Enferm Bras.
2023;22(6):1042-59
REVISÃO
Importância
da enfermagem na orientação da limpeza terminal e concorrente no contexto
hospitalar: uma revisão integrativa
Andressa
Dias Carvalho Prado1, Pamela Tobias Ribeiro1, João Paulo
Prado2, Juliana Maria Buarque Silva3, Thalita Gomes do
Carmo4
1Faculdade INESP, São Paulo, Brasil
2Universidade Federal Alfenas, Minas
Gerais, Brasil
3Centro Universitário de Volta Redonda,
Rio de Janeiro, Brasil
4Universidade Federal Fluminense, Rio de
Janeiro, Brasil
Recebido
em: 29 de julho de 2022; Aceito em: 5 de dezembro de 2023.
Correspondência: João Paulo Prado, joaopauloprado51@gmail.com
Como citar
Prado ADC, Ribeiro PT, Prado JP, Silva JMB, Carmo TG. Importância da enfermagem na orientação da limpeza terminal e concorrente no contexto hospitalar: uma revisão integrativa. Enferm Bras. 2023;22(6):1042-59. doi: 10.33233/eb.v22i6.5237
Resumo
Objetivo: Identificar as etapas das limpezas
concorrente e terminal em áreas hospitalares. Métodos: Trata-se de uma
revisão integrativa que utilizou a questão norteadora: Qual é a importância das
etapas de limpezas terminal e concorrente em áreas hospitalares? Aplicou-se
como critério de inclusão os artigos publicados no período de 2010 a 2019 nos
idiomas inglês e português. Foram excluídos aqueles que não apresentavam
relação com a problemática do estudo. A busca de artigos utilizou as bases de
dados PubMed, Bireme e Cochrane Library. Resultados:
Foram incluídos no estudo 14 artigos que avaliaram a importância da Enfermagem
e comissão de controle de infecção hospitalar nas orientações a equipe de
limpeza das instituições hospitalares. Conclusão: É necessário
fundamentar conhecimento relacionado as etapas de limpezas hospitalares para
promover ações, orientando e demostrando resultados positivos na redução,
prevenção e controle das infecções hospitalares.
Palavras-chave: enfermagem; zeladoria hospitalar;
desinfecção; infecção hospitalar.
Abstract
Importance of nursing in the orientation of terminal
and concurrent cleaning in the hospital context: an integrative review
Objective: To identify the stages of
concurrent and terminal cleaning in hospital areas. Methods: This is an
integrative review that used the guiding question: Which is the importance of
the terminal and concurrent cleaning steps in hospital areas? Articles
published from 2010 to 2019 in English and Portuguese were applied as an
inclusion criterion. Those who were unrelated to the study problem were
excluded. The search for articles used the PubMed, Bireme and Cochrane Library
databases. Results: 14 articles were included in the study that
evaluated the importance of Nursing and the hospital infection control
committee in guiding the cleaning staff of hospital institutions. Conclusion:
It is necessary to substantiate knowledge related to hospital cleaning steps to
promote actions, guiding and demonstrating positive results in the reduction,
prevention and control of hospital infections.
Keywords: Nursing; housekeeping, hospital;
disinfection; cross infection.
Resumen
La importancia de enfermería en la orientación de la limpieza
terminal y concurrente en
el contexto hospitalario:
una revisión integradora
Objetivo: Identificar las
etapas de limpieza concurrente
y terminal en áreas hospitalarias.
Métodos: Se trata de una revisión integradora
que utilizó la pregunta
orientadora: ¿Cual es la importancia de las etapas del proceso de limpieza terminal y concurrente en áreas hospitalarias? Se aplicaron como criterio de inclusión artículos publicados entre 2010 y 2019 en inglés y portugués.
Se excluyeron aquellos que
no tenían relación con el problema de estudio. La búsqueda de artículos
utilizó las bases de datos PubMed, Bireme y Cochrane
Library. Resultados: 14 artículos fueron incluidos en el
estudio que evaluaron la importancia de la Enfermería y el comité de control de
infecciones hospitalarias en
la orientación del personal de limpieza de las instituciones hospitalarias. Conclusión: Es necesario
fundamentar los conocimientos
relacionados con los pasos de limpieza hospitalaria para promover acciones,
orientando y demostrando resultados positivos en la reducción, prevención
y control de infecciones hospitalarias.
