Enferm Bras.
2023;22(4):463-78
REVISÃO
Práticas
integrativas e complementares como tratamento não-farmacológico para a
enxaqueca
Miriam Delmondes Batista1, José Henrique dos Santos
Coelho2, Bruna Paloma Nascimento Silva3, Pedro Leite de
Melo Filho4, Monique Araújo de Oliveira Souza5, Fernanda
da Mata Vasconcelos Silva6
1Enfermeira, Prefeitura Municipal de
Araripina, PE, Brasil
2Enfermeiro, Faculdade Carajás, Marabá,
PA, Brasil
3Faculdade UNIFG, Recife, PE, Brasil
4Universidade Federal do Paraná, PR, Brasil
5Hospital dos Servidores do Estado de Pernambuco,
Recife, PE, Brasil
6Universidade de Pernambuco, Recife, PE,
Brasil
Recebido
em: 17 de julho de 2022; Aceito em: 15 de maio de 2023
Correspondência: Fernanda da Mata Vasconcelos Silva,
E-mail: nandadamata34@gmail.com
Como citar
Batista MD, Coelho JHS, Silva BPN, Melo Filho PL, Souza MAO, Silva FMV. Práticas
integrativas e complementares como tratamento não-farmacológico para a enxaqueca.
Enferm Bras. 2023;22(4):479-91. doi: 10.33233/eb.v22i4.5197
Resumo
Introdução: As práticas integrativas e
complementares oferecem medidas terapêuticas e não farmacológicas para o
tratamento das enxaquecas e os estudos demonstram sua efetividade na prática
clínica. Objetivo: Identificar as práticas integrativas e complementares
que foram descritas na literatura científica para tratamento não farmacológico
da enxaqueca. Métodos: Revisão Integrativa da Literatura realizada
através do cruzamento dos descritores nas bases de dados da Lilacs,
IBECS e Medline. Resultados: Foram identificados 182 artigos após
cruzamento dos descritores nas bases de dados. Quatro artigos foram
selecionados para amostra após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão
estabelecidos no método, assim como a leitura na integra dos mesmos. Os estudos
elencados nessa revisão demonstram que a acupuntura, uso de plantas medicinais
(fitoterapia), osteopatia, hipnoterapia, musicoterapia, terapias manuais e
meditação são práticas integrativas e complementares que reduzem a frequência e
a potencialidade das dores provocadas pela enxaqueca. Conclusão: Mesmo
diante das recomendações preconizadas pela Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares percebem-se limitações e dificuldades para sua
utilização enquanto método não farmacológico na atenção básica.
Palavras-chave: terapias complementares; transtornos
de enxaqueca; saúde pública.
Abstract
Integrative and complementary practices as a non-pharmacological
treatment for migraine
Introduction: Integrative
and complementary practices offer therapeutic and non-pharmacological measures
for the treatment of migraines and studies demonstrate their effectiveness in
clinical practice. Objective: To identify the integrative and
complementary practices that have been described in the scientific literature
for the non-pharmacological treatment of migraine. Methods: Integrative
Literature Review carried out by crossing the descriptors in the Lilacs, IBECS
and Medline databases. Results: 182 articles were identified after
crossing the descriptors in the databases. Four articles were selected for the
sample after applying the inclusion and exclusion criteria established in the
method, as well as reading them in full. The studies listed in this review
demonstrate that acupuncture, use of medicinal plants (phytotherapy),
osteopathy, hypnotherapy, music therapy, manual therapies and meditation are
integrative and complementary practices that reduce the frequency and potential
of migraine pain. Conclusion: Even in the face of the recommendations
issued by the National Policy on Integrative and Complementary Practices,
limitations and difficulties for its use as a non-pharmacological method in
primary care are perceived.
Keywords: complementary therapies; migraine
disorders; public health.
