dados
relevantes dos artigos selecionados, utilizou-se um instrumento previamente
elaborado, a fim de reunir e sintetizar as informações-chave, minimizando o
risco de erros na transcrição, garantindo precisão na checagem das informações
para servirem como registro. Dessa forma, adotou-se como ferramenta de
consolidação uma tabela, na qual se agruparam as seguintes informações: Número
de ordem do artigo a fim de uma melhor visualização quando da leitura da
discussão, título do trabalho, autor (es), objetivo
(s), método (s), conclusão e ano de publicação.
Na tabela I estão
descritas informações gerais dos 20 artigos incluídos nesta revisão
integrativa. Foram interpretados e sintetizados todos os resultados, através de
uma comparação dos dados evidenciados na análise dos artigos ao referencial
teórico.
Tabela
I – Distribuição dos artigos de acordo com o
título, autores, objetivo, método, conclusão e ano de publicação. (ver PDF em
anexo)
Segurança
do paciente em urgência e emergência
O objetivo dos
serviços de urgência e emergência é diminuir a morbidade e mortalidade, assim
como sequelas que possam impossibilitar a rotina normal do indivíduo. Para
isso, é necessário assegurar alguns princípios como infraestrutura, recursos
humanos, equipamentos e materiais, assim garantindo uma assistência integral,
com qualidade efetiva e continuada [30].
Para que o serviço
pré-hospitalar em urgência e emergência seja efetivo em tempo e ação há
necessidade de uma abordagem bem qualificada como no momento da primeira escuta
para melhor seleção de sua clientela conforme as necessidades do serviço e não
apenas como um transporte para encaminhar pacientes aos serviços de saúde [22].
O atendimento neste
serviço de atendimento móvel de urgência a vítima deve ser o mais precoce
possível para minimizar agravos, sofrimento, risco de sequelas e até óbito,
acrescenta-se ainda que os problemas mais pertinentes desse serviço são lesões por acidentes de trânsito, convulsões, quedas,
parada cardiorrespiratória, dificuldade respiratória severa, queimaduras, afogamentos,
choques elétricos e até agressões [22].
Para Adão [21], o
enfermeiro é responsável pela assistência as vítimas graves sob
risco de morte junto com sua equipe, caracterizado como um participante
ativo. O enfermeiro além de atuar na assistência participa da previsão de
necessidades desta vítima, definindo prioridades, iniciando, então, as
necessárias intervenções com o objetivo de estabilizar a vítima, reavaliando-a
a cada minuto durante o transporte para seu tratamento definitivo.
Segurança
do paciente e do profissional enfermeiro na classificação de risco
O
acolhimento com
classificação de risco organizou a dinâmica de
trabalho, priorizando o
atendimento aos pacientes graves conferindo-lhes maior
segurança, estabilidade
e controle da situação. A avaliação
técnica das condições do usuário é
desenvolvida pelo enfermeiro no momento da consulta. Por meio desta, o
enfermeiro procura identificar os sintomas, faz uma
avaliação precisa e concisa
sobre o estado de saúde do usuário e decide a conduta
mais adequada [24].
É importante a
necessidade da reavaliação constante do paciente após a classificação, para
acompanhamento do quadro clínico, garantindo-lhe segurança e qualidade [27].
A utilização de
protocolos aliada à classificação de risco oferece respaldo legal para a
atuação do enfermeiro, subsidiando o desenvolvimento das intervenções de
enfermagem, de forma sistematizada e organizada no atendimento a vítima
[27-28].
A satisfação do
usuário quanto ao atendimento está relacionada às características facilitadoras
do processo de atendimento. A abordagem do indivíduo como sujeito participante
de todo o processo de recuperação, responsabilidade, resolução e integração ao
sistema são dimensões assistenciais com o objetivo de qualificar e resgatar a
saúde de todos. Para o usuário a falta de resolutividade de seu problema é
caracterizada como mau atendimento, porém, uma boa recepção e tratamento cortês
satisfazem o usuário mesmo que o seu problema não tenha sido resolvido [31].
Nascimento et al. [24], em estudo que analisou a
visão dos profissionais de enfermagem, apresentaram evidências de que o fluxo
de atendimento e a prioridade aos mais graves potencializaram o atendimento
mais rápido direcionando as intervenções médica e de enfermagem aos agravos
agudos.
Daud-Gallottiet et al. [14] em seus estudos afirmam que uma das exigências para a
assistência de qualidade é que o sistema possua um canal de comunicação eficaz,
permitindo às equipes transmitir e receber informações de forma clara e
correta. Os erros devem ser estudados em todos os seus aspectos e dentro de uma
abordagem não punitiva, e os notificadores dos eventos devem receber retorno da
informação que geraram. Desse modo, há a necessidade de um órgão ou setor independente
que possa receber informações sobre erros, protegendo a identidade de quem
informou. Desse modo, é importante salientar a inserção de uma cultura
organizacional que possibilite aos profissionais de enfermagem identificar e
explicitar as falhas cometidas, permitindo a elaboração de estratégias de
segurança a fim de prevenir os erros.