Palabras-clave: Enfermería; servicio
de limpieza en hospital; desinfección; infección hospitalaria.
Define-se
infeção associada aos cuidados de saúde (IACS) como uma infecção localizada ou
sistémica que resulta de uma reação adversa à presença de um agente infeccioso
ou da sua toxina que pode ser detectado durante o internamento, quando excluídas
as infecções presentes, ou em período de incubação à data do internamento, ou
após alta hospitalar quando o período de incubação indicia um contágio durante
o internamento [1]. Essas infecções, representam um risco substancial à
segurança do paciente em serviços de saúde [2,3].
Embora
as principais causas de infecção hospitalar estejam relacionadas com o doente
susceptível e o avanço nos métodos-diagnósticos e terapêuticos, não podemos
deixar de considerar a parcela de responsabilidade relacionada aos padrões de
assepsia e de higiene no ambiente hospitalar [4]. As infecções adquiridas no
próprio hospital são conhecidas como infecções nosocomiais e geralmente
classificadas como associadas a um hospital ou centro de saúde se ocorrerem
dentro de 48 a 72 horas após a hospitalização ou visita a um centro de saúde,
ou se aparecerem dentro de 10 dias após a alta hospitalar [5]. O impacto gerado
por estas infecções, particularmente as causadas por microrganismos
multirresistentes, é substancial, resulta no aumento dos índices de
morbimortalidade e em gastos significativos aos serviços de saúde [6].
Assim,
o Serviço de Limpeza e Desinfecção de Superfícies em Serviços de Saúde
apresenta relevante papel na prevenção das infecções relacionadas à assistência
à saúde, sendo imprescindível o aperfeiçoamento do uso de técnicas eficazes
para promover a limpeza e desinfecção de superfícies [7]. O ambiente hospitalar
é considerado o principal local de focos de contato e transmissão, é preciso
manter medidas adequadas para evitar a falta de higienização, prejudique os
pacientes e a equipe de profissionais de saúde envolvidas nas atividades
hospitalares [8].
Estudos
deparam patógenos que causam as infecções adquiridas em ambiente hospitalar,
transmitidos de um paciente para outro por meio do contato direto ou
indireto. Embora o toque de pessoa para pessoa seja um modo importante de
transmissão, superfícies contaminadas em ambientes de cuidados de saúde podem
contribuir para a transmissão de microrganismos implicados em IRAS [9,10]. As
bactérias podem se desenvolver em muitos objetos, como grades da cama, botões
de chamada, telefones, maçanetas, colchões, torneiras, louças sanitárias e
cadeiras. Bactérias e vírus podem sobreviver nessas superfícies por longos
períodos, com esporos de Clostridium difficile
sobrevivendo no ambiente de saúde por até 5 meses, e Staphylococcus
aureus resistente à meticilina (MRSA)
e Enterococcus resistente
à vancomicina sobrevivendo em superfícies secas por várias semanas a
meses [11].
Para
que a limpeza atinja seus objetivos, torna-se imprescindível a utilização de
produtos saneantes, como sabões e detergentes na diluição recomendada. Em
locais onde há presença de matéria orgânica, torna-se necessária a utilização
de outra categoria de produtos saneantes, que são os chamados desinfetantes
[12,13].
Nesse contexto, para a desinfecção
atingir seus objetivos, torna-se imprescindível a utilização das técnicas de
limpeza e posteriormente, utilização de desinfetante especificado pelo Serviço
Controle Infecção Hospitalar. A responsabilidade na seleção, escolha e
aquisição dos produtos saneantes deve ser do Serviço Controle Infecção
Hospitalar, conjuntamente com o Serviço de Limpeza e Desinfecção de Superfícies
em Serviços de Saúde ou Hotelaria Hospitalar, assim como do representante do
Setor de Compras da instituição [14,15].
Diante
dessas evidencias, o objetivo da revisão integrativa é entender as etapas da
importância das limpezas concorrente e terminal em áreas hospitalares. Além
disso, o estudo também se mostra relevante diante da necessidade de propor
estratégias eficazes que minimizem os custos e conscientização dos
profissionais da área da saúde, para uma mudança de comportamento, envolvendo
uma prática efetiva de medidas preventivas e segura.
Esta
pesquisa enquadra-se como uma investigação empírico-bibliográfica. Trata-se de
uma revisão integrativa em bases de dados disponíveis online, a qual se
constitui em um método que tem como finalidade realizar a sintetização dos
resultados obtidos em pesquisas sobre determinado tema [16].