Resumen
Prácticas integrativas y complementarias como tratamiento no farmacológico para la
migraña
Introducción: Las prácticas integradoras y complementarias ofrecen medidas terapéuticas y no
farmacológicas para el tratamiento
de la migraña y los estudios demuestran
su eficacia en la práctica
clínica. Objetivo: Identificar las prácticas integradoras y complementarias que se han descrito en la literatura científica para el tratamiento no farmacológico de la
migraña. Métodos: Revisión
Integrativa de la Literatura realizada mediante cruce de descriptores en las bases de datos Lilacs, IBECS y Medline. Resultados:
182 artículos fueron identificados después de cruzar los descriptores en las bases de datos. Se seleccionaron cuatro artículos
para el muestreo después de aplicar los criterios de inclusión y exclusión establecidos en el método, así
como leerlos en su totalidad. Los estudios enumerados en esta revisión demuestran
que la acupuntura, el uso
de plantas medicinales (fitoterapia), la osteopatía, la hipnoterapia, la
musicoterapia, las terapias manuales
y la meditación son prácticas integradoras y
complementarias que reducen la
frecuencia y el potencial del dolor causado por la migraña. Conclusión:
Aún frente a las recomendaciones preconizadas por la
Política Nacional de Prácticas Integrativas y Complementarias, se perciben limitaciones y dificultades para su uso como método no farmacológico en
la atención primaria.
Palavras-clave: terapias complementarias; trastornos migrañosos; salud pública.
As
Práticas Integrativas e Complementares (PICs) incluem
abordagens de cuidado que expandem o olhar sobre o processo saúde-doença e
ampliam as possibilidades terapêuticas para os indivíduos [1].
O modelo de
saúde adotado no Brasil, o Sistema Único de Saúde
(SUS), confere à população
acesso aos serviços de atenção primária,
secundária, terciária e quaternária de
forma universal, integral e gratuita. Tem como premissa a qualidade de
vida do
usuário através de ações de
promoção, prevenção e
recuperação da saúde [2].
As
primeiras recomendações para a implantação das práticas integrativas e
complementares a fim de torna-las compatíveis com as práticas da medicina
tradicional foram elaboradas na Conferência Internacional de Assistência
Primária em Saúde (Alma Ata), em 1978, na Rússia. Esse movimento só ganhou
força no Brasil a partir da Oitava Conferência Nacional de Saúde (1986) e
apenas em 2006 o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Medicina
Natural e Práticas Complementares (PMNPC) no SUS e através da Portaria n° 971
de 2006/MS, a Nova Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC) [3]
As
PICs foram reafirmadas como especialidade do
enfermeiro por meio da Resolução COFEN nº 581 de 2018, permitindo a ele a
excursão das terapias no âmbito do cuidado em saúde pública e privada,
assegurando a confiança e o respaldo desses profissionais para atuação nesse
cenário, bem como para desenvolver pesquisas na área [4]. São ações de cuidados
transversais, no qual o acolhimento inicia-se na Atenção Básica, que é a
principal porta de entrada para o SUS, porém também podendo ser realizadas nos
demais níveis de complexidade [5].
A
Acupuntura, Homeopatias, Fitoterapias, Crenoterapias,
Termalismo e Antroposofia aplicada à saúde configuram as primeiras práticas
integrais implantadas no Brasil [6]. Em 2017, foram incluídas a Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia,
Reflexoterapia, Reiki, Shantala,
Terapia Comunitária Integrativa Yoga, totalizando 14 práticas [7]. Em 2018,
mais dez novas práticas foram inseridas: Aromaterapia Apiterapia,
Terapias florais, Terapeutas e Consteladores
familiares, Bioenergética, Imposição de mãos Cromoterapia, Geoterapia,
Hipnoterapia e Ozonioterapia [8].
Atualmente,
o SUS oferece, de forma integral e gratuita, 29 práticas alternativas e
complementares à população, buscando novas abordagens que estimulem os usuários
de forma natural para a prevenção de doenças crônicas, a exemplo da enxaqueca
[2]. Estudos direcionam para a importância da implementação dessas práticas no
SUS e fazem menção a seu modelo de atenção voltado à saúde integral que assiste
ao paciente nas suas dimensões física, psicológica, social e cultural [1,5,9]
A
enxaqueca é considerada como uma síndrome neurológica vascular que tem por
mecanismo fisiopatológico a dilatação das artérias cranianas que induz a uma
alteração no processamento neuronal central e comprometimento do complexo trigeminovascular [10]. A Organização Mundial de Saúde em
2018, incluiu a enxaqueca no rol de doenças mais incapacitantes do mundo
acometendo mais de 950 milhões de pessoas [11]. Surge geralmente durante a
adolescência ou no início da fase adulta apresentando níveis diferentes de
frequências e tende a diminuir após os 50 anos. No Brasil acomete mais de 15%
da população sendo sua prevalência três vezes maior em mulheres [12].