Estudos de Raduenz et al. [19]
sugerem que a qualidade do cuidado de enfermagem reflete a qualidade e a
segurança da assistência ao paciente. Usar pesquisas contínuas para reduzir
riscos ao paciente pode ajudar a abreviar o tempo de internações hospitalares,
diminuir a incidência de incapacitações temporárias ou permanentes, e até mesmo
prevenir mortes desnecessárias.
A segurança é um
princípio fundamental do cuidado do paciente e um componente crítico do
gerenciamento da qualidade. Sua melhoria demanda esforço de um complexo
sistema, envolvendo um conjunto de ações de desempenho para o aprimoramento do
gerenciamento de risco e da segurança ambiental, incluindo: controle de
infecção, segurança no uso de medicamentos, segurança de equipamentos, prática
clínica segura e ambiente seguro de cuidado. A segurança abrange todos os
atores e as disciplinas de cuidado em saúde e exige uma abordagem compreensiva
e multifacetada para identificar e gerenciar riscos potenciais e atuais para a
segurança do paciente nos serviços de saúde, bem como a descoberta de soluções
eficientes de longo prazo para o sistema de saúde como um todo [32].
Vale ressaltar que a
Comissão de Ética em Enfermagem (CEE) normatizada pela Resolução COFEN 172/94,
também tem um papel importante nas instituições de saúde, orientando os
profissionais de enfermagem por meio de um processo educativo-reflexivo
permanente, visando à prevenção de ocorrências éticas danosas ao paciente no
exercício da profissão [33].
Outros estudos
encontrados estão direcionados às ocorrências iatrogênicas e eventos adversos
com medicações na unidade de urgência e emergência. Santos e Padilha [34]
verificaram as condutas profissionais e os sentimentos dos enfermeiros frente a
esses eventos.
O estudo de Alba et al. [32] aponta que os fatores
relacionados ao preparo de medicações na UE comprometem tanto a segurança do
paciente quanto a do profissional, além de destacar que existem lacunas na
formação dos profissionais e necessidades de se intensificar a supervisão,
treinamento e melhoria contínua no cuidado.
Nessa ótica, é
importante ressaltar que a segurança do paciente deve ser foco tanto das
instituições de saúde quanto dos profissionais para a prevenção de erros no
cuidado de enfermagem.
A National Patient Safety Goals destaca a segurança como um princípio fundamental
do cuidado e um componente crítico do gerenciamento da qualidade [35].
Na unidade de
emergência destacam-se pontos relevantes como a segurança no uso de medicação,
de equipamentos, na prática clínica e no ambiente de cuidado. É importante
ressaltar que embora seja um setor de alta demanda, entende-se que nada
justifica comprometer a segurança do paciente quando este vem em busca de
práticas de cuidados seguros para a melhoria de sua condição de saúde [32].
Assim, verifica-se
que é preciso que os profissionais de saúde incorporem a cultura da segurança
como uma competência e uma exigência da prática segura, evitando assim as
infrações éticas no cuidado de enfermagem.
Verificou-se ao longo
do trabalho a importância do enfermeiro como o referencial na aplicação da
classificação de risco, sendo este o profissional qualificado desde a sua
formação, direcionado a avaliação integral do paciente e não apenas direcionado
ao diagnóstico.
A população deseja
que seus problemas sejam resolvidos rapidamente, aumentando a demanda do
serviço de emergência. Existe a necessidade de divulgar à
população a importância do cuidado continuado, que permite esclarecer
diagnósticos definidos e tratamentos adequados.
O enfermeiro de
urgência e emergência deve conhecer as disponibilidades de serviços de saúde de
seu município, obtendo, assim, a capacidade de articular e direcionar o
atendimento ao serviço especializado. Dessa forma, permite caracterizar o fluxo
dos usuários no sistema de saúde, bem como a avaliação da pertinência de
encaminhamentos a outros sistemas que fazem parte da atenção à saúde.
A classificação de
risco é um instrumento utilizado que busca a minimização dos agravos à saúde.
Os artigos analisados indicam que a classificação de risco melhora o fluxo dos
pacientes atendidos na emergência e proporciona maior resolutividade nas
respostas ao usuário. A padronização na aplicação do protocolo de risco oferece
respaldo legal e institui menor interferência pessoal na conduta e direciona a
tomada de decisão mais acurada, possibilitando a minimização de riscos e
proporcionando a segurança do paciente nas unidades de urgência e emergência.