A
sistematização incluiu seis fases organizacionais: Fase I – identificação do
tema e/ou questão de pesquisa; Fase II – estabelecimento de critérios para
inclusão e exclusão dos estudos e busca sistematizada na literatura; Fase III –
definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados conforme à
questão norteadora da revisão; Fase IV – seleção com posterior avaliação dos
estudos incluídos na revisão; Fase V – interpretação dos resultados
encontrados; Fase VI – síntese do conhecimento [17].
O
estudo seguiu as etapas descritas, na primeira fase, definindo-se o objeto a
ser estudado a partir da identificação do tema e da seleção da questão de
pesquisa “Importância das etapas de limpezas terminal e concorrente em áreas
hospitalares”?
O
levantamento online das produções científicas ocorreu em abril de 2019, com
vocábulos ou terminologias padronizadas nas bases de dados eletrônicas Bireme, PubMed e Cochrane Library.
Para
a realização das buscas, foram utilizados a combinação dos descritores:
enfermagem, limpeza, serviço hospitalar de limpeza, desinfecção da unidade
hospitalar e o conector booleano AND como a estratégia de “filtrar” artigos
desta temática e atender aos objetivos da pesquisa.
Na
segunda fase, foram estabelecidos os critérios de inclusão e exclusão das
produções científicas a serem analisadas, tendo sido definidos os seguintes
critérios de inclusão: artigos de pesquisa com texto completo disponível, que
retratam de limpeza terminal e concorrente em ambiente hospitalar; publicados
no período de janeiro/2010 a dezembro/2019; no idioma português e inglês. Foram
excluídos os trabalhos duplicados, publicações do tipo cartas, editoriais,
relatos de experiência, estudos de caso e artigos relacionados à criação e/ou
validação de instrumentos.
Na
terceira fase, realizou-se a leitura do título seguida da análise dos resumos e
na íntegra, sendo excluídos aqueles que não apresentavam relação com a
problemática do estudo.
Na
quarta fase, procedeu-se à categorização dos estudos selecionados, após uma
leitura aprofundada dos 14 artigos para obtenção de informações relevantes ao
estudo. Para tanto, foi construído o Quadro 1, com a caracterização dos
artigos, considerando os aspectos como título, autor(es), revista/periódico,
local/ano.
Na
quinta fase, procedeu-se à análise e interpretação dos resultados, a partir da
análise dos artigos. Os artigos selecionados foram inicialmente lidos na
íntegra, com posterior elaboração de seleção de unidades da análise - unidades
temáticas; por fim, os estudos foram categorizados. A análise temática foi
realizada a partir das seguintes fases: pré-análise,
exploração do material, tratamento dos resultados obtidos e interpretação [8].
Na
sexta fase, desenvolveu-se a apresentação da revisão propriamente dita, bem
como a síntese do conhecimento, apresentada nas discussões deste estudo.
Após
a análise a partir da qualidade metodológica, 14 artigos foram selecionados
para compor a revisão. Para a descrição do estudo, utilizou-se o fluxograma Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses (PRISMA) [18]
que norteou a busca e seleção dos estudos, conforme a Figura 1.
Para
organização das informações utilizou-se o checklist PRISMA [18], para facilitar
a compreensão e apresentar as etapas adotadas para a revisão, além de melhorar
a consistência do relato das informações (Figura1).
Figura
1 – Fluxograma,
segundo PRISMA, para seleção dos estudos. Alfenas/MG, Brasil, 2019
Na
primeira busca foram encontradas 3.143 produções científicas, fazendo-se
necessário a utilização de ‘filtros' para se atingir publicações mais
específicas sobre o objetivo do artigo. O quadro 1 resume as principais
características dos artigos encontrados, para melhor identificação, realizada a
tradução para a língua portuguesa, em seguida foi extraído aspecto relevantes dos
estudos e apresentados de forma descritiva. Após essa seleção e leitura
criteriosa dos resumos dos artigos encontrados, obteve-se um total de 14
produções científicas correlacionadas com o tema estudado, as quais foram
utilizadas na revisão.