Estudos
associam às enxaquecas como fator preditor de depressão e ansiedade uma vez que
há uma preocupação excessiva do paciente em saber quando será a próxima crise.
O uso abusivo de medicações para controle álgico, nesses casos, coloca a
enxaqueca como uma condição crônica e pode conduzir a eventos adversos e danos
ao funcionamento de alguns órgãos secundário ao tempo de uso [12,13]. O exposto
fundamenta a importância em utilizar de uma prática holística, que assista ao
paciente como um todo, podendo ser capaz de apresentar resultados eficazes
quando comparado a tratamentos convencionais.
A
partir da década de 90, a recorrência de uso das Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde (PICS) nos tratamentos de doenças crônicas,
reabilitação, prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida têm
aumentado em proporções mundiais [1]. A oferta e o estímulo ao uso das PICS
foram legitimados no SUS e a Atenção Básica à Saúde é um dos principais
ambientes para a sua aplicação [7]. Nesse sentido, este estudo objetiva
identificar as práticas integrativas e complementares que foram descritas na
literatura científica para tratamento não farmacológico da enxaqueca.
O
estudo utilizou como método de pesquisa a revisão integrativa da literatura.
Pautada na prática baseada em evidências, esse tipo de revisão busca solucionar
os problemas através dos resultados encontrados nas publicações científicas de
maior relevância. Envolverá as seguintes etapas: definição do problema de
pesquisa, pesquisa nas bases e bancos de dados científicos, avaliação crítica
das evidências encontradas e a discussão dos resultados obtidos. Tal prática
encoraja a assistência à saúde pautada em conhecimento científico [14].
Para
o levantamento da questão norteadora, empregou-se a estratégia PICO (P –
População: Pacientes com Enxaqueca; I – Intervenção: Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde; C- Comparação: não se aplica; O – Desfecho: Tratamento
não farmacológico para enxaqueca) [15]. Desta forma, estipulou-se a seguinte
questão norteadora da pesquisa: “Quais as práticas integrativas e
complementares são descritas na literatura científica para tratamento não
farmacológico da enxaqueca?”
O
processo de seleção dos artigos considerou as recomendações PRISMA [16] (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses) (Figura 1).
O levantamento dos dados ocorreu no mês de junho de 2022 nas Bases de Dados da
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), no Índice Bibliográfico Español
en Ciencias de la Salud (IBECS) e nos Bancos de
Dados da Medical Literature Analysis
and Retrieval System Online
(Medline). Foram realizados cruzamentos dos descritores padronizados pelo Medical
Subject Heading (MESH)
“Complementary Therapies”,
“Migraine Disorders” e “Public Health” e seus análogos em Português (DeCS) e em espanhol.
Figura
1 - Fluxograma do
processo de seleção do estudo – PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses) [16]
Para
definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados e
categorização dos estudos utilizou-se busca por pares, com o objetivo de
fornecer uma maior credibilidade ao conteúdo da análise. Os descritores foram
confrontados de forma pareada e depois em sequências combinadas a fim de
padronizar os cruzamentos nas bases de dados.
Para
seleção dos artigos, foi utilizado como critérios de inclusão: ser artigo
original, publicado em português, inglês e espanhol, disponível na íntegra e
com recorte temporal de publicação dos últimos dez anos (2012-2022). Foram
excluídos: as teses, as dissertações e as monografias, os editoriais, estudos
de caso, as revisões integrativas e as sistemáticas, além das repetições de
publicação de estudos em mais de uma base de dados como também os artigos que
não responderam a questão norteadora do estudo.
Os
estudos que compuseram esta revisão foram classificados quanto ao nível de
evidências científicas, sendo caracterizados de forma hierárquica, utilizando o
referencial americano da Agency for Healthcare Research and Quality
(AHRQ) que considera o delineamento de pesquisa [17].
Ressalta-se
que a AHRQ classifica a qualidade das evidências em seis níveis: nível 1: metanálise de múltiplos estudos controlados; nível 2,
estudo individual com delineamento experimental; nível 3, estudo com
delineamento experimental como estudo sem randomização com grupo único pré e pós-teste, séries temporais ou caso controle; nível
4, estudo com delineamento não experimental como pesquisa descritiva
correlacional e qualitativa ou estudo de caso; nível 5, relatórios de casos ou
dado obtido de forma sistemática, de qualidade verificável ou dados de
avaliação de programas; nível 6, opinião de autoridades respeitáveis baseada na
competência clínica ou opinião de comitês de especialistas, incluindo
interpretações de informações não baseadas em pesquisas [17].