Quadro
1 – Principais
achados dos estudos selecionados. Alfenas/MG, 2019
Fonte:
Base de dados eletrônicos BIREME, PubMed e Cochrane
Library (2013-2019)
Das
14 produções científicas selecionadas, três foram encontrados no idioma
português e onze em Inglês. Observa-se que, do total dos artigos selecionados,
o periódico com maior número de publicações é PubMed
com oito, seguido da Bireme e Cochane Library
totalizando três artigos cada, e foram publicados dois no Brasil e doze nos
EUA. No que diz respeito ao ano de publicação selecionado, a maioria dos
artigos foram publicados nos anos de 2015 e 2017 com três artigos cada, sendo
que em 2013, 2014, 2018 e 2019 foram encontrados dois artigos.
A
qualidade da limpeza em ambiente hospitalar está relacionada aos objetivos dos
estudos, os artigos foram selecionados pelos títulos e resumos, o critério de
seleção foram textos com destaque nas etapas das limpezas concorrente e
terminal em áreas hospitalares. Corroboram também para o controle das infecções
relacionadas à assistência à saúde, por garantir um ambiente com superfícies
limpas, com redução do número de microrganismos, e apropriadas para a
realização das atividades desenvolvidas nesses serviços.
A
descontaminação dos quartos dos pacientes por meio de limpeza e desinfecção são
elementos que convergem para a sensação de bem-estar, segurança e conforto dos
pacientes, profissionais e familiares nos serviços de saúde, é um método chave
para a prevenção e controle de infecções abrangentes e é fundamental para
reduzir e prevenir a transmissão de patógenos no ambiente de saúde [33].
Assim,
ao limpar superfícies de serviços de saúde, pretende-se proporcionar aos
pacientes um ambiente com a menor carga de contaminação possível, contribuindo
na redução da possibilidade de transmissão de patógenos oriundos de fontes
inanimadas, através das boas práticas em higiene e limpeza hospitalar [34].
No
que tange o surgimento de doenças no ambiente assistencial, técnicas incorretas
de limpeza e desinfecção das superfícies e o manejo inadequado dos resíduos,
eleva à exposição ao risco ocupacional, pois, mesmo na presença do uso de
equipamentos de proteção individual (EPI), se houver inconformidades, aquele que
seria um controlador de infecção passa a ser um disseminador que oferece risco
ao invés de segurança. Essas ações inadequadas das ações do serviço de higiene
e limpeza podem acarretar sanções à instituição de saúde, decorrentes de
descumprimento das legislações sanitárias [35].
Nesta
revisão, avaliaram a qualidade da limpeza terminal em três superfícies próximas
ao paciente: colchão, mesa de alimentação e mesa de cabeceira nos leitos de uma
unidade fechada para portadores de microrganismos multirresistentes [36,37].
Assim, ficou evidente a importância e a necessidade de desenvolver um programa
de aprimorado de limpeza no ambiente hospitalar. Mesmo que a Enfermagem não
seja responsável pela supervisão do serviço de higiene e limpeza, na prática
diária, assume esse papel na aplicação do gerenciamento dos setores
assistenciais [35].
Nesse
contexto, o estudo [38] relata sobre a higienização hospitalar, manter os
hospitais limpos é um problema crucial de segurança do paciente. A importância
do ambiente hospitalar no atendimento ao paciente só recentemente foi
amplamente reconhecida na prevenção e controle de infecção. Para criar um
movimento para a mudança, um grupo de especialistas em controle de infecção
internacional se uniu à Interclean, a maior feira de
limpeza no mundo para criar o Fórum de Limpeza de Saúde. O artigo é o resultado
desta conferência, que líderes destacados na ciência ambiental da área de saúde
de toda a Europa. Embora a literatura disponível seja limitada, há agora
evidências suficientes para demonstrar que a manutenção da higiene do ambiente
hospitalar ajuda a prevenir infecções. Ainda assim, bons estudos de intervenção
são raros, a qualidade dos produtos e os métodos disponíveis são heterogêneos,
e o pessoal de higiene ambiental é frequentemente pouco treinado, desmotivado, sub-pagos e subestimado por outros fatores no hospital
[38].
Cabe
destacar que as bactérias vêm se tornando mais resistentes e com isso, as
limpezas hospitalares tem se tornado preocupante. Em adição, estudos avaliaram
os tipos de desinfectantes de superfície contra Staphylococcus aureus resistente (MRSA) em
pacientes colonizados no ambiente hospitalar. Após os pacientes receberem alta
hospitalar, a equipe de limpeza realizou uma desinfecção final com peróxido de
hidrogênio onde levou a uma diminuição na contaminação residual por MRSA nos
quartos de pacientes em comparação com outros tipos de detergente. A limpeza à
base de detergente e desinfetante pode ajudar a controlar esses patógenos,
embora com a medição da limpeza comprometeram a qualidade das publicações
[39,40].
Sendo
assim, fica evidente que os métodos de limpeza tradicionais são notoriamente
ineficientes para descontaminação, novas abordagens vêm sendo proposto,
incluindo desinfetantes, vapor, dispersão automatizada sistemas e superfícies
antimicrobianas. Estes métodos são difíceis de avaliar a relação
custo-eficácia, porque os dados ambientais não são geralmente modelados contra
o desfecho do paciente [40].
Em
adição, um estudo recente relatou o valor de remover fisicamente o solo com
detergente, comparado com desinfetantes mais caros (e tóxicos). Os métodos
simples de limpeza devem ser avaliados contra a desinfecção não manual usando
amostragem padronizada e vigilância [15]. Existe uma preocupação mundial com o
aumento da resistência antimicrobiana, sendo assim, fica evidente que são
necessários mais estudos sobre a descontaminação dos cuidados de saúde [15].
Diante
dessas evidências, é necessário avaliar a importância da limpeza e
descontaminação como integrantes do controle de infecção, sendo oportuno
examinar o processo com mais detalhes. Isso ocorre porque as práticas de
limpeza variam muito dentro dos serviços de saúde e é provável que tanto o
tempo quanto a energia sejam desnecessariamente desperdiçados com tarefas mal
definidas [41].
Além
disso, uma limpeza inadequada não reduz o risco de infecção, mas pode até mesmo
aumentá-la. O processo beneficiaria de uma avaliação sistemática, com cada
componente colocado dentro de uma base e ordenou o protocolo propondo um guia
simples de quatro etapas para a limpeza diária dos espaço de cama seguindo os
passos 1 (Look) descreve uma avaliação visual da área a ser limpa; passo 2
(Plano) discute por que o espaço da cama precisa de preparação antes da
limpeza; passo 3 (Limpo) cobre a superfície limpeza / descontaminação; e o
passo 4 (Seco) é o estágio final pelo qual as superfícies são deixadas secar
[41].
Dessa
forma, a higiene ambiental do hospital é muito mais complexa do que outros
tipos de limpeza; mais pesquisas baseadas em evidências no campo são
necessárias. Envolve a integração de correntes e novas tecnologias com
elementos humanos que devem trabalhar juntos em sinergia para alcançar os
melhores resultados. A educação, treinamento e desenvolvimento de carreira,
comportamento e organização do trabalho do pessoal de no centro das propostas
para a criação de uma iniciativa global [38].
No
que tange a tecnologias na limpeza hospitalar, a técnica de vapor em higienização
mostrou-se eficiente, porém, diante da escassez de evidências científicas de
artigos acerca desse tema, mais estudos relacionados ao uso do vapor na
higienização hospitalar devem ser desenvolvidos [42].
Em
adição, novas tecnologias para desinfecção automatizada foram desenvolvidas,
incluindo o uso de peróxido de hidrogênio atomizado por equipamentos
específicos, com compostos de prata. Compararando a
eficácia de um sistema automatizado de desinfecção com hidrogênio peróxido <
8% e íon prata versus um método manual com solução de hipoclorito de sódio a
0,5%, ao avaliar a redução de contaminação mesofílica
microbiana e de Clostridium difficile, demonstrando
ser eficiente [43].
O
ambiente hospitalar está contaminado com organismos multirresistentes, entre
eles o Clostridium difficile,
muitas vezes
desinfectado inadequadamente. Esse mesmo estudo demonstrou como
resultado o
risco maior de contaminação de pacientes que entram em
ambientes hospitalares
contaminados. Os autores concluíram a importância de
elaboração de estratégias
de desinfecção, podendo assim diminuir o risco de
transmissão de tais bactérias
no ambiente hospitalar [44]. Do mesmo modo, um estudo de revisão
sistemática
analisou 14 estudos experimentais controlados buscando evidências
sobre a
eficiência do hipoclorito de sódio em superfícies
ambientais na redução de
contaminação e prevenção de
infecção associada à assistência à
saúde. A maioria
dos estudos resultou em inibição do crescimento
microbiano com redução de
infecção, da resistência microbiana e da
colonização, perda de eficiência na
presença de sujidade e vírus secos reidratados [45].