Foram
identificados 182 artigos após cruzamento dos descritores nas bases de dados.
Quatro artigos foram selecionados para amostra após aplicação dos critérios de
inclusão e exclusão estabelecidos no método, assim como a leitura na integra
dos mesmos. A síntese dos artigos incluídos na revisão foi realizada com duas tabelas
sinópticas especialmente construídas para esse fim, contemplando os seguintes
aspectos, considerados pertinentes:
Tabela
I: título do artigo, nome dos autores, ano e objetivo.
Tabela
II: delineamento da pesquisa, nível de evidência e PICs
utilizadas para o tratamento não farmacológico da enxaqueca
(recomendações/conclusão)
Tabela
I - Resultados
encontrados nos estudos de acordo com título, autores, ano de publicação,
delineamento, local e idioma. Recife/PE, Brasil, 2022
Fonte:
Autoral, 2022
Tabela
II - Resultados
encontrados nos estudos de acordo com os níveis de evidências, objetivos e
conclusões. Recife/PE, Brasil, 2022
Fonte:
Autoral, 2021
As
incapacidades advindas da enxaqueca apresentam um impacto significativo nas
dimensões social, físico e mental dos pacientes, ou seja, afetam todas as
dimensões de sua vida e o seu modo de se relacionar com os outro no cotidiano
[13]. Estas são as que mais impactam os custos dos serviços de saúde pública
municipal devido ao aumento do uso de medicamento, consultas clinicas,
internações e exames diagnósticos de alta performance. Diante disso, as
práticas integrativas e complementares oferecem medidas terapêuticas e não
farmacológicas para o tratamento das enxaquecas e os estudos demonstram sua
efetividade na prática clínica [5].
Silva
e Valença visitaram os mercados públicos da Região Metropolitana do Recife em
busca de informações, pautadas no conhecimento popular, sobre o uso de plantas
medicinais para o tratamento da cefaleia. Foram entrevistadas 24 pessoas que
elencaram 38 plantas com potencial de ação para alívio dessa síndrome álgica,
sendo 16 espécies brasileiras (nativas) e 22 estrangeiras. A colônia, alpinia speciosa, foi a planta
mais indicada no estudo para o tratamento da enxaqueca. Foram encontrados no
óleo da alpinia mais de 18 componentes que agiram
inibindo os canais de L-Type de ca++
em cobaias de laboratório. Esse mecanismo de ação corresponde, na farmacologia
clínica ao mecanismo da nifedipina, medicação
utilizada para controle álgico de enxaquecas [18].
A
prevalência da enxaqueca, na questão gênero, foi tratada nos estudos de Rosa et
al. [20] e evidenciou 15,2% de acometimento de mulheres, entre 20 e 40
anos, que têm sua vida impactada nas dimensões social, afetiva, relacional e
econômica como consequências das incapacidades geradas pela enxaqueca. O estudo
foi realizado no Rio Grande do Sul e avaliou 14 mulheres que frequentavam um
ambulatório de práticas integrativas para tratamento das algias
secundárias a enxaqueca. Evidenciou-se, portanto, que 29,41% apresentavam
quadro de depressão/ansiedade e 37,51% algum antecedente familiar de primeiro
grau que conviva com enxaqueca crônica, estes considerados fatores preditores
das crises álgicas. A escolha da prática alternativa para tratamento para a
enxaqueca deve ser pautada com base na população específica de tratamento, nas
comorbidades e antecedentes dos pacientes. Foram indicados, nesse estudo, as
terapias manuais clássicas e as linhas de terapias alternativas como osteopatia,
acupuntura, ou a eletroterapia convencional.
Zhao et al. [19] avaliaram os efeitos
em longo prazo da acupuntura na profilaxia da enxaqueca sem aura e evidenciaram
uma redução significativa na média de crises quando comparado a um grupo que não
recebeu a intervenção. Essa técnica da medicina oriental é de alta relevância
por conta de sua ação sistêmica, pois seus pontos específicos possibilitam o
reestabelecimento do fluxo e do equilíbrio do paciente, proporcionando, nos
casos de enxaqueca, relaxamento muscular da cabeça e pescoço, redução da dor e
como consequência, diminuição do consumo de medicações analgésicas e
anti-inflamatórias [22].