Somando-se
a estas novas evoluções em limpeza hospitalar, a eficácia de um emissor
ultravioleta C (UV-C) neste tipo de ambiente, esta técnica foi compada com a desinfecção terminal observada. Os resultados
desse estudo mostraram que o uso de UV-C com limpeza padrão reduziu
significativamente a carga microbiana e melhorou o rigor da desinfecção do
terminal [46].
Embora
os estudos evidenciam a importância da limpeza hospitalar com a diminuição de
riscos de contaminação, é necessário reavaliar como os hospitais analizam esse ambiente, não apenas como uma área a partir
da qual se cortam custos, mas algo que pode agregar valores, assim hospitais e
partes interessadas devem trabalhar juntos para mudar a forma como mantemos o
ambiente hospitalar, a fim de proteger melhor os pacientes. No que se refere às
atividades de limpeza executadas em hospitais, a limpeza reduz 80% dos
microrganismos, porém, quando associadas a desinfeção, reduz cerca de 99%
[47,48].
Ainda
para esses mesmos autores, os resultados apontados trazem uma discussão que, na
maioria dos estudos analisados, o conceito de limpeza nas instituições
assistenciais deve ser difundido e aprimorado, pois é de suma importância para
prevenção das infecções hospitalares para que não se tornem as grandes causas
de infecção e mortalidade relacionadas a assistência à saúde. No entanto, é
necessário trabalho mútuo entre o setor de higiene e limpeza e a enfermagem,
para o controle e prevenção de IRAS, buscando a promoção de saúde do indivíduo
hospitalizado [47,48].
Outros
estudos [20,25,27] corroboram descrevendo a inovações de várias técnicas para
otimizar a prática da equipe de higienização, mencionaram que a escolha do
produto saneante é um dos componentes essenciais para uma desinfecção efetiva e
que cada desinfetante requer um específico período de tempo que deve permanecer
em contato com os microrganismos para alcançar inativação completa.
Caracterizaram que, embora a limpeza de superfícies ambientais associadas à
assistência à saúde seja mundialmente defendida como necessária para controlar
as IRAS é recomendável que essa prática seja monitorada para garantir a
adequação dos processos. Porém até o momento não há consenso aceito sobre os
melhores métodos para avaliar a limpeza e desinfecção dos ambientes
hospitalares. Em geral, fica claro que ações preventivas como a higienização do
ambiente hospitalar e conscientização de todos os profissionais que trabalham
em unidades de saúde, principalmente aqueles que realizam a assistência, são os
meios mais eficientes e importantes no controle de IRAS [49].
O
controle das infecções hospitalares vem crescendo e mostrando um aspecto
importante no cenário atual, o padrão de assepsia, limpeza e higiene hospitalar
tem um papel importante no controle destas infecções, visando ser prejudicial
para os pacientes e equipe que trabalha diretamente no ambiente hospitalar e
profissionais de saúde. Os impactos relacionados as falhas nas limpezas
hospitalares são consequentes para pacientes e do ponto de vista econômico,
podendo aumentar o período de internações. O papel da Enfermagem é fundamental
no monitoramento e orientação com a finalidade de minimizar estes impactos,
como demostrado em estudos literários levantados. Por meio de estudos mais
profundos, observou-se um conhecimento tanto sobre a importância da Comissão de
Controle de Infecções Hospitalares como das atividades desempenhadas pelos
integrantes delas, em especial as atividades desenvolvidas pelo profissional de
Enfermagem e equipes de limpeza hospitalar.
Conflito
de interesses
Não
há conflito de interesses.
Fontes
de financiamento
Os
autores declaram que não receberam subsídios financeiros para elaboração deste
estudo.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Prado ADC, Ribeiro PT, Prado JP, Silva JMB, Carmo TG; Coleta de dados:
Prado ADC, Ribeiro PT, Prado JP, Silva JMB; Análise e interpretação dos
dados: Carmo TG, Prado JP; Redação do manuscrito: Prado ADC, Ribeiro
PT, Prado JP, Silva JMB, Carmo TG; Revisão crítica do manuscrito quanto ao
conteúdo intelectual importante: Carmo TG, Prado JP, Silva JMB.