Rolle e Carmo [21], no intuito de mapear as
medidas profiláticas empregadas na prática clínica para profilaxia de
enxaquecas em crianças, identificaram como medida não farmacológica e
integrativa ao tratamento clínico a meditação, hipnoterapia e a musicoterapia.
A meditação transcendental e a hipnoterapia foram comparadas em um ensaio
clínico randomizado com a técnica de relaxamento muscular progressivo e
apresentou redução na frequência de cefaleias, diminuição dos escores de
depressão e uso farmacológico para alívio da dor. Este estudo foi realizado com
131 crianças que apresentavam cefaleias ao menos duas vezes por mês. A
Musicoterapia, também citada por Rolle e Carmo [21],
é uma terapia complementar baseada na integração da escuta, produção ou
composição musical e apresentou uma redução de 20% da frequência de cefaleias,
no grupo estudado, que manteve-se estável 6 meses pós
tratamento.
Mesmo
diante das recomendações preconizadas pela Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares, percebem-se limitações e dificuldades para sua
implantação na atenção básica, secundárias ao desconhecimento por parte da
gestão e pela descrença no poder de resolubilidade das PICs
por ser uma prática natural. A hipótese da utilização das práticas alternativas
e complementares no SUS merece especial atenção de todos os envolvidos no
cuidado em saúde, população, profissionais e gestores, no sentido de redução de
uso, danos e custos [5].
Considerando
a necessidade de ampliação das práticas alternativas e complementares nos
serviços públicos de saúde, principalmente na atenção básica, uma das principais
estratégias da PNPIC foram a de formação profissional especialista na área. Os
profissionais de enfermagem estão entre os que mais se qualificam e conduzem
práticas integrativas e complementares no SUS, sua atuação está reafirmada por
meio da Resolução COFEN nº 581 de 2018, que permitindo a eles a excursão das
terapias em qualquer nível de atenção do SUS bem como no desenvolvimento de
pesquisas na área das PICS em geral [4].
Estamos
vivenciando mais um momento de mudança nas práticas de saúde, nas quais se
evidencia a medicina preventiva em detrimento da curativista
e medicalizante [1]. Cabe aos profissionais de saúde
especializados em práticas integrativas e complementares desenvolverem estudos
comprovando a eficácia das mesmas nos tratamentos de doenças crônicas e
síndromes álgicas e demonstrar através de dados científicos o poder que a mesma
tem no reequilíbrio existencial do paciente e os impactos na redução dos custos
em saúde pública [9]. Só assim será possível reorientar as estratégias de ações
de cuidado em saúde preconizadas pelas políticas públicas para assegurar ao
paciente uma assistência integral, livre de danos.
A
incorporação na rede do Sistema Único de Saúde das práticas integrativas e
complementares como modelos de (re)pensar as práticas
de cuidado em enfermagem são tidas como fundamentais no contexto contemporâneo.
Os
estudos elencados nesta revisão demonstram que a acupuntura, uso de plantas
medicinais (fitoterapia), osteopatia, hipnoterapia, musicoterapia, terapias
manuais e meditação são práticas integrativas e complementares que reduzem a
frequência e a potencialidade das dores provocadas pela enxaqueca.
Percebe-se,
portanto, a necessidade de novos estudos que abordem a temática e sua
aplicabilidade no Sistema Único de Saúde para que sua implantação na rede de
assistencial seja ofertada de forma integral.
Conflitos
de interesse
Não
houve
Fontes
de financiamento
Financiamento
próprio
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Batista MD, Coelho JHS, Filho PLM, Silva FMVS; Coleta de dados: Batista
MD, Coelho JHS, Filho PLM, Silva BPN, Souza MAO; Análise e interpretação dos
dados: Batista MD, Coelho JHS, Filho PLM, Silva BPN, Souza MAO; Redação
do manuscrito: Batista MD, Coelho JHS, Filho PLM, Silva BPN, Souza MAO,
Silva FMVS; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual
importante: Filho PLM, Souza MAO, Silva FMVS